Escolhido Ao Acaso escrita por Mandy-Jam


Capítulo 12
E a história se repete novamente


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o novo capítulo!
Finalmente a história vai começar a ficar tensa e perigosa. Ainda mais do que antes.
Ação está por vir!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/161242/chapter/12

POV Kim

Eu me joguei na cama, e minha mente girou 360º graus. Tive que respirar fundo e me controlar para não causar um novo terremoto.

Estava com raiva, irritada, zangada, frustrada, assustada, nervosa e preocupada.

Deus dos mortos?! Meu pai?! Eu sou filha do cara que manda no inferno? Ah, não... Louco demais. Mas... Porque fazia tanto sentido para mim? Aquilo parecia esclarecer tudo.

- Não. Não... Isso é loucura. Ele devia ser só um maluco na rua. Ignora. – Disse negando a cabeça. Meus olhos estavam fechados, e meu corpo tenso, mas não demorou muito para que eu caísse no sono.

Não sei muito bem como eu conseguia ter sonhos tão estranhos, mas acho que ultimamente eu não sabia muita coisa sobre a minha vida, por isso resolvi só observar.

Uma garota descia as escadas com um pijama de frio. Podia sentir que não o lugar não estava tão frio quanto em NY, mas era bem similar. O cabelo castanho da garota estava bagunçado, e seus olhos castanhos mostravam sono.

Quando acabou de descer as escadas, virou a direita para ir á cozinha, mas foi surpreendida por alguém aparecendo na sua frente. Ares.

- Nossa. Acordada á essa hora? Pensei que as crianças já deviam estar na cama dormindo. – Comentou ele segurando o queixo dela, e sorrindo torto. Ela moveu seu rosto para o lado rápido e soltou-se da mão dele. Ele riu – Oown, o que houve?

Ela não respondeu. Foi direto para a cozinha passando por ele, e procurou alguma coisa em cima do balcão, e a pegou. Uma caneca com chocolate quente.

- Não vai falar comigo? – Perguntou ele rindo e chegando para perto. Ela fingiu que não ouviu, desviou o olhar um tanto incomodada, e tomou um gole de chocolate. Ele foi para perto, e tentou não rir – O que houve, hein? Não vai mesmo falar comigo?

Ela desviou o rosto antes que ele pudesse segurar seu queixo novamente.

- Alice... – Disse ele em um tom repreendedor, mas ao mesmo tempo com um fundo de brincadeira – Se você não falar comigo, acho que é melhor nós termos uma conversa, ouviu?

Parecia que ele tinha outro sentido para a palavra “conversa”, mas eu não perdi tempo tentando entender, porque estava ocupada demais rindo mentalmente da cara dele, quando ela disse...

- Desculpa, mas eu não converso com idiotas. – Rebateu ela. Seus olhos castanhos pararam nos de Ares, que franziu o cenho sem entender. Ele revirou os dela e negou com a cabeça – Covarde.

- Do que você está falando? – Perguntou ele sem entender, mas então se tocou e riu – Ah! Está falando do Harris?

Ela respirou fundo, e assentiu. Alice Kelly. Então era ela...

- Você vai ficar irritada comigo, porque o meu eu de NY tem assuntos pendentes com esse cara? – Perguntou ele rindo e analisando o rosto dela.

- Não interessa que eu você diz que ele é. É parte de você. É você. – Insistiu ela – E acho que não preciso dizer o quanto estúpido isso é.

- Não tem nada de errado no que eu estou fazendo. – Murmurou ele revirando os olhos.

- Está atacando um mortal! – Exclamou ela virando-se para ele – Será que você precisa de ajuda para enxergar que isso não é uma luta justa?! Que isso é errado?

- Ninguém disse que era uma luta injusta. – Rebateu ele.

- Eu estou dizendo que é uma luta injusta. – Retrucou ela. Alice colocou a caneca em cima do balcão e olhou para ele - Você está tentando se vingar de um mortal que está saindo com a Afrodite. Sendo que o cara nem sabe quem é a Afrodite.

- Claro que sabe! – Reclamou ele.

- Ah, é! É por isso que ele chama ela de Ashley! – Rebateu ela em sarcasmo. Alice tinha falado isso no mesmo tom de voz dele, e logo depois os dois ficaram em silêncio. Ares sorriu torto, e acariciou o rosto dela, mesmo ela tentando desviar.

- Ei. Sh... Calma. O que está te irritando tanto, hein? – Perguntou ele tentando não rir – Está com ciúmes de mim com ela, ou está com peninha do mortal?

- Deixa ele em paz. – Pediu ela desviando o olhar. Ares riu e se aproximou dela para um beijo, mas ela desviou e saiu da cozinha – Vai beijar a Ashley já que gosta tanto de lutar por ela.

Ele passou a mão pela testa impaciente, e a seguiu.

- Sabe... O problema aqui não sou eu. É você. – Rebateu ele. Ela virou-se para ele e cruzou os braços.

- O que? Ah, claro. Estava mesmo demorando para você jogar a culpa em mim.

- Eu deixei bem claro para você que essa parte aqui de Jersey é completamente sua. Completamente. É sério. – Disse ele apontando para si mesmo – Mas você não tem o direito de exigir o mesmo das minhas outras partes.

Ela desviou o olhar ainda com raiva, mas ele não ligou. Ares foi na direção dela, e alisou seu cabelo.

- Agora... Você vai continuar com raiva por uma coisa ridícula, ou vai passar um tempinho comigo, hein? – Perguntou ele esperando a resposta. Ela olhou para seus olhos, e franziu o cenho.

- Você não vai deixar ele em paz, não é? – Perguntou com a voz baixa. Ares parou para pensar, mas negou a cabeça. Ok... Vamos fingir que ele parou para pensar – Ótimo.

Alice fingiu que ia beijá-lo, mas no último momento o empurrou para o sofá e foi subir as escadas.

- Eu vou dormir. E se você não entendeu, eu vou deixar as coisas mais claras. – Disse ela parando e olhando para ele – Essa minha parte de Jersey está dando um chute no seu traseiro.

- Você é realmente muito sem graça. – Reclamou ele em um resmungo – Você nunca me apóia, não é?! Eu fui a vítima aqui!

- A vítima aqui se chama Matt Harris, um mortal que nem mesmo enxerga pela névoa, e que foi metido no meio do caso de você e da Afrodite. Ele sim é a vítima. – Ares cruzou os braços não querendo ouvi-la, e ela negou com a cabeça – Vocês não se importam, não é mesmo? Acham que só porque são Deuses podem envolver qualquer pessoa no meio dos problemas de vocês, e dane-se. Será que não vê o quanto isso é injusto? O quanto isso é cruel?

- Cruel, injusto... O que?! Andou vendo novela mexicana? – Reclamou ele – As coisas são bem simples. Saia com a minha garota, e vai pagar caro. Faria a mesmo coisa se algum idiota tentasse roubar você de mim.

- Acorda! Afrodite está te fazendo de idiota como sempre faz! Ela te deu um fora, escolheu um mortal comum só para jogar na sua cara o quanto você pode ser substituível, e agora está sentada esperando você correr atrás dela. – Falou ela como se já tivesse visto o filme antes – E você está fazendo isso. Como um completo imbecil!

- Wow. Sinto uma pontada de ciúmes aí. – Disse ele abrindo um sorriso torto. Alice deu um tapa na própria testa, e eu fiz o mesmo. Ares era ainda mais lerdo que Matt para entender alguma coisa.

Podia jurar que conhecia ela de alguma lugar, mas não lembrava. Alice olhou para Ares esperando que ele estivesse brincando, mas quando viu que ele estava falando sério, negou com a cabeça quase rindo.

- É. É, Ares. Estou morrendo de ciúmes. – Confirmou ela – Não da Afrodite, mas sim do Matt Harris. Sabe por quê? Porque nós dois já vimos esse filme antes. Você vai fazer de tudo para tornar a vida desse garoto um inferno. Lembra? – Ela apontou para si mesma – E no final eu vou morrer de ciúmes, porque se as coisas continuarem andando desse jeito... Você vai viajar para Paris com ele, voltar para cá, e os dois vão começar a namorar.

Ela encolheu os ombros, e ele fez uma careta. Eu morri de rir.

- Desculpe. Só estou relembrando os fatos. Por isso... Sim. Estou morrendo de ciúmes. – Confirmou ela novamente – Então, por favor, para que eu não me sinta assim e para que nós possamos evitar esse final fatídico... Deixa. Ele. Em. Paz.

Ares riu, e assentiu.

- Tudo bem. Não precisa ficar preocupada. – Ele sorriu maldosamente – Até por que... Matt Harris não vai viver tanto para nós namorarmos.

O rosto de Alice se encheu de preocupação. Ares, entretanto, deu de ombros sem ligar e foi até a porta.

- Ares... – Alice chamou – Ares!

Ele bateu a porta atrás de si saindo da casa, mas fez isso com tanta força que eu acordei. Já estava de manhã, e eu tinha que ir trabalhar.

Mas antes disso, sentei-me á beira da minha cama, e respirei fundo. Ok... Tinha que por um fim em todas essas loucuras.

------------------------------- 

POV Matt

Kim bateu um livro extremamente grosso sobre o balcão da loja de instrumentos. Eu olhei para ela com o cenho franzido, e pude ver que seus olhos estavam com um brilho estranho.

Ela apontou o dedo indicador para mim, e eu parei de respirar com um pouco de medo.

- Eu não estou louca, entendeu? Não estou louca. – Afirmou ela com firmeza. Eu assenti com medo daquilo. Ela definitivamente estava louca.

- Não. Você não está louca. – Neguei com a cabeça. Eram mais ou menos umas 4 da tarde, e eu estava começando a ficar com muito medo, pois dali á umas horas nós dois iríamos voltar para casa andando como sempre fazíamos. E só de pensar na idéia de andar sozinho com ela daquele jeito de noite sem testemunhas oculares me dava calafrios.

- Isso. Exatamente isso. – Confirmou Kim. Seus dedos correram determinados pelas páginas do livro – Você sabe quem é Adônis, Matt?

- Ahm... Não conheço. – Neguei com a cabeça, mas depois franzi o cenho – Espera... Você está lendo esse livro?

- Sim. – Respondeu ela com os olhos nas páginas.

- Você sabe ler? – Perguntei incrédulo. Kim olhou para mim com o mais pura ódio – Ok... Acho que você está ficando um pouquinho louca...

- Cala essa boca. – Disse ela apontando para mim, e respirando fundo. Parecia estar se controlando. Ela deixou o livro aberto em uma página, e se afastou do balcão. Kim respirava fundo e passava a mão pelo cabelo preto e vermelho picotado, tentando relaxar – Você sabe quem é Adônis?

- Não. Já disse que não. Por quê? – Perguntei sem entender qual a importância disso.

- Adônis era um grande otário. Igualzinho a você. – Contou ela ainda respirando fundo para se acalmar. Quando conseguiu, veio para perto do balcão novamente – A única diferença era que ele era bonito, mas fora isso, ele é igual á você.

- Eu também te amo muito. – Sorri forçado, e esperei pelo resto.

- E além disso, ele fez a mesma besteira que você fez. Ele ficou com a mesma garota errada. E isso não foi nada bom. – Continuou Kim. Seus olhos castanhos fitavam os meus verdes, e eu estava ficando um pouco tenso com a seriedade que ela mostrava – Quando o namorado vingativo dessa garota descobriu isso, foi atrás do Adônis.

- Pobre Adônis. – Comentei em um murmuro.

- É. Pobre Adônis. – Confirmou Kim – Quando ele encontrou o otário do Adônis, ele atacou o cara. Ele fez surgir um javali selvagem gigante, e transformou ele em uma poça de sangue.

- Que livro você anda lendo? Não tinha nenhuma historinha feliz na biblioteca não? – Perguntei franzindo o cenho para o livro.

- Presta atenção! – Exclamou ela como se isso fosse extremamente importante – Essa cara, esse otário da história, realmente existiu. Há muito tempo atrás. E esses outros caras, a garota errada, e o namorado vingativo, eles também existiram. E existem.

Kim fez uma pausa esperando que eu entendesse, mas eu esperava que ela continuasse. Não estava entendendo praticamente nada.

- Matt... Eles são as mesmas pessoas. – Disse ela olhando para mim – A garota errada, e o namorado vingativo, são os mesmos que estão atormentando você.

- Está me dizendo que Ares é um assassino vingativo que treina javalis? – Perguntei ligando os pontinhos.

- Não, idiota! – Exclamou ela – Bem... É por aí. Ele é vingativo, e é um assassino quando quer ser também.

- O que? E... Isso... Isso aí aconteceu quando? Em 2006? – Perguntei sem saber.

- Os anos variam, mas é mais ou menos... – Kim franziu o cenho de leve, mas continuou olhando para mim – 2000.

- Ah, sim. – Concordei, mas então ela me assustou.

- Antes de Cristo. – Completou. Meus olhos pararam nela, mas Kim não parecia estar brincando. Eu olhei para o livro aberto e vi o título da página. “Heróis – Adônis”.

- Heróis? – Li franzindo o cenho – Kim... Isso aqui é o que?

- Se você rir, eu quebro a sua cara. – Comentou ela antes de contar – Histórias da Grécia Antiga.

- Você diz mitos? – Perguntei, e ela negou.

- Histórias. – Confirmou ela – Não são mitos... Eu acho. Isso aqui... É real.

Comecei a rir sem conseguir me controlar. Kim preparou o seu punho, e eu cheguei de leve para trás.

- Olha... Essa deve ser a primeira vez que você lê um livro na sua vida, por isso está levando as coisas á sério demais. – Disse – Está vendo isso? Esse livro junta milhares de histórias contadas pelos gregos para explicar as coisas. Por que chove, porque relâmpagos caem do céu, porque guerras acontecem, porque o Sol nasce... Essa gente não tinha a ciência. Aí inventaram isso tudo e tomaram como verdade. Mas são só mitos.

- Acredite. Isso explica mais do que você pode explicar. – Disse ela olhando fixamente para mim – Eu não estou louca, Harris. Nem um pouco. Aposto que você iria acreditar em mim se a Alice viesse explicar tudo para você.

- O que ela tem a ver com isso? – Perguntei sem entender.

Kim abriu em outra página do livro, mas não me deixou ver qual era. Seus dedos marcavam dois capítulos ao mesmo tempo. Seus olhos castanhos olharam para mim sérios, mas um tanto preocupados.

- Tenho duas notícias para você. Uma boa, e a outra ruim. – Disse ela – Qual você quer ouvir primeiro?

- Ahm... Preciso desesperadamente de notícias boas, por isso... Conta. – Escolhi. Kim assentiu e abriu em um capítulo do livro. Uma mulher linda de cabelos castanhos e túnica caída olhava docemente para frente. Franzi o cenho ao ler seu nome.

- Parabéns. Você está oficialmente namorando uma Deusa grega. – Contou Kim – Afrodite, a Deusa do amor e da beleza.

- Está dizendo que essa é a Ashley?! – Perguntei incrédulo – Você pirou!

- É ela. Não está vendo que a história está se repetindo? Eles são imortais! Brigam por milênios! Foi por isso que a Alice disse para você não se meter no meio disso, Matt! Mas você não ouve ninguém. – Exclamou ela com raiva. Eu pisquei os olhos, e passei a mão pela testa.

Queria negar que aquela não era Ashley, mas não conseguia.

- E a má notícia? – Quis saber. Kim olhou para mim com pena. Como se de repente, eu fosse o próximo á sentar-me na cadeira elétrica de uma prisão.

- Esse é o namorado vingativo dela. – Disse ela abrindo a página. Um homem enorme, cheio de músculos, empunhava uma espada. Ele vestia um tipo de tanga grega como os guerreiros usavam no filmes “300”, e nas suas costas um tipo de capa ou casaco de pele de urso. Não parecia nada amigável, e a coisa só piorou quando li seu nome.

- Ares?! – Li arregalando os olhos.

- Ares, o Deus da guerra. – Contou Kim – Brigas, lutas, e carnificinas em geral.

Queria dizer que era besteira, mas ao ver o nome dele ali, meu corpo gelou. Eu passei a mão pelo cabelo com medo e olhei em volta. O que estaria por vir se isso fosse verdade? Um javali selvagem gigante para me transformar em uma poça de sangue no chão de alguma rua de NY?!

- Uhul! – Fez alguém do lado de fora. Olhei e lá estava Ashley. Ou Afrodite. Ou sei lá quem. Ela me chamou com o dedo indicador, e eu sorri nervoso. Kim olhou para mim.

- Pode não acreditar. Isso é problema seu. Mas estou tentando salvar sua vida. – Disse ela calmamente. Kim apontou levemente com a cabeça para Ashley – Ela só escolheu você, para irritar Ares. E se continuar nisso, vai morrer.

- Deu para notar... – Murmurei. Eu fui até porta completamente inseguro, mas antes olhei para trás – Kim, eu... Acredito em você. Eu acho...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam?
Finalmente, não? Kim completamente abalada! Hahaha!
Espero por reviews, meus lindos leitores!
Beijos e até o próximo!