O Soldadinho De Chumbo escrita por Asakura Yumi


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas. Eu sei está bem parecido com o Quebra Nozes, mas foi inspirado mesmo nele e também sei que a fic deveria ser apenas SasuHina, só que eu não consegui resistir e tive que colocar uma pitada de GaaIno e TentenLee, me perdoem. Sim os personagens estão OOC, mas a fic é do gênero Fluffy me permitiu isso. Espero que vocês gostem.



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O Soldadinho de Chumbo.

Pela grande janela da sala de estar via-se o por do sol, o risco vermelho e roxo se misturava aos contornos tortuosos das montanhas verdes do vale de Alén Mar. A loira entrou na grande sala carregando um prato repleto de biscoitos de chocolate, sorriu amavelmente quando viu sua menina sentada na poltrona enfrente a lareira, a cabecinha loira balançava lentamente enquanto que a criança cantarolava animada e penteava os cabelos de sua pequena boneca.

O sino da porta de entrada tocou e a passos rápidos o ruivo adentrou a sala de estar, sorrindo de canto ele escondia suas mãos atrás das costas. A menininha saltou alegre e correu em direção ao pai, quando viu suas mãos escondidas ela tentou rodeá-lo para ver o que ele segurava.

“Papai” - Saltitando enfrente ao homem ela sorria alegremente – “o que o senhor está escondendo?”

“Estava na caixa de correio, endereçado a você” – O ruivo abaixou-se e ficou da mesma altura da menina – “alguém chamado Papai Noel” – o homem entregou o pacote vermelho para a loirinha –“ você arrumou outro papai Yuufa?”

A menina entregou a boneca para a mãe e pegou o pacote entusiasmada, ela achou que não receberia mais nenhum presente e receber aquele embrulho, mesmo que atrasado, do Papai Noel era emocionante. Sentou-se perto da grande árvore de natal e abriu rapidamente o pacote vermelho, o sorriso alegre foi trocado por um olhar confuso e a menina olhou para o pai.

“Mais é um brinquedo de menino?” – A loirinha levantou o boneco de chumbo e mostrou para o pai.

“M-mais” – Olhando para a mulher o Ruivo não sabia o que havia acontecido, ele jurava que tinha comprado outra boneca – “a-acho que ele errou”.

“Papai você é um menino” – A loirinha se levantou e correu até o ruivo – “que brinquedo é esse?”

Desconcertado o Sabaku abraçou a pequenina e pegou-a no colo, sorriu de canto – “É um soldadinho de chumbo”.

Surpresa a menina sorriu novamente para o pai.

“Ele pode namorar a minha boneca, não é?”

Gaara apenas sorriu. Ino sorrindo balançou a cabeça negativamente, seu marido mais uma vez tinha comprado o presente errado. A loira caminhou até os dois e tirou o soldadinho das mãos da filha, colocou juntamente com a bailarina sentado sobre a lareira.

“Vamos jantar” – Afagando a cabeça da filha a loira beijou rapidamente o marido – “e dormir por que amanha cedo iremos viajar para a casa do vovô.”

Os três caminharam até a sala de jantar e deixaram os dois brinquedos sentados lado a lado.

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A lua estava alta e quando sua luz caiu sobre os dois brinquedos, encima da lareira, um brilho mágico os envolveu. O soldadinho tamborilou os dedos sobre o tijolo frio e respirou profundamente, não sabia como aquilo havia acontecido, sorriu de canto. Os olhos perolados da boneca piscaram descrentes e ela sentiu a brisa fria da noite.

O soldadinho tentou se levantar e sem muito êxito caiu sentado, tentando mais uma vez ele acabou se desequilibrando e resvalou com força na boneca. A bonequinha sentiu o seu leve corpo ser empurrado e desesperada segurou-se na beirada da lareira.

“S-socorro,” – Ela tentava apoiar os pés na parede de tijolos, mas as sapatilhas os faziam escorregar – ”por favor, me ajude” – com a voz embargada pelo medo a bonequinha implorava para que alguém a ajudasse.

O soldadinho deixou de lado o rifle e correu para socorrer a boneca. Pegou-a pelos braços e a puxou com tudo para cima, o impulso que o soldado fez foi tanto que os dois acabaram caindo, ele de costas e a boneca sobre si. As bochechas de porcelana ficaram totalmente rubras e ela tentou esconder com a franja farta os olhos assustados.

“Você está bem?” – O soldadinho olhava analisando-a.

“S-sim” – A boneca apoiou levemente as mãos sobre os ombros do soldado e se levantou rapidamente.

Sentando-se ao lado dele sorriu gentilmente.

“Desculpe-me, mas eu estou assustado com tudo isso” – Olhando para o próprio corpo o soldado ainda não sabia o que havia acontecido, nunca antes ele tinha criado vida.

“E-eu também” – A boneca acariciava sua saia roda tentando sem muito sucesso alisar uma prega teimosa.

O soldado se levantou, pegando o rifle começou a analisar a boneca. Viu que ela tinha diferentes olhos perolados, longas madeixas azul escuro, sua pele era de porcelana branca, seu vestido era de um tom de rosa extremamente claro e que ela vestia sapatilhas, amarradas por toda a batata da perna, de cetim pretas. A boneca sentiu o olhar sobre si e levantou rápido.

Mesmo sem querer ela reparou no soldado, viu como ele era bonito, os cabelos arrepiados tentavam escapar pelo quepe vermelho, tinha braços fortes e sua farda era vermelha e dourada e aqueles olhos negros fizeram algo se remexer dentro dela, suspirou confusa. O boneco se aproximou dela e sorriu de canto.

“Sou o Soldado Uchiha Sasuke” – Ele beijou de leve a mão da boneca olhando-a profundamente.

As bochechas da bonequinha voltaram a ficar rubras e um sorriso gentil desenhou-se em seus lábios.

“H-Hyuuga Hinata e sou uma bailarina”.

O soldado olhou para todo o cômodo e percebeu como tudo naquele lugar era grande, tudo era maior que eles. Ouviu algumas vozes abaixo de si e com muito cuidado ele caminhou até beira da lareira, pode ver outros brinquedos saindo de suas caixas. A bailarina se aproximou lentamente do soldado.

“E-eles também são c-como nós?”

“Sinceramente, não sei” – Sorrindo de canto o soldado pegou na mão direita da boneca e a puxou – “vamos descer lá e descobrir”.

Os dois desceram pelos ramos da figueira que estava pendurada na lareira. Quando chegaram ao chão correram, de mãos dadas, para perto dos outros brinquedos. Os outros os olharam assustados e correram desesperados quando viram o rifle do soldado. Uma boneca de pano implorou:

“Não nos mate senhor” – Suas mãos estavam unidas enfrente ao corpo.

Os outros brinquedos se ajoelharam enfrente ao Uchiha, também implorando por sua misericórdia.

“Eu não vou matar ninguém” – Sasuke estava desconfortável com toda aquela situação.

Os brinquedos se olharam e começaram a rir aliviados. Hinata caminhou para perto dos outros e sorriu amigavelmente.

“Desculpem nos se assustamos vocês, mas somos novos nesta casa”.

Sasuke se aproximou devagar, os brinquedos os rodearam e sorriam alegres.

“Nós vimos quando os gigantes entregaram vocês à menininha” – A boneca de pano cantarolava animada – ela é uma boa criatura.

A bailarina sorria feliz com toda a alegria que sentia mesmo sem nada entender sabia que estava em um bom lugar.

“O que aconteceu conosco? Por que estamos vivos?” – O Uchiha questionou a boneca de pano, ele acreditava que ela era a líder dos outros.

“Mesmo não tendo perguntado me chamo Tenten” – A boneca olhava irritada para o soldado – “e só adquirimos vida em noites de lua cheia”.

Um estranho urso verde se aproximou mais dos três, a bonequinha se encolheu um pouco ao ver o sorriso extremamente alegre do urso, era diferente.

“Sou o Lee” – Apontando o polegar peludo o urso fazia uma estranha pose com as penas abertas e alargou mais ainda o sorriso – “é por causa daquela estranha estrela” – O urso apontou para um ponto brilhante sobre a lareira.

Todos olharam atentos para o ponto brilhante. O Uchiha deu de ombros e começou a analisar tudo o que via naquele cômodo.

“Vocês são namorados?” – Tenten olhava questionadora para a bailarina – “Por que mesmo sem vida escutamos tudo o que eles dizem e a menininha falou que vocês dois iriam ser namorados, já são?”

A bailarina, desconcertada, deu um passo para trás enquanto que o soldado olhou-a confuso, ele também havia escutado aquelas palavras e em seu intimo gostado delas. Quando seus olhos negros fixaram-se sobre a boneca, no momento em que criaram vida, ele sentiu algo estranho se agitar dentro do peito, como se desde que foram criados os dois tinham sido feitos um para o outro, seus devaneios foram interrompidos quando escutou a voz melodiosa da bailarina.

“N-não” – Ela mantinha a mão sobre o peito e quando disse essa pequena palavra algo dentro de si apertou, mas de uma maneira desconfortável – “nos conhecemos agora”.

A boneca de pano olhou desanimada para os dois, havia achado que os dois eram um casal e que combinavam tanto. Sorriu novamente e pegou nas pequeninas mãos da boneca.

“Você é uma bailarina! Eu ouvi quando a menininha disse, dance para nós?”

Hinata sentiu-se desconfortável com toda aquela atenção, por mais que fosse uma boneca dançarina ela não cogitava dançar na frente dos outros, mas os olhos da boneca de pano brilhavam tanto que a bailarina decidiu atender seu pedido. Sasuke sentou-se junto com a boneca de pano e ficou esperando pelo espetáculo da bailarina, algo dentro de sua cabeça dizia que seria a coisa mais bela que ele veria em sua vida, viu de canto de olho o urso verde empurrando uma caixa e deduziu que seria a caixinha de música para que a boneca dançasse.

Lee deu corda na caixinha e sentou-se correndo ao lado da boneca de pano. Quando Hinata ouviu a música sentiu seu corpo todo vibrar e fechando os olhos esqueceu de todos que estavam ali, apenas dançou com toda a sua alma. A cada rodopio que ela dava o soldado suspirava extasiado, era como se o mundo tivesse deixado de ter importância e olhar aquela boneca tinha se tornado mais importante.

Ao longe, dentro de uma toca escura, o rato olhava vidrado para a bailarina, seus olhos e sorriso a devoravam, decidiu, em seu âmago, que teria aquela preciosidade somente para si. Olhou para seus companheiros e sorriu sarcástico.

“Vamos buscar o presente do Rei”.

Os outros ratos se agitaram dentro da toca e riram baixinho, gostavam da crueldade do seu Rei.

A música acabou e a bailarina voltou a abrir os olhos, sorrindo gentil curvou-se para agradecer os aplausos.

“Bravo” – Lee de pé aplaudia entusiasmado a morena.

Tenten correu ao encontro da bailarina e abraçou com ternura.

“Você dança tão bem” – Uma ideia maquiavélica nasceu no cérebro de pano na boneca e decida a tornar a bailarina e o soldado de chumbo namorados ela terminou dizendo – “agora você poderia dançar com o soldadinho, por nós?”

Hinata imediatamente enrubesceu, nunca havia se imaginado dançando com alguém e ainda mais com aquele soldado, ela tinha certeza que ele despertava algo dentro de si. O moreno foi pego de surpresa e quando se levantou decidido a recusar a dança ouviu novamente à voz melodiosa da bailarina.

“T-tudo bem” – A bailarina abaixou rapidamente a cabeça para que sua franja escondesse o rosto vermelho e o olhar feliz.

Lee correu até a caixinha de música e deu novamente corda, sentou-se ao lado da boneca de pano e discretamente segurou a mão dela. Tenten sorriu alegre quando sentiu a mão felpuda do urso tocá-la e enrubesceu quando ele apertou levemente sua mão.

Sasuke colocou a mão direita sobre a cintura fina da bailarina e esticou o braço esquerdo. Hinata depositou a mão direita sobre o ombro do soldado e sua mão esquerda encontrou-se com a esquerda do Uchicha. Os dois começaram a valsar encabulados, o moreno olhava para cima enquanto que a boneca escondia o olhar com a franja.

Ao primeiro giro a bailarina se desequilibrou e caiu sobre o peitoral do soldado, respirando fundo o moreno sentiu o cheiro de jasmim dela e algo em seu peito palpitou rápido, ele abraçou-a e sorriu de canto, quem sabe um dia poderia namorá-la. Hinata apoiou as mãos levemente sobre os ombros dele e voltou a ficar reta.

Os dois voltaram à posição inicial e novamente começaram a valsar, porém dessa vez olhavam-se nos olhos e sentiam que algo especial nascia dentro dos dois. Inertes a tudo o que acontecia os brinquedos não viram a aproximação do Rei Rato e seus súditos, somente notaram que a comitiva havia chegado quando a caixinha de música parou de tocar abruptadamente.

“Que lindo” – O rato batia as patas displicentemente – “agora chega com essa palhaçada”.

Sasuke se separou da bailarina e posicionou-se a sua frente, não sabia que criatura era aquela mais era horrenda. Hinata se encolheu assustada atrás do soldadinho. Tenten e Lee correram para o lado dos dois bonecos e a boneca de pano escondeu-se atrás do urso.

“Quem são vocês?” – O Uchiha perguntou irritado, aquelas criaturas haviam atrapalhado seu momento com a bailarina e ele não os perdoaria por isso.

O Rei colocou a mão sobre a barriga e gargalhou como aquele inseto não sabia quem ele era. Ficando de pé sobre as patas traseiras ele sorriu de canto e assim suas presas pontiagudas foram vistas.

“Eu sou o Grande Rei Rato” – Ajeitando a coroa de papelão sobre a cabeça ele fuzilou o soldadinho de chumbo com os olhos – “e vim aqui levar esta bailarina comigo” – Os outros ratos rodearam os quatro brinquedos – “ela se tornará minha esposa”.

Hinata se escondeu mais ainda atrás do soldado, nunca imaginaria que aquele monstro iria querê-la como esposa. Os ratos seguram o soldado e os outros brinquedos, pegaram à bailarina e a puxaram para perto do Rei. Um sorriso cruel se formou na boca do rato e com o dedo indicador ele alisou a face de porcelana da boneca.

“Linda” – O rei sussurrou encanto com a beleza dela.

Hinata virou o rosto enjoada, não queria que aquele monstro a tocasse. Ao sentir-se sendo levada para longe de seus amigos o desespero tomou conta de si, a bailarina não sabia o que fazer e não queria ficar junto do Rei rato.

“Solte-a” – O soldadinho tentava se desvencilhar das patas dos dois ratos que o seguravam – “ela não pertence a você”.

O Rei parou de andar e virou-se imediatamente, não iria aguentar as petulâncias daquele inseto. Sorriu de canto.

“Tudo neste lugar me pertence” – Chegando perto do soldado o rato fixou o olhar raivoso sobre ele – “entendeu?”

Voltando a andar o Rei puxou a bailarina para mais perto de si e beijou-a no rosto. Hinata sentia que a cada instante seu coração iria se despedaçar, não queria aquele monstro perto de si, ela queria ficar com os outros brinquedos, com o soldadinho de chumbo. Tentou soltar-se mais o rato apertou com mais força seu braço e com medo de ser quebrada ela aquietou-se.

Olhando para o urso verde o soldado buscava uma resposta. Lee não sabia o que fazer sempre o Rei rato vinha até eles e pegava o que queria, nunca tiveram coragem de enfeitá-lo. Sasuke não deixaria que aquela monstruosidade levasse a sua bailarina, chutou o joelho de um dos ratos e deu um soco no estomago do outro.

Correu para pegar seu rifle enquanto que Lee bateu a cabeça dos dois ratos que o seguravam e foi socorreu a sua bonequinha de pano. O Rei ouviu a bagunça atrás de si e olhou imediatamente para ver o que estava acontecendo, quando viu o soldado de chumbo segurando o rifle apontado para si ele colocou a bonequinha em sua frente, sabia que aquele inseto não tentaria nada contra ela.

“Solte-a” – Sasuke ordenou rapidamente quando viu o rato colocá-la a sua frente.

“Acho que não” – Sorrindo de canto o rato sussurrou pra a bailarina – “será que o seu amado soldado atiraria em você?”

Os olhos da morena estavam arregalados, toda aquela situação era inimaginável, ela queria correr e se esconder dentro de sua caixa e quem sabe assim pudesse esquecer todo aquele pesadelo. Por um instante ela acreditou que o soldado iria atirar no Rei mesmo ela servindo de escudo, então ela viu o moreno abaixar a arma e sorriu tristemente, mesmo que fosse morta seria melhor do que viver com aquele monstro.

O Rei rato gargalhou cruelmente quando viu o soldado abaixar a arma e seus súditos o segurarem novamente. Antes de levar sua nova esposa pra sua toca iria acabar de uma vez por todas com aquele soldado de chumbo.

“Antes que você me traga mais problemas inseto” – Puxando a bailarina consigo o rato ficou á frente do soldadinho – “vou destruí-lo”.

“Não” – Hinata sussurrou alto quando imaginou o soldadinho sendo morto, não poderia deixar que isso acontecesse com ele, ela sabia que sentia algo pelo moreno e decidiu protegê-lo, mesmo que sua felicidade estivesse em jogo – “Rei” – Chamando a atenção do rato ela sorriu desolada – “se eu me casar com o senhor” – Apertando com força a barra do vestido ela olhou decidida para o rato – “poupa-o?”

Por um instante o Rei pensou em dizer não aquele pedido, avaliou novamente o acordo que a boneca estava propondo e sorriu vitorioso, teria ela somente para ele e saberia que a boneca não tentaria escapar, pois ela mesma havia o aceitado. Sasuke sentiu uma dor inominável o dominar, não podia deixar que isso acontecesse, não queria que ela sofresse por ele, cerrou os punhos e disse decidido:

“Mate-me e a liberte”.

O Rei olhou-o incrédulo, que criatura em sã consciência trocaria sua vida pela do outro, aquele soldado era burro ou queria bancar o herói. Hinata sentiu os cantos dos olhos pinicarem e uma estranha água brotando deles, a dor invadiu o seu ser, não queria perdê-lo mesmo que para isso teria que deixar de velo. O Rei viu o olhar triste da bailarina e decidiu matar o soldado, não iria deixar vivo o seu rival se ele queria que ela algum dia o amasse teria que matá-lo.

“Leve-o até a lareira e joguem-no lá, vamos ver quanto tempo ele demora para derreter”.

Hinata sentiu o seu coração falhar, puxou com brusquidão o braço das patas do rato e correu em direção ao soldado, abraçou-o com força e deixou que a estranha água, do canto dos olhos, rolasse pelo seu rosto. Não queria perdê-lo, precisava dele. Sasuke a abraçou e sentiu sua farda ser molhada, não queria fazê-la sofrer mais também doía pensar em viver sem ela. O Rei rato deixou de sorrir e olhava enraivecido para os dois, como podia aquela linda boneca amar aquele inseto, ele era o Rei e devia ser amado em primeiro lugar.

Olhou para os seus súditos e mandou-os separá-los. Não iria ter piedade daquele soldado, ele já havia lhe roubado o amor da boneca e merecia morrer por isso.

“Andem logo, joguem-no no fogo”.

Hinata se desesperou mais e tentava a todo custo soltar-se das patas daqueles ratos. Não sabia o que fazer então ela olhou para a lareira e viu a estrela brilhar novamente, implorou silenciosa para que a estrela os ajudasse, se ela havia dado vida a eles tinha o poder de protegê-los.

Quando os ratos estavam preparados para jogar o soldado no fogo ouviram ao longe o caminhar de alguma coisa grande, apurando seus ouvidos uma sensação desconfortável tomou conta deles e um frio percorreu suas espinhas. O Rei olhou incrédulo para seus súditos, por que estariam demorando tanto para jogar aquele estorvo no fogo.

“Ande joguem ele logo” – Um vento gelado entrou pela janela da sala e dois olhos amarelos foram vistos no portal de entrada do cômodo.

O Rei olhou imediatamente para onde seus súditos olhavam e sua respiração parou por um instante, já havia visto aqueles olhos antes e lembrou-se do que aquele monstro havia feito. Olhou para o toco de rabo que lhe restará e as lembranças banharam sua mente, foi aquela criatura que tinha o deformado, graças aquele maldito bicho ele tinha perdido quase toda a sua calda e todo o seu orgulho.

Hinata nada entendia e ela apenas viu o medo nos olhos dos ratos. Quando a criatura saiu da escuridão se pode ver quem era. O corpo grande e gordo era coberto por uma pelagem preta, tinha uma fita vermelha no pescoço e pendurada a ela um sino dourado e os olhos eram amarelos. O Gato olhava atentamente para o Rei, lembrou-se que aquele rato tinha sido o único que havia lhe escapado e lambeu os pequenos lábios já imaginando o gosto dele.

O Rei soltou a boneca e sem pensar em mais nada correu desesperado para a sua toca, não iria virar comida daquele bicho. O gato correu atrás da sua presa e decidiu brincar um pouco antes de se alimentar. Os outros ratos corriam sem rumo pela casa. Os dois brinquedos não sabiam o que estavam acontecendo e se olharam confusos. Sasuke ouviu Lee chamando-o e quando olhou para o Urso o viu esconder-se no meio dos pacotes de presente embaixo da árvore.

Pegou na não da bailarina e correu para se esconder também, se aqueles que moravam há mais tempo ali estavam fazendo isso ele não iria fazer diferente. Quando chegaram ao esconderijo escutaram o guincho agudo do Rei e viram-no preso entre as presas do grande animal. O gato capturou sua presa e saiu contente pela fresta da janela, seu jantar aquela noite seria suculento.

Hinata sentiu uma pequena tristeza pelo fim trágico do Rei, mesmo depois de tudo o que ele havia feito nunca desejou a morte a ele. Sasuke apertou com força a mão da bailarina e sorriu consolador para ela, apesar de estar a pouco tempo vivo já tinha aprendido que a vida era trágica.

“Coitado” – Tenten disse assustada com tudo que havia visto naquela noite – “mais que bom que estamos bem”.

“É” – Hinata concordou ainda abalada.

Saindo do lugar aonde haviam se escondido os quatro sentaram-se perto da lareira, depois que o gato saiu o cômodo havia ficado frio. Lee ainda não entendia de que lugar aquele gato havia saindo, pois eles nunca tinham visto aquele bicho e perguntou para a boneca de pano – “Você já tinha visto aquele bichano antes?”

“Não, nunquinha” – A boneca esticou as mãos para tentar aquecê-las.

Hinata sabia o que havia acontecido, suspirou cansada.

“Foi à estrela” – Quando ela respondeu a pergunta do urso todos olharam para ela questionando-a, rubra ela respondeu baixo – “E-eu pedi que ela salvasse a vida do Sasuke-kun”.

O Uchiha fitou-a ternamente, não imaginava que aquela linda bailarina se importaria com um soldadinho de chumbo e sem se dar conta do que fazia abraçou-a carinhosamente. Hinata enrubesceu mais ainda quando sentiu os braços do soldado contornando sua silhueta e deixou sua cabeça aconchegar-se no ombro dele.

“Obrigada” – Sasuke sussurrou baixo para a bailarina.

Tenten e Lee discretamente deixaram os dois a sós, não queria atrapalhar aquele momento tão bonito e romântico. Hinata virou-se de lado e ficou olhando para a dança das chamas dentro da lareira, sentia-se feliz apesar de tudo o que havia acontecido. Sasuke passou o braço sobre os ombros da boneca e sorriu de canto, quem sabe a vida também poderia ser alegre.

“Eu não sei o que sinto” – Sem saber o porquê ele começou a contar a ela sobre seus sentimentos – “só sei que você é importante pra mim e que nunca irei abandoná-la”.

Hinata sorriu ternamente e olhou para o soldado, queria dizer tantas coisas mais nada saia. O Uchiha olhou para a bailarina e perdeu-se em suas pérolas, não entendia nada de sentimentos, mas sabia que o que tinha em seu coração era algo grande e puro.

Olhou atentamente para os lábios rosados e sem esconder o desejo foi se aproximando devagar, não iria forçá-la a nada. Instantaneamente a bailarina fechou os olhos e sentiu sua respiração se mesclar com a do soldado, aos poucos sentiu a boca dele encostar-se à sua e uma corrente elétrica percorreu seu corpo.

O beijo entre o casal de bonecos foi calmo e cálido. Quando o sol começava a nascer os dois subiram felizes pelos ramos da figueira e sentaram-se sobre a lareira, mas diferente de antes os dois estavam de mãos dadas representando para todos que daquele dia em diante estavam realmente juntos.

Ao sentirem os raios de sol sobre si a luz brilhante que lhes deu vida desapareceu e os dois voltaram a ser a pequena bailarina de porcelana e o soldadinho de chumbo, só que em seus lábios podia se ver desenhado o sorriso de felicidade. Dentro de si os dois rogavam para que logo a noite voltasse para que assim pudessem se amar novamente, pois até mesmo os brinquedos têm direito a amar.


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