Frisium escrita por Char_Bouvier


Capítulo 5
Capítulo 004 — Passeio dentro de “casa”.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura {:



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Capítulo 004 — Passeio dentro de “casa”

“Encontre-me no seu melhor comportamento, encontre-me no seu pior, pois lá não haverá pedra não virada, ou bolha deixada para estourar...”

Os olhos vívidos de Edward Cullen reluziam enquanto fitava o céu nublado pela grande janela de seu quarto. Haviam se passado duas semanas desde o ocorrido entre ele e Isabella, durante os outros dias, ela mal o visitava, pois cuidava de outros pacientes que se mostravam mais agressivos, por um lado ele sentiu-se aliviado, mas por outro estava apreensivo, porque em apenas dois dias já esperava vê-la todos os dias e nos poucos dias que a via notou que ainda estava a marca de sua mão no pescoço delicado dela, e quase se amaldiçoou por estar perdendo o controle. Abanou a cabeça mandando tais pensamentos para longe, já bastava carregar “a grande culpa” como ele gostava de chamar o ocorrido, não precisava ficar com os pensamentos afundados na sua enfermeira e nas palavras que ecoavam por sua mente.

Voltou a fitar o céu calmamente, absorvendo sua paz e jogando-a sobre si como num passe de mágica, naquele momento notou temeroso que sempre que estava junta da Enfermeira Swan, seus pensamentos sobre “a grande culpa” era simplesmente abduzidos para algum lugar em seu cérebro que não se lembrava de resgatar enquanto ela estivesse perto.

— Boa tarde! — cantarolou.

Num movimento assustado ele virou-se para a porta e a fitou confuso, geralmente ela o visitava na parte da manhã, nunca à tarde, mas novamente ele estava enganado.

— Hum... — foi a única coisa que saiu de seus lábios.

Lentamente ela se aproximou dele, ficando ao seu lado e fitando a janela do mesmo modo que ele fazia segundos antes dele notar sua presença. Isabella achava bonito o modo como ele se concentrava nas pequenas coisas que muitos outros não notavam. Edward nunca se dera conta que pela parte da tarde ela adentrava por dez a quinze minutos e ficava apenas observando-o quietamente, vendo que ele estava bem, partia sem nada dizer. Havia certas coisas que ninguém precisava saber, como aquele detalhe.

— Ainda não sabia que apreciava isso... — murmurou calmamente encostando a testa contra o vidro. Isabella agia contra todas as regras de um hospital e ninguém precisava de provas, bastava ficar com ela um minuto. — O dia está lindo lá fora...

— Você não sabe de muitas coisas, enfermeira. — disse.

— Eu não preciso saber de muitas coisas, eu só preciso estar ciente do se passa ao meu redor, e você não me parece ser muito... Ciente. — sorriu pra ele, olhando-o de relance.

Impaciente, ele rolou os olhos. Não queria conversar, queria apenas ficar calado observando céu, imaginando diversas formas engraçadas de nuvens. Ficaram bons minutos calados, apenas observando o céu como se finalmente achassem algo com o que conversar sem submeterem-se a agressão, ou palavras agressivas. Quietamente Isabella afastou-se da janela e se sentou na cadeira que ele costumava sentar-se quando iria desenhar sua menininha.

— 15C? — ela o chamou, ainda provocando-o.

Edward bufou desgostoso, odiava ser rotulado feito um produto de supermercado que todos olhavam e quase nunca compravam porque julgavam vencido ou de má qualidade. Talvez, ele fosse isso mesmo, só que não vinha ao caso julgar-se feito um rotulo no momento.

— O que? — perguntou fazendo descaso sem nunca olhá-la.

— Venha comigo.

— O que? Pra onde? — estava assustado, finalmente voltou seu olhar para ela que gargalhava. — Estás louca?

— Quis dizer: venha comigo, para fora, passear pelo jardim da clinica... Fará bem pegar algum ar novo... Por favor, não diga não, apenas venha e vejo por si só o que é realmente ruim: este quarto branco, ou a luz do dia.

— Eu sei o que é ruim: a luz do dia. — retrucou.

— Largue de ser mente pequena. Venha comigo.

De início ele fez uma careta que parecia nunca sair de seu belo rosto, mas depois de alguns minutos pensando sobre a hipótese de sair e encarar vários olhares que há anos queria evitar, decidiu que não iria, mas então o pensamento de sair, realmente sair daquele lugar e seguir em frente passou por sua mente fixando-se. Sabia que era um passo pequeno, mas talvez Isabella tivesse razão, até porque aceitar o pedido de sair do quarto não era um assinado dizendo que faria tudo que Isabella Swan pedisse, era somente... Dando uma chance a si mesmo, por uma só vez.

— Eu vou... Mas não por você, é por mim. — murmurou fitando seus olhos.

— É essa a intenção 15C.

Edward bufou, irritadiço passando por ela e tocando o trinco da porta.

— Vens, ou vai ficar ai parada fitando a parede branca? — perguntou impaciente. — Se é para irmos que seja logo, não vou ficar lá até a hora que você quiser. Até porque, eu só estou experimentando isso, ok?

— Sei... — murmurou ela, dando de ombros. — Também não precisa me dar os motivos pelos quais decidira sair, no próximo mês é que teremos a conversa.

— Eu odeio a conversa. — murmurou por fim, sendo seguido por ela.

No mesmo instante em que pusera os pés para fora do quarto, o corredor de enfermeiros simplesmente paralisou ao vê-lo caminhar com a Enfermeira Swan ao seu lado. Ambos se mantinham passivos como dois sócios a caminho de uma reunião de negócios, hora ou outra Edward abaixava o olhar quando alguns pacientes o olhavam desconfiado, não era comum ele estar se submetendo tão facilmente ao pedido de alguém. Esfregava as mãos nervosamente, não tinha muito que fazer, apenas se lembrar dos corredores que há tanto tempo não vagueava.

Em poucos segundos adentraram no jardim onde em alguns pontos fixos encontrava-se alguns pacientes pintando, lendo ou fabricando algumas coisas pessoais como sapatos de bebês e colares de perolas falsificadas, boa parte estavam acompanhados por seus médicos ou enfermeiros responsáveis.

— Venha, por aqui. — murmurou para ele tomando sua frente.

Enrugou a testa confuso, era só se sentar e ficar feito um pateta olhando o céu, não havia um lugar para ir além daquele jardim fechado por muros altos e brancos. Dando de ombros continuou a seguindo para o lado mais afastado do jardim. Finalmente reconhecendo o que ali era: um lugar inabitado por pacientes e médicos, continha muitas folhas que da grande árvore caiam, ninguém havia notado.

— Sente-se. — ordenou ela fazendo o mesmo, encostando a cabeça no tronco.

— Qual o propósito? — perguntou, sentando-se ao seu lado. — Você não pode ficar aqui, sentada como se fossemos só nós dois.

— Somos só nós dois aqui. — garantiu. — Não há proposito Edward, afinal, o intuito sempre foi experimentar o ar livre disto aqui. Enquanto não sair daqui, é bom explorar novos campos do lugar que freqüenta.

— Mas ninguém freqüenta isso aqui. — disse ironicamente. — Não quero explorar porra nenhuma Enfermeira Swan, quero minha vida de volta, entende?

Suspirou, fechando os olhos, não foi possível ver o que aquela mulher fazia ao seu lado, mas sentia os olhos dela sobre si, quase o corrompendo. Por fim, decidiu não os abrir, deixou-se levar pelos pensamentos intrusos de se algum dia sairia dali como desejava sair naquele momento. Dependia de muitas coisas no final das contas, dependia de sua família que só o visitava de meses em meses... As visitas diminuíram com o passar do tempo, e ele sequer realmente notou ou sentiu falta.

— Entendo, e porque não a devolve de volta? — se pronunciou depois de algum tempo.

— Como? — continuou do mesmo modo.

— Você se perdeu. Perdeu de si mesmo, você diz que quer sua vida de volta, mas fora você que a tirou, você se abalou muito facilmente, se abalou pelo o medo de perder o que tinha em volta, e ainda se abala pelo fato de perder novamente e ter medo de se levantar quando cair. Como não cansa de brincar desse jogo de ironias, como não se cansa de fazer da sua vida uma ironia?

Atordoado, novamente se sentia atordoado.

Ele não abriu os olhos para fitá-la, tinha medo do que encontraria nas orbes chocolates que tanto lhe causavam um estremecer na consciência. Deus, provavelmente era castigo aquilo que passava com aquela mulher, eram só semanas e ela já o abalava facilmente, o que era pior: com palavras. Suspirou novamente, dando-se conta de que a única coisa que fazia quando ela o afetava era suspirar e suspirar. — Maldição! — Urrou só pra si. Tinha que relaxar, precisava, necessitava arduamente de um descanso mental, de um descanso para o vazio que habitava seu coração. Apenas um descanso para as lagrimas, e suas dores, não era muito. Era só um descanso.

(...)

Mediante as horas que se passaram naquele silêncio cômodo, Isabella finalmente dera-se conta de que era muito fácil atingi-lo por palavras e não por ações, o que a levava a crer que os médicos e enfermeiros daquele hospital haviam errado somente naquele quesito de acreditar que Edward sempre fora mais forte que eles, ou pior, indomável. Não conseguiam enxergar que ele era só um homem de coração forte, porém, ferido, magoado, pisado com veemência. Ergueu-se da grama silenciosamente, por um segundo perguntando se ele estava dormindo ou...

— Me deixar aqui sozinho, enfermeira? — perguntou-a. — É falta de educação, embora eu ache que nunca o teve.

— Não vou discutir com você, é perda de tempo.

— Eu não acho.

— E eu não perguntei o que você achava. Agora vamos, está tarde, hora de dormir, ou prefere um sedativo? — arqueou as sombracelhas sugestivamente.

Edward estremeceu, ante a ameaça. Cansado, soltou um suspirou e facilmente se ergueu parando em frente à bela mulher que dias atrás buscou matar, pensou que sorriria à ela, mas sequer um milímetro de seus lábios se converteram, continuava paralisado, não a olhava realmente, apenas a pegou como um ponto fixo, enquanto sua mente caia numa inércia desconhecida. Alguns fatos de sua vida vieram-lhe a tona, quase absorvendo-o para o passado, mas antes que pudesse o fazê-lo, Isabella tocou-lhe o ombro.

— A inércia é algo com o qual você precisa aprender a conviver, para o caso de dia como estes. — sussurrou-lhe como se soubesse o que se passava por sua mente confusa.

•••


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Notas finais do capítulo

Bom, a Char tá em época de provas e pediu pra mim (Savannah), postar na comunidade dela e na TF, e como eu tinha a senha dela do nyah, resolvi postar aqui pra vocês também. Enfim, comentem e espero que tenham gostado desse capítulo tanto quanto eu gostei *-*



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