A Lenda dos Guerreiros de Centurian escrita por Aki Nara
Hugo estava perdido em pensamento quando um grupo de arruaceiros se aproximou da varanda da hospedaria, aqueles eram capangas e ele sabia muito bem de onde, então ele estava incomodando, Zagard teria um relatório bem extenso sobre as atividades de Vicent Fawkes quando acabasse com a laia deles.
Ele se posicionou para confrontá-los enquanto os homens o cercavam por todos os lados, eram cinco e eles imaginavam que isso o intimidaria, teria Fawkes esquecido quem ele era? Das duas uma, ou era um tremendo idiota ou ele tinha um trunfo escondido na manga.
Todos os seus sentidos se aguçaram a espera do primeiro golpe, era um homem desarmado contra cinco deles armados até os dentes, mas a situação não era pior do que enfrentar o desprezo de Eólia, ao contrário era até preferível um confronto direto para aliviar a tensão.
Hugo estalou os dedos, não tinha pressa, mas dois deles queriam acabar logo com o serviço, eles eram mais pesados e conseqüentemente mais lentos, o que lhe deu a oportunidade de se desviar do golpe dando um passo para trás, segurou as duas lanças e a força empregada pelos dois oponentes fizeram com que as mesmas se partissem, quebrando-as facilmente ao meio.
Ele largou as sobras da arma e sem dar tempo pegou a mão do mais forte torcendo-o para trás das costas do mesmo, numa posição incômoda e dolorida para o capanga, rodou com o coitado largando-o em cima do outro sujeito mais franzino, derrubando os dois oponentes ao chão.
Faltavam três! Ele estava disposto a acabar com a raça de cada um deles, mas a aparição do Lord das Trevas se interpôs a sua vitória, ele retirou a Espada Negra conjurando: “Thunder” - foi a única coisa que ele disse antes de eletrocutar todos os capangas. Morphilus abriu um vórtice e os capangas sumiram sugados para dentro dele, onde o destino estava selado para a Prisão do Castelo Negro.
- Meu Lorde! – Hugo se ajoelhou demonstrando subserviência.
- Levante-se! Não temos tempo para formalidades, meu tempo é escasso. Aviso-o que devem partir... Seus poderes estão muito aquém, mesmo os quatro juntos e sugiro que partam daqui em busca de seus aprimoramentos.
- Senhor! Então podemos começar aqui! Seu povo está sofrendo porque Fawkes não está usando o investimento de Milorde como deve, o tesouro do Reino está indo para sustentar o luxo dele.
- Você é meu braço direito e esquerdo, homem! Resolva como achar melhor, mas é imprescindível que você ajude-os a desenvolver seus poderes.
- Mestre Zagard! Desculpe-me a intromissão, mas... Se os Guerreiros de Centurian foram convocados para destruí-lo por que quer nos ajudar?
- Muito justo que queira saber, Lantis! “Nos” você disse, então já se considera um deles mesmo sendo rechaçado por minha linda filha?
- É que não entendo, senhor!
- É tão difícil assim? Entender que um pai queira dar uma luta justa a sua filha e seus amigos, mesmo que signifique lutar contra sua própria existência?
- Mas... O senhor me incumbiu de protegê-la!
- Sim, meu rapaz! Você daria sua vida por ela? Quanto você a ama? Deposito em você toda a minha confiança e eu estou lhe entregando meu maior tesouro depois de Lyan. Faça sua escolha, meu rapaz. O que é mais importante, o Mestre que lhe salvou a vida, que lhe ensinou tudo que sabe, que fez de você um homem e lhe criou como um filho ou... Eólia, minha filha, que você diz amar...
Hugo abaixou a cabeça em silêncio, seus ombros caíram como se carregasse Centurian em suas costas e isso não era mera ilusão porque sua vida não se restringia apenas a escolher entre Morphilus e Eólia, mas ao que era melhor para todos.
- Você tem um longo caminho a percorrer... Essa decisão não será fácil, mas se reconheço o jovem que fui e vejo as qualidades que nunca tive em você, então tenho certeza que saberá se decidir. Enquanto isso... Sugiro que seja o guia dos guerreiros até mim. Nada impede que nesse caminho vocês evoluam... Não pense que isto é uma chance por que não sou benevolente, apenas justo.
- Senhor... Uma última pergunta... Por que fui escolhido por esta gema?
Ele abriu o punho fechado e de dentro da chama pôde-se ver a gema que parecia incrustada na palma de sua mão.
- É algo que está além de meu conhecimento, mas tenha cuidado com o que desejar porque ele pode se realizar – o olhar de seu mentor pareceu distante e entristecido.
Hugo sentia-se perdido dentro de um labirinto tentando encontrar o caminho que o levaria para a saída, porém quanto mais tentava escolher entre a direita e a esquerda, a ele mais parecia se afastar da saída, se seu desejo tivesse força...
- Lantis... Entre a razão e o seu coração... Qual você seguirá sempre sem temer um arrependimento?
- Não sei, senhor! - obrigou-se a levantar a cabeça e encará-lo.
- É um começo... A dúvida é o melhor caminho para se chegar a algum lugar. Eu nunca me perguntei.
E sem avisar Zagard desapareceu num vórtice atrás de si.
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