The Eldest escrita por VeronicaLee


Capítulo 6
Notícias desagradáveis


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas!
Sinto-me obrigada a pedir imensas desculpas pelo atraso, eu tento sempre atualizar o mais depressa possível mas acabo por não conseguir. Quero agradecer imenso todo o apoio e feedback que tenho recebido de leitores. Vocês são uns amores e fazem-me querer continuar a escrever.
Em adição, se encontrarem qualquer erro eu agradeceria imenso que me dissessem, tenho exame nacional em menos de dois meses e ando a fazer de tudo para ver se não me esqueço de acentos e não troco s por c. Sim, eu sou daquelas que em vez de ver o conteúdo programático, anda a ter em atenção os acentos e a ortografia, por muito ridículo que seja!
Já sabem, reviews deixam-me muito, muito, muito feliz!



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Capítulo cinco – Notícias desagradáveis

Ela nunca gostara de noites sem estrelas, estas eram extremamente aborrecidas e sem qualquer brilho. Ela fazia parte das crianças que um dia tentaram contar quantas estrelas havia no céu e falhara miseravelmente, sendo motivo de piada para a irmã mais nova, que desde o início dissera que era impossível. A sua mãe, no entanto, apoiou-a e pediu a Hanabi que se comporta-se, elogiando Hinata pela sua atitude. A primogénita não compreendera o porquê, mas a mãe, sempre agradável e pronta a ajudar, explicou-lhe que tinha orgulho que ela tentasse, porque a ambição e o sonho eram muito importantes para a realização do que um dia viria a ser algo fantástico. Infelizmente, nunca compreendera muito bem o que lhe fora explicado, acabando por pensar que a sua progenitora estava apenas a garantir que ela não se sentisse mal. Independentemente dessa memória, ela não gostava de ver o céu num completo breu, fazia-a sentir-se estranhamente melancólica. Ironicamente, fora numa noite sem estrelas que vira pela ultima vez a sua mãe e isso também deveria afetar o seu julgamento.

O frio que fazia na rua também não ajudava a tornar a noite mais agradável, mesmo que ela só o tivesse sentido até entrar no carro e depois do carro até à entrada principal do restaurante. Itachi acompanhara-a durante todo o percurso, mantendo-se ao lado dela dentro do automóvel e andando ligeiramente atrás dela na rua. Afinal, ele era um segurança e não correria o risco de ser visto a partilhar demasiadas intimidades com ela, ou pelo menos era isso que ela esperava que o incomodasse.

- Hiashi chegará em alguns minutos. – Informou o homem ao seu lado, quando pararam à frente da recepção, onde um homem de meia idade com um sotaque estrangeiro lhes perguntou o que desejavam. – Sala principal, Hyuuga Hinata e Uchiha Itachi. – Informou ele.

Ela podia não ser tão observadora como o seu segurança ou o seu pai, mas conseguiu perceber que o homem á sua frente rapidamente se endireitou ainda mais do que o que já estava, não que ela achasse isso possível mas tinha realmente acontecido, e pedir-lhes, com toda a amabilidade possível para um homem orgulhoso daquele porte, que o seguissem. Eles fizeram-no em passos calmos e Hinata tirou um segundo dos seus pensamentos para perceber que Itachi dava passos muito mais largos que os dela, de tal modo que um passo dele corresponderia a dois dela sem muita dificuldade. Não era um facto interessante de se observar, mas ela precisava desesperadamente de pensar em algo que não estivesse relacionado com o que aconteceria nas próximas horas para se acalmar, não seria uma boa ideia entrar naquela sala cheia de pessoas importantes demasiado nervosa, afinal, eles claramente perceberiam se tal acontecesse e depois ela seria seriamente repreendida pelo seu pai por ser tão fraca e demonstrar tantas emoções.

- Como é que tu fazes? – Sussurrou por fim, ao homem ao seu lado, que pareceu ficar tenso de inicio por ela lhe dirigir a palavra mas acabou por voltar a relaxar, tanto quanto era possível, e encarou-a pelo canto dos olhos.

- O quê? – E a voz dele fora tão baixa que ela se perguntou se não tinha sido uma partida da sua imaginação, mas percebeu, pelo olhar ainda fixo nela como se esperasse uma resposta, que ele tinha realmente respondido, o que ela não esperava que ele fizesse em primeiro lugar porque era impróprio um “simples segurança” falar com ela na presença de outrem.

- Esconder as emoções. – Murmurou de volta, entre dentes. - O meu pai mata-me se eu deixo cair um talher por causa dos nervos. – Resmungou. Olhou atentamente para ele, que ainda caminhava ligeiramente atrás de si, mas com o mesmo passo, e percebeu que apesar de não demonstrar qualquer emoção, como já era hábito, ele estava a prestar-lhe atenção.

- Concentra-te na minha presença. – Aconselhou ele. – Enquanto eu estiver aqui, nada nem ninguém te pode fazer mal. Esse é o meu trabalho.

Ficou feliz com as suas primeiras palavras, mas acabou por se desiludir logo a seguir. Obrigou-se a si mesma a concentrar-se no que lhe fora dito, repetindo mentalmente que a única razão que o mantinha ao seu lado não era porque ele se importava e sim porque aquele era o seu trabalho, ele estava apenas a cumprir uma ordem dada pelo seu pai.

Ele percebeu, pela súbita magoa que passou nos olhos dela, que ela não gostara do que acabara de ouvir e a ideia inicial era realmente deixar tudo como estava, mas acabou por mudar de ideias. Suspirando, adicionou:

- Apenas sê como és, tudo irá correr bem. – Usou o tom mais sincero possível e viu-a acenar positivamente no exato momento em que o homem que os guiava parou em frente a duas grandes portas que se encontravam abertas.

Ela entrou primeiro, como era esperado, mas sentiu que ele se mantinha próximo. Esqueceu-se completamente que estava desapontada quando os seus olhos se ficaram nas figuras à sua frente. Estando ali apenas para seguir ordens ou não, ela sabia que ele era a única coisa que a impedia de fugir naquele momento. Onde estava o seu pai quando precisava dele?

A grande sala apresentava uma decoração moderna: As paredes apresentavam uma dinâmica mistura de tons que se perdiam umas nas outras, tornando-se quase uma única figura. Havia uma pequena área com um pequeno buffet, cheio de entradas para que os clientes começassem a comer enquanto conversavam e esperavam, e a grande mesa estava perfeitamente decorada com velas e um grande ramo de flores que ela apostava serem falsas. As duas grandes janelas mostravam uma das mais belas paisagens, exibindo a parte mais rica da cidade, toda iluminada por um conjunto de luzes alaranjadas e esbranquiçadas que contrastavam entre si, e sobre elas estendia-se céu negro, quase como veludo, iluminado apenas pela grande lua. 

No entanto, toda a sala lhe pareceu desinteressante comparada com as pessoas que já a preenchiam. Eram seis pessoas ao todo, uma mulher e cinco homens, das quais ela apenas conhecia três, os mais novos, que andavam no mesmo colégio que ela. É claro que ela sabia exatamente quem iria encontrar ali, mas percebeu, pelas expressões dos três irmãos, que eles não faziam ideia de quem ela realmente era até àquele momento.

- Boa noite, Menina Hyuuga. – Um dos homens aproximou-se. Ela reconheceu-o como o presidente da câmara de Suna, um dos homens mais poderosos e ricos do país, de antigos negócios do seu pai. – Suponho que conhece os meus filhos, Kankuro, Temari e Gaara Sabaku. – Apresentou, mesmo sabendo que não era necessário.

Ela cumprimentou-o educadamente antes do seu olhar inspecionar os três irmãos, que a olhavam espantados. Kankuro encontrava-se sem a estranha maquilhagem que sempre fazia questão de usar, apresentando-se com roupas sociais. Era, de todos, o mais impressionado, ou o que mais demonstrava o que lhe passava pela cabeça no momento. Inicialmente, pareceu esperar que lhe dissessem que era apenas uma anedota, mas percebeu que isso simplesmente não era possível e a sua boca abriu-se, ficando assim por longos segundos. Temari não estava muito melhor, mas após alguns segundos de puro espanto, acabou por fechar a boca e curvar os lábios num singelo sorriso. Gaara fora o mais discreto dos três, ela percebera a sua surpresa pelos seus olhos, mas rapidamente se compôs e não fez qualquer expressão. Depois de a analisarem por longos momentos, os seus olhares voltaram-se para o seu acompanhante e todos pareceram estancar.

- Boa noite. – Cumprimentou ela, achando que era boa ideia dirigir-lhes a palavra. Os três conhecidos voltaram a olhar para ela e assim que percebeu que tinha a sua atenção, acabou por continuar. – Ele está comigo.

- Eu não sei o que é mais chocante, o facto de a tímida e calada Hinata ser a herdeira da família Hyuuga ou ela trazer o assassino dos Uchiha como cão de guarda. – Murmurou por fim Gaara, num tom perigoso que adiantava que não estava contente com a situação. Ela sentiu Itachi reagir às suas palavras, mas estas pareceram servir apenas para a enfurecer, o que não era normal acontecer.

- Quem eu sou e finjo ser são pessoas diferentes, Senhor Sabaku.  Não caia no erro de confundir as coisas. – Se ela tivesse tempo para respirar, perceberia que a sua voz saíra fria. – E como herdeira da família Hyuuga, não admito comentários sobre a minha pessoa ou sobre o meu acompanhante.

Houve um momento de silêncio no qual ela viu os três à sua frente assimilarem as suas palavras enquanto o kazekage, como era conhecido o presidente da câmara de Suna, apenas observava, nada espantado ou admirado com a atitude dela. Por fim, deu espaço aos seus filhos e apresentou os outros dois integrantes da sala, um homem que trabalhava para ele chamado Baki e outro que estava ali como seu segurança pessoal.

Levou cerca de cinco minutos de conversa para que Temari se desculpa-se, dizendo que tinha de ir à casa de banho e solicitando, educadamente, a presença de Hinata. A morena apenas deu um pequeno sorriso e lançou um olhar a Itachi antes de sair, percebendo que apesar de este se manter afastado, tal como o outro segurança, a sua atenção estava focada nela e nos seus acompanhantes.

Ao chegarem à casa de banho, viu a loura parar em frente ao espelho e procurar qualquer imperfeição na sua figura, analisando os cabelos presos num coque, muito diferente do seu penteado normal, a maquilhagem perfeita que a fazia parecer ainda mais bonita e as roupas caras. Depois, verificando que estava tudo em ordem, voltou-se para ela.

- Com que então, herdeira dos Hyuuga. – Comentou, como se estivesse a falar do tempo. Era um facto que elas nunca tinham sido próximas, mas ela nunca fizera questão de se tornar amiga de alguém para além de Ino.

- É. – Deu  de ombros, tentando que a outra ficasse com a ideia que ela estava perfeitamente descontraída e á vontade com aquela conversa, o que não era verdade.

- Alguém sabe? – Ao ver o olhar confuso da morena, apressou-se a acrescentar. – Do colégio, quero dizer.

- Só o diretor, Tsunade e alguns professores. – Antecipando a próxima pergunta, continuou. – Nenhum aluno sabe.

- Compreendo.

Ficaram ambas em silêncio, apenas analisando-se mutuamente até que a mais alta deu um longo suspiro e abriu a porta, dando passagem à outra. Ambas caminharam lado a lado até ao pequeno grupo de quatro homens conversava e ao passar pelos seguranças, Temari disse.

- És realmente uma boa atriz. Fingir que gostas do Uzumaki enquanto tens o Uchiha em casa, nada mau.

Não passara de um murmúrio muito baixo, mas ela tinha a certeza que o Uchiha em questão tinha ouvido e repreendeu mentalmente a mulher mais velha, sentindo uma grande vontade de lhe responder que não devia falar sobre o que não sabia. No entanto, manteve-se em silêncio por razões muito simples. Em primeiro lugar, qualquer tentativa de desconsiderar a ideia de uma relação com Itachi pareceria demasiado suspeita e daria nas vistas, o que obviamente não seria positivo. Para além disso, ela não tinha coragem de dizer, à frente de Itachi, que o seu amor por Naruto era uma farsa. Parecia simplesmente errado.

Sentiu que o moreno a olhava, mas não teve coragem de lhe suster o olhar. Permaneceu atenta à conversa por mais alguns segundos e, quando deixou de se sentir observada, espreitou para o lado onde ele estava, dando-se conta que ele continuava a observa-la e não parecia nada satisfeito. Para piorar as coisas, já deviam estar a jantar e o seu pai ainda nem sequer tinha aparecido.

Sem pensar duas vezes, aceitou um copo de champanhe que lhe era oferecido e engoliu tudo de uma vez, esquecendo-se completamente das boas maneiras. Só depois é que notou os olhares ficados em si e suspirou. Seria uma longa noite...

(...)

A mansão Hyuuga estava em silêncio e quase deserta. Todos os Akatsuki estavam em missão, o que significava que nenhum andava a entrar ou a sair para ir buscar e entregar relatórios ou ordens, e Hinata já tinha partido para o jantar onde ele teria de estar presente. Hanabi iria passar a noite em casa de Hiashi porque tinha uma festa qualquer e Neji é que teria de cuidar dela depois. Sabendo que seria uma longa noite, o patriarca da família decidira dispensar grande parte dos seus empregados, mantendo apenas o mordomo e uma das empregadas. Dado que a empregada já se retirara para o seu quarto, restava apenas Hitoshi, o mordomo, a vaguear pela grande mansão e com este ele não tinha de se importar pois trabalhava com ele à muitos anos e sabia quando deveria fingir que não via nem ouvia nada do que se estava a passar.

Hiashi encontrava-se sentado numa grande poltrona do seu escritório vestido com uma calças sociais negras e uma camisa branca cujos últimos botões ainda se encontravam abertos. Tinha calçado um dos seus caros pares de sapatos pretos e a gravata e casaco do fato encontravam-se pendurados numa das cadeiras à frente da secretaria. Olhava para o quadro da mulher enquanto refletia sobre o jantar de negócios daquela noite, ciente que teria de realizar um acordo com a família Sabaku, dado que eram aliados poderosos que deviam ser mantidos por mais alguns anos.

- Queres que te prepare uma bebida? – Ouviu uma voz feminina e melodiosa a dizer, longe de si. A sua atenção virou-se para a bela mulher que vestia apenas uma das suas camisas enquanto procurava algo no seu bar.

Depois da morte da sua mulher, decidiu não voltar a casar. Haviam outras mulheres no mundo, ele sabia-o, mas não era parvo e sabia perfeitamente que tendo tal posição, qualquer mulher que se aproxima-se dele tinha outros interesses. No entanto, isso não o impedia de ter alguma companhia feminina. Não eram relacionamentos, eram apenas amantes que ficavam ao seu lado enquanto durasse e enquanto estavam juntos, ele não veria mais nenhuma mulher. Podia não estar casado, mas nunca gostara de tal conceito, respeitava as mulheres com quem estava e esperava que elas fizessem o mesmo.

- Wisky duplo com gelo. – Pediu, no seu habitual tom frio.

A mulher sorriu e começou a preparar o que ele tinha pedido. À primeira vista, ela era parecida com a sua falecida esposa, mas bastou conversar mais seriamente com ela para retirar qualquer ilusão que ele tivesse, Hikari fora tão deslumbrante e confiante como a mulher que estava à sua frente no momento, talvez até mais, mas nunca fora tão fácil de agradar e nunca se sujeitaria a ser um mera amante.

- Hiashi. – Ela acordou-o dos seus pensamentos bruscamente, estendendo-lhe o copo com a bebida que lhe fora pedida. Ele reparou que ela carregava uma para ela mesma na outra mão, mas não fez comentários. Sentiu-a aproximar-se e sentar-se numa das suas pernas, numa posição que indicava uma intimidade que haviam adquirido ao longo do tempo em que haviam estado juntos. – Quando vou conhecer a tua filha?

Esse era um assunto que ele não gostava de falar. Gabava-se da sua filha, apesar de continuar a ser duro com ela, mas tinha regras muito rígidas em relação a isso. Nunca apresentara Hinata a nenhuma das suas amantes e não abriria uma exceção. Podia confiar na morena que se mexia no seu colo, afinal, estavam envolvidos à mais de um ano, mas nunca arriscaria desnecessariamente a identidade da sua filha.

- Um dia. – Ela percebeu que ele a tentava despistar, era uma mulher inteligente no final de contas, mas não comentou nada. Viu-o dar um longo gole na sua bebida e pousa-la. – Tenho um jantar em dez minutos, preciso ir andando. – Ele ia afasta-la quando esta o impediu.

- Hiashi. – Começou, segurando uma das mãos dele. – Bebe comigo, tenho a certeza que ninguém morrerá se te atrasares uns minutos. – Ela deu um gole na bebida que fizera para ela antes de lhe sorrir de modo meigo. – Passamos tão pouco tempo juntos.

Ele hesitou por um momento antes de ceder. Porque não? Estava tudo controlado de qualquer das maneiras, recebera uma mensagem de Itachi a dizer que já tinham chegado ao local do encontro, então deixaria a sua primogénita aguentar as coisas por ele durante mais algum tempo, ela precisava daquilo de qualquer das maneiras. Bebeu calmamente a sua bebida, falando de coisas superficiais com ela, o que a parecia agradar.

- Tenho de ir. – Resmungou por fim, afastando-a. Ela levantou-se, dando-lhe passagem, enquanto ela mesma retirava a camisa que lhe fora emprestada, pondo novamente o seu vestido negro, que fora posto de lado assim que chegara à mansão.

- Tem cuidado. – Recomendou ela, os seus olhos preocupados postos nele enquanto que se movimentava e arranjava a camisa. Viu-o por a gravata de um modo quase perfeito e aproximou-se com um sorriso terno. – Eu ajudo.

- Fica descansada, os meus homem estarão comigo. – Garantiu, pensando em Itachi e Pain, cujo trabalho naquela noite era garantir a segurança da sua filha e a sua, respetivamente. Ela retirou o nó que ele tinha feito.

- É verdade que aquele miúdo Uchiha trabalha para ti? Dizem que é perigoso. – Comentou casualmente. Viu-o ficar ligeiramente mais tenso, ele não gostava de discutir trabalho.

- Itachi é de confiança. Com ele ao meu lado, tenho a certeza que estou seguro. – A segurança na sua voz era quase palpável e a mulher quis sorrir ao ouvir tais palavras. Terminou o nó da gravata e virou-se apanhando na pequena ponchete e enfiando lá dentro um pequeno frasco que ele não notara que ela carregava até ao momento.

- Ainda bem que ele não está aqui, então. – Ele levou apenas um milésimo de segundo a juntar todas as peças e a perceber o que a sua amante queria dizer com aquelas palavras. Ele desconfiava de um traidor, mas nunca lhe passara pela cabeça que seria ela. Sentiu uma súbita dor e os seus joelhos cederam. Sentiu-se estranhamente sem ação, sem saber o que fazer. Viu-a sorrir para ele, um sorriso sério e nada meigo.

- Adeus meu amor. – Despediu-se, tocando com os lábios nos dele, sabendo que o homem não se encontrava em estado de a magoar. – Tenho a certeza que descobrirei todas as respostas que te recusas-te a dar.

Ele não sabia dizer se ela saíra do quarto depois de tal acontecimento ou não, pois depois da ultima palavra, tudo o que restou foi uma sensação de queda e depois, escuro.

(...)

Pain conhecia o seu chefe muito bem, afinal, trabalhava para este à muitos anos e sabia perfeitamente o que Hiashi não chegava atrasado aos eventos marcados. Normalmente, chegava em cima da hora apenas porque podia, mas nunca atrasado, pois achava que isso lhe tirava importância e poder de critica em relação aos outros. Por essa mesma razão, desconfiou que algo estava errado quando olhou para o relógio e percebeu que já deveriam ter saído da mansão principal à mais de dez minutos.

Entrou em casa pela porta da frente, o que normalmente nunca fazia, e passou rapidamente o hall de entrada e todas as outras divisões e corredores até chegar ao escritório do seu patrão. Bateu à porta duas vezes seguidas e ritmadas, mas não obteve qualquer resposta. Voltou a bater, informando quem era e perguntando se estava alguém.

Sabia perfeitamente que o homem a quem prestava contas tinha passado toda a tarde no escritório, excepto as ultimas horas que foram passadas num dos quartos mais afastados com a amante, mas sabia que eles tinham-se deslocado até ali mais cedo. De acordo com as informações que tinha, não fazia sentido o chefe da família estar em qualquer outro lugar.

Confuso, tentou abrir a porta e esta cedeu. As luzes estavam acesas e ele viu, assim que deu um passo para dentro do lugar, o corpo daquele que viera procurar. Estava deitado na cara carpete, perto das cadeiras que se encontravam à frente da secretaria. Reagiu tão rápido quanto era humanamente possível e aproximou-se, verificando o pulso.

- Está vivo. – Murmurou para si mesmo. Não havia sinal de luta ou violência. Procurou qualquer coisa que indicasse a razão daquele estado e os seus olhos pararam num copo de Wisky quase vazio pousado em cima da mesa. Não se preocupou em levantar o corpo quase sem vida do chão, apenas tirou o telemóvel do bolso e ligou para um dos muitos números que ali tinha. Precisava urgentemente de um médico, Hyuuga Hiashi fora envenenado.

(...)

Hinata apercebeu-se da impaciência dos homens que a rodeavam. Por muito estranho que fosse, eles não estavam a fazer questão de disfarçar. Ela mesma estava a estranhar o atraso do seu pai, que era apologista de chegar sempre a horas a todos os locais.

Tinha tido oportunidade de falar com os vários presentes e limitou-se a ficar numa conversa conjunta, dando a sua opinião apenas quando achava necessário. Afinal, ela nunca gostara de ser o centro das atenções e isso não mudara. Preferia assistir e participar apenas o suficiente para não parecer indelicada.

Quando se viu livre por um momento, apressou-se a virar-se para Itachi e perguntar ‘Onde é que ele está?’ fazendo apenas os gestos com a boca, sem emitir qualquer som. Lembrava-se de o seu pai e Ino lhe explicarem que os olhos da família dele permitiam ler os lábios das pessoas e sabia que Sasuke fizera isso várias vezes para saber as perguntas dos testes antes de os mesmos serem dados, então, suponha que o mais velho era capaz de fazer o mesmo. Itachi acenou-lhe negativamente com a cabeça de modo discreto e ela percebeu que, pelo menos naquele momento, ele sabia tanto como ela.

Temari voltou a falar com ela sobre o colégio, achando fascinante como ela enganara toda a gente para pensar que era um rapariga quieta, tímida e desinteressante em qualquer importância na sociedade. Ela sentiu-se tentada a dizer que realmente era uma rapariga quieta, tímida e desinteressante, apenas tinha de fingir que não porque pertencia a uma família rica com um alto estatuto a nível social, mas calou-se a tempo, acabando por responder que era uma medida necessária. Contou a história de como fora raptada quando era pequena por causa da sua posição e como a partir dai, depois da morte da mãe, o pai fizera questão que ela crescesse como uma pessoa normal para observar a vida de outra perspetiva e para a manter segura. Todos aprovaram a história, como sempre acontecia quando ela ou o seu pai a contavam.

- Hinata. – Ela ouviu a voz atrás de si e gelou repentinamente. Os outros pareceram ter reações semelhantes e ela pensou que tivesse ouvido mal, porque ele fizera questão de ficar em silêncio desde que haviam chegado e sabia perfeitamente que ele não podia trata-la com qualquer intimidade perto daquelas pessoas e chama-la pelo nome próprio era definitivamente intimo. No entanto, ao olhar para ele, percebeu que fora propositado para a chamar à atenção. – Peço imensa desculpa pelo incomodo, mas é imperativo que nos retire-mos. A família Hyuuga entrará em contato e apresenta as mais sincera desculpas, aconteceu um imprevisto. – Desculpou-se educadamente. Ambos viram o famoso chefe da família Sabaku acenar positivamente, apesar de estar obviamente contrariado e quando ela se ia despedir formalmente, como tinha sido previamente ensinada a fazer, ele simplesmente puxou-a com delicadeza para fora da sala. – Apressa o passo. – Disse-lhe, quando ambos se encontravam sozinhos no corredor.

- O que se está a passar? – Perguntou, enquanto quase corria para acompanhar os passos largos e rápidos dele. – Itachi, diz-me o que se está a passar?

- O teu pai. – Foi a única coisa que ele respondeu. Passaram pela entrada do restaurante com uma velocidade impressionante e ela percebeu, assim que saiu para a noite fria, que um carro luxuoso já os esperava.

- O que aconteceu ao meu pai? – Perguntou. Quando ele não respondeu, ela penas agarrou o seu braço, fazendo-o parar imediatamente. – Itachi, diz-me, o que aconteceu com ele?

Sentiu o medo a invadi-la. Itachi estava preocupado e isso era muito mau sinal, o que quer que tivesse acontecido era sério para ele estar naquele estado e a perspetiva de ter acontecido algo sério com o seu pai despertava-lhe uma grande sensação de pânico. Ela achava que aquele sentimento estava bem enterrado no fundo do seu ser, que nunca mais voltaria a sentir tal coisa como quando a sua mãe morrera, mas ao estar ali e perceber que algo não estava bem com o seu pai, a única pessoa que lhe restava fora Hanabi, levava-a de volta àquela horrível sensação. Sentiu-se tonta por um momento, um gosto amargo a invadir a sua boca e o seu coração a bater descompassadamente.

Ele olhou-a com atenção e percebeu o seu estado. A rapariga á sua frente estava a entrar em pânico e isso era a ultima coisa que podia permitir, ele deveria assegurar que ela se encontrava bem. Pousou ambas as mãos nos seus ombros e olhou para os seus olhos brancos, vendo todo o sofrimento que estes carregavam.

- Hinata, temos de ir para casa agora. – Ele disse, num tom calmo, tentando fazer com que ela processasse as suas palavras. – O teu pai foi envenenado.

Se fosse qualquer pessoa, ele esperaria gritos histéricos ou uma choradeira compulsiva, mas ela não fez nada disso. Os seus olhos ficaram vazios por um momento e depois viu as lágrimas a caírem pela sua suave face.

- Ele está...? – Não conseguiu terminar a frase, tal era o seu estado de confusão e choque. Esperou que o homem à sua frente lhe respondesse e sentiu-se como se fosse morrer a qualquer momento.

- Ainda não, está a ser operado enquanto falamos. – Informou, soltando um dos ombros dela. Viu os olhos dela iluminarem-se. Com uma mão, empurrou-a delicadamente para perto do carro e abriu a porta para que ela entrasse, seguindo-a.

Enquanto aguardava por noticias sobre o estado do seu pai pelo telefone do Uchiha, Hinata não pode deixar de pensar que odiava noites sem estrelas.

Continua...


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Notas finais do capítulo

E então? Vale a pena continuar?
Beijinhos*