PDV Stephanie

Acordei com a porta batendo, abri um pouco meus olhos, a pequena claridade que atravessava a cortina da janela fazia meus olhos arder, minha cabeça doia como se ela tivesse sido pisoteada por mil pés. Depois de meus olhos estarem um pouco mais adaptados com a luz abri completamente eles. Eu estava com a minha perna esquerda em cima das pernas do Dean, minha cabeça em seu peito, as suas mãos me acolhendo em um estranho abraço.

De repente, flashes da noite passada invadiram minha mente: eu entornando vários drinks, eu cantando junto com Dean, eu e Dean no banheiro. E a sensação de diversão, de prazer, que a noite passada me trazia.- Dean. - O Sacudi.

- Eu não roubei nada. - Ele falou entre bocejos.

- O que? Acorda! - O Cutuquei.

- Hã? O que? - Ele abriu os olhos. - Ai. - Ele levou as mãos até a cabeça.

Levantei da cama meia zonza, fui até o banheiro e lavei o rosto. Me olhei no espelho e percebi minhas fundas olheiras. Fui até minha mala e peguei uma calça jeans, uma blusa de alcinha rosa, e outras coisas como sabonete, xampu, e etc. Entrei no banho e deixei todas as minhas preocupações, arrependimentos, e culpas ir embora junto com a sujeira do meu corpo.

Sai do banheiro enquanto enxugava meus cabelos, o que eu encontrei foi: Sam e Dean discutindo, e o pior, sobre mim.

- VOCÊ DEIXOU ELA BEBADA, O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA? - Sam gritava.

- EU NÃO EMBEBEDEI NINGUÉM, ELA QUIS BEBER, E ELA SABE CUIDAR DE SI. - Dean gritou. Nenhum dos dois parecia ter percebido minha presença ali.

- EI, EI, EI. - Gritei e nenhum dos dois me ouviu.

- ELA É SÓ UMA CRIANÇA, ELA NÃO SABE CUIDAR DE SI MESMA, NÃO SABE NEM ESCOLHER COM QUEM DORME. - Sam apontou para o Dean.

 - Já chega! - Gritei com raiva e desapontamento na voz. Um trovão soou tão alto que quase fez eu querer tapar meus ouvidos, eu não tenho certeza, mas acho que eu fiz isso.

Minha cabeça doeu tanto que eu pensei que fosse desmaiar. Os dois pararam de brigar e olharam para porta, logo após notaram minha presença.

- Stephanie... - Sam veio em minha direção provavelmente para se desculpar.

- Não Sam. - Cortei ele. A raiva me tomou e o ódio tornou minha visão vermelha. - Eu sei cuidar de mim, e eu sei escolher com quem eu durmo, por isso não foi com você que eu dormi. - Gritei e começou a chover. - MAS QUE DROGA, EU NÃO QUERO CONTROLAR O TEMPO TAMBÉM!

Dean tentou conter uma risada, e Sam ficou imobilizado.

- Eu trouxe o almoço de vocês. - Sam disse e saiu do quarto.

Dean veio em minha direção e segurou minha cintura, sua boca procurou a minha e eu o parei.

- Não Dean, essa foi a ultima vez. Desculpa. - Avisei.

Fui de encontro a mesinha redonda que havia, e peguei meu almoço. Dean saiu porta a fora, seguindo Sam e acabei ficando sozinha. 

De repente ouvi meu celular tocar. Era o toque de mensagem. Caminhei em direção ao banheiro e peguei meu celular que estava encima da pia, e li o aviso "1 nova mensagem de Leticya (13:20)". Quase havia me esquecido dela, que tipo de melhor amiga eu era? Tive um pequeno flashback das nossas conversas, desabafos, segreedos, noites e mais noites falando e sonhando sobre Supernatural.  A mensagem dizia: "Onde tu te meteu abobada? não vai mais na aula e todas as vezes q eu fui na tua casa não tinha ngm, vc se mudou? e porque vc rejeitou minhas ligações? Celular e msn não existem mais né? Enfim, quando tu voltar da tua abdução alienigena me liga, preciso muito falar cntg, coisas estanhas vem acontecendo comigo desde que vc desapareceu."

Fiquei preocupada e juntei toda minha coragem para ligar para ela e ouvir os chingamentos que ela irá direcionar à mim. Chamou algumas vezes e ela atendeu:

- STEPHANIE? - Ela já gritava, oh oh.

- Oi Leticya. - Disse feliz por ter ouvido a voz de alguém que me trazia tantas memórias boas.

- ONDE É QUE VOCÊ ESTÁ? - Ela gritou de novo.

- Eu estou viajando com Sam e Dean. - Saiu da minha boca antes do meu cérebro avaliar, bati na minha cabeça e me joguei na cama.

- O que? - Ela falou estranhamente séria.

- É que... é meio complicado. É melhor agente se encontrar e conversar em algum lugar. - Eu disse tendo certeza que não conseguiria mentir para ela, eu teria que contar tudo.

- Mas você não esta viajando? - Ela perguntou.

- Eu dou um jeito. Que tal no shopping UES? - Perguntei.

- Ótimo, te vejo ás 20hrs. - Ela desligou o telefone, provavelmente ainda esta brava comigo.

- STEPHANIE? - Ela já gritava, oh oh.

- Oi Leticya. - Disse feliz por ter ouvido a voz de alguém que me trazia tantas memórias boas.

- ONDE É QUE VOCÊ ESTÁ? - Ela gritou de novo.

- Eu estou viajando com Sam e Dean. - Saiu da minha boca antes do meu cérebro avaliar, bati na minha cabeça e me joguei na cama.

- O que? - Ela falou estranhamente séria.

- É que... é meio complicado. É melhor agente se encontrar e conversar em algum lugar. - Eu disse tendo certeza que não conseguiria mentir para ela, eu teria que contar tudo.

- Mas você não esta viajando? - Ela perguntou.

- Eu dou um jeito. Que tal no shopping UES? - Perguntei.

- Ótimo, te vejo ás 20hrs. - Ela desligou o telefone, provavelmente ainda esta brava comigo.

Fechei os olhos ainda deitada e comecei a pensar como eu iria conseguir ir ao encontro dela. E se eu não conseguisse usar meu super-poder de teletransporte? Resolvi levantar e escolher alguma roupa. Fazia tempo que eu não saia para algum lugar que não fosse ou um bar, ou para um carro, e cheguei à conclusão que eu não tinha roupa nenhuma, talvez fosse verdade ou talvez eu estava tendo uma daquelas típicas crises. E se eu pedisse um dos cartões de crédito falsos do Dean ou do Sam? Droga, eu acabara de gritar com o Sam, terminar o que não começou com Dean e provavelmente brigar com ambos.

Fui até a porta, a abri, olhei para os lados e não havia ninguém, andei bem devagar até chegar a porta ao lado da minha, no quarto do Sam e do Dean. A pequena janela ao lado da porta estava com a cortina aberta e dava ampla visão do quarto, eles não estavam lá, olhei para o estacionamento e o Impala estava lá, estranho.

Rodei a maçaneta e a porta estava trancada.

- Droga. – Murmurei comigo mesma.

Coloquei a mão na fechadura e tentei pensar na fechadura se rompendo, ou apenas ela se destrancando. Fechei os olhos e me concentrei o máximo que eu pude, ouvi um estalo, rodei a maçaneta e a porta se abriu.

- Legal. – Sorri com a minha nova descoberta de conseguir destrancar portas.

Entrei e vi o casaco do Dean em cima da cama, fui até lá, e havia uma identidade falsa, e um cartão de crédito falso. Peguei o cartão e praticamente saí correndo de lá, entrei no meu quarto e ri sozinha.

- Eu posso comprar o que eu quiser! – Murmurei comigo mesma e a minha cabeça começou a maquinar tudo que eu iria comprar com aquilo.

Fui até minha mala e vesti minha calça jeans meia surrada, minha blusa salmão, um leve casaco de lã vermelho, e um vans preto e branco. Fui até o banheiro com a minha necessaire, passei rimel, lápis de olho e base. Parei no centro do quarto com o cartão e o celular no bolso do calça, olhei para cima e fechei os olhos.

Pensei em coisas como o shopping onde eu marquei com a leticya, minha melhor amiga, no upper east side, abri os olhos esperando estar em frente ao shopping ou algo assim, mas eu ainda estava no quarto do motel em illinois.

- Ótimo. - Murmurei comigo mesma. - Da ultima vez eu estava braba, então... - Minha mente começou a maquinar e eu soube o que fazer.

Pensei no Dean quase me usando para ter sexo o tempo todo, pensei na minha recente briga com o Sam, pensei nas vezes em que briguei com Lucas, e isso me deixou brava, irritada, um pouco confusa como bônus. Fechei os olhos novamente e me preparei, pensei no shopping onde combinei com Leticya, pensei na sua fachada, e em torno de um segundo depois ouvi carros businando, pessoas conversando, e alguém me dando um empurrão, abri os olhos lentamente me deliciando com a minha típica manhattan.

Nunca pensei que teria saudades de todo esse movimento, de todos esses empurrões, de todos esses falatórios, mas eu sentia.

Entrei no shopping e me deu uma leve tontura, meu estomago roncou e lembrei-me que não havia comido nada des de ontem, fui até a praça de alimentação e procurei algum restaurante de verdade, com comida de verdade, isso é outra das coisas que eu não achei que sentiria saudade.

Peguei o primeiro prato que eu vi que havia lasanha. Oh, como eu amava lasanha! E aquela estava com uma cara ótima, e o gosto também. Tomei litros de refri, o que eu nunca trocaria por suco. Comecei a pensar em como eu estava nervosa por reencontrar Leticya, e como estava confusa com tudo que andava acontecendo. E eu tenho tendência a comer mais quando estou nervosa, e confusa.

Após terminar a refeição, resolvi ligar para Leticya e ver se ela poderia vir mais cedo.

- Alô? - Ouvi a voz de Leticya, após longos segundos ouvindo o telefone chamar.

- Oi. - respondi - Olha, ta fazendo alguma coisa importante?

- Bom, eu to deitada, isso é muito importante? - ela deu um risinho após sua frase irônica.

- Se fosse pra mim, seria importante demais. - Rimos.

- Mas por que?

- É que eu não tinha muita coisa pra fazer sabe, ai eu vim mais cedo pro shopping, queria ver se você podia vir um pouco mais cedo. - Expliquei.

- Oh, claro que posso. Não pensei que quem andasse com Sam e Dean Winchester tivesse tempo pra sair, tempo até demais. - Senti uma indireta na fala dela, como se disesse: "Deve ser por que você não está com eles".

- Bom, é que a gente meio que brigo sabe. - Disse fingindo não ter entendido seu sarcásmo anterior.

- Ah. Vai me dizer que eles estão brigando por você? - ela riu, e eu tentei rir junto como se fosse engraçado.

- Depois eu te explico tudo.

- Ok, daqui a pouco estou chegando ai.

- Tá. - desliguei o telefone.

Como se fosse fácil Sam e Dean Winchester brigando por você! Pensei depois de me lembrar a piada que ela supostamente havia feito com relação a isso. De repente comecei a pensar como era loucura estar com eles, e como eu pensei que pudesse ser maravilhoso os dois brigando por mim, quando na verdade era terrível.

De repente me assustei com uma vibração no bolso esquerdo da minha calça, peguei meu celular e vi que estavam me ligando, ou melhor: que Sam estava me ligando. Eu não queria atender, não queria brigar ainda mais com ele, não queria ficar mais brava e machucada que eu já estava. Apertei o botão vermelho e rejeitei sua ligação e desliguei o celular.

Observei ainda sentada na minha mesa com duas cadeiras vagas na minha frente o movimento do shopping, vi uma criança chorando e berrando apontando para uma daquelas bancas cheias de balão de gás, dois adolescentes de beijando como se estivessem em um quarto, uma idosa xingando dois menininhos, uns 5 metros de distância da idosa, cerca de 50 a 60 metros de distancia de mim vi uma mulher alta, eu diria majestosa, cabelos negros que desciam até sua cintura, um vestido grande e largo turquesa, com um colar estranho que eu não consegui destingir de tão longe, ela estava parada em meio a tantas pessoas olhando diretamente para uma coisa: eu.