No fim das contas, eu e Abraxas não nos demos mal. Com anos e anos de experiência, indo na sala do diretor eu sabia que ele não faria nada demais além do nos alertar. E eu estava certa, ele até deu um leve sorriso quando comentamos sobre o apelido da professora.

Levei um susto quando estávamos saindo da sala do professor e Abraxas me abraçou pela cintura dizendo:

- É, parece que você gosta de se aventurar Jane. - constrangida com o ato dele, eu apenas sai de seu aperto e respondi:

- Gosto de levar uma vida perigosa.

- Então quer experimentar um perigo comigo? - Abraxas sussurrou isso em meu ouvido fazendo os meus pelos se eriçarem. Eu não tinha certeza se deveria levar isso na malícia ou na brincadeira, então isso acabou me deixando desconcertada.

- Depende de qual tipo de perigo você está se referindo...

- Me encontre no meu dormitório e você descobrirá - eu dei um tapa em seu braço e ele começou a gargalhar.

- Relaxa Jane, você não é o tipo de garota com a qual eu faria isso. - eu me senti uma idiota e "ah" foi o melhor que eu consegui dizer. Eu cheguei mesmo a pensar que Abrax poderia se sentir atraído por mim? Mas também não sabia se deveria levar o comentário dele como uma ofensa, quero dizer, eu não sou tão horrível assim...

- Vamos pra Sala Comunal, não estou a fim de ter mais nenhuma aula hoje. - eu disse para Abraxas e comecei a andar em direção as masmorras, porém parei abruptamente quando percebi que ele não estava seguindo os meus passos.

- Se você quer matar as aulas restantes, por que não fazemos isso da maneira certa? - ele me perguntou arqueando as sobrancelhas.

- E qual seria a maneira certa Abrax? - perguntei colocando as mãos na cintura.

Ele se aproximou de mim, pegou minha mãe e disse "vem comigo". Eu até tenho medo de "ir com ele".

Ele me guiou até os jardins da escola, em frente ao Lago Negro. Ele deitou-se na grama, e fez um gesto para que eu me deitasse ao seu lado, e foi exatamente o que fiz.

Por algum estranho motivo, meu coração começou a acelerar e eu não conseguia desviar os olhos de seu rosto perfeito. Eu simplesmente amava aqueles olhos azuis tão expressivos, e eu saberia dizer detalhadamente o contorno de seus lábios. Abraxas Malfoy parecia ter saído de um livro de contos de fadas trouxa.

- No que está pensando? - eu lhe perguntei, intrigada com sua expressão pensativa e concentrada.

Ele riu sem humor e simplesmente respondeu:

- Em nada.

O dia já não estava mais tão claro, já começava a anoitecer. Mas eu realmente não queria sair de perto dele.

eu estive pensando... O que eu realmente sinto por Abraxas? Quero dizer, toda vez que estou perto dele, sinto como se mil borboletas estivessem voando loucamente no meu estômago. Quando ele me toca, amigavelmente, meu corpo se arrepia por completo, de uma maneira que não consigo evitar. Muitas vezes eu sinto vontade de tocá-lo, e como eu já tive muitos amigos meninos eu parei para pensar: Essas reações são mesmo normais como minha mente tenta fantasiar?

- Você é diferente das outras garotas. - Abrax disse interrompendo os meus pensamentos.

- Como assim? - perguntei curiosa esperando ouvir críticas.

Ele apoiou-se nos cotovelos, me olhou nos olhos com tamanha intensidade e simplesmente disse:

- Não sei explicar, mas você é. - com uma das mãos ele começou a acariciar minha bochecha e eu me permiti fechar os olhos e aproveitar aquele momento único.

- E isso é uma coisa boa? - eu sussurrei.

- É maravilhosa. - ele respondeu antes de selar nossos lábios. No começo, era um beijo carinhoso cujo qual ambos estavam desesperados para tê-lo há muito tempo. Mas as coisas começaram a esquentar... Abraxas me segurou pela cintura, puxando-me para mais perto, e eu coloquei os meus braços envolta de seu pescoço, enquanto mexia em seu cabelo, provavelmente o cabelo mais macio do mundo.

O beijo foi interrompido quando Abraxas abriu o maior sorriso do mundo.

- Eu estive esperando por  isso a muito tempo sabia? Mas tive medo de você se afastar. - ele me disse olhando em meus olhos.

- Eu nunca me afastaria de você. - depois de dizer isso, fiquei abraçada com ele, observando as estrelas aparecerem, no dia mais mágico da minha vida...

***

Abraxas teve que ir para o treino do time de Quadribol e eu fui para a Sala Comunal. Quando cheguei lá, ela estava quase deserta. Quase... Riddle estava sentado em uma poltrona verde e prata lendo o Profeta Diário.

- Vai virar mais uma na listinha do Malfoy? - ele me perguntou. Ok, Riddle me fazendo uma pergunta dessas não era exatamente normal, mas eu respondi mesmo assim.

- Não vou estar na lista de ninguém Riddle.

- Não era o que parecia hoje á tarde. - ele finalmente desviou os olhos do jornal e me encarou com aquelas orbes azuis eletrizantes.

- Como você sabe?

- Isso não importa, mas vou logo avisando, você não deveria ter feito isso.

- E por que não? Aliás você nem deveria estar se metendo na minha vida. - eu respondi friamente. É, eu estava encarando a morte de frente sendo tão grossa com ele, e eu não sei de onde essa coragem estava surgindo.

- Você sabe que nós não nos damos bem - ele nem precisava ter dito isso - Mas depois do que você fez hoje, tsc tsc... Isso foi absolutamente inaceitável.

Eu não estava entendo mais porcaria nenhuma. Quando decidi encarar Riddle nos olhos, ele os desviou, mas antes que o fizesse eu vi uma lágrima escorrendo por seu rosto?

Não, eu deveria estar maluca, aliás, estava cansada também, era tudo parte de uma alucinação eu tenho certeza. Riddle não proferiu mais nenhuma palavra, apenas seguiu seu caminho até o dormitório masculino, e eu decidi seguir o meu.

Entrei no meu dormitório, tomei um banho e fiquei deitada esperando Abraxas que disse que viria me dar boa noite após o treino.

Estava começando a pensar que ele não viria mais quando ouvi uma batida na porta:

- Desculpe a demora Jane, tinha que tomar um banho primeiro. - ele disse-me docemente.

- Tudo bem Abrax. - ele me abraçou, sussurrou um "boa noite" e depositou um beijo em minha testa. Logo em seguida, ele me soltou e estava indo em direção ao seu dormitório - Não vai não. - o que eu estava dizendo? Só podia ser efeito do sono...

- Eu preciso ir dormir Jane. - ele me disse sorrindo.

-  Fica comigo, dorme aqui hoje...