A Foragida escrita por Andressa Rosa


Capítulo 9
Meu Dia De Azar


Notas iniciais do capítulo

Certamente, só me resta pedir desculpas por toda essa demora (sim, eu deixo vocês me xingarem um pouquinho, porque eu sei que demorou demais) Eu poderia encher o saco de vocês falando tudo o que aconteceu, mas de uma maneira rápida, a situação foi a seguinte: O meu computador veio para a loja da minha família, assim, eu não conseguia escrever. Arranjei um caderno e comecei a escrever o capitulo aos poucos, então, até passa-lo - escondida - para o Word, demorou em dobro. Mas chega de explicações, só saibam que eu nunca vou abandona-las, por mais que demore.
Vamos lá?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/161249/chapter/9

Cuidado com as palavras, elas machucam. E essas cicatrizes podem ser eternas.

(Isadora Sena)

*-*

POV/ BELLA


Eu juro que senti os meus olhos gemerem no momento em que eu tentei abri-los, girei, ficando de lado, e abracei o meu travesseiro. Queria voltar a dormir, mas sabia que estava desperta demais para que isso acontecesse. Finalmente cedi e os abri.


– Céus! – Exclamei não caindo da cama por muito pouco, sem saber como, fiquei de pé, levando automaticamente uma mão ao meu peito, tentando acalmar o meu coração. – O que você está fazendo aqui, Edward? – Minha garganta estava seca, mas isso não tinha importância no momento.

– Eu disse que ficaria aqui até você acordar. – Se levantou da cadeira de balanço que havia saído da minha sala e parado no meu quarto – Foi a minha vez de te proteger. – Anunciou com orgulho

– Que horas são? – Sentei na beirada da minha cama, tentando ignorar aquele sentimento estranho que se apossava em mim: o sentimento de estar protegida. Na última vez que eu havia me deixado levar por ele, coisas ruins aconteceram

– 8 horas da manhã – Respondeu prontamente

– Até que eu não dormi tanto – Comentei alongando os meus braços e sentindo as juntas dos mesmos estralarem.

– De domingo – O vampiro riu da minha expressão. Fazendo algum esforço, a controlei. Bom, depois de tudo o que eu tinha feito, essa hibernação tinha sido rápida. Eu realmente queria saber se isso era bom ou ruim.

– Vou ao banheiro – Falei depois de lembrar o estado caótico que eu provavelmente estaria. Passei as mãos no cabelo automaticamente.

– Tudo bem, enquanto isso eu vou preparar algo para você comer – Antes mesmo de eu responder, o vampiro já tinha sumido da minha frente. Bufei irritada com a minha precária visão humana que não me permitiu ver nada além de um borrão. Ser apenas uma humana era uma merda, sem ofensas.


Olhei para cima, numa forma dramática de estar olhando para o céu, chamando qualquer divindade que estivesse de plantão.


– Qual é, eu acabei de salvar o mundo! – Abri os braços, melhorando a minha atuação. Naquele momento pensei seriamente em abrir um sindicato para os super-heróis, lutaríamos até haver um dia de folga para nós!


Ainda revoltada, me encaminhei para o banheiro. Mal tinha dado o 4º passo quando pisei em algo, sem controle virei o meu pé e cai de cara no chão. Sem duvida eu havia acabado de adquirir um belo galo na minha testa. Rosnei ficando de pé.


– É assim que me agradece? – Apontei para a minha testa. Me neguei a agradecer por não ter urinado nas calças com aquele tombo, isso era o mínimo!


Tentei retornar a minha caminhada trôpega quando o meu armário andou magicamente para o lado e deixou a sua quina no caminho do meu dedão.


– Que porra eu fiz para merecer isso?! – Gritei irada.

– Bella, esta tudo bem? – Escutei a voz do Edward atrás da minha porta. Nem tinha notado que ele a havia fechado quando saiu.

– Sim – O meu dedão latejando não me deixou formular uma resposta mais simpática.

– Tem certeza? – Sua voz se fez preocupada.

– Tenho – Resmunguei, finalmente entrando no meu banheiro.


– Céus! – Me segurei para não gritar.


Uma louca fugida de algum hospício de quinta me encarava. Tinha sangue seco em suas roupas e o seu cabelo – céus, o seu cabelo! – nem se ela quisesse conseguiria fazer aquilo com ele. Nunca tinha visto uma pessoa tão feia como ela a minha vida toda.


Fiz uma careta e acenei para o meu reflexo no espelho.


Tirei o meu jeans me despedindo dele, aquele pano não tinha mais jeito, terminei de me despi e entrei logo embaixo do chuveiro. Eu estava fedendo. Algum tempo depois e eu já tinha me transformado, sim, o meu cabelo continuava feio, mas não tanto quanto antes. Eu usava a minha roupa básica, uma blusa verde de mangas compridas, sem nenhuma frescura, um jeans e, mandando o meu dedo doendo se lascar, o meu all star. Como sempre, pronta para guerra.


Desci as escadas sentindo um quase esquecido cheiro de panquecas. Eu havia as comido uma vez na vida, e me lembro até de hoje de como fiquei fascinada. Acelerei o meu passo para chegar à cozinha mais rápido, contudo, o destino estava lá para me atrapalhar novamente.


No ultimo degrau, isso, no ultimo, eu piso no cadarço desamarrado do meu tênis e lá vou eu indo de encontro para o chão de novo. Mal tinha fechado os olhos e levado as mãos para impedir o impacto, quando braços longos e fontes me agarram pela a cintura.


Abri os meus olhos e encarei um Edward de cara franzida.


– O que você fez na sua testa? – Me guiou até a cozinha e me colocou sentada em um dos meus bancos em frente ao grande balcão.


O observei se mover ainda esperando atingir o chão.


Eu estava zonza, minha testa doía e Edward, para ajudar, se movia muito rápido. Antes de eu me dar conta, uma compensa de gelo estava sendo pressionada na minha testa. Sua mão pegou a minha delicadamente e colocou sobre aquele pano cheio gelo, seus longos dedos permaneceram um segundo a mais sobre os meus. Ou o meu tombo fez mais estragos do que eu esperava.


Legal, agora eu tenho um cérebro defeituoso por tempo indeterminado.


Pisquei os meus olhos e ele não estava mais na minha frente. Os fechei, me batendo mentalmente. Desde quando eu preciso de alguém para cuidar de mim? A antiga Bella, mesmo quando estava sendo só uma humana, teria se virado sozinha. Aquilo estava indo longe demais.


Contudo, as minhas divagações logo foram interrompidas no momento em que o cheiro de panquecas se alastrou pelo o ar e se arremessou dentro das minhas narinas, abri os meus olhos e lá estava ele, o meu Sonhador, parado na minha frente com o meu café-da-manhã. Seus olhos brilhavam mais que estrelas.


Então eu me dei conta que talvez eu não estivesse brava comigo por estar sendo descuidada, mas quem sabe por eu pensar que não merecia os cuidados daquele vampiro de alma conturbada e dono do mais lindo sorriso torto.


– Está com fome? – Sua voz me despertou.

– Você nem imagina o quanto – Sorri, colocando a compensa em cima de lado e pegando o prato que o vamp me oferecia.


Estava levando o garfo até a minha boca, quando suspirei e abaixei o mesmo.


– Obrigada, Edward, por tudo – Encarei o meu Sonhador que agora estava sentado na minha frente. Eu tinha uma leve impressão de que ele me olharia comendo, mas qual é, o vampiro já tinha me visto dormindo, me ver comendo era o de menos!

– Sou eu que tenho que agradecer. Você não sabe o bem que trouxe para mim – Desviou os olhos – E eu realmente queria saber cozinhar algo melhor, mas panquecas são a única coisa que eu consegui fazer. Me desculpe.

– Ei – Toquei a sua mão, o fazendo me olhar – Está perfeito.


Puxei o meu braço sentindo o meu rosto adquirir aquela coloração rubra que eu tanto odiava. Foi a minha vez de desviar o olhar. Encarei a minha parede, céus, ela precisava de uma nova pintura, fiz uma rápida anotação mental.


– Eu vou lá em casa tomar um banho e falar com a dona Esme, que a essa hora de estar subindo pelas as paredes. Depois eu volto – Sua voz hesitou, me fazendo olhá-lo com curiosidade. – Se você quiser, quero dizer.


Franzi a testa, ele estava me pedindo se poderia ir para casa? Fiz um ‘wow’ mentalmente, Edward queria saber se poderia voltar mais tarde! Que pedido mais... mais... sei lá.


– Eu adoraria. – Mal havia aberto um sorriso, quando senti um vento balançando os meus cabelos ainda úmidos e o barulho da minha porta sendo fechada.


Olhei para o meu prato, soltando os meus ombros em uma atitude derrotada. Minha casa agora parecia tão fria. Observei a solidão andar na minha direção e se sentar no banco ao meu lado, eu sabia que ela olhava para mim, o seu hálito gelado batendo no lado esquerdo do meu rosto me dava arrepios.


Como sempre, a ignorei. Ou pelo menos tentei.


Encarei o meu café-da-manhã e ergui novamente o meu garfo com o pequeno pedaço de panqueca, mal tinha levantado até a metade do caminho entre o prato e a minha boca, quando um choque percorreu o meu corpo inteiro.


Automaticamente meus olhos se desfocaram.


Não estava mais na minha cozinha com a solidão sentada ao meu lado, eu estava em um lugar enorme, frio como uma geleira. Varias pessoas estavam ali aglomeradas, todas viradas para o centro da sala. Num piscar de olhos estava lá, eu não estava ali de verdade, então ninguém me notava. Espichei a minha cabeça entre o vão de dois pescoços.

Olhei confusa para o mapa, sem fazer idéia de que cidade era, as ruas desenhadas eram traçadas por uma linha imaginaria guiada por um longo e pálido dedo com uma unha em forma de garra. Então outro papel surgiu, agora uma planta de algum condomínio ou algo do tipo, com várias habitações de tamanho médio. Eu estava tão perdida observando o dedo se movendo que quase não escutei a voz do dono do mesmo.

– Matem todos – Se a morte realmente fosse uma pessoa, ou algo assim, ela teria aquela voz – Apenas deixem a rainha para mim.

Sua cabeça se levantou e eu arfei. Os seus olhos cinza tinham um circulo em volta da pupila em um vermelho sangue. Sabe aquele papo de que os olhos são a janela para a alma? Então, aqueles eram vazios. Contudo, o que me fez ter aquela reação foi ver os seus caninos grandes demais para serem apenas humanos.

Eu estava rodeada de vampiros.

Vampiros de uma espécie que eu não conhecia e prestes a exterminar a população de algum lugar.

Voltei para a minha cozinha, meu braço ainda na mesma posição. Olhei novamente para a agora fria panqueca no meu prato. Hesitei um segundo antes de soltar o meu garfo e correr escada a cima. Minha mochila estava no chão ao meu lado, um pedaço do meu assoalho não estava no seu devido lugar, revelando assim um buraco.


Revelando assim o meu esconderijo.


Coloquei a minha mochila nas costas depois que tudo já estava devidamente dentro dela. Suspirei, lembrando do meu café-da-manhã não comido no andar de baixo. Aparatei antes de perder tempo indo até a minha cozinha.


Apareci na frente de grandiosos portões, tirei do meu bolso um elástico e prendi o meu cabelo em um firme rabo de cavalo. Eu tinha uma leve impressão de que não seria fácil bater um papo com a rainha dali. Paralisei. Só me falta ter de explicar o perigo que a sua população corria para uma velha decrépita.


Ao notar os altos montes que rodeava o lugar, conclui que elas eram as famosas montanhas Pocono, na Pensilvânia. Um vasto jardim se estendia atrás de onde os portões protegiam, em um olhar rápido, vislumbrei um glorioso conjunto de prédios. Era, certamente, um lugar chique.


Vi dois vultos se movendo ao longe, provavelmente guardas. Me joguei em algumas arvores atrás da estrada onde eu estava. Um plano. Eu precisava de um plano. Não queria ser uma invasora, mas duvido que deixem a mim, uma garota com a mochila cheia de armas, falar com alguém tão poderoso quanto um monarca.


Observei o meu plano se concretizar quando uma pequena van (N/A: Kombi, Perua, Microônibus) brilhou no céu da manhã, subindo na estrada onde eu estava segundos atrás, até que virou em uma bifurcação que eu não havia notado de cara.


Caminhei me camuflando entre os troncos e galhos, agradecendo a qualquer deus que estivesse de plantão por ter escolhido uma blusa verde. Aparatei novamente no outro lado da estrada e me grudei no muro, bem na divisa, e espiei.


O automóvel parou em outro portão, muito menos ostentoso quando o outro a frente. Com certeza, era à entrada dos trabalhadores. Ou de invasores. Estreitei os olhos ao ver um grupo de humanos saírem de dentro da van, eles pareciam... excitados. Voltei a minha cabeça segundos antes de um cara sair de onde só as sombras sabem, e ajudar uma senhora idosa a sair do veiculo.


Movi o meu tronco e observei uma mulher de meia idade descer seguida de um rapaz baixinho. De um ângulo que era impossível para eu ver, outra mulher apareceu, seus cabelos pretos como carvão presos em um rígido coque e o seu grande corpo escondido debaixo de um terninho e calça social pretos. Um modelo feminino das roupas do motorista musculoso, sem falar que os dois tinham olhos frios e impassíveis. Ah, acho que esqueci de mencionar as pistolas e uma espécie de estaca pendurados em suas cinturas.


As pontas dos meus dedos formigaram. Que raios estava acontecendo ali?


Agora já havia vários humanos fora do automóvel, no primeiro momento eu não tinha visto nenhuma ligação neles, isso até uma garota da minha idade humana me olhar. Desnorteada, eu busquei os olhos dos outros passageiros. Céus, o que tinha de errado com aquelas pessoas? Suas orbes tinham uma mancha na frente, os deixando nebulosos e desfocados. No meio daquela descoberta, percebi que havia somente mais uma garota dentro da van.


Aparatei para dentro do veiculo sem ser notada por ninguém. Então desci do carro na maior cara de pau. Busquei olhar para o chão e me movimentar do mesmo jeito que os outros, era até divertido, para falar a verdade. Sabe a brincadeira “Siga o mestre”? Então... Eu estava balançando os braços em movimentos circulares igual a uma mulher, quando um fuzuê se formou ao meu redor.


 A idosa acabara de desmaiar, o tumulto se dava em volta da garota que tinha saído antes de mim, a qual amparava a mulher da 3ª idade. Aproveitei a distração e me encaminhei para a entrada de funcionários, eu tinha dado o primeiro passo para o lado de dentro quando uma voz me fez paralisar.


– Pare onde está! – Aquele timbre grosso e autoritário só me deixou pensar em uma coisa: Fudeu! Me virei lentamente, pensando na forma mais rápida de imobilizá-lo, quando outra voz se fez presente.

– Joshua, me ajude aqui! – A mulher rígida o chamara. Eu vi a indecisão tomar a sua fisionomia, até que a mesma se fechou e uma feia entrou no seu lugar.

– Não se mova! – Rugiu antes de voltar aos humanos que agora faziam um verdadeiro caos.


Até parece que eu ficaria ali.


Sabe aquela expressão: “pernas, pra que te quero?” Nesse momento eu realmente a entendia. O lugar era cheio de prédios e casas, todos feitos em um estilo clássico e conservador. Fora o escândalo dos humanos, o lugar estava quase silencioso. Escondi-me atrás de uma árvore quando dois homens entraram na minha visão, eles passaram por mim sem me notar, provavelmente indo arrumar a confusão do lado de fora, mas ao contrario deles, eu os notei. Mais guardas. Meus olhos se estreitaram novamente.


Andei para dentro do prédio mais próximo, tentando fazer a minha melhor cara de inocente. Eu sabia que não estava funcionando, mas não custava tentar. É claro que o meu plano não deu certo. Mal havia pisado na pequena varanda da porta, quando dois guardas saíram do mesmo prédio. Voltei dois passos e coloquei uma das minhas mãos para trás, segurando o zíper da minha mochila.


– Bom dia – Me fazendo enrugar a testa, um deles acenou a cabeça para mim e, numa atitude que até eu não estava acreditando, continuaram o seu caminho.


A desgraceira começou logo depois.


– Peguem-na! – Não precisei me virar para saber que o dedo vindo da pessoa que gritava estava apontado para mim.


Eu tinha duas opções: lutar ou correr. Vou te contar uma coisa: Isabella Swan nunca foge de uma luta, muitas vezes até as arruma, contudo, naquele momento eu sabia que toda baixa que eu desse ali, seria um problema a mais quando aqueles vampiros finalmente viessem.


Me matando por dentro, eu comecei a correr.


Um cara imenso apareceu do nada um pouco mais a frente de mim, ele tinha as pernas e os braços abertos. Eu já disse que ele era imenso? Probabilidades e estatísticas encheram a minha cabeça. As mandei pro inferno e segui os meus instintos. Deslizei uma alça da minha mochila pelo o meu braço e a segurei em minha mão, sem parar de correr um segundo, joguei em cima do gigante humano. Eu percebi, mais pela a sua reação do que pelos os seus pensamentos, que ele realmente não esperava ser derrubado por uma simples mochila velha.


São quilos de metal élfico, baby.


Ainda correndo, ajuntei a minha arma improvisada de cima do cara desacordado, rezando para que não tivesse quebrado nenhuma costela dele, ou lhe dado uma concussão. Contudo, foi uma reza breve, pois logo eu estava na frente da casa mais chique dali. Um lugar digno de uma rainha. Era realmente lindo, pena que tinha um único e pequeno defeito: estava cercado de guardas armados.


Nos poucos filmes que eu assisti, sempre há essa parte: A mocinha ou o mocinho ficam cercados de inimigos, os quais sempre atacam um por vez. Só não mando esses diretores tomarem naquele lugar que não brônzea – não em pessoas decentes – porque tenho certeza que nenhum deles havia participado de uma luta de verdade. Eu não sabia da onde os golpes vinham, e nem para onde iam depois de serem desviá-los.


As coisas estavam indo bem para o meu lado. Estavam.


Isso até algo colidir com a minha cabeça com tanta força que me distraiu por um segundo, tempo o suficiente para eu ter vislumbre de algo redondo e vermelho, e tempo o suficiente também para uma garota uns poucos anos mais velha do que eu cravar alguma coisa nas minhas costas. Um homem de uns bons dois metros e cabelos castanhos escuros lisos até o pescoço chutou a lateral da minha coxa esquerda. Eu girei, sem equilíbrio algum, para então sentir o golpe de misericórdia vir na forma de dois socos: um vindo de uma mão pequena, que poderia ter até sido delicada, e outra de uma grande e máscula, as duas em uma sincronia perfeita, acertando o meu peito, me mandando direto para o chão.


Antes de cair de costas, mandando a estaca entre as minhas omoplatas ainda mais fundo, observei a Bella original entrando discretamente dentro da mansão. Dei um sorriso afetado. O meu trabalho estava comprido. Hora de partir e deixar a outra foragida terminar o seu plano.


Flashback on

Aparatei dentro da van, a garota que estava lá dentro me olhou assustada. Pulei em cima dela e coloquei a mão em cima da sua boa, a impedindo de gritar. Memorizei todos os seus traços e fechei os meus olhos por um rápido instante, ao abri-los, eu sabia que estava diferente; minha confirmação veio ao olhar nos olhos daquela adolescente e ver o seu próprio reflexo.

Ainda fazendo pressão em cima da garota que começara a se debater, eu convoquei os 5 elementos e passei exatamente o que queria. E lá estava à outra eu, no meu lado. Olhei nos olhos do meu clone. Ela já sabia o que fazer. Soltei a adolescente que eu prendia e instantaneamente ela e a outra Bella sumiram, milésimos de segundos depois o meu clone retornou. Tudo aconteceu rápido como um piscar de olhos.

Desci da van. Escondendo atrás do olhar dopado, duvidas de o porquê de um ser humano usar uma blusa tão apertada como aquela, assolavam a minha cabeça. Me aproximei do resto dos humanos, sentindo a outra Bella se movimentar atrás de mim. Sorrateiramente, me aproximei da senhora idosa e, num movimento digno de mim¸ apertei um ponto no pescoço dela que só profissionais sabiam onde ficava. A segurei enquanto começava a cair inconsciente.

– Ela desmaiou! – Anunciei franzindo a testa por um segundo ao escutar a voz que eu tinha temporariamente. Agora eu sabia o que era uma taquara rachada.

Logo houve uma baderna a minha volta, a velha com cheiro de amêndoas foi tirada dos meus braços, quando eu finalmente ergui a cabeça e tentei ver em volta de todos aqueles humanos, não notei o meu clone mais ali. Sorri internamente. O meu plano começara a dar certo.

– O que houve? –A mulher rígida, provavelmente responsável por nós, exigiu.

 – Não sei, ela só... caiu – Aquela minha voz me deu dor de cabeça.

Senti um arrepio quando vi a mulher estreitar os olhos. Ela não acreditara em mim. Captei um som familiar ao longe, mesmo com toda aquela bagunça, meus instintos dançaram um tango dentro de mim. Olhei para o portão e vi o meu clone ser abordada. Voltei o olhar o para a mulher dura.

– Chame-o! – Ordenei entrando na cabeça dela. Longos segundos se passaram enquanto nossos olhos permaneciam conectados. Então ela ergueu o queixo e berrou:

– Joshua, me ajude aqui! – Sua voz de timbre grosso ecoou até o cara que dirigia a van se ajuntar a nós.

– Tire-os daqui! – Mesmo o pobre homem estando perto, eu a fiz berrar com ele. Uma atitude que eu esperava que fosse comum dela.

O cara assentiu e entrou em ação.

– Eu quero uma fila indiana aqui! – Falou depois de caminhar um metro, então apontou para uns centímetros de terra a sua frente. – Quem não estiver aqui, não ira para os postos de alimentação! – Foi como se ele tivesse falado que quem não estivesse na fila iria morrer. O desespero do pessoal foi tão grande, que eu senti uma pontada de receio.

No que foi que eu me meti?

Me senti desnorteada por alguns segundos. Então eu me levantei com um pulo e entrei no meio da confusão. Dei cotovelas e recebi chutes e empurrões, mas consegui me meter entre dois humanos alienados. Céus, qual é o problema dessas pessoas?

– Quietos! – O olhar irritado que eu mandava para a mulher atrás de mim foi interrompido quando todos pararam de se debater e se aquietaram. Como se fossem ligados a um interruptor.

Começamos a caminhar, e eu, me sentindo um humano no maternal, segui quieta os outros humanos. Ao longe, eu pude ver o meu clone indo em direção a um prédio. O meu, nosso tempo, estava acabando. Espichei o pescoço para ver o que estava acontecendo, mas logo fomos todos conduzidos a um gigantesco saguão com varias mesas postas com os mais diversos alimentos: pães, frutas, doces e bebidas.

– Comam e depois nós os levaremos aos seus postos – As palavras do guarda soaram mais como uma ordem do que um comentário. Senti vontade de mostrar a língua para ele. Alheia aos outros humanos, eu peguei uma maça e a mordi.

Disfarçadamente, comecei a caminhar na mesma direção de onde havia vindo. Tentando não parecer suspeita, olhei em volta. Com um suspiro, eu percebi que todos estavam ocupados demais enchendo a sua barriga em uma velocidade atordoante para me notarem.

Então eu corri.

As pernas finas e curtas da garota que eu estava temporariamente transformada me forneciam a sensação de ter uma aneurisma. Como alguém consegue sobreviver assim?! Mais a frente, eu ‘me vi’ correndo desenfreadamente, o jogo da mochila foi genial, contudo, havia outros três brutamontes logo atrás dela... de mim... do clone. Céus, fiquei confusa!

Forcei os flácidos músculos e acelerei o passo, logo estava atrás dos três gorilas. Eu, particularmente, não sou tão alta, mas aquela garota em que eu estava transfigurada era quase uma anã, e quando eu cheguei perto daqueles homenzarrões, me senti uma criança olhando para um arranha-céu da calçada. Contudo, eu tinha a física ao meu lado, mesmo sendo tão pequena.

M x V² / 2  ¹  é igual a uma garota minúscula pulando no pescoço de dois homens e os mandando para o chão.

Eu senti uma dor aguda vinda da lateral esquerda do meu rosto, no entanto, aquele era o menor dos meus problemas, já que dois homens furiosos começaram a se levantar e as garras do terceiro vinham na minha direção. Rolei, sentido ainda mais terra grudar no meu ferimento e me levantei. Lancei um rápido olhar para o lado e constatei satisfeita que o meu clone continuava a correr.

– Me desculpe – Sussurrei entrando em posição de ataque, sentindo a brisa bater na parte da minha barriga que ficava de fora, graças a aquela maldita minúscula blusa. O jeans apertado, e a sandália de salto também não estavam ali para ajudar, mas qual é, eu sou Isabella Swan!... mais ou menos.

Coloquei a maçã na minha boca, a segurando com os dentes, mal tinha sentindo um pouco do suco doce da fruta chegar na minha língua, quando em segundos os três guarda-roupas estavam em cima de mim. Quando vi as enormes mãos tentaram me segurar, e não socar, eu percebi uma coisa: eu não era considerada uma ameaça. Azar o deles, ainda mais porque isso me deixou com muita, muita raiva.

Isabella Swan não nasceu para ser subestimada.

Me agachei e bati a mão no solo cheio de cascalho, num movimento tão rápido que provavelmente bateu a velocidade da luz.

 – Abra! – Rugi. Senti o chão temer em baixo de mim – Feche – Pronunciei me levantando solenemente,

Ignorei as três cabeças sem corpos no solo e caminhei até o quarto corpo, o derrubado pela mochila, que ainda se encontrava desacordado. O olhei bem, fechei os olhos por um instante, e quando os abri, me senti bem melhor com as novas peças de roupas mais folgada. Além da incrível altura. Tirei da minha boca, dando uma mordida, a maçã que já castigava o meu maxilar. Eu tinha consciência de que aquilo seria o meu café-da-manhã. Principal refeição do dia? Que piada.

Corri até o lugar onde o meu clone lutava bravamente, esperei até o segundo certo, então joguei o meu cotovelo para trás e arremessei a fruta vermelha. Me senti o astro do baseball. Mas a sensação boa durou apenas um segundo. Me ver caindo, sendo derrotada, não era bom, mesmo quando era planejado. Caminhei até as portas da mansão, meu ego latejava dentro de mim, todas as atenções estavam voltadas para a outra Bella, assim, entrei dentro daquela residência sem ser notada por ninguém.

A segunda parte do plano entrava em jogo.

Fim Flashback

POV/ NARRADOR


O primeiro pé que pisou na escada não era grande, na verdade, era até pequeno, e o mais importante: não estava com um sapato social preto, e sim metido em um tênis Converse velho. Isabella nunca havia se sentindo tão feliz com o seu jeans surrado. Os passos da foragida na madeira era o único som aparentemente, contudo, a Arma X também era capaz de ouvir o inigualável som de um coração batendo.


No lado de fora, o caos reinava.


A garota finalmente havia sido derrubada e então PUFT! Virou um punhado de cinzas. A incredulidade estava estampada no rosto de todos, bem, quase todos, pois em um deles, o desespero era a emoção fixada. A dona desse rosto é Rose Hathaway, e ela fora a única guardiã que entendeu que tudo aquilo não passava de uma armadilha.


Ela levantou a cabeça e buscou os olhos do seu amado, Dimitri Belivok, o qual compartilhou o olhar e se sentiu ultrajado por ser enganado daquela maneira. A conexão do olhar durou mais um segundo antes dos dois saírem correndo, abrindo de qualquer maneira um caminho no meio dos outros damphirs. “Lissa”, era o nome que os pensavam enquanto chutavam a aporta da frente e corriam escada a cima.


No andar superior, Bella se encontrava sentada tranquilamente em uma cadeira de balanço, a sua frente, uma garota linda, de olhos incrivelmente verdes cheio de bolsas de cansaço, e de uma cabeleira loira platinada de dar inveja nas modelos de comercial de shampoo. A foragida se perguntou se alem de ser rainha, ela também era modelo.


Lissa era tudo o que Bella não esperava: bonita, jovem e lúcida. Já tinha explicado numa forma rápida e concisa toda a situação, enrolar não era do feitio da foragida. A reação da jovem rainha foi adulta demais para as suas rugas inexistes: Um balanço de cabeça frio e sucinto. Estava prestes a pedir a planta do local, quando a porta foi praticamente arranca do batente. Um homem e uma garota romperam para dentro da suíte, os dois com suas estacas em punho.


Em segundos a espada da foragida já estava em suas mãos, mal havia saído de dentro da sua mochila, e já estava defendendo um ataque forte e direto vindo de Dimitri, girou, dando um leve passo para trás e desviou do soco de Rose. Diferente dos outros guardiões enfrentados, esses queriam realmente matá-la. Bella, como uma experiência em lutas notável, sabia como agir, o problema é que os dois damphirs também.           Ela não poderia mais se defender, teria que atacar.


Avançou para cima da garota guardiã, mas teve a sua passagem bloqueada pelos os 2 metros do outro guardião. Um ato estúpido, na opinião da foragida, pois esse mesmo movimento o deixou totalmente ao alcance do seu potente chute lateral com a perna direita. Quando ela mesma aplicou esse golpe e viu ele perder levemente o equilíbrio, de uma forma que o deixara apto a um ataque mais forte, até mesmo mortal, foi que ela finalmente entendeu.


Dimitri estava tentando proteger a outra garota, mesmo que isso custasse a sua vida.


Contudo, ele não era tão fraco como ela pensava, e Bella foi se dar conta disso quando recebeu um soco tão forte em seu maxilar que teve a certeza que se fosse humana, agora teria a cara esmagada. Num segundo ele tinha o peito livre para um ataque e no outro avançara tão rápido para cima da foragida que ela mal notara o movimento.


Um pouco desnorteada, a Arma X viu o chute de Rose acertar a sua barriga com tanta força que a impulsionou para trás. Então ela viu a sua chance. Agarrou o pé da guardiã e puxou para si, restaurou o seu equilíbrio, girou a damphir, prendendo-a em seu preito e ergueu a sua espada, a repousando na garganta da garota. Ninguém mais tinha duvida de quem seria o mais rápido dali.


Bella rosnou igual a um animal para o guardião que hesitou.


– Vadia miserável! Me solte, ou eu acabo com a sua vida – A foragida segurou com garras de aço a garota levemente mais baixa que ela, que no momento se sacudia e blasfemava.

– Parem! – Uma voz aguda se fez presente. A rainha já se esgoelava – Solte-a! – Ordenou para a Arma X

– Eu não sou sua serva – Começou Bella de forma rude – Mas a soltarei se você os controlar.

– Dimitri, solte a sua estaca – E o damphir, sentindo o seu coração pesar, segurou a sua arma por mais um segundo antes de abaixá-la, não a soltou, e nem soltaria.


E as três sabiam disso, de certa forma.


– Rose, se acalme e Bella te soltará – Lissa tentava passar uma voz calma, de confiança, mas todos ali ouviam o seu tom histérico, até mesmo ela. A foragida se perguntou para onde foi parar toda aquela frieza “real”

– Como se eu fosse confiar nessa vadia! – A Arma X por um instante admirou a coragem da garota. Qual é, ela podia cortar a cabeça dela tão rápido e fácil como se fosse manteiga. Sorriu vendo as tentativas inúteis de cotovelada de Rose, então a soltou e a empurrou para cima do homem, o qual prontamente a abraçou e puxou-a para trás de si.

– Me chame de vadia outra vez, e eu separo essa bola envolta de feno de cavalo, a qual você chama de cabeça, do seu pescoço – Bella ergueu a sua espada e apontou para a testa da garota que se esticava parar ver por cima do seu namorado gigante.


A foragida sentiu uma pontada de orgulho quando viu a guardiã se debater nos braços de Dimitri, tentando acertá-la. Em outra vida, elas poderiam ter sido amigas.


– Rose, pare com isso! – E lá estava a rainha fria novamente. A garota parou de se debater, mas o olhar de ira continuou lá. A Arma X abaixou a sua espada e a guardou em seu cinto.

– Tudo bem, nós já perdemos tempo demais com as apresentações – A Foragida tomou as rédeas da situação – Eu preciso, primeiramente, das plantas desse lugar e... –

– Do que ela esta falando? – Dimitri tomou a frente, a interrompendo.

– Lembra de quando a sua avó, na última visita, me disse que seriamos atacados? Bella então apareceu e me deu a mesma informação. – Lissa desabou em sua cama.

– E você vai acreditar em duas lunáticas, Liss? – Rose estava incrédula. – Sem ofensas – Seu olhar se suavizou por um instante ao olhar para Dimitri, afinal de contas, era a sua avó, mas logo virou o seu rosto para a sua melhor amiga e transformou o olhar de desculpa em algo um pouco mais ameno que raiva.

– Você, mais do que ninguém, não deveria duvidar dessas coisas, Rose. E, além do mais, você já se esqueceu do que vai acontecer hoje a noite? – A Rainha escondeu o seu rosto em suas mãos. Ser rainha deveria vir com um manual!

– A formatura dos novos guardiões – Sussurrou Rose, se sentando ao lado da amiga.

– Cancele-a, marque para outro dia – Dimitri foi frio.

– E eles aguardarão e atacarão – Bella, que se estava no canto em silencio, se pronunciou.

– Дерьмо! – A foragida levantou as sobrancelhas diante do palavrão em russo vindo do guardião. Descobriu de onde vinha o sotaque.

– Ainda sim, você vai colocar toda a guarda em alerta por causa de uma adolescente humana? – Rose se levantou e se pôs ao lado de Dimitri. Bella bufou.

– Primeiro: Eu sou, provavelmente, a mais velha aqui nesse quarto. Segundo: Não sou só humana. Terceiro: Estamos perdendo tempo aqui – Enquanto discursava, levantava os dedos conforme a ordem.

– Continua apenas sendo palavras – A Arma X estreitou os olhos diante da frase vinda da guardiã.

– Em 15 segundos, a porta lá de baixo será aberta, dois homens subirão as escadas, um de 1.75m, cabelos castanhos e olhos verdes, dará duas batidas na porta, entrará, com a permissão da rainha, e dirá: – “Me desculpe, vossa majestade, mas eu só queria saber se estava tudo bem.” E sairá. – O olhar de ‘Não entendi nada’ estava estampada no rosto dos outros três.  Dimitri estava pronto para pronunciar algo, quando a porta do andar de baixo foi aberta.


Os olhares, como mágica, se transformaram em assustados e descrentes.


Bella fez uma leve reverencia para a sua plateia, pegou a sua mochila, e se dirigiu para o banheiro ‘real’. Encostada na parede daquele imenso cômodo, a foragida não resistiu a vontade de se dar uma rápida olhada no espelho. Fez uma careta para o seu reflexo. Havia falado mal dos longos cabelos escuros da guardiã, mas, na verdade, os achara lindos. Enquanto reforçava o seu rabo-de-cavalo , escutou leves batidas na porta. Parou o seu movimento e prestou atenção.


– Entre – A rainha sussurrou.

– Desculpe incomodá-la, vossa majestade, mas eu queria saber se esta tudo bem por aqui – As palavras de preocupação do guardião de olhos verdes perdeu o sentindo quando um olhar de alivio tingiu as suas orbes. Ele vira Dimitri e Rose, e sabia que com eles, a rainha sempre estaria bem. Deu uma leve abaixada de cabeça e fechou a porta. Acenou para escada com a sua mão, silenciando as indagações do seu parceiro. Falaria depois para ele que a cadeira do quarto da rainha estava jogada e que os três lá dentro pareciam exaltados, mas que tudo estava bem, aparentemente.


Enquanto isso, Bella saiu do banheiro, atrás da sua cara de tranquilidade, uma de deboche estava fixa.


– Como você fez isso? – Rose tinha os olhos arregalados.

– Não importa, agora só temos que fazer um plano e acabar logo com isso – Diferente da maioria das pessoas, a guardiã apenas assentiu com a cabeça diante das palavras da foragida.

– Bella, muito obrigada pelo o que você esta fazendo – Liss se aproximou da Arma X e deu o seu maior sorriso.


Foi então que a foragida finalmente notou.


Rosnou pulando para trás. Ela deveria ter sabido. O cheiro estava no ar e tinha as presas. Bella se xingou internamente por não ter notado as presas. Mais vampiros. Lá estava a pergunta novamente: “Que raio de lugar é esse?!”


– Vampira – A Arma X acusou.

– Sim, eu sou uma – A rainha se pronunciou, já atrás dos seus dois principais guardiões. Era difícil saber quem era o mais confuso dos três.

– Como eu posso saber que esse é o lado certo? – A foragida levou as mãos aos cabelos, mas se sentiu ainda mais frustrada ao notar o quão bem preso ela os tinha.

 – Você os viu alguma vez? – Dimitri tinha a voz neutra

– Claro! – Bella conteu o impulso de caminhar de um lado para o outro. Então se lembrou dos outros humanos e sentiu um leve tremor. Será que já era tarde de mais para eles?

– Mas olhou dentro dos olhos deles? – A Arma X estava pronta para mandar outro: “É claro que sim!” Contudo, se conteve quando as íris vermelhas tingiram os seus pensamentos. Finalmente ela entendeu que todo e qualquer inimigo daquelas criaturas seriam, como dizem os humanos, “do Bem”.

– Vai demorar muito as plantas que eu pedi? – A foragida suspirou. Essa era a única forma de desculpa que ela usaria: esquecer.

– Muito obrigada Bella, mesmo – A rainha viu um pouco da luz da esperança no fim do túnel.


A foragida deu uma leve assentida de cabeça. Não tinha que agradecer, aquela era a sua obrigação, ora essa!


– Eu buscarei as plantas – Rose tomou a frente, no entanto, foi impedida pelo o braço musculoso de Dimitri.

– Eu irei – Declarou, mas ao ver as sobrancelhas franzidas da sua namorada, emendou – Ou você acha mesmo que eles lhe darão esses papéis? – O bufo de sua parceira foi resposta o suficiente.

– Ah! – A exclamação de Bella o fez parar com a metade do corpo para fora do quarto – Não se esqueça: Eu morri lá em baixo, à poucos minutos.

– Não, você sumiu no ar – A guardiã foi sarcástica.

– Você esta certa, mas pode deixar isso comigo, o importante é que ninguém mais saiba que eu estou aqui. – A Arma X levantou a cadeira derrubada e se sentou nela.

– Porquê? – Lissa caminhou até a foragida – Quanto mais guardas melhor, não é? –

– Ela acha que há um espião entre nós. – Uma leve pausa – Eu também – Com a sua declaração transtornante, Dimitri saiu fechando silenciosamente a porta.

– Se vocês me derem licença, eu preciso resolver uma pequena questão – A Arma X se desligou do presente e fechou os olhos. Na sua mente focada, ela se ligava em cada pessoa que havia passado minutos antes, focou-se em cada mente, e retirou qualquer resquício de sua aparição.


Abriu os seus olhos e deu de cara com íris incrivelmente verdes encarando-a. A rainha pulou para trás, com a mão espalmada sobre o peito. A foragida a ignorou e observou a porta, a qual quase instantaneamente se abriu.


– Você demorou – A Arma X acusou, ficando de pé, ignorando os olhares da rainha e da guardiã.

– Eu tive que ajudar a tirar 3 guardiões que estavam enterrados até o pescoço. Não me perguntem como isso é possível – Dimitri estendeu o grosso rolo de papel para a foragida. A qual escondeu um sorriso ao pegá-lo.


Bella o desenrolou sobre a gigantesca cama e pôs a sua mente de QI inumano para funcionar. Rose, Dimitri e Lissa trocaram um olhar que só pessoas com um laço muito forte conseguiam compartilhar, então se aproximaram daquela humana estranha.


– Tudo bem, primeiro me mostrem onde será essa cerimônia – A Arma X focou os olhos no minúsculo desenho do que seria um enorme salão de festas, indicado por um longo e calejado dedo masculino.


Os olhos da foragida esquadraram todo o papel, procurando alguma, qualquer coisa, que a pudesse ajudar. Achou um ponto no leste.


– O que é isso? – Bella virou a sua cabeça para a rainha. Lissa se inclinou e olhou por alguns segundos o pedaço de papel debaixo do indicador da Arma X.

– Se não me engano, ai era o nosso antigo salão de festas, mas houve alguns problemas de infiltração e então fizemos esse outro salão, em um ponto mais central.

– Perfeito – Sem se conter, a foragida abriu um dos seus sorrisos de duas faces. Um inimigo o veria como uma ameaça, enquanto um aliado se sentiria seguro.


...


Muitas e muitas léguas do local onde Bella estava, um vampiro se sentia em uma brincadeira de esconde-esconde super infantil e de mal gosto. Chamou outra vez o nome de sua guerreira e se abaixou para olhar debaixo de sua cama.


– Bella, apareça! – Desceu as escadas sentindo o seu rosto se transformar em um misto de frustração e raiva. – Eu não estou a fim de brincadeiras. Apareça logo – Bradou enquanto se dirigia a cozinha.


Parou ao sentir pisar em algo, se abaixou e pegou o delicado garfo de prata. Mirou os olhos para o balcão daquela grande casa, e sentiu uma pontada de magoa ao ver o seu café-da-manhã tão trabalhosamente feito praticamente intocado. Depois sentiu uma leve formigação nos dedos, os olhou como se não fizessem parte do seu corpo, ele nunca havia sentindo aquilo após virar o que era. Olhou em volta, experimentando uma sensação de claustrofobia. Algo de errado havia acontecido, alguma coisa dentro de si afirmava isso.


Então desejou, mais do que nunca, estar junto de Bella, e mesmo não sendo tão poderosa como a sua amiga, ainda sim a protegeria, seja de um inimigo, seja do mundo. Afinal, devia isso a ela.


Esse foi o seu ultimo pensamento antes de sumir em pleno ar.


...


Bella estava satisfeita como seu plano, os convidados já estavam em seus devidos lugares, todos com os seus egos e riqueza gigantescos. A celebração para seja lá o que for, acabara de começar. Lançou o seu ultimo feitiço protetor e foi se encontrar com os outros guardiões.


– Atenção, por favor – Cabeças se viraram para a Arma X. – Eu quero que metade de vocês entre lá dentro – Apontou para o salão – E a outra que fique aqui fora. Misturem os mais experientes com os mais novatos. – Concluiu tirando a sua espada que havia sido posta em seu cinto.


Antes havia descoberto que tudo se tratava de uma espécie de corte, dividido entre prédios administrativos, lares e lazer. Tudo distribuído de uma forma graciosa. Havia aprendido também como matar um Strigoi: decapitação, empalamento ou queimando-o vivo. Suas formas prediletas de matar.


– Quem foi que te elegeu a líder aqui? – Perguntou um homem careca, de uns 30 anos, e duas cabeças maiores que Bella.

– Eu já derrubei exércitos de trolls três vezes maiores que você, usando só a minha espada – A foragida ergueu casualmente a sua arma – Então é melhor eu ouvir algum respeito nessa sua voz de merda antes que eu resolva te matar com o meu dedo mínimo. – Sua voz era suave e baixa. Não houve um ali presente que não tivesse sentindo um arrepio, mesmo achando as palavras completamente sem sentindo.


O homem careca abriu a boca para mandar alguma resposta, quando foi puxado por Dimitri. Todos escutaram a frase: “Ela está a serviço da rainha” dita alta demais para ter sido dirigida apenas para o damphir careca.


Ocorreu um momento de silencio tenso até todos começarem a se movimentar, fazendo a divisão dos guardiões por variados critérios. Bella ficou na linha da frente, pois queria ver aquelas criaturas rosto a rosto, sentir o mal fluindo delas e então matá-las sem um pingo de piedade. Todas as linhas telefônicas já tinham sido cortadas e as saídas bloqueadas. Ninguém entrava ou saia dali sem ser visto. Ou seja, o circulo estava fechado para o espião.


Houve um pequeno murmúrio de susto quando um homem começou a falar em um microfone, isso por parte dos novatos, pois os veteranos mantiveram os seus olhos no horizonte, seus dedos já brancos de segurar as suas estacas, ou no caso de uma garota quase albina, uma espada.


Havia guardiões espalhados por todo o perímetro do salão, tentando não evidenciar a armadilha para o inimigo, mas se os Strigois estivessem sendo guiados pela a inteligência, e não pela sede de vingança, poderiam até ter notar o que os esperava. Poderiam.


Já eram 10 horas da noite, e a espera a estava deixando enjoada. Abriu os seus dedos já rígidos e os fechou novamente no cabo de duas mãos de sua espada de metal élfico. Soltou um leve rosnado quando os seus olhos super desenvolvidos captaram uma sombra na parte menos iluminada do local. Essa sombra se multiplicou de uma forma tão rápida e assustadora, que o bater de pés de alguém fugindo foi até escutado, mas não notado.


Guerras nunca são iguais, as armas evoluem e as batalhas consequentemente também, contudo, aquela adrenalina no peito por imaginar que aqueles poderiam ser os seus últimos minutos, não muda. Você até pensa em alguém ou em algum lugar, mas então a sua arma é erguida, você dispara, corta ou lança, e como se fosse um botão liga/desliga, tudo dentro de si se congela, não há mais pensamentos ou emoções. Seus instintos reinam, então você morre, ou reza para que aquilo tudo aqui que acabara de passar nunca mais se repita.


Diferente das batalhas tão glamorosamente mostradas pelas as indústrias Hollywoodianas, não se corria em uma linha reta até os dois lados se chocarem em um encontro sangrento. E ali também não havia muitas trincheiras para se esconderem. O inimigo apenas vinha de lugares inimagináveis. Ai você morria, ou ia para o próximo. Uma regra simples.


E a foragida a conhecia muito bem. Embainhou a sua espada em seu cinto e pegou duas adagas escondidas na meia esquerda. Lançou uma e viu uma sombra cair, hesitou um segundo, então se virou e jogou outra para cima do telhado. O saco de peles e ossos despencou. Esse foi o seu primeiro contato com a criatura, ela estava aos seus pés, morta. A Strigoi planejava pular em cima dos guardiões, mas foi surpreendido pela a arma da Bella.


A Arma X olhou fixamente para o corpo, esperou a chegada do remorso, ou qualquer coisa assim. Mas ele não veio, e isso era tudo o que Bella precisava. Sacou a sua espada e abriu o seu sorriso sedento de sangue e adrenalina.



POV/ BELLA


Eu estava cara a cara com uma daquelas criaturas, seus olhos com o circulo vermelho estavam esbugalhados, seu hálito podre me enojava. O fato da minha lamina estar atravessando o seu peito me impedia de vomitar. Retirei a minha arma dentro daquela coisa e girei procurando a próxima vitima, mas tudo o que eu vi foi um Strigoi entrando nas grandiosas portas do salão de festas.


Os meus lábios se puxaram para cima quando eu comecei a correr.


Ao passar pelas grandes portas duplas, o meu cérebro travou por um segundo. Então voltou a vida e processou tudo o que acontecia ali em um tempo recorde. Pisquei os olhos e tirei um circulo de prata fundido com os 4 elementos de dentro do meu bolso traseiro. 5 daqueles haviam sido feitas e já estavam fixados em cima dos lugares que ofereciam alguma saída. Que eram: duas janelas grandes, uma porta de funcionários, uma porta de saída de emergência e essa porta que estava atrás de mim.


A minha função era distrair o inimigo e bloquear a saída da frente, assim, embainhei a minha espada e comecei a puxar o meu arco.


Saltei para trás quando as garras de um Strigoi musculoso passaram no intuito de rasgar o meu pescoço. Foi por pouco. O problema era que aquela coisa era muito rápida. Nos embolamos em um jogo de chutes e socos que não conseguiam atingir um ao outro, pensei em pegar a minha espada, mas sabia que se abaixasse a guarda eu levaria um belo de algum golpe.


Cruzei os braços em frente ao meu rosto quando uma sucessão de golpes choveram para cima de mim. Foi exatamente ai que eu me dei conta que estava apanhando. Mas Isabella Swan não foi criada para apanhar. Me joguei para cima dele, um leve empurrão que o fez dar um curto passo para trás, mais pelo o susto do que força. Abri o meu sorriso.


– Minha vez – Afirmei. Avancei para cima do grandalhão usando a minha velocidade como arma, pois a coisa estava acostumada a ser rápido, mas não a lutar com alguém tão rápido quanto ele. Foi isso o que eu notei quando o meu punho acertou a lateral da sua cabeça.


Me agachei e tentei dar uma rasteira, antes mesmo de saber que não tinha dado certo, eu já havia rolado para o lado e pulado de pé. Fiz uma finta para a esquerda, e quando o notei cair naquele velho truque, vi a minha chance. Chutei o seu flanco com tanta força que senti o meu pé dar uma forte pontada, a qual logo foi esquecida ao ver o Strigoi cambalear me dando chance de tirar a minha espada.


Então a luta já estava ganha.


Como se a minha espada fosse um taco de baseball e a cabeça daquela criatura fosse a bola, eu a girei, com força até de mais, e vi o seu corpo decapitado cair no chão. Olhei em volta, alerta. Contudo, as lutas mais intensas se concentravam mais no meio do salão. Era tudo o que eu precisava.


Embainhei a minha arma novamente, nem me dando o luxo de limpar o sangue em sua lamina, e tirei o meu arco das minhas costas, peguei uma flecha qualquer de alumínio, mas antes de dispará-la, guiei o pequeno circulo de prata, pedindo da ajuda do elemento ar, até um pequeno prego estrategicamente fixado na parte de cima da porta.


Agora todas as saídas estavam bloqueadas para os Strigois.


Hora de seguir para a outra parte do plano. Ergui o meu arco e apontei para o centro do salão, mais precisamente para o lustre, o qual tinha pequenas linhas, cobertas de álcool, penduradas. Elas desciam até chegar aos cantos, onde se encontravam com um intricado caminho de pólvora. Nada muito poderoso, entretanto, deveria ser o suficiente para atordoar aquelas criaturas, dando tempo para os guardiões fugirem dali.


Concentrei o elemento fogo na ponta da flecha e a soltei, tudo aconteceu de acordo o plano: as cordas, feitas de um material resistente, começaram o seu caminho de fogo até chegarem ao chão. Antes mesmo de atingir a pólvora, muitos guardiões já haviam conseguido fugir, depois foi uma questão de tempo até os Strigois se desconcentrarem das lutas e todos os aliados ainda vivos correrem dali. Hora do meu toque final.


Comandei as chamas para irem fechando o circulo, logo elas iriam consumir todas as criaturas ali dentro. Seria algo rápido e simples. Ou deveria ter sido. Ao me virar para sair tranquilamente pelas as portas atrás de mim, tive um vislumbre de algo dourado. Minha respiração ficou presa. Estreitei todo o espaço ocupado pelos Strigois e vi, com o coração apertado, fios de cabelo de uma inconfundível cor cobre.


Sabe aqueles milésimos de segundo em que a sua mente para de funcionar e quando você se da conta, estamos no meio de um exercito sedento de Strigois que não sabem se te matam ou se fogem do fogo agourento? Acho que não, mas essa era a minha situação no momento.


Fechei os meus olhos e, apenas usando o meu poder de previsão do futuro, me desviei dos ataques, sendo guiada apenas por aquela fragrância cítrica no meio de toda aquela podridão. Girei indo para esquerda, deixando assim uma daquelas criaturas ir de cara com o fogo, então abri os olhos.


Lá estava ele, cara a cara comigo. Eu queria gritar, queria pedir uma explicação, queria socá-lo, ora essa! Mas me contive e apenas agarrei o seu braço, o qual era tão pálido quanto o dos Strigois, e aparatei. Mal pisei no gramado do lado de fora do prédio e já estava berrando.


– Você está maluco? – Perder o controle não era algo característico de mim, mas naquele momento, eu estava longe de ser eu mesma. – O que você esta fazendo aqui?

– Eu não sei como vim parar aqui! Só quis saber onde você estava, e então acabei aparecendo lá dentro, do nada. – Apontou para algum lugar atrás de mim, provavelmente o prédio pegando fogo, contudo, eu não olhei para trás para confirmar. A minha raiva não deixou.

– Faz idéia que você poderia ter morrido lá dentro? – Puxei os meus cabelos – Merda, Edward! –

– Pare de gritar comigo! – Urrou o meu Sonhador se aproximando – Eu não tenho culpa do que aconteceu –

– É verdade, você não tem culpa, a culpada aqui sou eu por te envolver no meu mundo. Eu não deveria existir – Ri de escárnio

– Pare com isso! – Agarrou os meus ombros – Pare de achar que salvar o mundo é a sua obrigação. Pare de achar que tudo o que dá errado no mundo é sua culpa. VOCÊ NÃO É O CENTRO DO UNIVERSO! – Me afastei atordoada, balancei a cabeça e mandei o tupor embora.

– Eu posso não ser o centro do universo, mas cada vez que uma tragédia acontece a culpa é minha. Sabe o porquê? Porque eu tinha a chance de mudar as coisas e não fiz nada! – O destino não havia me deixado sobreviver com todos aqueles poderes para nada.

– Enquanto você pensar dessa maneira, continuará sozinha. – Nunca 7 simples palavras, dita num tom de repulsa, conseguiram me afetar tanto. Um desconhecido aperto no meu peito e uma praticamente desconhecida sensação de ter os meus olhos se enchendo de lágrimas me abateram. O ar entrou com dificuldade nos meus pulmões enquanto eu dava um passo para trás. Porque essa reação? Porque eu sabia que cada palavra era a mais pura verdade. 


Agindo como uma verdadeira covarde, eu comecei a correr. As pessoas abriram espaço para eu passar. Eu não via os seus rostos, mas sentia a sua compaixão sendo transmitida para mim. Aquilo me deu asco. Quando eu estava um pouco longe dos olhares, eu aparatei. Definitivamente, aquela não era eu.



POV/ EDWARD


Olhei com raiva para todas aquelas pessoas que estavam a minha volta.


– Gostaram do show? – Vocerifiquei, e vi muitos desviarem o olhar e outros abaixarem a cabeça – Ela, todos os dias, arrisca a vida por vocês, mas eu duvido que haja alguém aqui que a tenha agradecido, ou que ao menos saiba o seu nome completo dela! –


Passei os meus dedos pelos os meus cabelos. Inferno, porque eu sempre tinha que estragar tudo?! Me assustando, senti alguém tocar o meu braço, voei os olhos para a pequena mão, então busquei o rosto da dona. Era uma garota com um leve tom bronzeado, os seus olhos transmitiam inconscientemente um ar ligeiramente feroz.


– Vá atrás dela – Sussurrou me encarando. Então se afastou e foi para o lado de um homem incrivelmente alto.


“Como?” – Pensei um tanto desnorteado. Eu nem sabia onde estava e muito menos para onde Bella deveria ter ido. Mas ficar ali parado também não era exatamente uma opção. Sem dizer mais nada, sai de perto daquelas pessoas, e fui para o mesmo lugar em que eu vi, imponente, a minha Guerreira sumir em pleno ar.


– Vamos – Disse pra mim mesmo já frustrado – Você conseguiu fazer isso antes, então poderá fazer isso agora de novo – Fechei os meus olhos com força e pensei em Bella.


Esperei sentir ser puxado pelo o meu umbigo e a sensação de enjoou, contudo, elas não vieram. Novamente.


– Você de deve estar fazendo algo errado, Edward – Eu havia me decidido me afastar um pouco mais de onde as outras pessoas estavam, então agora a minha voz ecoava no silencio da floresta – Além de falar sozinho com sigo mesmo – Murmurei


Ok, antes eu só havia pensado nela com muita concentração. Isso deveria ser a base. Depois eu quis estar junto dela. Certo, eu estava fazendo isso também. Enquanto eu pensava no que estava fazendo de errado, um vento surgiu de repente.


“Pense nela” Se alguém perguntasse, eu juraria pela a minha vida que a brisa havia sussurrado para mim. Meus instintos me mandaram olhar em volta, entretanto, algo em minha cabeça começou a me puxar para uma única imagem. Era a Bella dormindo. Esqueci do resto do mundo naquele instante. Lembrei de como ela passava os dedos pelo o cabelo sempre que estava nervosa, de como ela empunhava a sua espada, e então parecia a rainha de todo o mundo. Uma rainha guerreira.


Desejei mais uma vez estar junto dela, só que agora com ainda mais força. Eu realmente queria estar ao lado dela e fazê-la entender que tudo o que eu disse foi um erro, e que eu queria, mais do que nunca, que ela também quisesse ficar do meu lado com a mesma intensidade do que eu.


O embrulho veio e voltou mais rápido do que eu esperava. Talvez eu estivesse me acostumando. Abri os olhos e dei uma rápida checada em volta. Eu estava na clareira. Lá no fundo, eu já sabia que ela estaria aqui. Não precisei forçar muito a minha visão para vê-la sentada embaixo da sua, e antigamente minha, árvore. Eu sabia que ela já havia me visto, mas ainda sim, fui cauteloso. Caminhei até a minha guerreira.


– Eu vim me desculpar – Comecei o meu discurso improvisado. – Aqui tudo o que eu disse... –

– Era a mais pura verdade – Ela voltou o seu rosto para mim, e o seu olhar vazio me apertou o peito – Eu é que peço desculpas, Edward, por ter te deixado lá. – Abri a boca para contestá-la. – Deixe-me falar, por favor. – Assenti fechando novamente os meus lábios.

– O meu mundo é diferente do seu, e foi um erro trazê-lo para dentro dele. Você tem uma família, e um dia terá uma namorada. Você quase morreu hoje, como na última vez. Está me entendendo? Só de estar conversando aqui comigo, já esta correndo perigo.

– Você está sugerindo que... – Não fui capaz de completar a minha frase, pois de alguma forma, ela doeu dentro de mim.

– Sim, eu estou sugerindo que nós nunca mais nos vejamos. Finja que nada disso aconteceu. Volte a ser quem você era antes – Ela se levantou. – Eu vou indo, Edward. Foi bom passar esse tempo com você.


Foi ai que eu fiquei com raiva.


– Você não pode simplesmente virar as costas e me pedir para esquecer tudo! – Gesticulei nervosamente – Eu não vou acordar a amanha e te esquecer, você é a única amiga verdadeira que eu tenho. –

– Me desculpe – Bella sussurrou – Mas eu não posso te por em perigo outra vez – Negou com a cabeça

– A vida é minha, se eu coloco ou não ela em perigo o problema é meu. – Fechei os meus punhos

– Sério? E se fosse o contrario? E se fosse eu que arriscasse a vida toda a vez que estivesse contigo, o que você faria? – Cruzou os braços e me olhou em desafio

– Eu... – Ela tinha me pego em guarda baixa. Droga!

– Está vendo? – O olhar vazio voltou. – Isso será o melhor para nós dois. – Encolheu os ombros. – Ah, antes que eu me esqueça, eu estive pensando em como você foi parar lá no meio. A conclusão é que quando você bebeu do meu sangue, absorveu um pouco dos meus poderes. – Notei que ela dava essa explicação agora para que eu não fosse procurá-la depois. Aquilo doeu.

– Entendi. – Minha voz estava seca – Mas e agora, você apaga a minha mente e vai embora? Ou você tem outros métodos que eu não conheço? –

– Eu nunca faria isso – Ela estava ofendida. – É o mínimo que eu devo pra você –

– Você não deve nada para mim – O ofendido agora era eu

– Ok. Eu não quero mais discutir – Ela soou cansada – Adeus – Caminhou até mim e beijou o meu rosto. Deu um passo para trás e sumiu no ar.


Eu sabia que aquele era o ultimo momento em que eu teria algum contato com ela novamente. Ou deveria ser. Mas eu não iria desistir dela tão fácil.


POV/ NARRADOR


Novamente em cima de uma árvore, ele presenciou a cena que ocorria abaixo com um largo sorriso no rosto. De certa forma, sentiu uma pontada de orgulho da foragida. Era uma atitude difícil essa que ela tomara. Logo sentiu raiva de si mesmo. Não deveria sentir mais nada daquela escória a não ser asco. Mas então se lembrou de vê-la cabisbaixa encostada na arvore. Completamente sozinha. Como ele.


Sentir algo que não seguisse a linha da raiva, asco e nojo, não era algo natural para aquele homem. O seu alvo acabara de aparatar, então mudou o seu foco para o vampiro ali. Se surpreendeu com a vontade insana que teve de matá-lo. Se inclinou no galho, pronto para pular. Contudo, antes de tomar o impulso, se lembrou que aquilo era uma atitude mais do que irracional. Um ato idiota.


Seus vários anos de treinamentos lhe passaram que cada atitude deveria ser minimamente planejada. Cada detalhe, por menor que fosse, deveria ser pensado. E estar ali, pronto para matar um ser só por sentir vontade de matá-lo lhe surpreendeu. Ele estava estranho. Sentindo coisas estranhas.


Acompanhou o vampiro começar a correr. E sentiu que ele deveria sair de vez da vida da foragida. Mas naquele instante, ele não sabia exatamente porque queria tanto aquilo. Balançou a cabeça e abriu uma brecha no ar. Amanhã era um novo dia. E logo o seu plano já estaria em ação. 



¹ - Fórmula da energia cinética


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Foragida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.