Guerra Das Sombras escrita por Neko D Lully


Capítulo 9
Merecido descanso


Notas iniciais do capítulo

Demorei mais do que pensava, mas o cap também não ficou pequeno e tem alguns dos casais novos que apareceram agora, ou dos antigos que antes não estava juntos. Bom... Espero que gostem desse cap porque a verdadeira emoção começa no proximo. Gente, confeçando aqui que estou muito feliz pelos reviews que estou rescebendo nessa fic. E para a felicidade de alguns, diferente das outras fics não estamos nem na metade da historia.
Aproveitem o cap e obrigada pelos reviews!



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Guerra das Sombras

 - Vocês não vão fugir. – ao olharem para trás viram a raposa saindo do pequeno iglu tendo seu corpo completamente queimado e deformado. Fracos do jeito que estavam realmente não fugiriam, era impossível. A pequena chama que agora era amiga deles cortou o ar furiosamente e atingiu um dos Dark Chaos no rosto fazendo com que o mesmo soltasse um guinchado de dor, mas não o matou e o mesmo pode dar uma forte patada na pequena chama que caiu na neve perdendo boa parte de suas forças.

 Yin então percebeu algo. A luz da chama era reluzida na neve branca, intensificando seu brilho. Se pudesse usar isso a seu favor eliminaria a todos os Dark Chaos de uma vez só e poderiam passar. Mas só teria essa chance, tinha que fazer um forte brilho com seus poderes e temia só ter poder para fazer isso uma vez. Respirou fundo e se concentrou, fazendo uma enorme sombra tampar a todos os seus amigos incluindo a ela mesma e logo depois fez com que uma forte luz fosse ocasionada do lado de fora. Deu para se ouvir os vários sibilares e gritos de dor, entre eles o da raposa branca que também fora pega pela luz e como todo ser da noite seu corpo era danificado por isso.

 Quando tudo terminou Yin fez a sombra desaparecer revelando a vasta imensidão branca que agora estava sem qualquer inimigo, mas como conseqüência nem ao menos conseguia manter seu corpo, quase não conseguia deixar seus olhos abertos. Mitsuki a apoiou, mas sabia que ela também estava fraca e não agüentaria carregá-la o caminho de volta. Eram um caminho longo da antártica até a Transilvânia e nenhum deles estava em condições de conseguir aquilo.

 - Alguém consegue criar um portal para nos mandar para casa? – perguntou Racer já olhando para Ramon. Mitsuki não estaria disposta a dizer uma só palavra, tinha feito um voto e o cumpriria, Yin estaca cansada de mais para fazer qualquer feitiço, ele e Ramon eram os únicos que conseguiriam, mas não sabia nem metade do encantamento para abrir o portal de tele-transporte então o único que sobrava era Ramon. O mesmo suspirou e o deixou cuidadosamente no chão.

 - Espero ter conseguido decorar o feitiço no pouco tempo que ouvi Sonia o pronunciando. – sussurrou mais para si mesmo do que para os outros que o observavam. Fechou os olhos e se concentrou pronunciando as palavras em latim que abririam o portal para a Transilvânia. Ramon suspirou e abriu os olhos mirando seus amigos e assentindo levemente mostrando que podiam entrar. Cansados e loucos por um bom descanso os quatro entraram no portal sendo assim levados para casa.

 No castelo todos esperavam ansiosos a chegada dos quatro, mas quando eles apareceram no meio da sala, caindo todos no chão da mesma a preocupação foi geral. Alguns dos que tinham saído antes haviam chegado e se inteirado do assunto. Blaze, uma das que voltara fora até sua filha sendo tentando ajudá-la a ir até o sofá para se deitar. A ouriça prateada sorriu para despreocupar a mão e logo mostrou a pequena chama azul que a seguiu até o lugar. Yin fora carregada pelo pai e deitada em um dos sofás que tinha no lugar enquanto a mãe ia pegar alguns copos para os quatro garotos. Ramon levantou a mão indicando para o pai que ia ficar sentado no chão mesmo enquanto Racer, com custo, se colocou de pé, recusando a ajuda dos pais, e entregou o pequeno frasco para Sonia.

 - Aqui esta o antídoto. Dê para o tio Manic rápido antes que seja tarde de mais. – falou ele colocando o pequeno frasco na mão da ouriça rosa arroxeada. A mesma assentiu e logo desapareceu corredores a dentro, indo o mais rápido possível para o quarto onde o irmão estava. Não demorou muito a chegar no quarto e abrir a porta vendo como Cassandra estava no mesmo lugar do lado de Manic, ainda segurando sua mão com força enquanto o mirava preocupada.

 - Cassie. – chamou fazendo a garota desviar o olhar pela primeira vez. Seus olhos, já com olheiras por não ter descansado nem um momento desde que tudo acontecera, se iluminaram ao ver o pequeno objeto na mão de Sonia e, ao mirar a ouriça nos olhos, viu que todos os problemas agora seriam resolvidos. Sonia se aproximou e destampou o pequeno frasco. – Ele ainda respira. Ai pelo amor de deus, que ainda dê tempo.

 Sonia aproximou o frasco da boca de Manic, mas por causa da dor os lábios do ouriço verde estavam fechados com força não permitindo que o liquido entrasse. Frustrada e desesperada Sonia tentou abrir a boca do irmão, mas nada adiantava e Cassandra, já sem paciência, tomou o frasco da mão de Sonia e o levou a boca, deixando o liquido na mesma e logo se aproximando do rosto do ouriço, colocando seus lábios sobre os dele. Sonia se impressionou ao ver o rosto do irmão ficar tranqüilo e relaxado, permitindo assim que a boca se abrisse o liquido que Cassandra tinha na boca fosse passada para a dele, apesar de um pouco do mesmo acabar escorrendo para fora, descendo pelo rosto do ouriço verde.

 Não demorou muito para Manic finalmente abrir os olhos se sentando na cama rapidamente enquanto Cassandra se separava dele. Manic tossiu um pouco, ainda sentindo o gosto amargo do liquido que tomara em sua boca. As duas garotas que estavam no lugar sorriram aliviadas vendo como o garoto estava bem melhor, sua pele tinha voltado a ficar fria, normal como a de um vampiro, ele não parecia mais sentir dor e estava respirando normalmente apesar de tossir.

 - Que nojo! O que tinha nesse treco?! – exclamou Manic levando uma mão a garganta e pigarreando algumas vezes para ver se o gosto saia. Cassandra sorriu, com os olhos cheios de lagrimas e se jogou em Manic o abraçando com força enquanto deixava as lágrimas saíram por seus olhos livremente, molhando ainda mais a blusa do garoto que já estava completamente encharcada de suor. Manic estranhou um pouco, em sua mente não se lembrava de ter estado doente, tudo o que se lembrava é de estar em seu escritório lendo o pequeno livro que Yin havia lhe dado. – C-cassie? O que houve?

 - Nada. Agora esta tudo bem. – murmurou a garota ainda chorando e se abraçando ainda mais ao vampiro que não compreendia nada. Sonia sorriu, feliz por ver seu irmão bem e por finalmente Cassandra poder descansar. Caminhou para fora do quarto, decidida a deixar os dois sozinhos. Cassandra se abraçou mais a Manic se sentindo mais que feliz. – Tudo esta bem agora...

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 Quando chegou novamente a sala onde estavam todos num clima estranho tinha tomado o lugar. Racer tomava talvez seu quinto copo de sangue, Ramon estava ainda sentado no chão, perto do sofá onde Racer estava, ele tinha um copo de sangue na mão, mas parecia quase não ter bebido nada. Mitsuki estava já completamente revigorada brincando com a pequena chama que fazia círculos no ar. Yin... Ela parecia já ter adormecido, com a cabeça deitada no colo de Maria que passava cuidadosamente e mão sobre a cabeça dela sorrindo docemente. Por alguma razão sentiu um ligeiro pesar no coração... Um desejo enorme de ter seus próprios filhos lhe incomodava novamente e não mais parecia se satisfazer em cuidar dos garotos que agora estavam grandes.

 Se aproximou cuidadosamente e se sentou do lado de Mephiles que olhava tudo da mesma maneira, com um pequeno sorriso triste no rosto. Kaira não estava por perto, coisa que achou estranho, mas como não viu também o outro demônio pensou que os dois deviam estar discutindo a missão que tinham ali. Mas pelo menos ele tinha uma parceira, Manic também agora tinha essa sorte, mas ela...

 - O que aconteceu para vocês estarem assim? – perguntou Shadow que se encontrava perto de Yin e Maria no momento. Tinha um copo vazio na mesa o que supôs ser o da ouriça negra que devia ter bebido rapidamente e logo adormecido no sofá mesmo. Era engraçado que mesmo sendo vampira Yin podia descansar como se estivesse dormindo de verdade. Mitsuki permaneceu brincando com a pequena chama, Racer parecia estar muito ocupado bebendo seu sexto copo e Ramon era o único que parecia interessado em responder a pergunta feita.

 - Encontramos a bruxa, ela nos deu um chá que parecia ser bom até mesmo para nós, mas na verdade era uma armadilha. O chá nos enfraquecia e dava a chance perfeita para ela nos atacar. – respondeu Ramon mexendo em seu copo fazendo o liquido vermelho viscoso dar ligeiras voltas. – Ela estava do lado de Gaia... Era obcecada com ele pode se dizer. Acreditava que impedindo a gente de derrotá-lo ela poderia ficar com ele. Yin era uma das que ela queria eliminar, e primeiro.

 - Ela dizia que podia ver o futuro nas estrelas. – comentou Racer finalmente terminando de beber e se concentrando no que era falado no momento. – Ela disse que a muito tempo, antes de Gaia começar seus ataques, ele foi até ela perguntando se conseguiria cumprir o que queria, mas de acordo com ela ele não consegue. Porque Yin o derrota.

 - Por isso Gaia quer eliminar a Yin de todas as maneiras... – comentou Mephiles se lembrando de quando ainda era controlado por ele e Gaia o mandou eliminar a pequena ouriça negra de todas as maneiras possíveis. Ele tem medo de ser derrotado por ela, por mais que a previsão da mulher fosse incerta ele não iria arriscar... – Ele tem medo dela.

 - Aquela mulher era loca. – voltou a falar Racer rindo ligeiramente ao se lembrar do olhar pirado que ela tinha quando os atacaram. – Dizia que Yin ia ser a nova Gaia, também falava que estrelas caíram na terra muitos anos atrás. Vê se pode!

 - Seja como for é melhor nos apressarmos. Quando Gaia descobrir que uma de suas mais fieis informantes foi morta ele vai convencer outras pessoas a participar de seu plano. E se conseguiu com uma logicamente vai conseguir com outras. – comentou Ramon se levantando e deixando o copo de sangue encima da mesa. Mas na verdade sua preocupação era outra... Seus olhos se voltaram para Racer que estava muito concentrar em observar a ouriça negra para perceber. Pela primeira vez, estava determinado a mudar o futuro. – Temos que encontrar as esmeraldas caos.

 - Sabe que é praticamente impossível isso. – interveio Sonic de braços cruzados perto de uma das janelas. Como uma das únicas vezes seu rosto estava sério, concentrando no que era dito. Amy estava a seu lado observando com um sorriso triste a seu filho, ela já tinha percebido. – Depois que vocês as usaram para mandar Gaia de volta para o mundo dele aquela vez ninguém mais conseguiu encontrar as esmeraldas caos. Desapareceram mundo a fora e pode ser também possível que tenham ido parar no mundo de Gaia.

 Mitsuki se sentou rapidamente no sofá, já que antes estava deitada no mesmo brincando com a pequena chama que agora se agitara no ar. Em sua mente juntava os fatos e logo fez um brusco movimento com os braços, mas como ninguém estava olhando era como se não tivesse feito nada. A ouriça prateada cruzou os braços irritada e logo olhou para sua pequena nova amiga que se agitou no ar e logo passou rapidamente na frente de todos que estavam na sala e logo voltou a ficar do lado da ouriça que fazia desesperados movimentos com os braços tentando explicar o que queria.

 - Não pode simplesmente falar? – perguntou Racer e a garota o fitou com os olhos faiscando de desaprovação. O mesmo recuou mexendo de leve com as mãos pedindo desculpas e a garota novamente tentou demonstrar por meio de gestos o que queria, mas ninguém compreendia. Talvez se Yin estivesse acordada... Foi então que olhou para a pequena chama a seu lado e com um brilho de idéia fez a pequena mudar de forma, parecendo agora uma pequena estrela. Todos olharam confusos.

 - O que esta tentando dizer exatamente Mi? – perguntou Ramon e Mitsuki fez a pequena chama ir para o teto brilhando como se realmente fosse um estrela logo depois saiu do lugar onde estava e fez um arco no ar indo até o chão. Ramon compreendeu. – Esta dizendo sobre aquela historia que a bruxa nos contou? Que as estrelas um dia caíram na terra? – Mitsuki assentiu rapidamente e logo fez a pequena chama parar acima de sua mão e a mesma, depois de tomar a forma de uma estrela novamente mudou de forma mais uma vez, virando uma esmeralda caos reluzente de uma cor azul céu com o centro um pouco mais escuro. – Pera! Quer dizer que as estrelas que ela mencionou são as esmeraldas caos? – Mitsuki assentiu novamente.

 - É bem provável. – comentou Mephiles pensativo colocando uma mão no queixo e se lembrando dos vários livros que leu. – De acordo com os demônios foram eles que criaram as esmeraldas caos usando a ecencia de estrelas a beira da morte, que é quando estão com maior concentração de matéria, prestes a ser espalhada pelo resto do universo.

 Mitsuki, ainda animada por todos terem entendido tirou do bolso um pedaço de papel amarelado completamente dobrado e logo o desdobrou, com pressa e animação mostrando a todos o mapa que tinha encontrado. Sete pontos, sete esmeraldas caos, não podia ser mais preciso. Ali mostrava onde estava cada uma, não precisamente, mas já tinham uma base para procurar.

 - Talvez devêssemos nos separar. – sugeriu Sonia, já propondo montarem grupos para procurar, mas Mitsuki negou rapidamente com a cabeça e dessa vez Racer compreendeu o porque.

 - Ela tem razão, não seria uma boa idéia. Se uma pessoa parceira de Gaia que tinha esse mapa quer dizer que ele já mandou suas criaturas para os locais, talvez as tenham pego ou ainda não as encontraram. Seria mais fácil para passar despercebido um grupo pequeno e os controladores do caos conseguem sentir cada esmeralda. – falou Racer coisa que todos os adultos se colocaram tensos. Da ultima vez que deixaram os garotos sozinhos quase perderam a todos, e quando enfrentaram a Gaia, Yin desaparecera por quatorze anos. – Talvez seja melhor aparentarmos não saber de nada. Tio Mephiles esta sendo vigiado, então não é bom que saia, Manic precisa ficar por causa do conselho junto com Cassandra, sem falar que tem que organizar os exércitos para um possível luta. Tia Sonia tem que ajudá-los e nossos pais provavelmente tem outros lugares que precisam de ajuda com os Dark Chaos. Nós não estamos ocupados e poderíamos nos dedicar apenas em procurar as esmeraldas.

 - Vocês tem certeza que podem fazer isso? Talvez seja melhor um de nós ir com vocês ou... – começou Maria um pouco relutante como todos os adultos ali, mas os garotos não cederam. Racer interrompeu a tia antes que pudesse terminar de falar mantendo assim sua teoria e determinação.

 - Sabemos que estão preocupados, mas se forem muitas pessoas algo do passado pode se repetir. Sem falar que não somos mais crianças e se já não pudermos ganhar forças para enfrentar simples Dark Chaos como conseguiremos encarar a Gaia que é bem mais forte? – argumentou fazendo todos se calarem. Ele tinha razão, se não tivesse a capacidade e experiência de vencer aos servos de Gaia como conseguiria derrotar ao próprio? Mas mesmo assim, o assunto era preocupante. – Encontraremos as esmeraldas antes do alinhamento e lutaremos contra Gaia para assim acabar com tudo isso de uma vez por todas!

 Um silencio um tanto incomodo tomou conta do lugar, enquanto os adultos tentavam evitar as memórias que viam em suas mentes, memórias nada agradáveis para se dizer. Um suspiro escapou da boca de Sonia e a mesma logo se levantou, chamando a atenção de todos que ainda se encontravam na sala.

 - Tudo bem, vocês podem ir atrás das esmeraldas. – o rosto de Ramon e Mitsuki se iluminaram ao perceber que finalmente teriam a chance de viajar pelo mundo, enquanto Racer agradecia a tia com um pequeno aceno de cabeça e um singelo sorriso no rosto. – Mas primeiro devem descansar. Não sei o que aquela mulher usou, mas quase drenou toda força de vocês e vão precisar delas mais do que nunca para enfrentar os perigos que terão a frente.

 Alguns ainda se encontravam preocupados com aquilo, mas já não havia como discutir. Cada um foi para seu quarto, Yin carregada pelo pai, Racer praticamente desaparecera, Ramon e Mitsuki foram juntos com grandes sorrisos nos rostos e os adultos, hesitantes, mirando como os quatro tinham crescido... Mas será que estavam prontos para enfrentar o que tinha a frente?

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 Suspirou desanimadamente enquanto se colocava na janela de seu quarto que tinha um enorme banco feito no marco da mesma onde podia se sentar tranquilamente e sem nem mesmo precisar ficar perto da janela. Seus olhos verdes claros estavam focados no lado de fora enquanto lembranças e mais lembranças passavam por sua mente. Eram varias coisa que tinham acontecido desde o momento que pós os pés naquele lugar, no que agora chamava de lar, mas muitas coisas também tinham sucedido antes, coisas terríveis e ao mesmo tempo maravilhosas.

 Ouviu então a porta se abrir, mas não quis virar a cabeça para ver quem era para assim não perder o tão maravilhosos reluzir da lua que estava do outro lado de sua janela. Só foi saber quem era quando a pessoa se acomodou a sua frente olhando na mesma direção que ele, para a janela que tinha logo em seu lado esquerdo.

 - É lindo não? – perguntou Kaira com um ligeiro sorriso no rosto. Seu olhar então foi parar nela tendo a grande satisfação de ver o quão bela estava, usando um delicado vestido branco que parecia ter se levantado um pouco quando se sentara com os joelhos ligeiramente dobrados. Os cabelos ruivos dela estavam caindo até seus ombros e seus olhos verdes reluziam junto com o brilhar da lua, era até mesmo irônico pensar que ela se parecia um pouco com Maria. As duas eram pequenas, quase do mesmo tamanho apesar de Maria ser menor, ambas possuíam uma delicadeza surpreendente e um jeito de fazer os dois corações de ferro dos gêmeos se derreterem como se fosse gelo. Riu um pouco ao pensar que ele e o irmão não tinha se diferenciado nem nas parceiras. – O que é tão engraçado?

 - Apenas pensando como você e a parceira de meu irmão são parecidas, e que nem com isso nos diferenciamos. – respondeu Mephiles com um pequeno sorriso no rosto enquanto Kaira ria levemente com o comentário, constatando que seu parceiro tinha razão. O ouriço negro de olhos verdes ficou encantado, tanto pelo fato da risada da demônio ser harmoniosa e bela quanto pelo fato de que mesmo depois de anos ainda continuava a confundi-la com um anjo, não um demônio. Seus olhos então se voltaram novamente para o lado de fora da janela.

 - Ainda me lembro de quando te carreguei pela primeira vez nos braços. – comentou Kaira chamando a atenção do parceiro, logo depois de alguns instantes de silencio. A raposa tinha um leve sorriso no rosto enquanto parecia não ver nada em especial. – Quando sua mãe ficou grávida de seu pai eu não sabia se ficava feliz ou se entrava em pânico pelo problema que os dois se meteram. Sua mãe se tornado minha amiga e não queria que nada lhe acontecesse, então você nasceu. Lembro que quando você abriu os olhos me encarou por alguns instantes e logo sorriu. – Kaira fechara os olhos recriando tudo em sua mente. – Nunca tinha visto um sorriso tão lindo e inocente direcionado a um demônio. Foi a primeira vida que carreguei e tive desejo de proteger... Apaixonei-me por você naquele momento.

 - Sempre quando você fala nesse dia me sinto envergonhado. – comentou Mephiles com o rosto ligeiramente corado e um sorriso sem jeito no rosto. Kaira o mirou e riu do jeito delicado que ele se encontrava. – As vezes me esqueço que você é bem mais velha que eu.

 - Essa é a diferença entre as parceiras de vocês dois. – comentou Kaira rindo ligeiramente e se ajoelhando na cadeira da janela se aproximando do ouriço negro colocando seu corpo entre as pernas dele e os braços em volta de seu pescoço, dando ligeiros beijos em seu rosto enquanto permanecia com um sorriso no rosto, mas o ouriço não parecia muito feliz. Algo incomodava sua mente e ela percebera, parando o que estava fazendo e o mirando confusa. – O que foi?

 - Maria... Ela nem sempre foi mais nova que Shadow. – comentou fazendo sua parceira erguer uma sobrancelha em sinal de confusão. Mephiles suspirou e passou os braços pela cintura da raposa que esperava ansiosa a resposta, sentando sobre as próprias pernas permanecendo apenas um pouco menor que seu companheiro. – Percebi quando a vi enquanto estava fora do controle de Gaia. Há muito tempo eu e meus irmãos encontramos um grupo de garotos refugiados da guerra entre anjos e demônios, escondidos em uma pequena caverna. Eles nos ajudaram e viraram nossos amigos, a mais velha deles, um ano mais velha que eu e Shadow talvez, se chamava Mariana. Ela foi a primeira vida de Maria...

 - É raro almas voltarem a terra muitas vezes. Você me falou que tinha a matado enquanto estava sobre o domínio de Gaia, seu nome era Mire e foi quando seu irmão realmente tinha admitido gostar de alguém. Uma coisa que usou para fazer seu irmão sofrer mais na época. – comentou Kaira tomando cuidado com o que dizia, já que não queria fazer seu parceiro se sentir culpado mais uma vez por uma coisa que tinha sido obrigado a fazer. Mephiles assentiu de leve.

 - Mariana era pura, igual a Mire e Maria, não havia motivos para não voltar e ter uma vida merecida, apesar de só ter ganhado isso agora. – respondeu Mephiles abraçando com um pouco mais de força a Kaira, que se ajeitou no peito do mesmo escutando atentamente o que ele tinha a dizer, como sempre fazia. – Shadow uma vez me contou que perdeu o controle e bebeu do sangue dela, fazendo um pequeno corte em sue pescoço sem a morder. Foi a primeira vez que ele beijou alguém, mas Mariana nunca nos acusou, nunca nos julgou. Tinha um coração tão puro que nos tratou da mesma forma, como amigos.

 - Mas como ela morreu? – perguntou Kaira. Tinha uma ligeira impressão de saber a resposta, se o que Mephiles disse foi certo sobre o tempo que tudo acontecera quer dizer que o único modo deles terem morrido foi se o esconderijo que ficavam foi...

 - Shadow me convenceu a contar a eles o que éramos e assim levá-los conosco para esse castelo, que nosso pai tinha feito para nós. Mas no mesmo dia a guerra chegou até onde estávamos e os demônios os pegaram, a todas as crianças. Nós conseguimos escapar por uma passagem, mas ela se fechou com pedras antes que eles pudessem passar. – continuou Mephiles com um olhar perdido, recordando aquele momento, a primeira vez que ouviu seu irmão gritar em desespero e dor. – Logo depois Shadow foi levado para o exercito dos demônios e disse, quando o encontrei, que eles tinham morrido. Ele mesmo tinha visto os corpos.

 - Foi o dia que seu pai mandou que lhes perseguissem não foi? – perguntou ela enquanto seu parceiro assentia levemente. Ainda tinha a lembrança daquele dia tão assustado. Chegara de um reconhecimento de área e vira de relance a silhueta do vampiro, mas quando fora ver vários demônios foram atrás deles e não podia fazer nada alem de suplicar ao pai dele que parasse aquilo, revelando assim os sentimentos que tinha e antes tinha mantido em segredo de seu comandante. Por isso seu castigo fora o dobro de pior.

 - O engraçado é que todos aqui foram, um dia, nossos amigos humanos. Com a exceção da bruxa e dos garotos. – disse Mephiles com um pequeno sorriso no rosto. Logo uma pequena risada escapou de seus lábios. – Acho que apenas eu, Manic e Sonia que não tínhamos pares lá. Fomos os únicos que não precisamos esperar uma reencarnação.

 Kaira se encolheu nos braços de Mephiles enquanto um ligeiro pesar em sua consciência a incomodava. Mephiles percebera e a mirara de maneira interrogativa. A garota fazia de tudo para manter seu rosto escondido e assim não ter que dizer a verdade, mas o ouriço a afastou um pouco e levou uma mão até seu queixo a fazendo levantar o rosto e o mirar diretamente nos olhos.

 - Em uma das batalhas eu... Meio que me machuquei seriamente. De certo modo eu morri, meu corpo desapareceu como qualquer outro demônio ou anjo, mas seu pai recolhera os flocos antes que sumissem e usou as esmeraldas caos para me dar energia o suficiente para ter uma forma. – o sangue de Mephiles gelou, imaginando quase com perfeição a cena que se passara, tendo o medo entalando a garganta. – Até hoje sou muito dependente as esmeraldas caos.

 Não pode dizer mais nada, Mephiles tomara seus lábios com desespero procurando sentir que tudo estava bem, que ela estava lá. Kaira segurou o rosto do ouriço entre suas mãos enquanto ele passava os braços por deixo de suas pernas e a carregava na direção da cama que tinha ali perto, sem que se separassem nem um instante. A intensidade aumentava junto com o desespero, fazendo com que agora um se sentisse dependente do outro, que não mais podiam ficar separados.

 Em instantes a blusa do garoto fora parar no chão, o deixando apenas com a calça que já estava completamente aberta. A garota já tinha as alças do vestido completamente retiradas de seus braços, o sutiã já tinha sido tirado e o vestido estava quase destampando os mesmos, enquanto o garoto beijava desesperadamente o pescoço dela, com uma das mãos em seu rosto e a outra na cintura da garota segurando com força o vestido. Ela tinha os braços em volta do pescoço do garoto com o rosto completamente corado e os olhos fechados.

 - Não quero mais ficar longe de você. – murmurou ele no ouvido dela, enquanto a mesma respirava agitadamente sem saber se realmente o ar entrava em seus pulmões. – Preciso de você, aqui e agora.

 - E eu de você. – respondeu ela selando tudo com um beijo cheio de amor e paixão. A união dos dois foi inevitável e agora ambos sabiam que o outro estava realmente ali...

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 Podia não se lembrar do que aconteceu, podia não entender porque todos pareciam tão felizes em vê-lo, mas não mais se preocupava com isso, na verdade, não mais se importava com muitas coisas. Estando nas condições que estava realmente não deveria estar preocupado, afinal, quem não ia querer estar descansando comodamente deixando montes de afazeres de lado por um tempo e aproveitando um tempo com a pessoa mais importante do mundo? Pois no momento estava assim. Deitado na cama comodamente, enquanto Sonia adiantava suas tarefas por hoje e com Cassandra em seus braços dormindo com um doce sorriso no rosto.

  Não tinha coisa melhor a se pedir, mesmo que as informações que recebera pouco tempo depois de Cassandra adormecer não fossem nada animadoras. Estava incomodo com o fato de os garotos saírem em uma missão como essa, sozinhos, mas que mais poderia fazer a não ser deixar. Racer tinha apresentado um argumento tão bom que não tinha nem como dar a volta. Suspirou e se ajeitou mais entre os lençóis enquanto admirava o rosto pacifico de sua parceira. Deveria descansar, como Cassandra e Sonia pediram, por alguma razão suas energias estavam quase no zero.

  Levou uma mão até o rosto de sua companheira tocando de leve o mesmo enquanto a ouvia suspirar. Os vampiros eram os únicos seres da noite que não podiam dormir e era uma ação que para todas as outras espécies era considerada inútil e ao mesmo tempo necessária e prazerosa. Os vampiros, principalmente os que nasceram assim, achavam o fato de dormir algo interessante e tentador, algo que queriam fazer e não podiam, principalmente sonhar.

 Manic parou um pouco e pensou. Como seria sonhar? Era uma das coisas que queria experimentar algum dia. Talvez fosse um sonho bobo, talvez nem valesse a pena pensar muito nisso, mas enquanto via Cassandra dormindo e sorrindo de uma maneira tão bela não conseguia parar de imaginar como seria estar dormindo também, sonhando ao lado dela enquanto permaneciam abraçados. Como seria a sensação de estar sonhando?

  - Manic... – sussurrou a garota enquanto se aninhava mais em seu peito. Por um momento Manic ficou paralisado, sem saber o que poderia fazer. Mas logo um doce sorriso apareceu em seu rosto e abraçou com um pouco mais de força a pequena figura da esquila que tinha tão perto de si. Ela estaria sonhando com ele? Como deveria ser esse sonho? Um dia ele poderia sonhar também?

 Acomodou-se mais na cama e fechou de leve os olhos disposto a descansar direito. Mas enquanto fechava os olhos algo lhe passou pela mente. Podia não saber como era sonhar, mas se algum dia conseguisse tinha absolutíssima certeza que sonharia com a garota que tinha em seus braços, porque não tinha sonho mais belo do que estar ao lado dela...

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 Sentado naquela mesa entre varias e varias estantes se perguntava se o que fazia ali era realmente o que deveria estar fazendo. Ainda não entendia porque fora escolhido para essa missão, Kaira podia estar apaixonada pelo vampiro, mas duvidava que ela fosse deixar seus deveres de lado por uma coisa dessas. Mas... O que fora mesmo que Zion tinha lhe dito?

“O amor pode fazer as pessoas cometerem loucuras”

Mas o que era amor? Essa palavra era encontrara em diversos livros, mas muitas vezes eles não explicavam de uma maneira tão sucinta o que queria saber. Existiria amor para demônios? Bom se Kaira sentira isso pelo vampiro, e Zion sentira isso pela humana que dera a luz a essas novas criaturas, porque outros também não poderiam sentir? Será que ele poderia? Mas se sentisse, como saberia que realmente era amor?

 Passou a mão pela cabeça ainda com varias perguntas na mesma, mas não mais apenas sobre esse estranho sentimentos que estava rondando toda esse maldito castelo. Também tinha muitas duvidas sobre esse mundo onde estava. Em toda sua existência nunca viera a terra, nunca soubera o que era isso que as criaturas desse mundo tinham que as tornava tão... Diferentes. Seja uma das outras quanto das criaturas de outras dimensões. Eram tantas que fora privado de conhecimento no mundo onde vivia que no momento não sabia como responder a todas elas.

  Talvez por isso se encontrava ali, talvez por isso tinha deixado sua missão de lado por um tempo para assim se deleitar com um tempo sozinho, onde poderia pensar. Se levantou da mesa onde estava e pegou um livro aleatório na primeira estante que aparecera em sua frente. Voltara a se sentar na cadeira abrindo o livro e se deparando, ironicamente, com um livro que falava sobre a fauna e a flora do planeta. Um pouco assustado por ter pego exatamente esse continuou a olhá-lo, dando apenas leves olhadas nas varias gravuras que tinha no mesmo.

 Seus olhos azuis se encantaram com cada imagem de cada tipo de paisagem que via no livro. Varias florestas, rios, mares, desertos, montanhas, corais, praias, animais aquáticos, terrestres, aviários... Eram tantas coisas! Uma mais bela que a outra e sua atenção era prendida em cada pagina, demorando cada vez mais para sair da mesma. Não tinha como explicar o que sentia no momento, era algo tão... Tão... Irreal o que via!

  Ofegou quando viu uma ela imagem do que parecia ser uma floresta, só que diferente das outras que vira que eram cheias de tons verdes belos e viscosos, essa estava completamente esbranquiçada, coberta pelo o que parecia ser um cobertor fofo que reluzia com a luz do sol, fazendo com que pequenos brilhos de varias cores fossem refletidos no mesmo. A imagem ocupava praticamente uma folha inteira e não conseguia desgrudar seus olhos da mesma. O que seria aquilo branco que revestia a tudo como um manto?

 - Também adoro essa imagem. – comentou uma voz atrás de si fazendo com que desse um pequeno sobressalto por causa da surpresa. Se levantou rapidamente da cadeira, deixando o livro aberto na mesa, e virou seu corpo para ver quem era, já em uma posição defensiva. Relaxou um pouco ao ver que era apenas a ouriça rosa arroxeada, mas mesmo assim não baixou a guarda e ficou mirando-a atentamente. Ela sorriu sem jeito. – Desculpe, não queria te assustar. Vim resolver umas questões enquanto meu irmão tem que descansar e quando te vi olhando esse livro não pude evitar comentar algo. É um de meus favoritos.

 O demônio não falou nada e continuou a mirá-la atentamente enquanto Sonia passara a se sentir constrangida com tal ato. Era difícil arrumar uma conversação com o garoto, ele parecia ser muito fechado e alerta, muito diferente de Kaira que era alegre. Voltou sua atenção para o livro e sorriu de leve.

 - Quando chega o inverno tudo aqui parece muito com essa foto, mas faz tempo que não vemos a neve como algo belo. – seu rosto deixou de ter um sorriso e seus olhos se perderam na janela que tinha a alguns metros de onde estava. O demônio percebeu, como qualquer um que tinha ouvido os boatos e historias, que ela se lembrava do dia de inverno a quatorze anos atrás, na Rússia. O dia que os vampiros passaram a chamar de O dia do preço mais alto.

 - Por acaso, foi pelo sumiço dessa ouriça negra? – perguntou apesar de já saber um pouco sobre esse assunto. A noticia tinha se espalhado, e com o sumiço dos vampiros primários e seu grupo do mundo dos seres da noite, aparecendo apenas para fazer seu trabalho, isso fora mais que confirmado. Sonia o mirou e um sorriso triste apareceu em seu rosto.

 - Aquele dia... ele mudou tudo! Sabia que tínhamos acabado de comemorar o aniversario dela? – alguma coisa no peito do demônio se inquietou. Eles não tinham aniversario, apenas surgiam de uma energia negra acumulada e tinham um treinamento fortemente feito por seus instrutores para assim sua raça não se enfraquecer com o tempo. Ficou sabendo, por meio de uma pequena conversa com Mephiles, que os vampiros também não comemorava o aniversario, apenas quando eram muito jovens, depois isso não mais importava. – Ela era a menor de todo o grupo, não crescia como os outros e tinha uma aparência tão frágil... Naquele dia, ela mostrou ser forte, sacrificando a se mesma para que ninguém mais se machucasse, mas então... – o demônio notou que os olhos da ouriça pareciam ficar úmidos e brilhosos, não compreendeu. O que seria aquilo? – Foi difícil para todos aceitar o fato de que ela podia estar morta ou com uma vida sofrida. Todos mudaram depois disso, os garotos foram um dos que mais sofreram, principalmente Racer que mudou completamente, meu irmão e Maria também tinham mudado, ficado mais isolados e perdidos. Perderam tudo o que mais importava. – uma pequena lágrima escorreu pelo rosto da garota que logo levou a mão para limpá-la. – Mas agora ela esta de volta e tudo voltou ao normal.

 - O-o que é isso? – perguntou encostando de leve em um lado do rosto da garota e deixando com que uma lagrima parasse em seu dedo o levando para perto do rosto para assim ver melhor. Sonia não entendeu, corou fortemente com o contato do garoto com seu rosto, mas porque ele perguntava o que era uma lágrima? – Esta soltando água?

 - Não seu bobo. Isso se chama chorar, quando se esta triste ou muito alegre essas gotas de água saem dos olhos, se chamando de lágrimas, e com varias delas a pessoa esta chorando. – respondeu Sonia não entendendo porque aquele lobo perguntava essas coisas. Era tão simples, tão básico, tão... Humano. Era isso! Ele não sabia nada sobre os humanos! Talvez seja a primeira vez que estava ali e por isso fazia essas perguntas. Mas ainda não tinha certeza. – Você realmente não sabe o que é isso?

 - Nunca vim aqui. – disse ele negando com a cabeça confirmando as suspeitas de Sonia. Ele continuou a mirar a pequena gota de lágrima que tinha em seu dedo, sem compreender realmente o que poderia ser aquilo. Já havia chorado alguma vez? Zion dizia que Kaira já chorara uma vez, mas ele poderia também? – Normalmente fico nos treinos ou na guarda do mundo dos demônios e nunca recebi uma missão aqui nesse mundo. Não compreendo muitas coisas que tem aqui.

 - Entendo. – murmurou a garota levando uma mão ao queixo e pensando em tudo o que agora sabia sobre aquele garoto. Por isso ele estava vendo aquele livro, para saber mais sobre seu mundo, mas nem tudo os livros podem explicar isso era verdade. Se ele quisesse aprender teria que sentir, teria que viver aquilo... E por que ela não ajudava? Seria sua oportunidade de ter contato com o mundo do lado de fora do castelo, e finalmente poderia ter um amigo não? Um enorme sorriso surgiu em seu rosto. – Vem.

 Segurou a mão do garoto e o puxou para fora da biblioteca ainda sorrindo. Ele não compreendia, não sabia para onde aquela garota que levá-lo, e por alguma razão hesitava em ir. Via o sorriso que ela tinha no rosto enquanto passavam pelos corredores. O que ela estaria pensando?

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Quando havia dormido? Quanto tempo fazia que estava no meio daquela escuridão completa? Estava de olhos abertos ou fechados? Por que não via nada? Estava sozinha? O que estava acontecendo? Será que o senhor do tempo estava lá? Ou seria sua parte Dark Chaos? Não compreendia o que estava acontecendo e queria voltar para casa.

- Muitos perigos lhe aguardam pequena. – murmurou uma voz ao fundo, mas Yin não a reconhecia. Podia ser do Senhor do tempo, mas não tinha certeza. Cada hora ele estava com uma voz diferente. – O tempo esta se esgotando, desastres logo aconteceram e muitas lágrimas ainda serão derramadas.

 - Como posso impedir isso? – perguntou sem saber se realmente tinha aberto a boca ou se só tinha pensado. Seja como for a pergunta fora feita e agora só precisava da resposta.

 - Não pode. Essas coisas aconteceram, o futuro está selado, apenas em uma pequena parte se divide em uma encruzilhada. – aquela voz respondeu e uma forte dor então tomou seu peito, parecia que algo o estava perfurando, lentamente. Ar lhe faltava e era como se dependesse dele, mais do que nunca dependeu. Isso era se sentir perto da morte? – Mas lembre-se, nos dois caminhos tem conseqüências. De um tem o sacrifício para a vitoria e no outro tem a eterna solidão... A escolha é sua agora. Nada mais poderei fazer.

 - E-Espera... – murmurou quase sem fôlego, soltando logo em seguida um gemido abafado de dor. Sentia seu corpo todo doer e como seu peito era apertado ainda mais. Parecia que morria só com aquilo, como se o veneno de sua própria espécie estivesse passando por todo seu corpo adentrando no mesmo pelo peito. Era algo insuportável, talvez pior que a peçonha de sua espécie. Fazia-lhe apenas desejar a morte.

Então acordou, sentando rapidamente na cama e tossindo sem parar tentando recuperar o ar e se acostumar com a sensação de alivio que agora lhe dominava. Acordara tão de repente que ainda sentia como se algo prendesse sua garganta para não respirar. Teve que esperar alguns instantes até ser capaz de respirar normalmente de novo. O que teria sido aquilo? Nunca acontecera isso antes...

  Respirou fundo, sentindo o doce ar adentrar em seu nariz, frio e refrescante... Olhou para a cama, não se lembrava de ter chegado em sue quarto, mas isso não importava. Pegou o pequeno ouriço de pelúcia que tinha em um canto e o mirou atentamente. “Não poderia se evitar as lagrimas”, pensou torcendo para que não fizesse mais ninguém de sua família sofrer. Respirou fundo e deixou o boneco em um canto, se levantando da cama e saindo do quarto.

 Sua mente estava perdida no sonho ou visão que tivera. Não poderia escolher o futuro inteiro, tinha apenas uma parte que podia optar. Mas não era bem uma escolha que tinha que fazer, mas sim uma guerra que tinha que enfrentar. Seu lado negra lutava para ter o controle e assim tomar o lugar de Gaia, sendo a controladora do mundo, mas seu lado mais “puro” lutava para permanecer sendo quem era, com seus amigos e sua família. Mas agora a disputa parecia estar indo para níveis que não queria saber até onde poderiam chagar. Respirou fundo e tentou manter a calma. Na hora certa saberia o que fazer, não é?

 - Yin! – olhou para trás se encontrando com sua tia Sonia se aproximando de onde estava rapidamente trazendo consigo aquele estranho demônio. Ela se aproximou com tanto entusiasmos que até se assustara um pouco. – Poderia cuidar de umas tarefas minhas? Seu tio esta descansando e tenho umas coisinhas a fazer.

 - C-claro tia Sonia, é só falar o que precisa ser feito. – respondeu Yin sorrindo de leve, enquanto Sonia retribuía o sorriso com um enorme e cheio de animação.

 - Muito obrigada Yin. Tudo o que tem que fazer é estudar uns documentos e assiná-los se for preciso. Os papeis já estão na biblioteca e os livros separados. – falou Sonia dando um pequeno beijo na testa da pequena ouriça que sorriu sem jeito. – Muito obrigada mesmo Yin.

 Logo sua tia desapareceu corredor a dentro junto com o demônio enquanto Yin ficava sozinha mais uma vez. A garota suspirou ainda um pouco atordoada e logo voltou a caminhar pelos corredores indo na direção da biblioteca. Estava perdida em pensamentos e talvez uma pequena distração como trabalho ajudaria. Precisava de um tempo para se distrair, esquecer tudo e apenas se concentrar em um trabalho que não tivesse nada haver com o que passava em sua mente.

 De repente sentiu seu corpo se chocando com outra coisa, talvez um outro corpo, e logo ambos foram ao chão. Fechou os olhos com força e sentiu como seu corpo entrava em contato com o solo, era uma dor leve, mas mesmo assim incomoda. Aos poucos começou a abrir os olhos vendo logo acima de si um Racer completamente corado.

 - Racer? O que aconteceu? – perguntou enquanto o garoto se levantava e a ajudava. Ele estava constrangido, mas logo um fleche azul passou pelos dois, e logo retornou parando ao lado de Racer, revelando ser seu pai Sonic com um grande sorriso no rosto. Yin então voltou a perceber a semelhança que os dois tinham, se não fosse pela mecha rosa de Racer nunca os teria diferenciado.

 - Vamos garoto, ainda tem muito o que aprender. – disse o pai do garoto colocando uma mão em sua cabeça e bagunçando a franja do mesmo. Logo ele se voltou para a pequena ouriça negra que mirava as coisas um pouco confusa. – Ah! Olá Yin. Eu e o Racer estávamos vendo quem é o mais rápido, quer participar?

 - Sabe que se meu pai, tia Sonia ou tio Mephiles virem vocês dois dessa maneira vão acabar com vocês, né? – perguntou Yin enquanto Sonic dava de ombros sem se importar muito com o assunto.

 - Já fiz isso varias vezes no passado, eles não vão se incomodar se recomeçar a fazer. – respondeu e Yin hesitou um pouco. Sabia como seu pai ficava quando via algo que lhe irritava, e Sonic dessa maneira tão brincalhona não seria uma exceção. – Vamos lá Racer, ainda temos muita coisa pela frente.

 - E dessa vez eu vou ganhar! – exclamou Racer já saindo correndo com Sonic logo atrás. Yin teve que voltar com o cabelo para trás, já que o mesmo tinha caído todo em seu rosto com o vento criado pela corrida dos dois. Suspirou de leve e já ia voltar a andar quando de repente viu Amy ao seu lado sorrindo enquanto olhava o lugar por onde os dois ouriços azuis tinham ido.

 - Devo lhe agradecer muito Yin. – murmurou deixando a ouriça negra confusa. Até onde se lembrava não havia nada a agradecer. – A muito tempo não vejo Racer sorrindo assim. Eu e Sonic pensávamos que nunca o teríamos de volta...

 - Não entendo tia, o que eu tenho haver com isso? – perguntou a garota enquanto tentava saber como Racer tinha mudado. Não conseguia imaginá-lo sem um sorriso no rosto, era impossível, pensava, Racer ficar triste ou desanimado. Amy riu de leve.

 - Um dia irá entender pequena, você esta relacionada a isso mais do que todos aqui. Só espero que ele possa te falar isso algum dia desses. – respondeu a ouriça rosa de um jeito enigmático e saiu andando pelos corredores, deixando a garota novamente sozinha.

 Yin já não compreendia mais nada, se encontrava perdida em vários pontos soltos. Respirou fundo e voltou a andar, indo para a biblioteca onde já deveria estar fazendo o trabalho que Sonia lhe pediu que fizesse. Ficou novamente perdida em seus pensamentos, se questionando sobre tudo o que estava acontecendo até o momento que fica frente a frente com a porta da biblioteca. Quando havia chegado? Desde quando tinha perdido completamente o sentido do que fazia?

 Suspirou e empurrou a porta para assim poder entrar. Viu os livros já posicionados encima de uma mesa junto com os papeis que eram para ser estudados. Sorriu um pouco ao pensar que teria algo para se distrair, estava passando a não suportar seus próprios pensamentos. Sentou na mesa e abriu um dos livros já começando a ler. Tentou depositar o máximo de sua atenção no que estava no livro, mas era quase impossível, pela primeira vez na sua vida não conseguia ler uma só palavra.

 Suspirou e voltou seu olhar para a janela mais próxima sendo assim capaz de ver como sua tia mostrava a todo o jardim para o demônio parecendo explicar alguma coisa para ele. Ela tinha um enorme sorriso no rosto enquanto falava e parecia se divertir muito com o que fazia, e o demônio prestava bastante atenção em suas palavras segurando o que ela pedia e fazendo o que ela mandava. Se perguntava se finalmente Sonia teria encontrara aquele que a tirasse da solidão.

 - Oi Yin. – a garota voltou seu olhar para perto da porta vendo como um ouriço verde, usando um óculos roxo, tendo três enormes cicatrizes no peito descoberto e todos os dentes pontiagudos e assustadores, sendo mostrado por um grande sorriso. A garota sorriu e o cumprimentou com um aceno de mão junto com a parceira do mesmo que vinha logo atrás dele.

 - Pensei que estava olhando as indicações para líder dos lobisomens primo Scrouge. – comentou Yin o mirando atentamente enquanto parava na frente da mesa onde estava e logo mirava a todos os lados como se estivesse procurando alguém. Yin sorriu de leve, sabendo bem como ele reagiria quando visse o que tinha visto a poucos instantes atrás.

 - Não tenho interesse no líder dos lobisomens. Vim aqui ver minha mãe, sabe onde ela está? – perguntou o misto voltando novamente seu olhar para a ouriça negra que sorriu e apontou para a janela. Scrouge foi até a mesma e olhou para o lado de fora se deparando com a cena de Sonia agachada no chão pegando uma pequena flor e a entregando para um lobo que tinha junto a ela, enquanto a mesma possuía um enorme sorriso no rosto. Seus dentes trincaram, com o típico ciúme de filho quando via a mãe com um namorado. – Quem é ele?

 - Um demônio que veio para vigiar o tio Mephiles, ele também vai representar os demônios no conselho. – respondeu Yin sem muito interesse, mas percebera o que Scrouge sentira e não queria que ele atrapalhasse Sonia por um simples e básico ciúme que todos os filhos sentiam com as mães solteiras. Chamou discretamente Fiona que se aproximou um pouco confusa. - Vou te pedir um favor. – falou e a esquila castanha assentiu. – Preciso que distraia seu parceiro para que assim a mãe dele não tenha que se preocupar em segurá-lo. Ela finalmente tem a oportunidade de ter alguém, mas com Scrouge e sua crise alguma coisa pode dar errado.

 - Pode deixar comigo, o manterei bem ocupado. – disse colocando malicia em sua voz, mas Yin sorriu agradecida. Não importava os meios que Fiona usasse, desde que ela conseguisse fazer seu primo ficar bem distraído.

 - Tem um quarto no final desse corredor que ninguém vai. Pode ir para lá. – falou já sabendo o que ela queria. Fiona sorriu em resposta e foi até Scrouge, sussurrando alguma coisa em seu ouvido e logo o puxando para fora da biblioteca com o mesma alienado e com um sorriso bobo no rosto, parecendo ter esquecido completamente o assunto de sua mãe. Yin riu de leve e negou com a cabeça um pouco divertida.

 Voltou a ler os livros, dessa vez conseguindo se concentrar mais. Não soube dizer quanto tempo ficou fazendo esses trabalhos, mas tinha que admitir que fora revigorante. Sua mente ficara tão focada naquilo que se esquecera até mesmo do estranho sonho que tivera. Agora guardava os livros nas estantes que deveriam estar, completamente distraída cantarolando uma pequena cação que tinha aparecido em sua cabeça de repente. Foi então que a porta se abriu abruptamente e dela passou Ramon, completamente eufórico.

 - Algum problema Ramon? – perguntou confundida ao ver a cara que o equidna tinha. Ele a mirou e por um instante Yin viu um lampejo de desespero. Ele então foi em sua direção segurando seus ombros com força e a fazendo deixar cair os últimos três livros que tinha para guardar no chão. – O-o que é isso?

- Você não pode derrotar a Gaia! – exclamou de repente fazendo a garota se confundir e o mirar de repente. – Aquela mulher disse que seria você, mas não pode deixar que isso aconteça! Definitivamente não!

 - Mas por que? Gaia tem que ser derrotado, por que não quer que isso aconteça? – perguntou mirando o garoto diretamente nos olhos. Ele se separou dela e hesitou em falar. Mas finalmente respirou fundo.

 - Não é que eu não queira que ele seja derrotado. Estou falando que não pode ser você. – respondeu desviando o olhar para o chão, ainda hesitante. – Não pode ser ninguém alem de Racer.

 - E por que? – voltou a questionar Yin ainda sem entender o sentido daquela conversa. Ramon suspirou pesadamente e a encarou.

 - Não sei se deveria ser eu que estivesse te contando isso, mas não tenho outra escolha para te fazer entender. – Yin começou a se assustar. O que estava acontecendo? – Logo que você foi embora Racer fez um juramento de alma. Jurou que ia matar a Gaia com suas próprias mãos.

 - Não... Não, Racer não pode ter feito uma coisa dessas! Ele sabe as conseqüências, então por que... – Yin não sabia o que pensar, não sabia como agira. Aquela noticia a tinha afetado e sabia muito bem o que acontecia quando não se cumpria o juramento. Mas por que Racer faria uma coisa dessas?

 - Por isso mesmo te peço para não matar a Gaia. Deixar que Racer o mate. –falou Ramon encarando a garota que parecia um pouco atordoada. Demorou um tempo para que a cabeça de Yin parasse de dar voltas e mais voltas no assunto. Seu rosto ficou sério e sua expressão decidida.

 - Não precisa se preocupar Ramon. O único que derrotará a Gaia será Racer, pode ter certeza. – Yin não sabia de muitas coisa que estavam acontecendo e tinha um enorme medo de descobrir, mas não deixaria que um de seus melhores amigos sofresse uma tortura tão cruel como deixar de existir.      


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Notas finais do capítulo

Aqui esta mais um cap e do jeito que minha net ta andando provavelmente não terei outra oportunidade de postar hoje. Aqui, termino com todos os medos e desentendimentos que o pessoal sente, mas claro que tem mais coisa pela frente.
Vou tentar ser mais rapida no proximo, mas do jeito que estou esses dias, sem conseguir escrever uma palavra sem um custo enorme e um desgaste cerebral sem tamanho acho que não posso garantir que vá sair tão rapido.
Bom bjsss e até o proximo cap!



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