Chanoyu escrita por Franiquito


Capítulo 1
Chanoyu


Notas iniciais do capítulo

Sem muito o que dizer, pois estou indo cortar meus pulsos por só ter postado hoje...

Shinpei, cuide-se e fique bem! Estou doida para ouvir o PLAYERS, viu? xD~ Boa sorte com tudo sempre!



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CHANOYU

O dia tinha amanhecido da melhor forma possível: não havia nuvem no céu azul-claro para esconder o sol brilhante que aquecia gradualmente o ar. O final do verão se aproximava e a temperatura demonstrava isso através da brisa morna sutil que balançava as folhas das árvores.

Era uma manhã calma e tranquila. Não se ouvia ruídos, apenas os sons reconfortantes da Natureza no jardim ao redor da pequena estrutura de madeira ao centro do terreno amplo, coberto de verde. Alguns pássaros iam e vinham entre as árvores de copas espessas; o vento fazia um som gostoso, quase imperceptível, ao tocar as paredes da casa; a água que abastecia a fonte próxima à casa fazia seu percurso ininterrupto suavemente.

Shin, sentado sobre os calcanhares, com as mãos delicadamente repousadas sobre os joelhos cobertos pelo quimono, inspirou profundamente o ar fresco. De olhos fechados, ele podia ouvir cada mínimo movimento, podia apreciar cada pequeno detalhe daquela realidade tranquila que o cercava... Shin sentia-se revitalizado a cada nova manhã, quando desfrutava da beleza das coisas simples da Natureza.

O ruído característico dos chinelos de madeira se fez presente e imediatamente Shin apertou os joelhos, encolhendo de elve os ombros estreitos.

Os chinelos de madeira tropeçaram neles mesmos e Shin desenhou nitidamente em sua cabeça a cena de alguém tentando se equilibrar outra vez.

- Comece de novo, Tomiko-san.

Shin deixou escapar um pequeno suspiro e finalmente abriu os olhos pequenos para observar a moça parada à porta de entrada da sala.

- G-gomen nasai, Hashimoto-senpai! Gomen...!

Tomiko estava com o rosto usualmente pálido muito vermelho. A moça tinha os grandes olhos castanhos voltados para o tatame no chão, incapaz de erguê-los devido à vergonha que sentia. Além dos chinelos de madeira, Tomiko vestia um quimono comprido rosa claro; seus cabelos castanhos estava presos em um coque alto e frouxo.

Tomiko segurava com força uma vasilha para chá na mão esquerda e um pequeno pote na mão direita, ambos de cerâmica preta com detalhes dourados. Era notório que ela quase deixara ambos caírem no meio do seu tropeço.

- Tudo bem, Tomiko-san – Shin falou com serenidade, procurando acalmá-la – Vamos começar de novo, certo? Ganbaremasu!

- H-hai... Sumimasen.

Assim que a jovem lhe deu as costas, Shin se permitiu suspirar outra vez. Ele gostava muito da força de vontade e do empenho de Tomiko em aprender toda a tradição do chanoyu, a cerimônia do chá, mas ele não podia negar a falta de jeito da moça. Ela sempre se atrapalhava com alguma coisa mínima, o que não era muito recomendável em uma situação formal e tradicional como o chanoyu...

Mas Shin não se importava em tentar ensiná-la. Ele nunca se importara em ensinar ninguém, desde que estivessem genuinamente interessados nos princípios da cerimônia. Passar adiante a beleza da tradição japonesa sempre valia a pena.

Antes que pudesse perceber, Tomiko-san estava de volta com seu andar apertado, mas apressado, as peças de cerâmica aparentemente seguras nas mãos delicadas. Tomiko retirou os chinelos e adentrou a sala apenas com as meias brancas, dirigindo-se ao canto onde Shin estava pacientemente sentado junto à panela de ferro com a água quente. A vasilha possuía as mesmas cores e arte dos utensílios que Tomiko trazia.

A moça sentou-se sobre os calcanhares, imitando seu senpai, dispondo com extrema cautela a vasilha e o pote que tinha nas mãos. Assim que os largou, os olhos castanhos pareceram brilhar de alívio. Shin observava seus movimentos com atenção.

Procurando manter uma postura segura, Tomiko puxou um lenço de seda azul-escuro do seu obi e dobrou-o, abriu-o, e por fim dobrou-o mais algumas vezes até transformá-lo em um quadrado do tamanho da sua mão. Tomiko pegou novamente o pequeno natsume, onde o chá verde estava guardado, e limpou-o com movimento suaves utilizando o lenço. Tomiko repetiu o procedimento de dobrar e desdobrar o lenço para então limpar a colher para o chá, repousando-a em seguida sobre a natsume.

Shin e Tomiko se permitiram trocar um olhar de satisfação. Tudo estava ocorrendo bem na simulação. Shin estava confiante em sua discípula e ela parecia muito mais tranquila agora que as coisas estava saindo como deveriam.

Tomiko pegou cautelosamente a concha de bambu para colocar um pouco da água quente na vasilha do chá. Tomiko repousou a concha de forma exemplar sobre o bocal da panela. Shin deixou-se surpreender; ela defintivamente estava melhorando!

A moça agitou a vasilha com certa falta de elegância, o que incomodou um pouco Shin. Ele a advertiu e Tomiko assentiu timidamente, voltando a corar. Ela descartou a água no recipiente adequado e alcançou o chakin para enxugar e limpar a vasilha.

E então a vasilha escorregou de seus dedos e espatifou-se no tatame.

Shin fechou os olhos com pesar – ao contrário de Tomiko, que arregalou as orbes úmidas de lágrimas.

- Kami-sama! Hashimoto-senpai...! Eu... eu...! Gomen nasai!!!

O moreno recompôs-se, procurando acalmar a jovem.

- Tomiko-san, não se desespere. Lembre-se que um dos princípios do chanoyu é a “tranquilidade”. Você não será uma boa anfitriã se não manter a calma.

O conselho de Shin teve o efeito contrário ao esperado por ele: o rosto jovial de Tomiko se contraiu e as lágrimas finalmente caíram, grossas como pérolas.

- Eu nunca poderei participar de uma cerimônia do chá, muito menos como anfitriã! – ela disse angustiada – Nunca, nunca, nunca! Não sirvo para isso, não tenho o menor jeito para isso!

- Tomiko-san, você...

- Eu só sei envergonhar a minha família e o meu senpai! Gomen nasai!

Tomiko ergueu-se e tropeçou novamente no quimono justo, a vista muito embaçada devido às lágrimas. A morena saiu correndo porta à fora, chorando copiosamente, parecendo desolada.

Shin apressou-se em alcançá-la. Encontrou sua houkai sentada em um dos bancos de madeira do pátio imenso, debaixo de uma árvore, escondendo o rosto nos joelhos. Seu corpo magrinho se sacudia devido ao choro.

- Tomiko-san... – Shin se sentou ao seu lado – Eu entendo como se sente frustrada quando algo não dá certo.

- Não... – ela choramingou ainda sem encará-lo.

- Eu entendo, eu errei muito antes de me tornar senpai de alguém.

Os olhos grandes de Tomiko surgiram por detrás dos joelhos que ela abraçava.

- Hontoni? Hashimoto-senpai só está dizendo isso para me iludir...

- Eu não costumo mentir, Tomiko-san.

A moça corou – N-não foi isso o que eu quis dizer! Gomen...!

Shin riu – Eu sei que não. Tomiko-san, você não pode desistir desse jeito se é o que realmente quer. Você deve se esforçar.

A garota suspirou cansada.

- Parece que esforço nenhum adiantou...

- Então você deve se esforçar ainda mais.

Os dois se encararam por vários instantes, com se as palavras pairassem entre eles, até que Tomiko decidiu desviar o olhar.

- Nem no aniversário do senpai eu consegui concluir o chanoyu... – ela se lamentou em uma voz baixinha.

- Tomiko-san! – Shin disse em um tom de voz mais alto, que dificilmente usava. Tomiko se assustou com aquela reação.

- H-hai?

Mas então os traços marcantes do senpai emolduraram um sorriso gentil:

- Percebeu que esqueceu suas sandálias na porta da sala e correu de meias até aqui?


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Notas finais do capítulo

Gomen nasai pelo atraso, Shinpei! T_T



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