The Eldest escrita por VeronicaLee


Capítulo 9
A História de Madara


Notas iniciais do capítulo

Boa noite! (Ou bom dia, caso estejam a ler isto durante o dia)
Eu sei, eu sei, onde é que as minhas promessas de atualizar rápido já vão, não é? Já lá vai quase um ano, desta vez esmerei-me! Só que não!
Ainda tenho leitoras? Bem, eu espero que sim... Porque ainda tenho ideias para esta fanfic. A verdade é que com tanta coisa, com a universidade, a minha vida social e todas as coisas que tenho para fazer (que obviamente não são poucas), a leitura e escrita de fanfics ficou um bocadinho em segundo plano.
Mas não vou mentir, esta continua a ser a minha menina, a única história que eu tive coragem de publicar em muito tempo. Então estou a pensar seriamente em levar este projeto a sério e começar a dar prazos a mim mesma até a acabar. Digam-me se vale a pena ou não, porque ando desaparecida há tanto tempo que nem sei se existe alguém que ainda esteja interessado em ler isto e colocar um desenvolvimento final nesta história.
Por favor, no caso de lerem, deem feedback sobre a fic, sobre a escrita... Digam do que gostaram e não gostaram, se têm alguma ideia do desenvolvimento da história. Eu adoro, mas adoro mesmo, ler as vossas opiniões e ideias. É graças a elas que, mesmo depois de tanto tempo, ainda escrevo!
Tenciono responder a todos os comentários, até porque dou grande valor a cada um dos meus leitores, apenas não imediatamente. Tenham paciência comigo, sim? ☺
Um beijinho enorme*


Notas Adicionais – Eu tentei usar a história do manga como base e adaptei-a (muito) para estar de acordo com o mundo que eu criei para estas personagens. Outra coisa, por favor imaginem que Senju Hashirama não é avô de Tsunade. Ele tem a mesma idade de Madara e é, à mesma, familiar e mais velho que Tsunade.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/160909/chapter/9

Capítulo 8 – A História de Madara

Uchiha Madara nascera na maternidade do hospital de Suna e fora registado, com esse mesmo nome, dois dias depois. Isto não trouxe consequências imediatas, mesmo que o sobrenome Uchiha fosse bastante conhecido por todo o país. Não era comum, mas havia vários registos de crianças com tal nome, mesmo que não fizessem parte do prestigioso clã. Pelo menos não diretamente.

Viveu com a sua mãe numa casa muito humilde nos arredores de Suna, onde teve uma infância completamente normal, com a exceção de nunca ter conhecido o seu pai. Em criança, era considerado uma pessoa gentil, temperamental e competitivo para com as crianças da sua idade.

Mesmo sendo filho único, consta que a sua relação com a mãe não era exatamente próxima. Isto porque Madara era uma criança inteligente, demasiado até para a sua idade, e compreendia que havia algo errado no meio daquela história. A mãe era uma pessoa com uma certa cultura e nível, sempre disposta a ensinar e responder a todas as suas perguntas, excepto aquelas que envolvessem o seu pai. Ela dizia que ele era demasiado novo para compreender, mas o jovem já começava a ter as suas suspeitas pelo que lia e percebia dos seres humanos à sua volta. E as suas suspeitas só foram confirmadas quando a sua mãe apareceu grávida, novamente. Naquela altura, ele ainda não tinha informação suficiente para saber como é que as mulheres ficavam grávidas, mas era inteligente o suficiente para saber que os bebés não apareciam do ar nem eram trazidos pela cegonha.

Naquela noite, quando a sua mãe o informou que ele teria um irmão mais novo, ele estava tentado a dizer alguma coisa, mas não o fez. Não que ele não quisesse saber, muito pelo contrário, a curiosidade estava a ser muito difícil de controlar, mas viu algo nos olhos da sua mãe, um desespero e um arrependimento, que o fizeram ficar calado.

A partir desse momento, as coisas mudaram drasticamente. As pessoas da vila, mesmo as mais próximas, não olharam com bons olhos o facto de a sua mãe ser uma mulher solteira e grávida. E ele quase se sentiu mal por isso, isto é, até Izuna, o seu irmão mais novo, nascer. O amor que sentira por aquele pequeno ser fora imediato e ele soube, naquele momento, que iria durar até ao fim da sua vida.

Também sabia que a mãe escondia alguma coisa, mas só descobriu a gravidade da situação quando entrou para a escola pela primeira vez e, durante a apresentação, levantou-se e disse o seu nome e sobrenome em alto e bom som: Uchiha Madara.

As reações foram variadas, muitos o olharam com admiração, outros com surpresa e choque e outros com incredulidade. Até mesmo a professora, uma mulher de meia idade que não aparentava ser muito inteligente de qualquer das maneiras, ficou parada a olhar para ele de boca aberta.

Internamente, também ele ficara surpreendido. Mais ainda quando a professora lhe perguntou, a medo, o que fazia um membro do clã Uchiha em Suna, ao que ele prontamente respondeu que não fazia parte do clã. De alguma maneira, isso pareceu tira-la do choque e olhar para ele de uma maneira diferente, mais dura, e as expressões dos seus colegas também mudarem. No final, já ninguém parecia tão impressionado.

Naquela tarde, em vez de ir diretamente para casa para jogar com o irmão, que já crescera ao ponto de se tornar uma criança saudável e que fazia questão de passar o máximo de tempo possível com o irmão mais velho, dirigira-se à biblioteca mais próxima. Quando dissera à bibliotecária que queria ver tudo o que houvesse sobre o clã Uchiha, não esperava que ela o levasse a uma estante e lhe dissesse que se servisse à vontade.

Foi nessa tarde, entre livros históricos e jornais recentes, bem como vários livros escritos por membros do clã sobre temas variados, que ele soube o significado do seu sobre nome. O seu nome pertencia a uma das famílias mais poderosas e ricas do país inteiro e que tinha um prestigio quase inigualável. Todos os integrantes da família eram empresários, gestores, líderes ou até mesmo advogados de sucesso, sem exceções. E tudo isto estava relacionado com a família principal e o líder de família, que tinha controlo sobre tudo isto. Mas o que dava realmente poder aos Uchiha era a força policial. Eles eram a lei e nada poderia ir contra isso.

Quando confrontou a mãe com as suas mais recentes descobertas, ela não pareceu surpreendida. Ele ia saber mais cedo ou mais tarde e tinha capacidades suficientes para somar dois mais dois. E ele realmente tinha, mas queria ouvir a verdade da boca dela. Foi ai que ela lhe confessou tudo.

A sua mãe era uma mulher muito bonita de longos cabelos negros, pele muito clara e olhos cor de mel. Também era culta e rica, quando era mais nova, pois pertencia a uma família de elite que trabalhava para e sobre a proteção do clã Uchiha. Isso era bastante comum, afinal, com as guerras entre as grandes famílias, muitas vezes vários negócios de pequeno porte eram apanhados no meio como danos colaterais. Para impedir que isso acontecesse, faziam contratos com uma das famílias, o que consistia na perda de uma parte muito substancial do lucro e no ganho de negócios de alto nível e proteção ilimitada. No final, todos ganhavam.

Esses contratos envolviam reuniões constantes, não com o líder do clã, pois esse obviamente era demasiado importante e estava demasiado ocupado para uma tarefa de tão pouca importância, mas com um representante. Como ela era a filha mais velha, o seu pai levou-a para as reuniões, não que ele acreditasse que ela alguma vez herdaria o negocio, isso era para o seu irmão que era homem, mas porque ela era uma mais valia contra qualquer homem que estivesse do outro lado da mesa, pela sua graça e beleza.

Ela só não esperava que, naquela noite, o homem a estar do outro lado da mesa fosse o filho mais velho do clã e futuro herdeiro do mesmo. Também não esperara a forma como ele olhara para ela, ou o encanto que sentira por ele assim que o vira.

Depois da reunião, passaram a encontrar-se várias vezes em segredo. Ela conheceu-o realmente, não o futuro líder de uma das famílias mais poderosas do país, mas o homem que se escondia por trás disso. Ele revelou-lhe que o seu futuro já estava todo planeado e que não havia escapatória possível.

Quando, num dos seus vários encontros, ela perguntou porque é que ele continuava a querer vê-la, mesmo que eles estivessem a sofrer. Afinal, aquelas conversas sinceras nunca poderiam passar disso mesmo, conversas, e isso magoava-a cada vez mais.

– Pela primeira vez na vida, encontrei algo pelo qual vale a pena quebrar todas as regras.

A resposta dele deixou-a sem palavras. Ele não lhe podia oferecer mais nada, nem ela a ele. Então, ela decidiu que se ele estava disposto a quebrar todas as regras mesmo que soubesse que seria só um sonho, um sonho com um final muito próximo, ela também estava. E aquela foi a primeira de muitas noites que passaram juntos.

Ela amava-o e suspeitava que ele sentia o mesmo por ela, mas nunca lhe cobraria nada. Ela sabia exatamente qual era o seu lugar, então, quando numa madrugada, enquanto a segurava junto ao seu corpo, ele lhe disse que teria de casar em menos de seis meses com uma mulher de quem ela nunca tinha ouvido falar mas que era ideal para o clã, ela tratou o assunto como se fosse insignificante, mesmo que o seu coração estivesse partido.

Três meses depois, a relação deles terminou numa noite de inverno. Eles tinham concordado que aquela seria a última vez. Então, com um último toque de lábios, eles separaram-se e caminharam em direções opostas, sem nunca olhar para trás.

Infelizmente, as coisas nem sempre corriam como planeado. Ela deu-se conta disso quando começou a sentir os sintomas de gravidez. Ela não era burra ao ponto de negar o que estava mesmo à frente dos seus olhos, então o teste de gravidez foi apenas uma confirmação.

A partir do momento em que soube que estava à espera de um filho, optou pelo silêncio. O seu pai nunca iria aceitar e o mais certo era obriga-la a abortar. Mas isso não iria acontecer, não se ele pudesse impedir.

Três meses depois, reuniu os seus pertences e tanto dinheiro quanto conseguira armazenar e preparou-se para deixar Konoha. Mas antes, uma última vez, dirigiu-se à casa dos Uchiha, onde foi recebida por um dos país do homem que amava.

– Não poderei estar presente no casamento. – Informou, respeitosamente. – Como pode ver, preparo-me para uma pequena viagem. Então, se fosse possível, gostaria de desejar as maiores felicidades ao seu filho pelo seu casamento, em respeito ao acordo que existe entre as nossas famílias.

Até ao momento, ela não sabia se a matriarca tinha acreditado ou não, mas a verdade era que passado uns minutos, ela encontrava-se à frente do homem que a amava, que ao vê-la, a sua expressão tornou-se algo entre surpresa e a fúria. Foi naquele momento que lhe disse que estava grávida. Ele gelou e ficou sem saber o que fazer, mas ela facilitou-lhe a vida. Fez questão de lhe dizer que não queria nada dele e que não iria abortar, iria ter aquele filho e dar-lhe o sobrenome Uchiha, mas nunca ninguém saber de quem ele seria bastardo. Sairia de casa e não tencionava voltar, mas precisava que ele soubesse.

A conversa foi longa e ele tentou convence-la a aceitar ajuda ou até mesmo a ficar, mas ela recusou. E depois disso, nunca mais viu o Uchiha, até ao dia em que ele apareceu em sua casa, numa manhã de terça feira, enquanto Madara fora fazer algumas tarefas juntamente com os filhos dos vizinhos.

Ele parecia uma pessoa diferente, mas isso era de esperar, afinal, ele era agora o líder de todo o seu clã. Tornara-se um homem cruel e frio, sem qualquer brilho nos seus olhos. Quando o vira, ela dera um passo atrás, mas isso mostrou-se desnecessário, pois ele não fez qualquer menção de se aproximar. Assegurou-lhe que não lhe faria mal e disse-lhe que tinha visto o filho, nem sabia o nome dele, mas reconhecera-o quando o vira a caminhar na rua, com uma impotência e aparência que não deixava duvidas quanto a ele ser um Uchiha. Contou-lhe também que já tinha tido um filho com a sua mulher e que agora era ele quem tomava conta dos negócios.

Ao fim do discurso dele, ela perguntou-lhe o que ele viera ali fazer. Ele respondeu-lhe que precisava de vê-la, precisava de força, tal como ela precisara anos atrás, quando fora até ele antes de deixar Konoha. Num momento de fraqueza, ela deixou-se levar por ele, pelo homem agora desprezível que ela continuava a amar, pelo pai do seu filho. Depois disso, quando ele se despedira e fora embora com a promessa de nunca mais a procurar, ela sentira-se suja como nunca antes. Era o homem que ela amava e o pai do seu filho, mas era casado e nunca lhe pertenceria. Tinha cometido muitos erros na sua vida, mas aquele não seria tão fácil de esquecer.

O caso só se agravou quando soube que estava grávida, mas tal como acontecera com Madara, ela nunca abortaria de Izuna. Era o seu filho afinal de contas. Com tantos erros cometidos, pelo menos naquelas duas situações, ela sabia ter feito a coisa certa.

E ele cumpriu o prometido, nunca mais a procurou.

No fim de a sua mãe contar a história, Madara só podia somar dois mais dois para compreender toda a situação. Ele sabia que a situação era má, mas ele nunca imaginara que ele e Izuna eram filhos do atual líder do clã mais temido do país, Uchiha Tajima.

Ele prometeu à mãe que nunca diria nada, mas só naquele momento é que se aperceberam que Izuna, que também já começava a dar indícios de uma inteligência muito acima da média, estivera escondido a ouvir a conversa toda.

Nos anos que se seguiram, tudo correu bem. Os dois irmãos tornaram-se cada vez mais próximos e ambos criaram objetivos de vida muito específicos. Eles eram, no final de contas, Uchihas. Podiam nunca fazer parte da família, mas com certeza seriam dignos. Essa foi outra característica importante de Madara, ele tornou-se num perfecionista nato. Ele já tinha nascido um génio e fazia de tudo para ser o melhor em tudo. Izuna não era tão obcecado, no entanto, também se encontrava sempre entre os melhores, logo a seguir ao irmão. Pelas suas capacidades intelectuais e habilidades para os desportos que ambos demonstravam, não foi surpresa quando, um dia depois de uns rapazes da escola implicarem com ele por ser um bastardo Uchiha e ele decidir revidar, ele aparecer em casa com os olhos cor de sangue.

Ao principio, a sua mãe ficara em choque, mas logo admitiu que aquilo era de esperar e que o seu filho era, realmente, um Uchiha. No entanto, ao perceber que a sua mãe não tinha conhecimento suficiente para o ensinar a dominar aqueles olhos, ele mesmo pesquisou e aprimorou o seu controle, tendo o cuidado de não exibir os olhos cor de sangue em publico. Quando, dois anos mais tarde, Izuna despertou o Sharingan, tudo foi muito mais fácil, pois Madara já sabia quase tudo o que havia para saber sobre aquele dom que estava no seu sangue. Controla-lo não foi um problema para nenhum deles.

Crescera e passara grande parte da sua adolescência em Suna. Isto poderia ter sido complicado, afinal, o seu último nome abria muitas portas para os membros da família, mas fechava-as em igual número para qualquer filho bastardo. No entanto, nenhum dos irmãos se parecia importar com isso. Tinham-se um ao outro e amavam-se incondicionalmente, para além de se desafiarem mutuamente em tudo, e a mãe.

No entanto, quando tudo parecia estar bem, a mãe dos dois foi diagnosticada com uma doença terminal sem qualquer hipótese de cura. Assim, Madara assistiu, sentindo-se completamente impotente, à morte lenta e dolorosa da mãe. Os vizinhos disseram que ambos os irmãos foram incansáveis e aguentaram tudo: Tratavam da mãe vinte e quatro horas por dia, chegando até a faltar às aulas e deixar os seus deveres de lado e quando ela finalmente faleceu, encontrava-se nos braços do filho mais velho. Consta que a enterraram no cemitério de Suna e que quando regressaram a casa, um luxuoso carro os esperava, com ninguém menos que Uchiha Tajima no banco de trás.

Ele lamentou a perda deles, mas nenhum deles sequer abriu a boca para lhe responder. Então, Tajima observou os filhos com atenção antes de lhes fazer uma proposta. Madara e Izuna eram bem vindos no clã e ele proporcionaria uma casa e tudo aquilo que eles pudessem precisar. Com apenas uma condição, eles nunca deveriam mencionar ou trata-lo como pai. Izuna, na altura ainda novo e demasiado revoltado por causa das suas próprias emoções, ia recusar, mas o mais velho segurou-o pelo braço e aceitou.

Madara, por aquela altura, já tinha cerca de quinze anos e era aquilo que se pode considerar um absoluto prodígio. Ele não aceitara por qualquer razão relacionada com amor a uma família que o desprezava, a sua razão era a impotência que sentira por não fazer nada quanto à morte da mãe e o conhecimento que o seu caminho seria muito mais difícil se fosse apenas um bastardo Uchiha. Entrar na família proporcionaria-a-lhe oportunidades inigualáveis e Madara não era só perfecionista, era ambicioso.

Tajima também não tinha ido buscar os filhos por caridade, ele era um típico líder Uchiha, tudo o que fazia tinha segundas e terceiras intenções. Não lhe escapou o facto de os seus dois filhos bastardos serem autênticos prodígios que poderiam trazer muito para o seu clã, e talvez até guiar o seu próprio filho mais velho, que apesar de ser o futuro líder e ser inteligente, não era nenhum génio.

Então, os irmãos acabaram por viver numa das vivendas perto da casa principal, estudavam nas melhores escolas, juntamente com os outros jovens pertencentes ao clã, e tinham direito a tudo o que queriam, incluindo treinadores dos mais variados desportos. Eles não só eram génios a nível intelectual, mas também a nível físico, sendo capazes de aprender várias artes marciais e técnicas de luta em tempo recorde. Mas Madara, apesar de continuar a ser o melhor, focara-se noutro ponto, na ciência. Achara ridículo que ninguém fosse capaz de encontrar curas para doenças raras mas que já existiam à muito tempo, então começou a fazer pesquisas e mais pesquisas.

Entretanto, levavam uma vida normal e ninguém ousava sequer dar a entender que sabia que eles eram os filhos bastardos do líder, apesar de todos o saberem. Incluindo o próprio filho mais velho, que foi aconselhado pelo pai a dar-se com “os dois prodígios”. E ele fê-lo, não porque queria saber dos seus meios irmãos, mas porque isso era o que o seu pai queria.

Madara e Izuna também não gostavam do herdeiro. Eles eram capazes de bate-lo nas mais variadas áreas e todo o mundo podia ver isso, mas ele continuava a ser o herdeiro e eles os bastardos. Então, mantinham uma convivência aceitável, sem grandes aproximações.

Apesar de o prodígio passar grande parte do tempo na escola ou a estudar ou treinar com o seu irmão mais novo, também apreciava os seus momentos a sós. Foi na sua solidão que Madara conheceu pessoalmente Senju Hashirama. Não que ele não soubesse quem era o jovem moreno de longos cabelos pretos e olhos escuros. Nunca tinha falado com ele, mas já o observara por várias vezes, tal como o outro fizera, quando ele pensava que o Uchiha estava distraído. Harashirama era sábio e perspicaz, sendo muito habilidoso em negociações. No entanto, enquanto o outro se aproximava e atirava pedras ao rio, Madara viu nele um gentileza, carisma e acima de tudo, alguém leal, o que era raro.

Assim, apesar de serem eternos rivais, tanto na escola como fora dela, acabaram por desenvolver uma grande amizade em segredo. A única que Madara alguma vez tivera. Também começaram a treinar juntos e o Uchiha ficava cada vez mais entusiasmado com a perspectiva de lutar e competir com alguém que fosse digno, que fosse capaz de o ultrapassar em alguns pontos.

Algures no meio de um desses treinos, Harashirama confessou-lhe que tinha um sonho de fazer Konoha e o resto do país algo melhor. Um sitio onde as pessoas não tivessem que temer a influencia dos clãs mais poderosos e em que não houvesse danos colaterais. Esse acabou por também se tornar um objetivo do Uchiha.

E tudo parecia estar bem. Até ao momento em que, a meio de um simples jogo de basket que decorria numa aula de educação física, Izuna perdeu a força e caiu no chão enquanto tossia sangue. Quando o seu irmão mais velho soube, apressou-se a correr em seu socorro e leva-lo para casa. Ao saber do ocorrido, o seu pai fez questão de chamar um médico e Madara não se opôs, mas este só veio confirmar as suas suspeitas: Izuna sofria da mesma doença que a mãe de ambos. Não sabiam até que ponto a doença estava desenvolvida, mas de qualquer das maneiras, não existia uma cura.

Com os médicos a tentar prolongar a vida do seu irmão, Madara mudou completamente. Ele era, apesar de calculista e genial, uma pessoa sã e responsável para consigo e para com os outros. No entanto, havia-se tornado frio, distante e incontrolável, passando vários dias seguidos num laboratório tentando desesperadamente encontrar uma cura para o irmão.

Fez tudo o que pode, estudou várias possíveis curas e testou-as, mas nenhuma delas resultou. E enquanto ele tentava desesperadamente salvar a vida do irmão, o seu pai e meio irmão preocupavam-se com o destino do clã, chegando ao ponto de recusar quando ele engoliu o seu orgulho e pediu humildemente que o deixassem trabalhar nos laboratórios principais dos Uchiha, com a ajuda de uma equipa de profissionais. Madara nunca ultrapassou isso.

Naquele inverno, pela segunda vez na sua vida, Madara segurou o corpo sem vida de alguém que ele amava. Mas desta vez foi diferente, ele mudou completamente depois da morte do seu irmão, ficando com uma visão cruel e sanguinária do mundo onde vivia.

Ninguém sabe como ou porquê, mas quando voltou a aparecer no mundo exterior, o filho mais velho de Tajima desafiou o primogénito dos Uchiha, quando este fez questão de dar os seus “sentimentos pelo bastardo” do seu irmão, no tom mais irónico que era possível.

– Deve ser muito frustrante para ti, irmãozinho. – As palavras de Madara eram puro veneno. – Agarra-te a essa palavra. Bastardo, não é? – Por aquela altura, todos os que os rodeavam tinham as atenções postas neles e Tajima já se preparava para intervir. – Agarra-te a isso, pois essa é a única razão pela qual tu serás líder e eu não. Eu sou o primeiro filho e o prodígio enquanto tu és apenas... o homem comum.

Aquele momento ficou marcado na história dos Uchiha por várias razões. A primeira era que nunca nenhum bastardo havia falado com um membro da família principal daquela forma. Mas a mais importante fora a luta que acontecera a seguir. O herdeiro atirara-se para cima de Madara, pronto a dar-lhe um muro com toda a sua força, mas foi ele quem foi surpreendido, pois assim que o seu punho se aproximou do rosto do seu meio irmão, uma mão agarrou firmemente o seu pulso e ele foi lançado, literalmente, pelo ar até aterrar em cima de uma mesa que ali se encontrava, partindo-a e indo ao chão logo a seguir com uma costela partida e um pulso, aquele que tinha sido agarrado, deslocado. Mas nada disso lhe doía tanto como o orgulho.

Quando Tajima se aproximou, pronto para fazer sabe-se lá o quê ao seu filho mais velho, este limitou-se a baixar a cabeça e murmurar um agradecimento e uma despedida. O seu pai impediu-o, dizendo que as coisas não funcionavam assim dentro daquela família, ao que Madara respondeu que já não tinha família e que se aquele ato significava guerra, então que fosse, ele declarava guerra ao clã.

Durante dez anos, o seu nome foi esquecido, até voltar para Konoha como mercenário e matar o presidente da câmara da altura em frente aos vários líderes. Ninguém soube exatamente o que lhe tinha acontecido enquanto esteve ausente, mas o poder tanto monetário como o arsenal, bem como os criminosos que conseguira reunir às suas ordens foram fulcrais. Ele começou uma guerra da qual, no final, acabou por sair vitorioso. Quando matou o Hokage, ele fez questão de apontar uma katana ao pescoço do patriarca dos Uchiha e de o poupar, com a desculpa de ele ser o seu meio-irmãozinho. Aquilo lançou uma humilhação enorme perante o clã, uma que foi muito difícil de ultrapassar.

Harashirama assumiu o posto de Hokage e foi capaz de por em prática parte do seu sonho, foi nessa altura que as famílias mais importantes de Konoha deixaram de ter o poder de tudo à sua volta. Não que estas tivessem descido ao nível dos comuns mortais, ainda tinham um grande poder empresarial e monetário, bem como um prestigio inigualável. Foi nesta altura, com os Uchihas enterrados na sua própria vergonha e os Senju em guerra entre si por causa da liderança polémica e altruísta do atual Hokage, que os Hyuuga decidiram intervir. Os Senju não concordavam com as ações altruístas do atual presidente e o clã policial ainda permanecia na sua humilhação e desgraça, então, quem assumiu grande parte dos negócios e se apossou dos membros da liderança foram os membros do único clã restante que, mesmo perdendo alguns membros durante a guerra sanguinária, ainda tinha dinheiro e estatuto para liderar.

Madara podia até odiar a sua família, mas não deixava de ser um Uchiha. E todos conhecem o famoso orgulho dessa família. Foi por isso que ele decidiu intervir, anos mais tarde, no que viria a resultar na morte da mulher do líder do clã da altura. A mãe de Hinata.

Especula-se que o poder óbvio dos Hyuuga não fora a única razão do ataque pessoal de Madara, no entanto, Hiashi manteve-se em silêncio sobre o assunto, aceitando a morte da mulher como um mero acidente.

Quando Harashirama morreu, formaram-se boatos que Madara iria regressar a Konoha para uma guerra final, uma vez que este já não possuía quaisquer laços com Konoha. No entanto, isto nunca chegou a acontecer. Tudo o que se ouvia de mercenário prodígio com olhos cor de sangue, nos dias atuais, eram nada mais que rumores sussurrados entre os mais velhos.

Hinata manteve-se em silêncio por alguns segundos depois de os quatro homens presentes no escritório do seu pai terminarem de falar. Inicialmente, que se chegou à frente para contar aquilo que sabia foi Pain, no entanto, Itachi preenchera algumas lacunas. Era de esperar que o Uchiha tivesse mais informação sobre o assunto, já que Madara era sua família.

Então ele é tio de Itachi. Pensou ela. No entanto, mesmo com os relatos dos Akatsuki, ainda haviam muita informação em falta. Teria de ver se Kurenai sabia mais alguma coisa, ou até mesmo uma das outras que eram amigas da sua mãe, já que elas pareciam ter as suas próprias maneiras de conseguir informação.

– Compreendo. – Ela fez uma pequena pausa antes de voltar a encara-los. – Hidan e Kakuzo que levem o meu tio e Neji a casa e se assegurem da sua segurança. Deidara, Sasori, usem todos os meios possíveis para descobrir onde se encontra Orochimaru. Se ele se encontra num estado debilitado, é mais propicio a falhar e ser encontrado que Madara. Itachi e Pain, assegurem-se da segurança da mansão. Os restantes podem voltar às missões anteriores.

– Entendido. – A resposta veio em uníssono e eles mantiveram-se quietos, em frente a ela, como se esperassem alguma coisa. Ela reviu na sua cabeça as memórias das interações entre o seu pai e a organização, tentando lembrar-se se ele fazia alguma coisa depois de dar ordens estrategicamente planeadas. – Oh, sim, dispensados.

E todos viraram costas, saindo do escritório logo em seguida. Itachi lançou-lhe um último olhar, maneando levemente a cabeça numa aprovação.

Exausta, suspirou. Pensar no que o seu pai faria era muito mais difícil do que ela inicialmente pensara, mas não tinha escolha se não fazê-lo. E o facto de não ficar encarregada dos negócios ilícitos da família era pelo melhor, já que ela não se conseguia ver à frente de tal império. Ela, que até há muito pouco tempo atrás, reprimia arrepios sempre que se cruzava com alguns dos Akatsukis pelos corredores da mansão Hyuuga. Infelizmente, nem todos eram como Itachi, ela levara algum tempo a habituar-se às extravagancias e ao aspecto, sempre ameaçador, dos restantes membros.

Apoiou a cabeça nas duas mãos e respirou fundo, pausadamente, procurando acalmar as batidas rápidas do seu coração, que ainda não parara o seu som incessante desde que ela entrara na sala de reuniões.

Não podia fraquejar agora, simplesmente não podia. Tinha de encontrar força dentro dela para ir em frente, para proteger não só o pai, mas também a sua irmã e restante família. Se ela falhasse, ou se acobardasse, as consequências cairiam sobre eles também.

Acabou por descer da secretaria rapidamente e afastou aqueles pensamentos. Tinha muita coisa para fazer. Em primeiro lugar, tinha de ver o pai e a irmã, porque só assim conseguiria continuar com tudo aquilo e depois... Bem, depois ela tinha que falar com Kurenai. Estava na altura de ela aceitar ser como a sua mãe. Estava na altura de ela se tornar, verdadeiramente, líder dos Hyuuga, à sua própria maneira. Se iria fazer isto enquanto o seu pai não acordasse, então ela iria fazê-lo á sua maneira.

O Itachi não vai gostar nada disto... Suspirou, sem conseguir conter um ligeiro divertimento. Não, definitivamente Itachi não ia gostar nada que ela aceitasse a proposta de Kurenai.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Eldest" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.