O médico nos encaminhou até o quarto do Sr. Chase. Era um dos maiores e mais bem arrumados, pelo que deu para perceber; ele estava dormindo tranquilamente, com os aparelhos médicos apitando ao seu redor. Ele respirava com a ajuda de aparelhos e por todos os seus braços havia tubos com o que me pareceu ser soro e sangue. Annie engoliu em seco quando o viu daquele jeito e engoliu as lágrimas; já Atena deixou algumas rolarem em um choro silencioso. O médico pediu que esperássemos ele acordar e que não o deixemos mais agitado, por que segundo o médico aquilo somente iria piorar as coisas. Sentei em uma das poltronas e coloquei Annie no meu colo de modo que de novo ela estava chorando no meu ombro; mas dessa vez seu choro estava mais controlado, ela provavelmente não queria ser responsável pela piora do seu avô.

- E agora, ele irá saber da verdade? – perguntei a Annie vendo Poseidon e Atena abraçados no sofá maior.

- As consequências podem ser trágicas, mais é melhor ele saber um quanto antes – sua voz falhou, e percebi que ela completou mentalmente antes de ele morrer.

- Saber que verdade? – Nem Poseidon nem Atena pronunciaram essas palavras. Max Chase estava com os olhos azuis abertos nos encarando com curiosidade.

Annie congelou, e ela se apertou mais perto de mim sem ter coragem para olhá-lo, Atena empalideceu, mas se levantou de um pulo e se ajoelhou ao lado da cama do pai, pegando sua mão.

- Pai, como está?

- Só com algumas dores no peito, mas passa – ela tirou os olhos dela e se dirigiu a mim de novo – que verdade garoto?

Eu olhei suplicante para Atena, ela tomou folego e disse de uma vez só, como se tivesse medo de perder a coragem.

- Annabeth é milha filha.

Annie me largou, respirou fundo, se levantou e se pôs ao lado da mãe. Max olhava de uma para outra notando as semelhanças: cabelo, olhos, pele; tudo batia. O monitor que media as batidas do coração dele acelerou, e ele ficou ainda mais pálido.

- John – foi isso que ele disse.

- Pai me desculpe se eu lhe magoei, mas eu amava mesmo John, tanto quanto amo o Poseidon hoje, e a Annabeth é fruto desse amor. Olhe para ela, ela lhe ama mesmo se nunca a chamar de neta! Ela é minha filha e o senhor não pode fazer nada contra isso!

Max respirou fundo várias vezes como se tivesse tentando se acalmar, depois sua voz saiu com um certo esforço.

- Eu já sabia – Atena arregalou os olhos – desde o casamento fiquei espreitando vocês duas, até tirar minhas próprias conclusões.

- Então tudo bem? – dessa vez quem falou foi Annie.

- Claro Annabeth. Eu já achava que ia morrer sem ter conhecido meus netos – ele forçou um sorriso mínimo. Nesse momento o médico entrou no quarto acompanhado por um homem usando paletó e gravata.

- Seu advogado chegou Sr. Chase – o médico avisou e saiu.

- Como vai o senhor? – o advogado perguntou.

- Não muito bem Josh, pegue meu testamento, ele deve ser mudado para englobar toda a família.

O advogado abriu a pasta e pegou um monte de papéis e começou a conversar com o Sr. Chase, escrevendo várias coisas. Enquanto isso eu puxei Annie para o sofá.

- Aliviada?

- Nenhum pouco! Imagina se ele não passar dessa noite, logo agora que nos conhecemos.

- Relaxe e aproveite os momentos com o seu avô.

Ela assentiu e encostou seu rosto no meu ombro, descansando seus nervos. Mas o pesadelo ainda não havia acabado: O advogado saiu uns 15 minutos depois, assegurando o Sr. Chase que seu testamento seria prontamente atendido, foi aí que a situação ficou crítica; de repente Max ficou pálido e começou a ofegar como se a dor em seu peito tivesse chegado ao máximo. Levantamo-nos e ficamos em pé ao redor de sua cama. Annabeth e Annie já estavam chorando.

- Chame o médico – gritou Atena para Poseidon.

- Não eu prefiro partir agora a sofrer para morrer depois – ele impediu.

- Não fale assim vô, vamos fazer o possível para que fique bem – Annie começou, mas ele não ligou olhou profundamente para Poseidon.

- Cuide da minha empresa, da minha filha e da minha neta.

- Claro senhor, farei o possível e o impossível para mantê-las bem.

Ele se virou para mim.

- Eu não esqueci de contemplar você com o meu testamento; do jeito que você cuida de Annabeth me faz entender que você a ama, cuide dela para mim; embora eu já saiba que você já cuida dela a mais tempo que eu.

- Não se preocupe, eu amo Annabeth farei tudo por ela.

Ela se dirigiu a Atena.

- Me desculpe por tudo minha filha, nunca tive a intenção de magoá-la de forma nenhuma. Obrigado por ter me dado uma neta, graças a você vou embora feliz. Eu te amo minha filha.

- Também te amo papai, me desculpe por ter escondido isso por 15 anos; mas o senhor me entende, na época eu não imaginava uma aceitação dessa – ele assentiu e respirou mais vezes, fazendo caretas, como se até respirando sua dor não passasse.

- Annabeth, eu não viu e nem serei para você um bom avô, mas saiba que se tivesse mais tempo eu seria. Obrigado por ter nascido! Eu não imaginaria neta melhor para mim do que você!

Annie se aproximou da cama, se ajoelhou, pegou a mão do avô e a beijou, banhando ela de lágrimas.

- Eu não esperaria melhor avô que você! Te amo vovô!

Ele sorriu largamente.

- Annabeth, minha neta! Eu te amo!

Assim que falou essas palavras respirou a última vez, fechou os olhos. O monitor cardíaco apitou avisando que seu coração parara de bater.

Max Chase estava morto, e eu não pude deixar de chorar juntamente com Annie, Atena e Poseidon.