Dor, dor de cabeça infernal. Frio, muito frio.

Eu tinha certeza que tinha fechado a janela antes de dormir.

Estranho.

Estremeci e me encolhi debaixo dos cobertores, tentando reter melhor o calor. Droga, eu estava com tanto frio, mas não tinha coragem nem de abrir os olhos.

Então de repente um cobertor quente e macio foi colocado do meu lado. Sorri para mim mesma e me aconcheguei melhor naquela fonte de calor. O cobertor era grande e pesado, mas era muito bom. Virei para o outro lado, enterrando o rosto em alguma curva macia do cobertor. Senti dois braços me segurarem mais para junto.

Espera aí.

Cobertores não tem braços.

Nem cabelos.

Nem pernas.

Abri os olhos. Meu cobertor sorria descaradamente para mim. Meu cobertor era horroroso! Ele tinha cabelos louros platinados, jogados para todo lado, olhos cinzentos e... alguns músculos... que eram legais... mas ainda sim horrorosos!

- Bom dia...

Sério, eu só não tive um infarto porque... sei lá! Mas eu tinha certeza que estava quase morrendo. Eu estava no inferno, Merlin! Visitando o capeta em pessoa!

Oh não, ele não, droga, por que tinha que ser ele.

Então depois do choque, veio o pânico. Sério, eu não podia me ajudar, mas ele estava roçando lá a... coisa de menino... dele... na minha... coisa de menina... e me apertando. Oh não! Eu dormi com Draco Malfoy?

- WAAAAAAAAAA

Devo ter acordado até meu tataravô com meu grito e pulei da cama, acertando meu pé acidentalmente no estômago dele. Infelizmente eu tropecei nas pernas dele e cai sentada, completamente embolada nele.

Não, não, não! Aquilo era um pesadelo! Pior! Aquilo era uma catástrofe!

Eu estava tão envergonhada! E humilhada! Dormir com aquele cara? Tinha que ser justo ele?

- Calma, Gin – falou aborrecido, usando um apelidinho asqueroso pro meu nome.

IDIOTA!

- P-porque você está aqui? – exigi, amaldiçoando minha gagueira, com uma voz aguda que doeu até nos meus ouvidos. Culpa do idiota!

- Vai dizer que você não se lembra?

Oh santo Merlin! Eu estava tão envergonhada.

- N-nós dormimos... juntos? – sussurrei, com horror, e ele sorriu brilhantemente.

- É claro.

Me deixe ir embora seu imbecil!

- E-eu queria i-ir embora agora.

Eu odiava como eu não conseguia parar de gaguejar na frente dele. Eu odiava que um dia tinha sido atraída por esse imbecil. Deus, como eu odiava Draco Malfoy!

- Pensei que você estava com frio.

- Quero i-ir pra casa – chorei, batendo os punhos na cama.

Ele se recostou melhor no travesseiro e me olhou reprovador, como se eu tivesse fazendo uma cena muito feia. Arrogante imbecil.

- Você já está em casa.

- O que aconteceu? – pedi firmemente, aliviada de sair a gagueira.

- Não aconteceu nada.

- M-mas você d-disse que nós...

- Eu estava brincando.

Não, não, NÃO!

- D-Draco...

- Nós casamos.

Ok, agora eu vou desmaiar. Já estou vendo os pontinhos coloridos na minha visão. Ah, eu vou cair, bater a cabeça e descobrir que tudo não passou de um pesadelo.

Ou não.

- O QUÊ?

- Estou só brincando – ele riu.

IMBECIL!

- Então...

- Eu tenho que ir. – ele me cortou e levantou da cama.

- Hum... o-okay.

Isso mesmo, vá embora – pra SEMPRE de preferência. Ele estava só de cueca. Escondi o rosto nos lençóis. Eu odeio ser tímida. Eu odeio ser inexperiente. E, Jesus Cristo, eu odeio Draco Malfoy.

- Hum, Gin?

Ergui o rosto para ele, minha expressão de desgosto. Que porra de apelido era aquele?

- Eu menti.

NÃO! Eu quase cai da cama.

- O q-

- Nós estamos casados mesmo.

Merlin, eu não agüento isso. Preciso de álcool. ALCOOL!

- Vou para o Ministério. – ele informou e virou as costas para mim.

Percebi tarde que ele tinha levado a chave. IDIOTA!