Melancolia escrita por mariaeduarda_12


Capítulo 1
Melancolia - único


Notas iniciais do capítulo

Yay!
É um conto, curto, e triste.
Espero que gostem :)



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Edgar acordou assustado, ao toque do despertador. Não iria a aula hoje. Levantou-se relutante, mas não podia protelar mais. Caminhou até o banheiro, quase se arrastando. Olhou sua imagem no espelho, nada parecido com o garoto alegre e sagaz que costumava ser. Os olhos azuis não brilhavam mais, as pálpebras estavam inchadas, vermelhas e feridas, conseqüência das horas que passou chorando. Os cabelos escuros, totalmente desgrenhados. Escovou os dentes tomou banho e se vestiu, demorando um bom tempo para fazer tudo. Enquanto fazia isso, lembrava de momentos passados, e novas lágrimas salgadas escorreram de seus olhos, fazendo arder os machucados. Chegou, enfim, à cozinha, onde uma mãe não menos melancólica preparava o café.

- Bom dia, querido. -  disse ela, cm uma falsa nota de animação.

- Bom dia, mãe. – Edgar não se preocupou em parecer feliz, ou conformado. Ela se virou para vê-lo.

- Poderia ter vestido algo mais solene... – ela falou de modo delicado, mas seu filho sabia que estava indignada com o conjunto cinza de moletom velho.

- Eu não vou ao velório. – havia tomado essa decisão desde o início, mas só agora comunicava a mãe.

- Não?!  Mas ela era sua namorada! – gritou, meio desesperada. A família Anjou era conhecida pelas emoções avassaladoras e atitudes passionais.

- Não vou. Não conseguirei vê-la. Ela me abandonou... – sua voz baixou até sumir.

- Ela estava em um momento difícil, e não foi forte o bastante para suportar.

- Mas, mãe, ela tinha a mim! Ela tinha a mim, e eu tentei, mais que tudo, ajudá-la. Eu dei a ela todo o meu amor, todo o meu carinho. Eu realmente a amava, não era só uma paixonite adolescente. E eu acreditava que ela me amava, mas pelo visto não... – mais lágrimas.

- Procure entender, filho! – disse ela, passando a mão por seus cabelos, calma outra vez.

- Eu entendo... – sentou-se a mesa, numa cozinha retrô de aparência alegre que não combinava em nada com a aura negra dos presentes. Sua mãe vestia preto da cabeça aos pés, muito elegante.

Ele dizia a todos que entendia, e todos diziam a ele que entendiam também, mas a verdade é que ninguém conseguia ver o motivo pelo qual uma jovem bonita, rica e adorada se matou de um jeito tão dramático.

Ela havia deixado uma carta, dizendo que estava farta, mas farta de quê? Os motivos que ela deixara registrados não pareciam plausíveis aos olhos de ninguém, quanto mais aos de Edgar.  Embora ele tentasse aparentar conformidade, principalmente na escola, perguntas horríveis passavam por sua cabeça. Ela nunca o amou? Era tudo uma mentira?

Após tomar seu café, a sra. Anjou acabou convencendo-o a ir no triste evento. Assim, ele trocou a roupa por uma mais sóbria, entrou no carro e se esquivou das perguntas da mãe colocando os fones de ouvido. Pensava no que faria ao chegar lá, o que diria à família dela, segurando-se para não chorar.

Enfim chegaram, e o corpo de Jullienne estava lá, esticado, frio, duro e medonhamente pálido.

Edgar tropeçou nos próprios pés para chegar até lá, e a viu, em seu melhor vestido, alguém até a penteara e maquiara. Isso tudo, ao invés de melhorar sua aparência, só a deixava mais parecida com um cadáver.

O pescoço estava marcado, é claro, e só depois o rapaz percebeu que na sua cintura estava a mesma fita de cetim azul com a qual ela tirou a própria vida.  Ele não foi capaz de chegar mais perto e sentou-se, a fim de recuperar-se da vertigem que sentia.

A mãe de Jullienne caminhou até ele e entregou uma carta, que foi encontrada no diário da garota. Estava endereçada a ele. Dizia tudo o que ele queria e não queria ler: que ela o amava. Aliás, era a única frase que ocupava a folha de papel, em letras enormes, mas jamais deselegantes: EU TE AMO.

No fim, a marca de seus lábios, que tantas vezes Edgar elogiara e dissera que eram perfeitos, com o batom favorito, rosa e cheio de glitter.

Era a última, melhor e pior lembrança que ele teria dela.


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Notas finais do capítulo

E então?
Gostaram????
Esse conto fará parte de uma série permanente no meu perfil, pois a medida que eu for escrevendo contos, vou postando.
Beijos :)
ps:. deem uma olhada nas minhas outras histórias, please!