Escolhido Ao Acaso escrita por Mandy-Jam


Capítulo 6
Um cliente nada simpático


Notas iniciais do capítulo

Mais um novo e emocionante capítulo.
A escola está acabando! Por isso, assim que eu estiver livre, vou colocar todos os reviews em dia.
Beijos e boa leitura!



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Era segunda de manhã. Segunda... De manhã. Essas três palavras não combinam na mesma frase, mas mesmo achando isso tive que levantar da cama e ir para o trabalho.

Assim que saí de meu prédio, pude ver Kim pronta para atravessar do outro lado da rua. Eu soltei um bocejo e acenei de leve. Ela retribuiu, mas logo colocou a mão de volta no bolso do casaco.

Estava muito frio. Tive que me vestir debaixo do cobertor e esperar um pouco até ter coragem de levantar, e aposto que muitas pessoas deviam fazer o mesmo. É uma ótima tática de sobrevivência.

Enquanto pensava nisso, observava Kim atravessar a rua. Ela olhou para os dois lados, mesmo não tendo carro nenhum vindo. NY estava completamente deserta naquela parte.

Porém... Assim que Kim pisou na rua, um motoqueiro passou em alta velocidade. Eu arregalei os olhos, pois pensei que veria a morte dela. Não tinha como o cara parar, mas de algum jeito mágico ele conseguiu. No último minuto, Kim se jogou para trás, e o motoqueiro parou fazendo os pneus cantarem no asfalto.

Mesmo estando do outro lado da rua, pude ouvir Kim gritar com ele.

- Você é cego por acaso, sua toupeira?! – Reclamou ela se levantando com raiva. O homem da moto riu sem ligar e falou alguma coisa que deixar Kim com raiva.

Ele saiu de perto dela na mesma velocidade que tinha chegado, e minha amiga finalmente conseguiu atravessar a rua. Eu ainda estava chocado pela cena.

- Como... Como o cara conseguiu parar a moto?! Você viu aquilo?! – Berrei impressionado. Kim deu de ombros, irritada.

- Moto... Aquilo estava mais para um caminhão. Se o imbecil não conseguisse parar, eu viraria uma mancha na calçada. – Resmungou ela. Franzi o cenho. Não lembrava que a moto dele era tão grande assim, mas talvez aquilo fosse porque eu estava do outro lado da calçada.

- Você está bem? – Perguntei á ela. Kim olhou para mim por alguns segundos sem responder nada, mas depois assentiu.

- Melhor do que a cara dele vai ficar se aparecer na minha frente de novo. – Respondeu ela. Kim provavelmente ainda devia estar abalada. Ao menos eu estaria se quase fosse atropelado por uma moto no café da manhã, mas como sempre ela parecia firme e forte. Como se nada á afetasse.

- O que ele disse para você? – Perguntei enquanto andávamos em direção á loja de instrumentos musicais.

- Imbecil... – Resmungou Kim com raiva, mas logo contou – Ele falou “Isso que dá atravessar a rua sem a sua mamãe, benzinho”.

Eu ri. Kim olhou para mim com raiva, por eu achar graça disso.

- Benzinho? Ele parece realmente um daqueles motoqueiros esquisitos que implicam com as pessoas. – Comentei rindo – Que idiota fala “benzinho”?

Kim riu um pouco, mas depois parou. Seus olhos miraram o nada, e ela parou de andar de repente. Seu cenho se franziu levemente, e eu olhei para ela sem entender. Parecia que ela tinha lembrado de algo nada agradável.

- O que foi? – Perguntei um pouco tenso. Ela piscou os olhos algumas vezes.

- Nada... Não foi nada. – Respondeu com uma voz fraca – É só...

Kim olhou para mim de um modo preocupado, mas ao mesmo tempo curioso. Eu me senti estranho por um momento, mas logo depois ela negou com a cabeça.

- Tsc. Que ridículo. – Parecia que estava falando isso para uma de suas idéias.

- É... Se você diz. – Disse voltando a andar com ela. Nós paramos na frente da loja de instrumentos musicais, e Kim revirou os olhos.

- Tenha um bom dia patético, Matt. – Falou ela – Tente vender alguma coisa para pagar a sua dívida comigo.

- Ah, pode deixar. – Concordei em um resmungo. Entrei na loja e fui para trás do balcão como sempre. Eu puxei a primeira cadeira que vi e resolvi estender o meu sono de segunda feira.

POV Kim

- Acorda. – Disse cutucando-o.

- Aaah... Zzzz... – Matt murmurou alguma coisa impossível de entender, e continuou dormindo. Eu passei o dedo indicador pela sua nuca, e ele deu um pulo da cadeira sentindo um forte arrepio.

- Isso sempre funciona. – Comentei com vontade de rir.

- Odeio quando você faz isso. – Disse ele tremendo um pouco – Me dá um arrepio horrível!

- Você tem noção de que horas são? – Perguntei cruzando os braços.

- Ahm... – Ele inclinou a cabeça de lado – Não.

- É. Era o que eu imaginava. – Confirmei. Eu apontei para o relógio na parede, e Matt limpou os olhos tentando enxergar melhor – São 5 da tarde.

- O que?! – Berrou ele assustado.

- Ok. Pode falar a verdade. Você dormiu desde que você chegou aqui, não é? – Falei cruzando os braços, mas ele mentiu.

- Não. Claro que não. Como eu poderia fazer isso? Uh. Estou morrendo de fome. – Disse ele se levantando.

- Fome? Bem... Acho que isso é normal quando um animal acorda depois de hibernar. – Impliquei. Ele me lançou uma careta e eu ri negando com a cabeça – Você nem mesmo liga para essa loja, não é? E se alguém tivesse entrado aqui e roubado todo o dinheiro?

- Que dinheiro? – Rebateu ele em um resmungo.

- Tem razão. – Concordei.

- Francamente... – Ele se esticou e reclamou um pouco da dor nas costas – Esse lugar é legal de se trabalhar, mas bem que podia ter mais movimento. Eu não vi ninguém entrar aqui o dia todo!

- Você dormiu o dia todo, Matt. – Rebati.

- Mesmo assim. Eu teria acordado se alguém entrasse no lugar. – Disse ele, e eu tive que rir.

- Não acordaria nem se um elefante entrasse aqui. – Eu me virei em direção á porta, mas parei de rir imediatamente – E por falar em elefantes...

Matt olhou para mim sem entender, e depois para a porta. Ele não pareceu tão preocupado quanto eu (provavelmente ele estava com mais medo do que preocupação), mas eu tinha lá meus motivos.

Na nossa frente, entrando na loja e fazendo o chão inteiro tremer, estava a motoqueiro babaca que quase tinha me atropelado com aquela moto gigante. Mas não era isso que estava mexendo comigo. Era algo no modo dele falar que estava me deixando tensa. Quando ele falou comigo de manhã... Ah, esquece.

Seus lábios se contorceram em um sorriso torto e maldoso. Eu me mantive séria, e sem querer, é claro, encarava ele com um olhar de raiva. Matt tentou fazer sua coluna ficar reta.

- Ao menos um cliente. – Murmurou ele para mim.

- Não tenho certeza se você deveria comemorar. – Comentei de volta.

Matt não me ouviu. Na verdade, ninguém ouviria, já que a voz do cara soou mais alta e grossa do que a de qualquer humano normal.

- Ora, mas como o mundo é pequeno. – Comentou ele em tom de zombaria – Você conseguiu atravessar a rua sozinha dessa vez, ou o seu amiguinho te ajudou, benzinho?

- Benzinho é a sua... – Matt me interrompeu.

- No que posso ajudar? – Perguntou Matt com um pouco de medo do que o cara poderia fazer se ouvisse minha frase inteira. Ele abaixou os óculos escuros e olhou para Matt, que achou aquilo completamente normal.

Mas eu não. Esfreguei a mão contra meus olhos na tentativa de enxergar melhor. Os olhos do cara, ao invés de serem azuis, verdes ou castanhos, eram vermelhos. Mas... Não era um tom de vermelho comum. Era... Como o vermelho de fogo.

Podia ver um brilho sair deles, mas eu achava que aquilo era pura imaginação. Não... Claro que não.

- No que você pode ajudar? – Perguntou ele rindo – A mim, nada. Mas acho que sua amiga está precisando de auxílio para calar a boca.

- E você está precisando de aulas de direção. Está no lugar errado, ou será que não notou as guitarras na parede, otário? – Rebati no mesmo nível. Ele olhou para. Esperava que ele ficasse irritado, mas aquilo parecia estar divertindo ele.

- Ficou irritadinha? Eu é que devia ficar. Imagina o trabalho que ia dar para tirar você como chiclete das rodas da minha moto? – Retrucou ele.

- Não precisaria ter trabalho se prestasse atenção na rua, ao invés de ficar se exibindo feito um babaca com a sua moto. Mas acho que isso é impossível para você, não é? – Devolvi.

- Que tal eu pegar uma faca para nós vermos quem é mais afiada? A sua língua ou ela. – Ameaçou ele.

- E que tal você ir á...?! – Matt me interrompeu.

- O que o senhor deseja mesmo? – Perguntou Matt antes que eu completasse a frase novamente.O motoqueiro ajeitou a postura e olhou para ele, agora parando de rir como se Matt tivesse cortado toda a sua diversão.

- Nada que venha dessa lojinha, é claro. – Respondeu ele – A única coisa que eu quero é uma informação.

- Que informação? – Perguntou Matt.

- Você é Matt Harris? – Perguntou o motoqueiro. Eu arregalei os olhos um pouco. Era ele. O cara que tinha falado antes com Ashley no meu sonho. O que estava mesmo atrás de Matt. O jeito como ele dissera seu nome me fez lembrar de todo aquele sonho bizarro.

A força dele era impressionante. Se pegasse Matt, já era. No fundo eu realmente queria que aquilo acontecesse, mas isso poderia me dar problemas com a polícia, por isso olhei para Matt quase que gritando silenciosamente para que ele respondesse “não”.

- Sim.  – Respondeu ele franzindo o cenho – Por quê?

- Era só isso que eu precisava saber. – Sorriu ele com maldade. Ele avançou em sua direção, e pude notar que Matt estava desentendido demais para saber o que iria acontecer.

Rapidamente eu fui para frente de Matt (não podia deixar ele morrer enquanto me devia dinheiro) e tentei empurrar o cara com toda a minha força. Ele parou de andar e olhou para mim como se eu fosse um inseto.

- Se manda da minha frente, garota. Antes que sobre para você também. – Avisou ele.

- Não sabia que era um covarde. – Disse liberando toda a minha raiva.

- Do que você me chamou? – Perguntou ele. O cara olhou furioso para Matt e depois sorriu torto – Ah, entendi. Quer que ela te proteja, não é?

- Esquece ele. Isso é entre eu e você, idiota. – Disse empurrando-o mais uma vez. Ele olhou para mim com raiva – Ou você acha que pode quase me matar, e está tudo bem?!

- Quem eu quero matar no momento é ele. – Disse – Agora se manda da minha frente.

- Me matar? – Repetiu Matt sem entender. Eu virei o rosto para ele rapidamente.

- Corre. – Disse, mas eu duvido que o idiota tenha ouvido. Eu olhei para o motoqueiro ainda na minha frente – Qual é o seu problema afinal? Ficou com medo de me enfrentar?

- Você só pode estar brincando. – Riu ele de mim – Se eu perdesse o meu tempo com garotas que nem você, meus dias seriam tediantes.

Sem que eu pudesse reagir, ele me levantou com uma única mão e jogou para longe. Minha cabeça quase bateu contra a porta da loja, o que me surpreendeu. Quem era aquele cara?! Um primo do Incrível Hulk?!

- Opa... Calma. – Disse Matt chegando para trás.

- Pobre Matt Harris. – Disse ele com raiva – Vai aprender da pior maneira que não deve se meter no meu caminho.

O cara pegou Matt pela gola da camisa e o levantou do chão. Seus pés balançaram no ar, e meus olhos se arregalaram. Matt foi lançado para fora da loja com um simples movimento, e eu corri para ver se eles estava bem.

- Matt? Matt! – Exclamei sacudindo-o. Matt gemeu de dor e olhou para mim com medo.

- Você está bem Kim?! – Perguntou ele.

- É claro que eu estou! Mas e você?! – Perguntei tensa.

- Não... – Gemeu ele com dor.

- Dá o fora antes que aquele maluco volte! – Disse á ele que estava ficando sentado.

- Se eu pudesse, já estaria correndo. – Disse com uma voz fraca.

A risada do motoqueira foi ficando cada vez mais perto. Ele andou até a porta da loja e Matt e eu ficamos encarando um tanto perplexos demais para fazer alguma coisa.

- Quem é esse cara?! E o que ele quer comigo? – Perguntou ele sem entender.

Olhei para Matt. Sem que eu pudesse impedir o palpite que eu achava quase que certo, embora não entendesse como eu sabia que ele era certo, acabou escapando da minha boca.

- Matt. Ele é o ex-namorado da Ashley. – Contei devagar – E... Ele quer matar você.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Tenso. Corre, Matt, corre!
Veremos se ele vai ser morto, ou vai conseguir dar um jeito de fugir. Ou ganhar do Ares. Ahm... Acho que a última alternativa não é muito provável.
Enfim... Até os reviews!



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