Viagem Ao Adormecer escrita por Deni Rocha, AnnyAlmeida


Capítulo 4
Capítulo 4 - Outra vez?




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Estava no treino de futsal com as meninas. Hoje seria diferente, porque o treinador convidou o time da nossa escola rival para treinar conosco. Um amistoso. Mel e Mille estavam ansiosas. Eu por outro lado estava tranqüila, e um pouco triste. Acordei com esse sentimento, e não fazia idéia do por que. Juli, Karen e Lie estavam lá também, para assistir ao jogo.

—Lua, se concentra no jogo, por favor, eu não quero que você se machuque, e nem as meninas, então presta atenção!- Lie estava super preocupada, como sempre.

—Eu sei. Estou me concentrando. Já nasci concentrada, se não o treinador pega no meu pé. - Falei com a voz tranqüila, enquanto olhava as meninas do outro time. Eram todas umas cavalonas, comparadas a nós, que somos magras e baixas. Parece que Mel e Mille também estavam de olho.

—Você ta vendo a atacante do outro time? A loira? Lua, ela não para de olhar para você com a cara feia. Se ela se meter com você, vai ter briga, e como!- Mel comentou conosco.

—Ela que venha! Vou quebrar a cara dela se ele encostar um fio na Lua!- Falaram Karen e Lie em uníssimo. Eu ri alto e a Loira do outro time fez uma cara mais feia ainda!

—Não tenho medo de cara feia, gente! E acho que sei me cuidar sozinha, não é? Eu não quero briga!- Falei para elas apontando o dedo para cada uma.

—Nós também não, mas mexeu com uma, mexeu com todas. - Mille falou. Eu revirei os olhos. Mille e Karen eram as mais esquentadas, e não gostavam de levar desaforo para casa. Pensei no caos que iria ser se alguma coisa fugisse do controle.

—Não se preocupem, vai dar tudo certo... - Falei para elas se acalmarem, mas parece que não adiantou.

Reparei que a quadra estava mais cheia que de costume. A notícia do amistoso deve ter se espalhado, porque tinham vários garotos da turma da manhã que ficaram pra assistir e uns garotos da tarde que chegaram mais cedo, porque o jogo é ao meio dia. Percebi muitos amigos meus lá, porque eles não paravam de acenar, entre eles estava o Matheus, o garoto que eu conheci na semana passada. Ficamos muito amigos depois do quase fora que eu dei nele.

O treinador nos chamou a atenção porque o jogo já iria começar e fomos para o meio da quadra. Nosso time começou com a bola. O jogo seguiu tranqüilo durante os 10 primeiros minutos. Depois disso quando a Mille foi driblar a Loira que estava de olho em mim, ela esbarrou em Mille de propósito e ela caiu no chão. A loira levou falta e ainda ficou reclamando! Mille se levantou e andou até mim junto com a Mel.

—Lua, passa a bola pra mim assim que você pegar, falou?- Mille falou pra mim bastante séria. Eu sabia o que ela ia fazer. Vingança. Eu não falei nada, só assenti com a cabeça.

—Agora é pra valer. – Disse Mel, sorrindo. Eu estava longe dela porque ela era a goleira e estava na trave, mas eu podia ver o seu sorriso. Eu tenho medo quando ela dá esse sorriso.

O juiz apitou. Eu toquei a bola pra Mille, e ela driblou uma jogadora do time adversário, e então me devolveu a bola. Ela se posicionou no outro lado da quadra, então eu devolvi a bola para ela. A loira foi em cima dela e estava prestes a tomar a bola, quando Mille levantou a bola e passou por cima da cabeça dela. Enquanto ela estava com cara de idiota e os meninos gritavam, Mille driblou mais duas meninas, e chutou tão forte para o gol que a goleira nem viu a bola passar do lado da cabeça dela. Um a zero. Mille passou perto da loira e falou:

—É assim que se joga, e não feito um cavalo, entendeu? Então ela veio na minha direção e me deu um abraço, junto com a Mel e as outras meninas do nosso time. Então a loira gritou de longe.

—Vai ter troco!- Mel gritou um “pode vir!” para ela e então o juiz apitou. Fim do primeiro tempo.

Fomos sentar na arquibancada e as meninas vieram falar conosco. Lie, Juli e Karen nos deram parabéns e comentavam sobre a brutalidade do outro time e o talento de Mille. Enquanto isso Mille foi falar com o namorado e eu só fiquei calada, descansando e acenando para os meninos que gritavam ’Vocês são demais’ ou ‘Jogam mais que a gente pow!’. As meninas do outro time estavam muito bravas.

O juiz apitou para o segundo tempo e todo mundo já estava no seu lugar. As meninas do outro time chutavam muito para o gol, mas Mel agarrava todas. Aos oito minutos do segundo tempo, Mille fez outro gol, e dois minutos depois eu fiz outro. O time adversário já estava roendo as unhas. Então quando Mel foi me passar a bola, a loira correu pra cima de mim e deu um tremendo chute na minha panturrilha!

Caramba! Que dor! Tive vontade de xingar ela de todos os nomes da face da Terra, mas não conseguia falar de tanta dor, só gritar. Caí no chão e ela ficou olhando para mim com cara de ‘eu sou inocente’. Vadia!

E depois aconteceu o que eu temia. Mel e Mille foram as primeiras a vir correndo, empurraram a loira e gritaram coisas do tipo ‘Te liga garota!’ e ‘Quer apanhar é? . Então depois eu vi a Karen, Lie e Juli se levantarem do banco ao mesmo tempo em que as meninas do time da loira vieram pra cima. Eu só conseguia ver os vultos das garotas brigando no meio da quadra.

A briga não durou mais que um minuto, porque rapidamente os treinadores, o juiz e os meninos das arquibancadas vieram segurar as meninas. Matheus e Lucas me levantaram e me sentaram na arquibancada. Quando a situação estava sobre controle, com as jogadoras do Elevar de um lado e nós, do Fênix do outro, Eu pude prestar atenção nas meninas. Elas ainda xingavam a loira do outro lado.

Quando olhei para a loira, percebi que ela estava com o lábio cortado e o olho roxo. Deve ter sido Karen. Voltei o olhar para as meninas, mas graças a Deus nenhuma estava com ferimentos sérios, só extremamente descabeladas.

—Vocês sabem mesmo brigar, não é?- Falei pra elas e todas nós rimos.

A quadra esvaziou, e o Elevar foi pra casa depois de tomar uma bronca do treinador delas e nós ficamos lá. Lucas estava fazendo uma massagem na minha perna, e Lie ainda falava que pegaria a loira se ela se metesse de novo comigo quando o nosso treinador veio em nossa direção depois de ter falado com o juiz.

Foi quase uma hora de sermões, inclusive pras meninas que não eram do time, sobre isso ser um esporte, que brigar era para animais e se quiséssemos brigar fôssemos para o tatame. Nós escutamos tudo caladas, mas no final ele nos parabenizou por sermos duronas.

O treinador enfaixou minha panturrilha e me levou para casa, enquanto as meninas, o Lucas e o Matheus também foram embora.Quando cheguei em casa, foram dois segundos para minha mãe notar a minha perna.

—O QUE É ISSO, LUALI ALBUQUERQUE?!- E lá vamos nós outra vez. - Eu sabia que isso iria terminar assim! Eu lhe disse que isso era esporte de menino!

—Mãaaaaae, foi só uma pancadinha boba. Nem está doendo mais, e futsal não É esporte de menino, isso é machismo. E todo esporte tem contato físico e sem dor não há recompensa. - Eu estava fazendo praticamente um discurso para poder continuar no futsal.

Assim como o treinador, minha mamãe querida passou uma hora falando do esporte e dizendo que eu deveria ser uma menina 'fresquinha'. Na verdade ela disse que eu deveria ser mais comportada, mas foi isso que eu entendi. Discutimos a tarde toda, mas graças a Deus ela não me pôs de castigo. Fui dormir cedo, às 7h30min, pois estava muito cansada pelo dia de hoje. Nem me lembrei em navegar na internet ou tocar violão.


9ª noite- 14 de março

Que.Legal.

Eu estava lá de novo! No quarto do menino mimado! Como? Porque? Eu nunca repetia os lugares. E pior, eu estava com um pijama 'menos comportado'. Não, na verdade estava quase uma pornografia! Uma camisola de seda, curta e roxa. Mas eu não tinha culpa. Eu não sei que posso invadir a casa dos outros à noite. Ai meu Deus! Eu estava num quarto de um menino, aliás, um menino tarado, porque era isso o que as revistas falavam dele, e com uma roupa muito sensual. Isso não era coisa de menina séria! Queria um lençol pra me enrolar completamente até a cabeça.

Andei até o lado da cama dele. Ele estava com o mesmo pijama da outra noite, dormindo de lado e com os braços para fora da cama. Resolvi acordá-lo. Então lembrei da noite passada, quando ele ficou bravo por eu ter tocado no cabelo dele. Me deu uma repulsa e eu tive vontade de sentar no canto do quarto e ficar lá até que se passasse uma hora. Mas se eu vim parar aqui pela segunda vez, talvez eu viesse parar aqui amanhã, e depois e depois.

Então decidi acordá-lo, porque talvez ele me ajudasse a parar de vir ao seu quarto toda noite. Cheguei perto dele, o toquei no braço e o balancei.

—Naten? Naten? Acorde Naten.- Ele começou a piscar os olhos, confuso, e então percebeu que era eu. Me afastei um pouco enquanto ele se sentava na cama, morrendo de vergonha da minha camisola. _Oh! Snow White! you returned...but... - Ele me chamou de quê? _Shh. Your computer, please. - Fiz sinal de silêncio para ele e pedi que ele pegasse o computador antes que começasse a tagarelar gringamente de novo.

—Ah, ok. - Enquanto ele se levantava ele prestou atenção na minha roupa. Eu queria profundamente ser invisível a ele nessa hora!

Que vergonha! Percebi que quando ele olhou abriu um pouco o lado da boca e fechou rapidamente. Pervertido! Tapei a minha camisola com a mão, apesar de na verdade não estar conseguindo tapar nada, e fiz menção para que ele fosse logo pegar o maldito laptop. Ele ficou tímido e foi correndo em direção ao armário.

Ele me passou o computador e sentou ao meu lado, no chão. Eu o liguei, então escrevi. Ele estava bastante tímido. Percebi que ele também estava desconfortável com minha roupa, mas ainda olhava. _Olha, primeiro dá para parar de olhar pra minha camisola, por favor? Está me deixando nervosa...- Mostrei o que eu tinha escrito para ele, e ele fez que sim com a cabeça, abaixando-a na hora e ficando com a bochecha completamente vermelha.

Eu não posso negar que foi uma atitude fofa. De repente ele levantou a cabeça para me olhar nos olhos, ainda tímido, mas como se tivesse tido uma idéia, e me pediu o computador.

—Você quer uma camisa grande minha? Acho que vamos ficar mais à vontade, tanto eu quanto você. - Dei um sorriso tímido para ele e fiz que sim com a cabeça. Acho que minha bochecha também estava fervendo.

Ele se levantou e foi no armário pegar uma blusa dele. Na verdade nunca pensei que ele fosse me emprestar uma camisa sua. Na verdade pensei que ele nunca deixava ninguém pegar nada dele. Essa atitude me surpreendeu muito. Ele voltou com uma blusa enorme de time de beisebol, muito parecida com a que ele estava. Eu a vesti e me senti mais à vontade, já que ela ficou no meu joelho. O vermelho na bochecha dele já estava sumindo. Depois me pediu o laptop e escreveu.

—Você disse que não voltaria mais. O que aconteceu?

—Eu realmente não sei. Deve haver alguma coisa errada. Mas acho que você pode me ajudar a parar de voltar para cá...- De repente me lembrei do que ele tinha me chamado quando eu o acordei. - Sim, do que você me chamou mesmo quando eu o acordei? Eu não entendi... - Ele leu e esboçou um sorriso para mim. Não sei porque mas aquilo me fez ficar um pouco nervosa.

— Eu te chamei de branca de neve. É que você não me disse o seu nome ontem, e já que você é bem branca... - Eu li e sorri. Branca de neve. Muita gente me chamava assim também na escola. Falei um 'ok'.

—A ta... Sem problemas. - Fiz cara de indiferente e ele riu. - É que eu pensei que não voltaria mais, então achei que não precisava falar meu nome. Mas como eu vim de novo... Meu nome é Luali, Luali Albuquerque. Mas pode me chamar de Lua, que é meu apelido oficial.

—Moon? - Ele falou com uma cara tímida para mim. Eu tinha esquecido que meu apelido era uma palavra comum e tinha tradução para o inglês. Eu ri e digitei.

—Bom, você pode me chamar assim, ou pode me chamar de Ali, se você quiser. - Só o meu pai me chamava assim, mas permiti que ele me chamasse assim, porque seria mais fácil para ele pronunciar. - Só o meu pai me chamava assim, mas acho que vai ficar mais fácil para você.

Ele leu e pronunciou meu apelido como 'Eili'. Eu ri e balancei a cabeça positivamente, não ligando para a pronúncia. Afinal, todo mundo me dava apelidos toda hora. Mais um não faria diferença.

—Ali. Legal! - Ele olhou para mim e de volta para o computador. - Mas eu acho que Lua é o apelido perfeito para você,sabia. Branca e mágica.- Ele piscou o olho para mim.- Ali, você disse antes "parar de voltar pra cá". Isso quer dizer que você vai voltar de novo?

—É Lua também porque eu sou muito distraída. - Ele riu. - Bobo... Bom, eu acho que sim. - Ele leu e deu um sorriso maior do mundo, como se tivesse ganhado um presente. Eu não entendi a reação dele. Peguei o computador de novo e escrevi. - Mas também pode ser que eu não volte. Isso é muito novo pra mim. Eu sei tanto quanto você. - Me pareceu que ele ficou um pouco triste com isso, mas não se deixou abalar.

Ele não digitou nada, e eu também não sabia o que dizer, então ficamos sem digitar nada por uns dois minutos. Parecia que ele estava envergonhado com alguma coisa. Então resolvi perguntar.

—Naten, tem alguma coisa errada? Você parece incomodado. - Talvez ele estivesse incomodado com o fato de eu ir para o quarto dele toda a noite, tirar a sua privacidade, pelo menino mimado e fresquinho que ele era. - Se for pelo fato de talvez eu vir para cá toda noite te acordar, não se preocupe, eu ficarei calada e não vou te acordar. Você nem vai perceber que eu estarei aqui. - Ele leu e fez que não com a cabeça com pressa, e escreveu rapidamente.

—Não é isso. É que eu gritei pelo laptop com você a noite passada por um motivo ridículo, e depois me senti muito mal por não ter te pedido desculpas. Você deve estar achando que eu sou um garoto otário e mimado. - Nossa! Agora ele me surpreendeu.

—Na verdade, eu acho que você é assim desde que seu nome apareceu em todos os lugares. E pelo que eu vejo de você, dando em cima de todas as garotas e se achando o tal, deduzi isso. - Pronto. Falei.

Ele leu e olhou para mim com surpresa. Eu fiz uma cara para ele de 'pois é, fazer o que?', e ele digitou um pouco triste.

—Foi mal. Me desculpe mesmo. Eu não sou assim, nem um pouco. Eu dou em cima de todas as garotas que me aparecem porque meu produtor manda e também para as revistas não falarem que eu sou gay. Por acaso você não queria que te chamassem de lesbica, não é mesmo? E mantenho uma postura de 'o tal', como você disse, por ordens dos meus agentes e as pessoas que mandam em mim. Sabe, isso tudo que aparece na TV, a maioria das coisas não tem nada a ver com o que eu sou de verdade, e se as pessoas não buscarem todas as informações sobre mim, desde antes de eu ser famoso, vão formar uma imagem errada, como aconteceu com você. E eu não quero de jeito nenhum que você pense isso de mim.

Li o texto que ele escreveu com atenção e UAU! Minha cara caiu dura no chão! Ele tirou toda a imagem de menino riquinho que eu tinha dele. Eu abri a boca com a surpresa, ele riu alto e pegou o laptop de novo.

—Sua cara foi muuuito engraçada, sério. Continuando, eu sou extremamente tímido, e acho que você já percebeu, não é? E também sou um pouco romântico. Mas se eu mostrar mais esse meu lado para a Imprensa, com certeza serei chamado de gay. E graças a Deus minha mãe sempre me lembra de manter o pé no chão pra fama não subir à cabeça. Então você pode tirar onda comigo e falar normalmente como você fala com os seus amigos. Eu sou só um garoto normal, só que um pouco mais popular.- Ta bom! Agora foi uma queda do quinto andar. Saber isso dele me deixou muito mais a vontade, então eu pude brincar um pouco:

—É... Você seria mesmo chamado de gay... - Mostrei a ele e ele deu uma risada bem alta. - Obrigada por me dizer isso, fiquei muito mais à vontade. E acho melhor você rir um pouco mais baixo, se não sua mãe vai aparecer com os cabelos em pé de novo e pensar que a fama está te afetando mentalmente... - Ele riu mais alto com o que eu escrevi então eu levantei os braços como a Mel faz quando está enérgica e fiz mímica para ele ficar calado. Não adiantou.

—Relaxa. O quarto da minha mãe fica do outro lado da casa, e ela tem o sono pesado. Ela só acordou noite passada porque meu grito foi bastante gritante. Até eu fiquei surdo... - Eu concordei sorrindo.

—Foi mesmo. Pareceu uma sirene.

Depois de uns segundos rindo disso ele pegou o laptop e digitou. Como ele estava bem ao meu e eu estava mais à vontade, inclinei minha mais cabeça para o lado dele para poder ver enquanto ele escrevia. Quando cheguei mais perto dele, foi como se uma corrente de bem-estar percorresse todo o meu corpo. Me fez sentir bem, como quando você sabe que tudo está bem e não vai acontecer nada de mal. Acho que isso também aconteceu com ele, porque pude perceber pelo canto do olho a linha de um sorriso em sua boca.

—Olha, Ali, você pode levar a blusa se você quiser para casa, ela ficou muito bem em você. - Eu olhei para ele com a expressão séria. Quando fui digitar, ele fez o mesmo que eu tinha feito, inclinado a cabeça.

—Obrigada mesmo, Naten. Eu a adorei, mas não posso aceitar. - Ele olhou para mim com expressão confusa e eu pedi que ele voltasse a olhar a tela. - É que quando eu acordo não me lembro que posso viajar durante a noite. Eu só sei que posso fazer isso quando acontece, entendeu? Eu só sei que posso viajar quando eu estou viajando, mas quando eu volto para casa, não me lembro de nada. E imagina o que aconteceria se eu acordasse vestindo uma camisa de beisebol escrito 'Naten' nas costas! Acho que eu mesmo me internaria...

Ele riu, mas depois a expressão dele ficou extremamente desesperançosa.

—Então você não lembra de mim? E lá você ainda acha que eu sou um idiota, não é mesmo?

—Infelizmente, sim. Mas nós dois sabemos a verdade, não é mesmo? E é isso que vale. - Olhei para ele e pisquei o olho, e ele sorriu, concordando.

—Legal... Então, a camisa fica aqui para quando você aparecer com roupas menores... - Ele escreveu isso ficando vermelho de novo. Eu dei uma risada alta e fiz que sim com a cabeça.

—E Ali, eu posso te perguntar duas coisas? - Ele olhou para mim e eu respondi que sim, ainda olhando a tela. Então ele apontou para a minha perna enfaixada e depois escreveu. - O que foi isso? Ontem você não estava com essa faixa. Você se machucou pelo dia, não foi?

—Valeu por notar.- Ele olhou para mim e também piscou o olho.- É que eu jogo futsal, e hoje teve um amistoso contra o time rival da minha escola. E uma loira que não gosta de mim me deu um chute muito indiscreto na panturrilha. Foi engraçado, as minhas amigas invadiram o campo e a briga começou enquanto eu gritava no chão. - Ele deu um sorriso sem humor. - Então, qual é a próxima pergunta?

—Onde você mora?

—Ah! É... Eu moro no Brasil, no estado da Paraíba, na cidade de João Pessoa, ou seja, no fim do Brasil, porque quase ninguém vai para lá. - Depois que eu falei isso, percebi a hora. Faltavam apenas dois minutos para eu ir embora. Ele riu com o que eu disse e eu ri junto com ele. Então depois ele escreveu.

—Legal! Eu vou para lá, na minha próxima turnê. - Eu afirmei com a cabeça, dizendo que sabia. - Me conta mais sobre você. Parece que sua vida é bem legal.

Ele apontou para minha perna e depois pegou o meu cordão que eu ganhei de aniversário. Seu rosto estava a poucos centímetros do meu. Fiquei um pouco desconcertada. Peguei o laptop.

—Claro, amanhã, se eu vier ok? Porque meu tempo aqui já está acabando... - Ele olhou para mim, triste, e disse um 'ok' baixo.

Na noite anterior eu fiquei bastante contentada porque as horas no quarto dele acabaram rápido. Mas hoje era diferente. Eu não queria ir embora, e esperava muito voltar para esse lugar amanhã. Tirei a blusa dele, que agora era minha, e coloquei em cima da cama. Ele baixou o olhar para o chão rapidamente. Peguei seu rosto com as duas mãos e dei-o o melhor sorriso que pude.

—Bye. - Eu disse para ele. Ele retribuiu o sorriso e não disse nada.

Minha cabeça já ficava pesada quando eu rapidamente dei um beijo na testa dele, demonstrando o respeito que agora eu tinha por ele. Quando o olhei, ele estava radiante, mas só por um segundo, porque depois minha mente não estava mais lá.


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Notas finais do capítulo

Prontuuh :D Alguém leeeu? Reviews? Pleasee o/



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