Forever Hold Your Peace escrita por evilshikshin


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

A história acontece em maio de 2011, porém, na fic, o debut de SHINee estava marcado para ser no começo de 2012 :3 Espero que gostem!



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Não. Isso não podia estar acontecendo. Não mesmo.

Encarei o teto, deixando que as lágrimas escorressem por minha face já molhada e caíssem no lençol branco, umedecendo-o. Meu coração batia rápido, como se a velocidade com que o sangue fosse bombeado pelo meu corpo pudesse mudar alguma coisa na complicada situação na qual eu me encontrava.

Olhei o relógio digital com um olhar inexpressivo. Ele marcava dezenove horas exatas, como se para me provocar. O pequeno calendário eletrônico em minha mesa de cabeceira marcava 15/05/2011.

Dezenove horas do dia quinze de maio de dois mil e onze. Sim, eu realmente já havia lido aquela data em algum lugar, disso eu tinha certeza. Mas aonde?

Ah, é verdade. No adorável convite de casamento de Yoon BoRa e Choi MinHo.

Balancei a cabeça, me torturando com as mesmas perguntas que havia aparecido em minha mente desde que eu havia recebido o maldito convite.

Como ele havia feito isso comigo? Como ele iria se casar com ela quando era eu a pessoa que o amava tanto?

“Como ele iria se casar com ela quando estava apaixonado por mim?”

Essa, por um motivo óbvio, era a mais recente, a mais cogitada, e a que mais me afligia. Quem havia dito que ele realmente me amava? Talvez todos os “sinais” que ele me desse fossem puro amor fraternal, e minha já tão cansada mente estivesse apenas os distorcendo, para parecer que ele sentia alguma coisa por mim. A essa altura do campeonato, eu não duvidava de mais nada, especialmente quando dependia de minha sanidade.

Mas os sinais pareciam tão reais! E, além disso, eu era tão indeciso! Em alguns dias, eu estava certo de que eram apenas demonstrações de amor moderadas, mas, em outros, eu garantia a mim mesmo que ele me amava e que, algum dia, ele me confessaria isso. BoRa seria chutada para escanteio ou talvez acabaria com JinKi hyung, eu não sei. Mas isso não era importante. O foco principal é que, por pelo menos uma vez na vida, Choi MinHo seria meu e todos saberiam disso. Não era o nome de BoRa que ele murmurava em seu sono, mas o meu. Não era para ela que ele olhava com um olhar apaixonado, quase de adoração; era para mim. Não era com ela que ele quase sempre acordava abraçado quando dividia uma cama, era comigo, pelo amor de Deus!

E também não era ela que deveria estar andando pela neve, em lindas vestes, em direção a ele. Não era ela que deveria estar fazendo um juramento, prometendo passar o resto de sua vida com ele. Era eu, porra! Lee TaeMin!

Soquei meus travesseiros repetidamente, descontando minha raiva e frustração neles. Logo me cansei, me entregando à tristeza, e comecei a chorar copiosamente, sentindo meu corpo se contrair em uma dança sincronizada com meus soluços.

Comecei a pensar em tudo o que eu havia passado por causa de MinHo, desde quando eu descobri que o amava até o anúncio de noivado. Por mais que eu tivesse aguentado todos aqueles meses, era impossível continuar. Os remédios, as sessões de psiquiatria que inutilmente tentavam combater minha profunda depressão, a pressão psicológica que eu mesmo aplicava em mim, tudo era demais. Um coração partido trazia mais consequências do que eu conseguia suportar.

Fechei os olhos, rindo levemente. Minha mente vagava bastante, e minhas fantasias eram prova disso. Em um minuto eu estava no dormitório dividido pelos cinco membros de SHINee, chorando por um coração partido e um amor não-correspondido, e no outro, eu estava só Deus sabe onde, em uma realidade totalmente diferente. Tenho que admitir que, em alguns momentos, essa “habilidade”, ou como queira chamar, era boa; com ela, eu era capaz de abandonar a realidade dolorosa de minha vida e fugir para outro mundo, onde tudo era absolutamente perfeito. Porém, quando eu voltava de minha “ficção particular”, tudo parecia ser pior do que quando eu havia partido. Uma conseqüência excruciante, mas valia à pena. Para ficar com MinHo, tudo era válido.

E, se isso não fosse possível, eu não via sentido na vida. Pode parecer clichê ou amor ridiculamente adolescente, mas o que eu sentia por ele era amor, um amor genuíno. Eu não era capaz de ignorá-lo e seguir em frente; era como se eu apenas tivesse olhos para ele.

Levantei da cama, com certa dificuldade por causa da tontura e do mal-estar que tomou conta de mim. Apoiei-me na parede próxima à cama, esperando alguns segundos para retomar minha caminhada.

Andava lentamente, me apoiando na parede úmida do corredor para evitar uma possível queda. Dirigi-me à cozinha, observando o terraço vazio, coberto por uma grossa camada de neve, que se tornara completamente visível através das amplas portas de vidro da sala. Perfeitamente limpas, como de praxe. “JinKi hyung realmente se puxa na limpeza do apartamento”, pensei, com um sorriso leve no rosto.

O nome de JinKi me levou aos de JongHyun e KiBum. Meu Deus, como eu iria sentir falta deles! JinKi, que sempre havia me ajudado quando eu precisei; um verdadeiro melhor amigo. JongHyun, o que sempre me caçoava, mas que eu sabia que sempre me apoiaria, não importasse o quê. E KiBum, meu Deus, KiBum! “Minha SHINee umma!”, pensei, rindo levemente. Todos eram extremamente importantes para mim, e eu me sentiria culpado para sempre pela dor que estava prestes a causar nos três. Porém, era uma coisa da qual eu necessitava. A mágoa era demais, e eu já havia tentado de tudo para dá-la um fim. Se acabar com minha vida era o único jeito, era isso o que eu iria fazer.

Apoiei-me na bancada de granito da cozinha, refletindo sobre o que eu estava prestes a fazer. Murmurei para mim mesmo tudo eu já havia percebido muitas vezes, e que havia me dado coragem para finalmente fazer aquilo: que, é claro, poderia ser ruim por um lado; todos sentiriam minha falta, o debut do SHINee seria com certeza atrasado, e muitas outras coisas. Mas, por outro lado, toda a dor, sofrimento, tristeza… Todo e qualquer tipo de sentimento iria embora. Sim, isso era melhor. Bem melhor.

Percebi, então, que talvez meu amor por MinHo também acabasse ali. Afinal, quem seria capaz de suportar um sentimento tão grande como aquele?

Meu Deus, aquilo era uma coisa a se pensar. Então, é assim que meu amor acabaria? Aquele amor que eu julgava eterno iria se findar assim, com a morte de meu corpo?

Sorri levemente, balançando minha cabeça. Como eu era idiota… É claro que ele não acabaria.

Como todos dizem (e já se tornou um dos piores clichês), eu não sabia se a vida era maior do que a morte ou o contrário, mas eu tinha certeza de que meu amor era maior do que as duas. Era um amor tão lindo, tão complexo, tão grande, que não poderia acabar por causa de uma coisa tão simples como a morte. Ele seria eterno, como eu havia prometido silenciosamente à MinHo e, é claro, à mim mesmo.

Abri a gaveta das facas, remexendo no meio delas para achar meu perfeitamente escondido estilete. O barulho metálico me fez estremecer, com medo de que alguém me interrompesse, embora o apartamento estivesse vazio.

Peguei o estilete e fechei a gaveta, observando a lâmina afiada. Havia o comprado há alguns meses atrás, mais precisamente quando o noivado de MinHo e BoRa fora anunciado. Eu havia sucumbido à depressão e comecei a abusar de remédios para dormir e antidepressivos, além de me cortar.

Sentei-me no chão, apoiando minhas costas na geladeira e expondo meu braço esquerdo. Parei por um momento, observando minhas grandes e notáveis cicatrizes, sentindo a familiar sensação de orgulho me tomar. Elas eram como cicatrizes de batalha, e, por mais que não fosse uma coisa que uma pessoa normal faria, eu as amava.

Pressionei a lâmina contra meu antebraço, deslizando-a lentamente, sentindo minha pele se abrir ao mínimo contato com o metal extremamente afiado. Fechei os olhos, aproveitando a dor; sempre havia sido um pouco masoquista, o que fazia com que a dor física fosse um escape da dor mental.

Senti o sangue escorrer do corte fundo, tornando minha calça jeans azul rubra. “JinKi hyung vai surtar quando ver a bagunça que eu fiz”, pensei, sorrindo.

Fiz outros cortes fundos, apenas para acelerar tudo. Eu não sabia como era morrer, mas não deveria ser muito agradável. Portanto, decidi acelerar o “processo” o mais rápido possível, para que menos sofrimento e agonia ocorressem.

Olhei para o chão, coberto por uma grande poça de sangue. Comecei a me sentir sono lento, infantilmente me perguntando por quê. “Quem sabe é porque esse sangue deveria estar dentro de você, idiota!” Dei uma bronca em mim mesmo, rindo. A despreocupação tomou conta de mim quando percebi que aquele seria, finalmente, meu fim.

Então, era assim que minha vida acabaria? Parecia tão pacífico, tão… Certo. Quase como uma forma solene de acabar com o sofrimento, embora eu tivesse certeza de que não fosse.

O rosto de MinHo tomou minha mente. Quando se está morrendo, como não irá pensar na pessoa que “causou”, por assim dizer, sua morte? Sim, eu não poderia negar, ele era o motivo de tudo. Porém, não queria que ele soubesse disso. Talvez ele descobrisse sozinho, pela data e horário que eu havia “escolhido”, mas isso dependia totalmente dele.

Fechei meus olhos, mentalizando todos as fantasias que eu havia tido com MinHo. Não sexuais, por favor! Bom, não todas elas. Eram cenários puramente românticos, em sua maioria. MinHo me abraçando, me beijando, dizendo que me amava… Coisas assim. Coisas que, depois daquele dia, nunca aconteceriam, queira eu estivesse vivo ou não.

Se tudo o que iria acontecer era o crescimento de meu sofrimento, para quê eu deveria continuar vivo, à mercê de que isso acontecesse?

Foi com esse pensamento circulando em minha mente que fechei meus olhos, deixando-me ser levado pela escuridão. Ali, naquele momento, a morte não me parecia ruim. Parecia boa, até. Doce.

Fui lentamente caindo na inconsciência, aterrorizado e maravilhado com a delicada sensação.

“Não quero realmente morrer… Mas se MinHo não precisa de mim, eu não preciso viver. Simples.”

-x-

            — Yoon BoRa, você aceita Choi MinHo como seu legítimo esposo, para amá-lo e respeitá-lo até que a morte os separe?

         — Aceito. — BoRa disse, com um sorriso radiante no rosto. Ela vestia um vestido branco que a fazia parecer uma princesa, com uma saia armada, busto branco bordado e mangas de renda. Apertou as mãos de MinHo, que repousavam entre as suas, como se para se certificar de que tudo não passava de um sonho.

         — Choi MinHo, você aceita Yoon BoRa como sua legítima esposa, para amá-la e respeitá-la até que a morte os separe?

         MinHo observou a expressão ansiosa de BoRa com um sorriso caloroso e apaixonado no rosto. Deus, como amava aquela mulher! Ela era sua vida, seu mundo, seu tudo. Sua existência não poderia nem ser cogitada sem ela, ele tinha certeza.

         — Aceito. — Sua voz parecia firme e decidida, o que fez com que o sorriso nervoso de BoRa fosse substituído por um de genuína felicidade.

         Passaram pelo ritual das fotos, assinaturas, alianças (dois lindos anéis de ouro com diamantes incrustados) e tudo o mais. Quando o padre sinalizou que o casal poderia deixar a igreja, os dois se encararam, maravilhosos.

         — Então, é isso? Casamo-nos? — BoRa disse, seu queixo caído, soltando uma risada doce. Olhou para MinHo, que tinha a mesma expressão de surpresa estampada em seu rosto, esperando uma resposta.

         — Acho que sim… — Disse, com a voz baixa. — Sim, casamo-nos! — Gritou, entre risadas de felicidade, enquanto pegava a mão de BoRa e corria para a porta da igreja.

         Desapareceram na escuridão das ruas de Seul, ignorando a limusine que estava pronta para levá-los ao clube no quão seria a recepção. Naquele momento, nada importava, a não ser os dois e o amor que compartilhavam.

         Correram para o apartamento, com o propósito de ter uma linda noite a dois. Entraram pela porta, se jogando no sofá. Olharam em volta, observando a sala do apartamento; estava vazia, como deveria.

         — Você fique aqui que eu irei pegar uns morangos para nós. — MinHo disse, com um sorriso no rosto, se dirigindo à cozinha.

         Era uma pena que ele não sabia o que o esperava lá.


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Notas finais do capítulo

Nem eu sei qual foi a reação do MinHo ao ver TaeMin, juro. Talvez ele tenha continuado com a BoRa, se separado dela ou se matado para ficar com TaeMin Sinceramente, não tenho a mínima ideia. Por favor, não me matem ;_; Espero que tenham gostado!