Fantasie escrita por Blue Dammerung


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

"O amor é um sonho que chega para o pouco ser que se é."



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     Chapter 1

Caminhou pelo hotel, as vozes conversando animadamente pelos halls e corredores daquele lugar lotado de turistas e pessoas de todos os tipos, um maço de cigarro em mãos. Nem queria estar ali, na verdade, era uma viagem de negócios.

Seu chefe estava no bar naquele momento, conversando com uma mulher qualquer, e ele, bom, ele estava tentando descobrir porque tinha aceitado fazer aquela bendita viagens de negócios quando poderia muito bem ter ficado em casa.

Mas não, eles tinham que atravessar o mundo apenas para discutir as porcentagens dos lucros das empresas que iriam se associar, como se aquele bando de abutres sedentos por dinheiro já não fossem bastante ricos.

Saindo do hall e deixando todos aqueles corredores, os móveis chiques e todas aquelas pessoas, encontrou o que parecia ser a área da piscina, e além dela, o mar e o céu escuro com uma ou outra estrela, a lua no horizonte.

Pelo menos ali estava vazio, e tirando o isqueiro de dentro do bolso, acendeu um cigarro, levando-o a boca, mais calmo. Não gostava de muita gente presa num só lugar, o ar lhe faltava. Além da área da piscina havia somente a praia, e o que separava essas duas coisas era uma espécie de muro baixo aonde alguém parecia estar sentado.

Estreitou os olhos enquanto voltava a tragar o cigarro. Seria uma mulher? Os cabelos não eram curtos. Avançou alguns passos, os olhos azuis geralmente frios, curiosos. Passou pela piscina e acabou parando há alguns metros do que parecia então ser um menino... Ou um adolescente, não sabia dizer com clareza.

Até que esse se virou, os cabelos claros na altura dos ombros começando a ficar com uma textura estranha por causa da maresia. Os olhos eram azuis também, inocentes mas ao mesmo tempo espertos, quem sabe maturos.

-Oi...-Ele disse, a voz quase que murmurada de tão baixa.

O outro tirou o cigarro dos lábios e quase cogitou em recuar alguns passos. Se não era bom com pessoas nem com mulheres, imaginem com crianças (ele era um criança ou um adolescente, céus?!), mas enfim, acabou por assentir, avançando alguns passos para se apoiar no curto muro que dava uma bela vista da praia, uma vez que aquele terreno era mais alto do que aonde as ondas batiam.

-Fumar dá câncer no pulmão.-Disse o rapaz de repente, fitando o outro de esguelha, estralando os dedos das mãos, um tanto nervoso. Não conversava com outros com frequência.

-Ah, bom saber.-Respondeu, por educação esmagando o cigarro contra o muro e então fitando o mar. Aprendera que não era bom contestar as pessoas, e simplesmente fazê-las pensarem que estavam certas em tudo. Coisa de gente que trabalhava com empresas, com propagandas ou finanças.

Um silêncio desagradável se instalou ali, apenas o som do vento e das ondas se quebrando sendo ouvido. Até que um dos pulmões se encheu e falou.

-O senhor está hospedado aqui também?-Perguntou, os olhos curiosos.

-Sim.

-Sozinho?

-Meu chefe está aí, viagem de negócios.

-E o senhor trabalha com o quê?

-Empresa, finanças, propaganda, empresas.-Respondeu, apoiando então os cotovelos no muro baixo, o maço de cigarros voltando a pesar em seu bolso, um dos poucos vícios que tinha e certamente o mais prejudicial de todos.

-Ah... Eu vim com meus pais, de férias, eles, quer dizer, não eu. Estou perdendo aula.-Comento, fitando o mar enquanto se perguntava mentalmente se estaria falando demais.

-Não deveria estar com seus pais?

-Não, eles... Começaram a gritar um com o outro e aí eu saí. Quando isso acontece, prefiro me afastar.-Disse, recolhendo as pernas e abraçando as mesmas, apoiando o queixo num dos joelhos.-Desculpe, nem é da sua conta...

-Tudo bem, acontece.

Mais um silêncio incômodo, o som do mar começando a parecer um tanto hostil.

-Eu... Só um instante.-Disse o mais velho, pegando no bolso de trás seu celular e levando até o ouvido.-Alô. Ah, sim... Não, estou bem. Eu não quero ir. Eu...-Fitou o rapaz, que o olhava de vez em quando e apenas de vez em quando para não ser mal-educado, indiscreto.-Eu arranjei companhia. Sim, te vejo no quarto.

Desligou, voltando a fitar o rapaz que, olhando de perto, parecia ter uns 15 ou 16 anos de idade, os óculos deslizando pelo nariz apenas para voltar a colocá-los mais para cima com o dedo indicador.

-Vai ficar aqui?-Perguntou o rapaz, e o empresário pensou ter visto um rápido sorriso.

-Vou.-E dizendo isso, apoiou-se nos braços e sentou-se no muro baixo ao lado do outro, que sorriu mais.

-Que bom, não tem ninguém da minha idade por aqui, ninguém para conversar... Acho que esse hotel é mais para casais ou adultos. Sou Matthew Williams.-Disse, estendendo uma das mãos ao outro, que a apertou.

-Ludwig Weillschmidt. Prazer.

-Igualmente.-Sorriu de verdade por alguns instantes, recolhendo então a mão e voltando a fitar o mar a sua frente, os cabelos se impregnando de sal embora sua mãe se abrisse e fechasse em punhos várias vezes.-Você tem a mão quente. E grande.

-É? Nunca notei.

-Tem sim, olha.-Pegou a mão do outro novamente, colocando-a contra a sua para medir seus tamanhos, ficando claro esta diferença.-A sua é bem maior que a minha, sabia que dizem que quanto maior a mão, maior o coração? Não sei se essa história é verdade, me disseram.

-Terei um grande coração, portanto?

-Sim.-Voltou a sorrir, quase rindo, sem separar as mãos.-E a julgar pela temperatura de suas mãos, deve ser esse grande coração que está bombeando o sangue todo por seu corpo agora.

-Vai ser médico?

-Gosto de biologia, só. Mas não gosto de sangue, não me lembra coisas boas...-Deu um sorriso triste, afastando então sua mão da do outro, os olhos caídos.-De onde você vem?-Mudou de assunto rapidamente.

-Alemanha.

-Ah... Venho do Canadá. Não é tão quente por lá nessa época do ano. Quantos anos tem?

-Farei 26 próxima semana.

-Fará festa?

-Não tenho tantos amigos, mas esse pequeno punhado que me restou certamente fará algo mesmo que eu repita várias vezes que não quero festa.

-São bons amigos, então.-Voltou a sorrir alegremente, soltando as pernas e as deixando cair, balançando-as no muro baixo.-Tem namorada?

-Não tenho tempo para isso.-Respondeu, tentando não ser rude. Era verdade, ele realmente não tinha tempo. Vivia para trabalhar e trabalhava para viver, tanto que seus amigos trabalhavam com ele.

-Ah... Entendo.-Suspirou, temendo ter sido intrometido demais, voltando a fitar o mar.

Mais um silêncio no ar preenchido somente pelas ondas e pelos ventos que começavam a enjoar de tão repetitivos. Ludwig virou o rosto para o menor ao seu lado, não tão pequeno assim, agora que via, mas certamente o empresário era mais alto que ele, de qualquer forma. Matthew ainda balançava as pernas cobertas por uma calça jeans rasgada nos joelhos, o casaco cobrindo-lhe da cintura para cima com uma camisa branca por baixo, roupas comuns mesmo que naquele momento não estivesse muito frio ali, tanto que Ludwig estava bem apenas com a calça e a camisa branca do terno que vestira mais cedo, tendo deixado a jaqueta e a gravata sobre a cama do quarto do hotel.

-Quer dar uma volta pela praia?-Perguntou então, pulando do muro baixo e caindo na areia logicamente de pé, tirando então os sapatos sociais, os ombros largos na camisa branca quase transparente expostos pela lua.

-Quero.-Sorriu Matthew, e também tirando os sapatos e deixando os seus ao lado dos do outro, seguiu-o, apressando o passo para alcançá-lo. Ludwig desceu na areia até alcançar a praia propriamente dita, e olhando de baixo e de longe, parecia que todo o hotel fora construído numa alta duna que dava então para a praia.

Acendeu outro cigarro, recebendo um grunhido disfarçado do outro ao seu lado em resposta enquanto agora caminhavam pela praia, as ondas batendo e por vezes lhes molhando os pés.

-O que é? Estou disposto a ficar com câncer.-Justificou-se, dando uma tragada rápida no cigarro.

-Você diz isso agora, mas quando estiver no hospital morrendo, vai pensar em mim e ver que eu tenho razão.

-Tem razão, eu certamente vou pensar em você no meu leito de morte.

-Estou falando sério!

-Eu também.-Respondeu, dando um rápido sorriso enquanto jogava o cigarro no mar para então ver o menor voltar-se para ele novamente, mais uma vez irritado.-O que foi?

-Não se deve jogar lixo no mar! É poluição!

Ludwig suspirou, levando a mão então livre até o rosto enquanto o menor o fitava, a água fria das ondas batendo de leve em seus pés desnudos.

-Desculpe.-Disse apenas, agora com ambas as mãos nos bolsos da calça, fitando as ondas. Não estava a fim de discutir, principalmente com alguém mais novo. Se ele queria salvar o mundo, parabéns, ajudaria como pudesse.

Mas Matthew mudou de feição então, aproximando-se alguns passos do alemão, desviando o olhar, os óculos voltando a deslizar pelo nariz.

-Não, eu não quis ser rude...-Disse o mais jovem, uma das mãos nos cabelos, sem jeito.

-Não foi.-Deu de ombros. Estava até sendo gentil, comparada à forma com que lhe tratavam no escritório.

Mais um silêncio irritante se postou entre os dois, Matthew mudando o peso nos pés com frequência e Ludwig querendo acender outro cigarro de novo, mas sabendo que não poderia, era educado e cortês demais para aquilo. Quem sabe devesse voltar ao bar, beber alguma coisa. Que horas eram mesmo?

-Eu...-Matthew começou a falar sem realmente saber o que dizer, querendo apenas quebrar aquele silêncio antes que o outro julgasse que já não valia a pena ficar ali e simplesmente fosse embora.-Vejamos... Eu... Você acha que...

-Matthew!-Gritou uma voz ao longe, chamando atenção de ambos. Não estavam muito longe do hotel, que era de onde parecia vir o chamado.-Matt!

O canadense virou-se de repente, parecendo até um tanto assustado. Fitou então o alemão, que retribuiu o olhar mesmo que não entendesse muito bem.

-É minha mãe.-Disse o mais jovem, desconfortável.-Deve ter vindo me chamar para dormir, mas nem é tarde ainda...

-Matthew! Venha já aqui!-Voltou a exclamar a voz claramente feminina, um tanto esganiçada, agora que Ludwig prestava bem atenção.

-Você não quer ir?-Perguntou então, as mãos ainda nos bolsos.

-Eu não quero... Mas se eu não for, vai causar mais problema...

-Quer que eu vá com você?

-Você pode?

-Posso.-Assentiu, estendendo uma das mãos ao canadense, que acabou por soltar um sorriso aliviado, aceitando a mão do outro, grande e quente, um tanto calejada, mão de alguém que ralou muito numa parte da vida.

Ludwig começou a caminhar de volta ao hotel, puxando o outro consigo, quase que sendo arrastado por andar tão lentamente. Sabia o que viria a acontecer, e queria adiar aquele momento por mais tempo que pudesse.

Uma vez dando de encontro ao muro baixo do hotel, pularam o mesmo e logo avistaram a mulher, ambas as mãos na cintura, os cabelos desarrumados, mas o vestido chiquérrimo. As pupilas dilatadas e injetadas.

-Matthew! Por onde você andou?!-A mulher exclamou, fazendo o canadense engolir em seco, apertando ainda com mais força a mão do alemão.-Seu insolente! Eu mandei não sair do quarto, o que pensava que estava fazendo quando me desobedeceu, hã?!

-D-Desculpe...-Murmurou o canadense, recuando um passo, querendo se esconder atrás do alemão e quase fazendo isso. Matthew nunca tivera uma postura muito altiva, e mesmo sendo praticamente um adolescente, sempre dava um jeito de fugir quando seus pais começavam a brigar, ele simplesmente não conseguia suportar ouvir todos aqueles gritos.

-Desculpe uma merda! Ande logo para o quarto, e quem é esse aí?! Quem é você?! O que pensa que está fazendo com meu filho?!-A mulher exclamou, gesticulando com os braços, agressiva. Ludwig suspirou, revirando os olhos.

-Sou um cliente deste hotel, assim como a senhora, e nada mais estou fazendo além de segurar a mão do seu filho.-Respondeu, dando de ombros.

-Seu pervertido! Solte já o meu filho e saia de perto dele! Imundo! Não posso deixar você, Matthew, nem uma hora sozinho que já atrai esse tipo de gente!

-Mas...-O canadense tentou se justificar, soltando a mão do outro e gesticulando para que a mão parasse de fazer tanto escândalo ali.-Mãe, ele estava só...

-Não quero saber! Já para o quarto! E enquanto a você.-Apontou para Ludwig, que agora tinha as mãos nos bolsos.-Vou prestar queixa contra você!

-Faça como quiser, senhora.-Voltou a dar de ombros, vendo a mulher se virar de repente e sair puxando Matthew pelo pulso, que por sua vez olhou para trás, para o alemão, resquícios de tristeza nos olhos. Ludwig engoliu em seco ali. Não soube porque, mas aquele olhar, aquela expressão, tinham-lhe doído bem lá dentro do peito.

Virou-se para o mar antes que sequer cogitasse em fazer alguma coisa. Aquela família tinha os seus problemas e ele não deveria se intrometer nesses problemas, não deveria. Até deu tempo de suspirar e passar as mãos nos cabelos com um ar cansado antes de ouvir um estampido seco e se virar novamente para o começo da área da piscina, aonde Matthew e sua mãe estavam, ela com a mão erguida no ar e o outro com uma das mãos sobre o rosto, de longe sendo possível ver os olhos começando a lacrimejar.

Ludwig poderia ter deixado para lá, ter fingido que não era com ele, apenas continuado olhando o mar que tudo seria muito mais fácil e simples, não se envolver, não construir pontes, não se decepcionar depois. Mas simplesmente não pôde evitar.

Quando viu, atravessava toda a área da piscina, sem controlar as pernas, os passos pesados quase como se marchasse, algo nostálgico até dos tempos que servira no exército. Quando a mulher ergueu a outra mão para desferir outro tapa, já estava perto o bastante para segurar-lhe o pulso, o olhar mortal.

-Você não vai mais tocar em sequer um fio de cabelo deste menino.-Disse, a voz imponente e até assustadora, fitando a mulher com frios olhos azuis, esta lhe retribuindo o olhar enquanto tentava soltar a mão, puxando-a com força.

Ludwig então a soltou de uma vez, fazendo com que a mulher caísse sentada no chão, irada, o alemão trazendo Matthew para si com um dos braços enquanto o outro se estendia na direção da mulher, defensivo e ameaçador ao mesmo tempo.

-Ficou maluco?! Esse filho é meu! Vá embora daqui!-Vociferou a mulher, as pupilas ainda dilatadas, a voz esganiçada e rouca, a pele por debaixo da maquiagem pesada cheia de pequenas e quase invisíveis feridas. Não, Ludwig não iria deixar que Matthew chegasse perto de uma mulher que consumisse drogas. Todos os sinais estavam ali, quem sabe fosse essa a causa para que aquele casal brigasse tanto, não era?

-Você quer ir com ela?-Perguntou Ludwig, sem olhar diretamente para o canadense, que negou com a cabeça embora suasse frio.-Então, não, senhora. A senhora que deve ir embora.

-Argh! Eu vou chamar a polícia! Seu bastardo!-Vociferou mais uma vez antes de sair marchando no salto alto, chutando as primeiras cadeiras que viu além de derrubar um ou outro jarro de flores. Ludwig nem chegou a cogitar a possibilidade de ser preso, até porque ela estava sob o efeito de drogas, e ele era um ex-soldado com a ficha completamente limpa, condecorado até.

Soltou Matthew, recuando um passo para lhe fitar direito, levando o polegar até sua bochecha, vermelha, fazendo com que a outra também se avermelhasse um pouco.

-Dói?-Ludwig perguntou, apertando de leve a bochecha machucada com o dedo.

-Um pouco.-Murmurou o canadense, olhando nos olhos do outro.

-Não me diga que ela faz isso com você frequentemente.

-Geralmente quem faz é meu pai...-Disse, desviando então o olhar, os olhos quase lacrimejando de tão úmidos. A mão de Ludwig desceu para o queixo do outro, erguendo seu rosto, chamando sua atenção, e bem devagar, pedindo permissão mudamente, foi aproximando seu rosto do dele.

Os olhos, fechados, não viram mais nada e não se preocuparam em ver. Tudo que percebeu foi o toque dos lábios do canadense, macios e não rachados, diferente dos seus, quentes, agradáveis, bons, simplesmente bons.

Se afastou então, ainda olhando o menor, que lentamente também abriu os olhos inocentes por detrás dos óculos, esperando por alguma coisa, a boca semiaberta. Se Ludwig pousasse a mão sobre seu coração, sentiria uma batida sensualmente rápida.

-Mais?-Perguntou o alemão, vendo o outro assentir, embora parecendo um tanto hesitante.-Venha.-Puxou Matthew pela mão novamente para atravessar a área da piscina, chegando novamente no muro baixo, pulando-o e então se sentando do outro lado, apoiando as costas no mesmo. Ali, estavam praticamente invisíveis de qualquer um que fosse até a piscina no meio da noite.

Puxou o canadense para si, voltando a lhe beijar com mais volúpia dessa vez, sem se preocupar porque diabos estava beijando alguém bem mais novo e homem ainda por cima, apenas fazendo, um tanto gentil e um tanto libidinoso, passando as mãos pelas costas do menor sobre a roupa.

Matthew, que estava praticamente sentado em cima do alemão, as pernas abertas sobre seu colo e as mãos entrelaçadas em sua nuca, corava infinitamente, quase sem saber o que fazer, o que o deixou um tanto nervoso quando Ludwig invadiu sua boca com voracidade, a língua quente tocando a sua ao mesmo tempo que as mãos do maior iam para debaixo do casaco e da camisa, tocando-lhe a pele das costas, subindo e descendo, provocando pequenos arrepios.

O alemão passou então para o lóbulo da orelha do outro, descendo por seu pescoço e dando-lhe pequenas mordidas, chupando então, as mãos saindo das costas para irem até o peito do menor, deslizando por sua pele e fazendo o outro quase gemer quando passavam sobre seus mamilos.

-L-Ludwig...-Chamou o canadense, os olhos fechados, constrangido.

-O quê?-Perguntou, imediatamente parando e fitando o outro nos olhos. Claro que jamais iria obrigá-lo a fazer alguma coisa.

-Eu... Eu estou... E-Estou com vergonha!-Murmurou, exibindo uma careta com o misto de desculpas e constrangimento.

Mas o alemão sorriu, levando uma das mãos até o rosto do canadense e com o polegar voltando a tocar a bochecha ainda machucada, mais vermelha ainda.

-Está tudo bem, também estou.-Disse, os olhos azuis não tão frios quanto pareciam, na verdade, quentes.

-Está? Mesmo?

-Sim.

-Mas, eu não sei...

-Tudo bem, damos um jeito.

E voltou a beijar o menor com intensidade, embora algo começasse a lhe incomodar, um barulho irritante e repetitivo, embora familiar. De onde estaria vindo? Até tentou ignorá-lo por alguns instantes, mas ficava cada vez mais alto e... Então tudo se desfez e Ludwig acordou, suando, agora sentado na cama enquanto lá fora o sol já brilhava.

O quê? Um sonho? Tudo aquilo não passara de um mero sonho? Tantos detalhes e tanta gente para nada? Piscou por alguns momentos, a mão indo até a cabeça. Tinha que parar de ver filmes até tarde da noite.

Se pôs de pé, voltando a crer que tudo seria normal de novo, a mesma rotina e as mesmas pessoas, nada de diferente, nada de estranho. Tomou um banho, vestiu o terno e deixou o apartamento segurando a maleta, olhando no relógio. Estava praticamente atrasado. Suspirou, aquele seria seu primeiro atraso desde que entrara na empresa, o que já fazia tempo.

Entrou e minutos depois saiu do elevador, indo até o estacionamento no subsolo e entrando no seu carro, jogando a maleta no banco de passageiros e dando a partida no automóvel, logo saindo do estacionamento e dirigindo pela rua. O fato era que naquele dia, Ludwig estava atrasado e portanto, apressado, e portanto, descuidado, tanto que não viu quando o carro a sua frente freou de uma vez, mas ele não bateu, porém, não deixou de escutar um alto baque atrás de si. Olhou pelo retrovisor e encontrou um carro popular colado à sua traseira. Suspirou, levando as mãos até os cabelos. Aquele definitivamente não era seu dia.

Saiu do carro e foi ver o tamanho do estrago que o carro atrás de si tinha feito em seu automóvel. Os olhos azuis viram o enorme buraco na pintura negra de seu carro, e mais uma vez, suspirou, ouvindo a porta do carro de trás se abrir enquanto o motorista do mesmo saía e se aproximava.

-M-Me desculpe, eu não estava prestando atenção, a culpa é toda minha, toda minha! Me desculpe por favor, eu acabei de ganhar este carro e de ganhar a minha habilitação, eu nem sei dirigir direito, eu vou chamar o seguro e...

Ludwig ergueu o olhar, deixando a boca se abrir por alguns segundos, sem acreditar.

-O-Oi, o senhor está bem? Olha, eu vou pagar, por favor, não crie nenhum escândalo nem me processe, meu pai vai me matar se souber que eu já bati o carro...

-Matthew? Matthew Williams?-Perguntou o alemão, esquecendo todo e qualquer aborrecimento por causa da batida. Bem, claro que ele não deveria ser o Matthew, afinal, aquele adolescente ou adulto à sua frente era mais velho, bem mais alto, os cabelos um tanto maiores, mas os olhos, os quentes olhos azuis, eram iguais, assim como o rosto, se não fosse por uma quantidade maior de pelos, também era igual.

-Eh?! O senhor me conhece?! De onde?!

E instantaneamente, sorriu, como alguém que acaba de ganhar na loteria e fica sorrindo bobamente porque Ludwig simplesmente não acreditava, e nem as dezenas de buzinas atrás de si lhe chamavam a atenção.

E teria passado sei lá quanto tempo daquele jeito se Matthew não tivesse atendido o celular que tocava, falando enquanto fitava o outro que dizia “me desculpe, mas preciso atender”.

-Alfred, não, não, Alfred, está tudo bem... Não, é que... Eu acho melhor você ir de táxi porque não vou poder te pegar... Porque eu bati o carro, não conta pro papai... É claro que não é o seu pai, é o meu pai! O Arthur não é o meu pai, você sabe que não! Estou falando do papai, sei imbecil!-Exclamou, pedindo desculpas pelo olhar novamente pelo xingamento.-Olha, eu tenho que desligar... Eu não sei, eu te ligo depois... Não, não conte pro Arthur também senão ele vai contar pro meu pai... Tá, tá, até mais... Vai logo!

Matthew desligou o celular, os óculos escorregando pelo nariz.

-Então... Olha, me desculpa de novo, se tiver algo que eu possa fazer...

-Tem sim.-Disse o alemão, que mesmo não sorrindo tão bobamente quanto antes, sorria.

-Sério? Ainda bem, e o que é?-Suspirou o outro, aliviado, levando uma das mãos até o coração.

-Toma um café comigo?

Fim.


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Notas finais do capítulo

Awn, não sei porque, mas ficay tão AAAAAAAAAAAWWWWWWWNNN QUE FOFIM nessa fanfic que não pude evitar mas postar aqui. Ah, sim, eu amo demais esse casal, com licença //apanhamuito

ENFIEM, se você, querida leitora ou leitor, se você gostou, mande uma review! E se não gostou, parabéns, expresse sua raiva e revolta através de um desabafo chamado review, nem precisa ter uma base não, só mande que eu fico feliz ♥3

Kisses e obrigada a todos por lerem ~~