- Certo. – Keiran parou, se prostrando frente a mim e a Edward, que bocejava. – Só algumas coisinhas antes de entrarmos. Edward, - apontou pro irmão que ergueu suas sobrancelhas grossas – Simplesmente suma durante a festa toda e não ataque nenhuma mulher pelos corredores.

- Ah que pena, - Edward caçoou – não posso atacar as mulheres, nossa a noite acabou pra mim... – ergueu as mãos pro alto.

- Bella, querida, - Keiran me olhou com seus olhos verdes e sorriu – a sua tarefa é mais fácil, simplesmente não abra a boca, a não ser que for pra comer.

- Fácil? Isso sim vai ser difícil, já percebeu o tanto que ela fala? – Edward disse.

- Cale a boca Edward e se comporte. – falei com autoridade e ele me olhou de lado, de um jeito significativo.

- Agora vamos. – Keiran segurou minha mão e eu respirei profundamente tentando não tremer pelo contato. – Sorria Bella. – ele sussurrou em meu ouvido assim que entramos no salão.

O lugar me lembrava às salas de estar dos filmes de época que eu tanto amava assistir. A decoração em um vermelho fosco contrastava com a cor forte dos móveis do lugar. Keiran a minha direita sorria para algumas pessoas à frente e a minha esquerda um vento frio me arrepiava os braços, Edward já havia sumido.

- Como vai George? – Keiran apertou a mão de um senhor barbudo.

- Não melhor que você rapaz. Com uma mulher tão linda ao seu lado... Eu o invejo nesse momento. – George riu alto.

- Obrigada. – murmurei envergonhada.

- Essa é minha... Noiva. Isabella Swan. – Noiva? Perguntei-me em pensamento.

George levou minha mão até seus lábios e me olhou de uma maneira tão insinuante que me fez corar.

Conforme passávamos pelas pessoas e Keiran me apresentava a aqueles estranhos, minha excitação por estar na companhia dele evaporava, eu começava a me sentir um troféu sendo exibido pelo salão. É o que você é agora, um troféu, acostume-se. Uma voz interna me sussurrou.

Meu sorriso começava a parecer falso e meu estômago me chamava cada vez mais alto.

- Querido? – o chamei para um lugar distante das pessoas em volta dele e por sua expressão ele não gostara nada – Keiran, preciso me sentar um pouco, – suspirei – comer alguma coisa...

- Tudo bem. – ele apontou para um corredor em que algumas pessoas transitavam – Por ali há uma sala menos movimentada, você pode levar alguns canapés e comer em paz, mas não demore. – ele sorriu – Me desculpe, eu estou sendo exagerado não é? – ele respirou fundo.

- Não, eu entendo, está preocupado. – passei a mão em seu braço o confortando e segui para a mesa de canapés.

Com um pequeno prato nas mãos segui para o corredor estreito que Keiran indicara. Sorri para algumas pessoas a quem já tinha sido apresentada, tentando esconder o prato, e ao entrar na sala vazia me dirigi a um sofá azul escuro, com detalhes em dourado. Era quase um crime sentar-se em algo tão bem feito, mas eu não estava em condições de recusar um assento naquele momento, meus pés reclamavam de dor.

- Finalmente... – suspirei sentando-me e logo enfiei um canapé na boca, mastigando-o nervosamente.

A voz de Keiran me apresentando como sua noiva ás pessoas ainda ecoava em minha mente. Será que ele havia mudado de idéia sobre nós dois? Agora me queria como noiva? O fato é que ele não tinha me avisado nada sobre aquilo.

- Festa divertida, não acha? – ouvi a voz de Edward irônico, sentando-se ao meu lado com um copo quase vazio na mão.

- Me desculpe. Quer dizer, por ter te convencido a vir. Se eu que sou sociável não estou mais agüentando, eu posso imaginar você. – falei sinceramente assim que terminei de engolir.

- É, você arruinou a minha noite. – ele disse, mas parecia querer rir.

- Na verdade, ficar trancado no quarto não seria muito melhor do que isso... Mas sim, eu arruinei a sua noite. Se te deixa melhor, a minha não está indo muito bem, então... – dei de ombros e coloquei outro canapé na boca.

- Isso me deixa muito melhor, obrigado. – Edward piscou e bebeu o resto do conteúdo no copo em um gole.

Assim que comi os últimos canapés, virei-me pra ele que me olhava possessivamente. Eu já havia notado aquele olhar antes, Edward tinha os olhos no azul mais profundo e escuro que eu já vira e toda vez que eles pousavam em mim uma voz em minha cabeça me forçava a desviar, mas meu coração acelerava significativamente.

- Vamos dançar. – ele não pediu, dera uma ordem.

- Dançar? – me assustei – Não tem ninguém dançando aqui, na verdade, nem música.

- E quem disse que eu quero dançar aqui? – ele perguntou como se fosse óbvio – Conheço um lugar. E você vem comigo.

"Até mesmo os melhores falham algumas vezes, Até mesmo as palavras erradas parecem rimar. Fora da dúvida que enche minha mente Eu acho de alguma maneira, você e eu colidimos." (Collide)