Segunda-feira. 6:00h da manhã. Tenho novamente que despertar de um sonho lindo. Sonhara de novo com Bunce. O mesmo sonho, o mesmo local, o mesmo beijo. Levantei e fui fazer minhas atividades rotineiras. Nossa, como eu odiava Segunda de manhã.

Chego no colégio. Affff...naquele dia tinha os piores horários da semana. Matemática não era comigo. Entrei na sala e sentei no habitual lugar, o fundão. Yuki veio até mim correndo, toda animada como sempre estava.

- Arm-chan!!!! Bom diiia...

- Bom dia Yuki-chan!

Falei um pouco sem entusiasmo e como uma boa amiga ela percebeu e me perguntou o que tinha acontecido.

Narrei todo o ensaio para ela e tudo que estava sentindo. Toda aquela confusão que rodeava minha mente.

- Xiiii...tá xonada amiga.

- Não!! Não tô Yuki...não posso!! Me distraia por favor. Senão eu pensarei nele, não posso, não consigo parar de pensar nele.

Notei uma expressão de susto no rosto de minha amiga. É, eu estava desesperada. Qualquer segundo que ficasse sem atividade eu pensava nele. Era a primeira vez que colocava toda minha atenção em uma aula. Fazia isso porque assim, não teria nenhuma brecha para que o rosto dele invadisse meus pensamentos.

O intervalo chegou e como sempre, eu estava com fome e sono. Sempre durmia no intervalo, porque assim não sofreria as dores de barriga da fome e acabava com as cambaleadas que tinha nos três primeiros horários. Mas, por mais que estivesse caindo de sono não poderia dormir. Se eu dormisse sonharia com ele e eu não queria sonhar com ele. Aquilo já estava me deixando irritada. Bastava eu fechar os olhos que eu conseguia ver a imagem dele olhando para mim.

Nem lembrava do meu verdadeiro namorado, do cara que eu realmente deveria estar pensando. Até o momento que chega uma mensagem no meu celular. Era Yudai. Suas mensagens melosas e infantis chegavam de hora em hora todas as manhãs. Aquilo já tinha me cansado. No começo era gostoso e fofo. Mas, a medida que virou um hábito perdeu a graça. Era mais um motivo para me distanciar dele.

Fui para casa almoçar. Nada tinha para fazer durante toda a tarde. Sempre ficava no msn ou no meu flog. Depois de almoçar, minha mãe saiu para o trabalho e eu fui sentar no meu "trono". Passava ali a tarde inteira. Não levantava nem para ir no banheiro.

Sentei na esperança de esquecer Bunce. Iria me distrair lendo os mangás que tanto gostava, ou assistindo os animes que acompanhava.

Internet conectada, entrei no msn e o primeiro nome que olhei, sem querer é claro, foi um nomezinho vermelho bem no início. Bunce estava online. Não é possível!! Pensei em sair mas antes que pudesse fazer isso ele falou comigo.

"Olá!"

O quê?!?! Ele falou comigo?!? Mas ele nunca tinha falado comigo nessa joça. Pronto, agora não pararia mesmo de pensar nele. Decidi então conversar. Pensei numa frase do filme Senhor dos Anéis que me encorajou a conversar com ele. "Quanto mais próximo do inimigo, mais à salvo estaremos."

"Yo!" - respondi.

Pronto...a conversa estava iniciada. Conversa vai, conversa vem e começamos a nos tornar colegas. Estávamos mais próximos. Até aquele momento o assunto era a banda até que eu comentei que estava triste com algumas confusões em minha mente.

"Triste? Por que?" - ele perguntou.

Contei que meu namoro estava estranho. Desabafei com ele tudo que precisava desabafar para alguém, mas não conseguira com Yuki mais cedo. Ele tentou me ajudar. Deu alguns conselhos e se mostrou um bom "ouvinte". Ele sabia conversar comigo. Ele de certa forma me entendia e aquilo não era uma boa notícia para mim naquele momento.

Parecia que estava tudo conspirando para que eu pensasse nele. Para que eu começasse a gostar dele. Que coisa.

A conversa prosseguia, solta. O assunto fluía feito água. Até que comentei que tinha sonhado com outro homem, enquanto namorava Yudai.

"Eita. Agora eu entendo sua confusão." - ele afirmou.

Àquela semana foi toda  desse jeito, ia para o colégio e à tarde eu ficava conversando com ele. Contudo as conversas foram ficando mais interessantes. Ele parecia saber que o menino do sonho era ele. E por isso, as vezes falava coisas que me deixavam mais confusa ainda.

"Não posso continuar sonhando com ele." - Comentei.

 "Por que não?" - ele perguntou.

 "Porque é apenas um sonho. Quem me garante que possa acontecer e outra, eu tenho namorado."

"Mas sonhos acontecem."

"Pois comigo nunca aconteceram."

As conversas estavam me levando para uma conclusão. Eu estava gostando de Bunce e há muito já não suportava mais o relacionamento com Yudai. Resultado: Quinta-feira à noite eu terminei com Yudai.

Foi um tanto estranho. Mas estava aliviada. Não podia fazer mais nada. Agora, eu estava abrindo meu coração novamente e sentia que estava indo no caminho certo, pois sentia felicidade e não desespero, nem desconforto.

Depois que contei para Bunce que havia terminado com Yudai, ele que parecia até agora estar só na "defesa" começou a "atacar". Era engraçado. Como ele sabia que era ele o cara do sonho. Aliás, ele não sabia, mas parecia saber. Era confuso. Entrei no jogo dele e respondi as indiretas que ele me jogava.

O final de semana chegou e provavelmente, não iria falar com Bunce tão cedo. Não ia ter ensaio naquela final de semana. Ikari ia participar de um seminário na faculdade. Pronto, a única chance de ver Bunce àquele final de semana tinha se esgotado. Passei todo o sábado imune em casa.

Não havia nada pra fazer. Nem ninguém com quem conversar. Na verdade não tinha ele para conversar. Ele que agora me fazia tão bem, mesmo sendo apenas um colega de msn. Uma evolução. É, já tinha sido uma grande evolução. Antes distante, agora meu conselheiro. Mesmo que fosse um conselheiro que poderia estar pensando em ajudar a si próprio.

Estava santisfeita em ter terminado com Yudai. Mas agora teria que esperar um tempo para que pudesse tentar me entregar para Bunce. Me entregar? Não, a palavra certa seria conquistar. Conquistar aquele que não parecia ser e sim, era o homem dos meus sonhos. Posso estar exagerando, mas era o que sentia naquele instante. Não sabia se gostava dele ou se apenas estava desejando tê-lo, só sei que a resposta para minhas dúvidas estavam nele.