Eu não consegui parar de chorar. Ela achava que a culpa era minha? Eu não tinha feito nada, e realmente não queria estar naquela situação! Que culpa eu tinha se ia me mudar? Nenhuma, nenhuma, nenhuma. 

- Olha aqui Bruninha, vim aqui me despedir de você, e é assim que você me acalma, me consola? Você acha mesmo que eu gostaria de estar me mudando assim, sem mais nem menos? Realmente, nos momentos que eu mais preciso você não dá a mínima. - Respondi, cheia de raiva e rancor.

- Desculpa, Duda. Foi sem querer, mas é que você disse tudo de uma vez, foi um baque muito grande, mas realmente, minha atitude foi precipitada. Desculpa, mesmo. Eu vou te apoiar, ou melhores amigas não servem pra isso? - Ela disse, realmente arrependida e com culpa na voz. Entendi, ela falou no momento, sem pensar. Eu faria o mesmo se fosse ao contrário.

- Vem Duda, entra que nós vamos conversar melhor.

Entramos, expliquei tudo para ela, desde o momento que saí de casa para me encontrar com ela e com a galera até o momento em que minha mãe explicou a situação. 

Bruninha era uma boa amiga. Me escutava nas horas certas, e sempre tinha um ombro amigo. Dessa vez não foi diferente, ela me apoiou, falou que ia dar tudo certo, e que os canadenses eram muito gatos. Típico dela, claro. Bruninha sempre foi a que teve contato com mais garotos, eu sempre fui mais tímida, em partes, claro. Nunca tive namorado nem nada, apenas fiquei e com muitos poucos. Estava voando e pensando em meus antigos relacionamentos quando lebrei de Tiaguinho.

- Bruninha, sua feia, cadê o Tiaguinho, aquele safado? - Perguntei rindo.

- Tiago está por aí, Duda. Acho que hoje ele nem dorme aqui, foi pra casa com os pais depois da última festa. - Ah, a última festa. Ele tinha ficado bêbado legal, se jogado na piscina do vizinho e gritado: "Fenda do biquíni, aí vou eu" ! Gritou com um abacaxi, falando que sabia que o Bob Esponja estava ali e dane-se então se ele não queria sair. Abraçou um velhinho na rua, falando que sabia que Dumbledore não tinha morrido. Resumindo, passou o maior vexame, e eu não culpava os pais dele por achar melhor levá-lo para casa por uns tempos. 

- Ok Bruninha, eu preciso ir agora, ok? Te amo muito, muito mesmo. Dê um beijo no Tiaguinho e em todos, e nunca se esqueça de mim, ok?

- Eu nunca o esquecerei. Te amo, melhor amiga. Sentirei sua falta, e me aguarde, hein? Vou te visitar e conhecer muitos canadenses gatinhos.

- Ai ai, sua tooosca! Eu te amo. Vou lá, minha mãe tá me esperando pra irmos fazer compras. Dá um beijo na Brenda, Lari e no resto, ok? - Lembrei das garotas com quem demos a voltinha hoje. Tinha sido um dia divertido.

- Ok, pode deixar. - Ela disse triste e chorando.

- Te amo. - Fechei a porta de madeira, deixando todas as risadas, lágrimas, raiva, ódio, brincadeiras, tudo o que passamos, para trás. 

- Eu te amo muito, muito mais! - Escutei sua voz, abafada pela porta e pelo choro.

 Deixei as lágrimas escorrerem silenciosamente pelo meu rosto. Estava perdendo metade de mim. Chamei o elevador, e logo estava em casa.

- Mãe, cheguei ! 

- Ok filha, pegue minha bolsa, minha carteira e vá correndo trocar de roupa. Nós vamos ao shopping, faremos compras, iremos ao cinema e depois vamos à um restaurante italiano. Se vista bem!

- Pode deixar! - Gritei de volta e saí correndo. Entrei no quarto, me despi e fui logo para o banho. A água quente me fazia relaxar e esquecer meus problemas, era reconfortante. 

 Terminei meu banho, passei um hidratante, penteei meus cabelos e coloquei um vestidinho e uma sapatilha. Passei meu perfume favorito (Viva La Juicy, por Juicy Couture), coloquei meus acessórios e encontrei minha mãe na cozinha. Ela logo se levantou, abriu a porta e falou:

- Vamos, honey.

- Vamos, mãezinha.