O brilho dos olhares ao redor eram repletos de alegria e orgulho, afinal concluir o Chuugaku• era uma grande etapa cumprida, mas os olhos de Kagome Higurashi não transpassavam felicidade, eles voltavam-se á um passado recente. Conhecer o hanyou• Inuyasha fora a maior aventura de sua existência. Sentiu as lágrimas se formarem ao recordar de sua jornada com seus amigos em busca da Shikon No Tama•, algo que os levara á tantos rumos desastrosos.

A jornada encerrou-se com a destruição da Shikon no Tama, as últimas palavras que ouvira o hanyou proferir antes de desaparecer junto com a luz que envolvia o Honekui no Ido• vinham-lhe á mente como uma triste canção “Kagome, você está á salvo agora... Você pertence á esse mundo, fique aqui”. Kagome ainda tinha dúvidas sobre á qual era queria fazer parte, mas o Honekui no Ido não funcionou desde então, separando-a da Sengoku Jidai•, sua missão fora cumprida, não poderia voltar, teria que seguir vivendo dia após dia apenas com lembranças do que já não estava á seu alcance. Uma lágrima solitária insistia em percorrer a face da moça quando sentiu uma delicada caricia afagando-lhe seus cabelos negros que brincavam com o gélido vento de inverno.

– Kagome, parabéns. – Felicitava a Senhora Higurashi com orgulho ao ver o diploma nas mãos da filha, que isolava-se dos demais formandos.

– Eu quero ir pra casa. – Declarou Kagome deparando-se com o olhar preocupado de sua mãe. Os Higurashi sabiam os motivos pelos quais a moça já não sorria, mas nenhum deles ousava tocar naquele assunto.

– Mas ainda vamos ter o baile de formatura. – Insistiu a Senhora Higurashi.

– Eu preciso ir pra casa. – Concluiu a moça.

– Onee-chan•... Você sente falta do Inu-no-nii-chan•, não é? – Disparou Souta por fim se cercando á irmã mais velha, sem obter resposta e logo sendo repreendido por um olhar severo de sua mãe. Kagome apenas começou á caminhar em silêncio deixando sua família para trás, enquanto seus passos prosseguiam sem rumo. Nada do que dissesse poderia expressar o enorme vazio que Inuyasha deixou em seu peito, nem o quanto sua boca clamava pelo toque dos lábios do hanyou mais uma vez.

Os dias, os meses, os anos se arrastaram de forma lenta, Kagome esforçava-se ao máximo para seguir vivendo. Dois anos se passaram desde que formou-se no Chuugaku, e longos cinco anos marcavam o tempo longe de Inuyasha, a dor á mostrou que não conseguiria permanecer no templo, em todos os lugares que olhava sentia a presença de Inuyasha, de um modo estranho não sentia-se bem no lugar em que nascera, as lembranças do hanyou ocupavam todo aquele espaço. Precisava fugir, e camuflar sua dor, então se mudou para a França, tinha um emprego, e levava uma vida tediosa e completamente solitária.

A luz das estrelas era ofuscada pelo espetáculo de corres que a torre exibia, não foi á toa que Paris tornou-se conhecida como cidade luz, mas não era suficiente para iluminar a escuridão do olhar da moça que fitava o cenário com a expressão apática.

– Eu era forte, tinha os melhores amigos que alguém pode ter, por mais difícil que fosse eu tinha... O Inuyasha. Como posso seguir sem ele? – Questionava Kagome á si mesma entre lágrimas, enquanto encarava o mundo detrás da janela de seu apartamento. A decisão de mudar-se foi um meio de tentar esquecer tudo que se passara, mas não importava onde estivesse as lembranças não saiam de sua alma.

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O Jovem dos cabelos prateados caminhava sem rumo, parecia que por mais que tentasse nunca conseguiria viver, sorrir, ou simplesmente sonhar. Antes de Kagome cruzar seu caminho Inuyasha estava completamente frio e sem sentimentos, ela curou seu coração, mas o quebrou novamente tendo que partir. O vento soprava em direção ao hanyou que caminhava solitário fazendo suas longas madeixas envolverem-se de forma harmoniosa com a brisa. Era orgulhoso para admitir, mas a garota atrapalhada e imprudente o despertou sentimentos que estavam adormecidos, chegou á pensar que não pudesse sentir-se daquela maneira novamente, mas era mais forte que ele, precisava de Kagome.

– Inuyasha, por que se isola de nós? Vamos até o vilarejo? Sentimos sua falta. – Convidava Miroku encontrando o solitário amigo por fim. Todos na Sengoku Jidai se preocupavam com o isolamento do rapaz.

– Não. – Respondeu o hanyou secamente, logo desaparecendo por entre as árvores da floresta. Ele corria de forma veloz, como se tentasse fugir de algo, mas sempre voltava ao mesmo lugar.

– Como eu queria poder te ver, nem que fosse pela última vez... Você me ensinou á sorrir, com você eu esquecia os problemas... Agora que não está aqui sinto que morro um pouco á cada dia... Pode ser egoísta, mas queria você comigo, pra sempre... – Confessava Inuyasha parando em frente ao Honekui no Ido, era o único lugar que ainda exalava o cheiro de Kagome, sempre voltava até lá com a esperança de vê-la emergir em meio à escuridão no fundo do poço, mas a cada dia que passava sua esperança perdia as forças. Kaede o observava de longe, ela desejava ajuda-lo, mas não sabia exatamente quais seriam as conseqüências.

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A moça andava pela ponte enquanto a chuva caia forte atingindo sua face delicada, suas lágrimas caiam de seus olhos, percorriam seu rosto, e se derramavam sobre seu peito. O frio não á atingia, e seus pés não conseguiam encontrar o chão. A lembrança do sorriso de Inuyasha já não era capaz de salva-lá da escuridão de uma saudade sem fim. Kagome parou de caminhar repentinamente e se pôs a fitar os carros que passavam apressados á baixo de seus pés. Sentia-se deslocada em um mundo onde todos tinham uma razão para seguir, era como se seu corpo prosseguisse sem uma alma, nada mais fazia sentido aos olhos da garota.

– Talvez se eu não tivesse o conhecido... Não, eu nasci para conhecê-lo, mas agora a única coisa que me restou foi essa dor insuportável... Não posso mais viver sabendo que nunca mais o verei. – Declarou a garota. A ponte a qual estava era bastante alta, tudo que precisava era um salto e sua dor iria embora. Reuniu toda a coragem que restava em si, e impulsionou-se sobre a grade que protegia a ponte, sua respiração acelerou-se, fechou os olhos e a imagem de Inuyasha veio-lhe á mente, um sorriso sereno surgiu em seus lábios. Aos poucos suas mãos iam deixando de segurar a grade, seu corpo leve estava pronto para voar rumo á um lugar onde não sentisse dor. Em um rápido movimento a moça foi tomada por braços fortes que á envolveram em um abraço apertado, á muito tempo não sentia-se tão segura.

– Inuyasha! – Exclamou Kagome, mas ao abrir os olhos e ver a face do rapaz que á segurava, o sorriso que estava em seus lábios se desfez.