Apesar de o Rafa odiar que eu falasse com o Murilo, continuei falando com ele, até porque ele ainda era meu amigo! No intervalo, o Rafa pediu pra eu esperar ele, que ele ia resolver uma coisa rapidinha. Esperei. O Murilo foi falar comigo:

- Oi princesa!

- Oi!

- Posso te pedir uma coisa?

- Pode!

-Passa o intervalo hoje comigo?

- Nã...- Quando vi, o Murilo já estava me beijando. O beijo deve ter durado uns 3 segundos, mas mesmo assim o Rafa viu! O Rafa saiu correndo e eu fui atrás.

- Rafa, espera aí!

- Esperar pra quê Camila?

   O Rafa estava chorando e foi a pior sensação que eu tive na vida! Eu senti que tinha perdido o Rafa de vez!

- Rafa, me escuta! Sério!

- Pra quê? Pra você dizer que beijou o Murilo?

- Não, Rafa! Eu não quis!

- Camila, não acha melhor a gente dar um tempo?- Agora o Rafa só me chamava pelo nome e não mais de "amor". Isso era estranho pra mim.
- Não, Rafa! Por favor! – eu disse chorando. Parei e vi o Rafa se afastando.

    O Rafa não apareceu na outra aula, fiquei preocupada. Ouvi a Alicia conversando com o Murilo:

- E aí, Murilo? Quem que estragou a vida da Camila agora?

- Não enche Alicia!

- De qualquer forma, parabéns! Agora o Rafa é meu!

     Também fiquei com um pouco de raiva do Murilo, só que agora ele era a única pessoa que eu podia conversar. Ele foi lá falar comigo:
 - Princesa, tudo bem? Desculpa por tudo?

- Eu não estou bem não... Mas eu te desculpo! – eu disse triste.

- Vem cá. Tudo isso vai passar, eu sei. Depois o Rafa vai tá aqui, falando com você! – ele disse me beijando e passando a mãe em meu rosto.

- E se não passar? E se ele não quiser mais falar comigo?

- Aí você tem a mim! Te amo! - Ele disse chegando perto de mim e me abraçando forte.
 Uma semana se passou e nada mudou. O Rafa não falava comigo, mas parecia que estava feliz. Ele estava conversando, rindo com todos os amigos deles, menos o Murilo, é claro. Na quinta feira cheguei em casa muito cansada, mas tinha que ir ao shopping com minha mãe para comprar o presente da minha irmã mais velha. Eu tenho uma irmã chamada Eliza, ela tem 16 anos, e estava viajando com meus avós paternos, ela iria voltar hoje. Então cheguei da escola, tomei banho troquei de roupa, almocei e sai com minha mãe. Comprei o presente da Eliza e fomos embora. Eu conversava muito com a Eliza, ela era como se fosse minha melhor amiga que mora comigo. Ela sabia tudo o que acontecia comigo, menos do Rafa, porque ela não estava aqui. Mas quando ela chegasse eu ia contar tudo.
 Viajei nos meus pensamentos enquanto voltava para casa. Ate que minha mãe me interrompeu:
 - Filha, eu e seu pai decidimos nos mudar daquela casa, vamos morar em um apartamento, já vimos tudo.
 - Que ótimo mãe! – achei ótimos nos mudarmos daquela casa chata.
 Chegamos em casa e eu fui fazer meus deveres, quando terminei abri meu diário e comecei a escrever:
“É, já faz uma semana que estou sem o Rafa, acho que estou me acostumando. Eu não quero nada com o Murilo, acho ele um ótimo amigo. Mas não quero nada além disso com ele. Na escola tenho passado a maior parte do tempo prestando atenção nas aulas e me dedicando. No intervalo fico sozinha, na verdade, me escondo. Fico ouvindo música e observando bem de longe o Rafa rindo todo feliz com os amigos dele. Me sinto tão mal em ver ele feliz. Não é que eu queira o mal dele. Mas é que eu estou tão triste sem ele, e vejo que eu amo ele mais do que ele me amava, se é que ele me amou. Meus dias tem sido um horror. Quem sabe quando nos mudarmos para um prédio, eu conheça gente nova com eu possa conversar... E ainda bem que daqui a um dia a Eliza chega.”
 Fechei o diário e desci para a cozinha para ajudar minha mãe a fazer um bolo. Quando terminamos de fazer o bolo e arrumar a cozinha, já era de noite. Então subi, tomei banho e deitei. Dormi bem rápido, e acordei muito cedo. Então fiquei mais ansiosa ainda sabendo que quando eu chegasse da escola, a Eliza estaria me esperando em casa. Então me levantei, tomei banho e me vesti. Desci, tomei café da manhã e fui pra escola com minha mãe. As aulas se arrastaram durante 6 intermináveis horas. O intervalo de 15 min. Parece que durou 3 horas. Quando finalmente tudo acabou, sai apressada da escola e entrei no carro.
 - E então mãe, ela chegou? – eu disse afobada.
 - Sim chegou. – minha mãe disse olhando para o banco de trás. Olhei para trás e vi a Eliza sentada sorrindo. Pulei o banco e fui abraça-la.
 - Eliza, que saudade. – eu disse a abraçando.
 - Eu também estava com tanta saudade minha lindinha.
 - Eu tenho tantas coisas pra te contar!
 Fomos pra casa conversando, e quando chegamos em casa, eu e Eliza subimos ao meu quarto. Quando chegamos lá contei tudo o que havia acontecido.
  Os dias foram bem melhores ao lado de Eliza. E uma semana depois da chegada dela, nos mudamos para um prédio bem grande. Meu quarto era junto com o da Eliza, ele era lindo. A Eliza estava estudando na mesma escola que eu.
  Em um sábado de manhã, minha mãe mandou eu e Eliza irmos à padaria, então fomos. Voltamos para casa conversando. Apertei o botão do elevador distraída conversando com a Eliza. Quando a porta se abriu levei um susto. O Rafa estava lá dentro, ele também levou um suto quando me viu. Então entrei junto com Eliza, eu e ele ficamos nos olhando. 
 - O que você está fazendo aqui? – ele perguntou.
 - Indo pra minha casa!?! – eu disse. – e você?
 - Você está morando aqui? – ele perguntou novamente.
 - Sim!
  Então a porta do elevador se abriu e eu e Eliza saímos.
 - Meu Deus, ele também mora aqui! – Eliza disse pasma.
Eu comecei a chorar no mesmo instante.

Pensamentos do Rafa:
“Eu não acredito que ela está morando aqui. O que eu vou fazer agora? Eu tive tanta vontade de abraça-la e beija-la quando ouvi sua voz. Eu não posso viver sem ela. Mas ela foi tão fria comigo, não demonstrou nenhum nervosismo. Só ficou surpresa! Se ela não se importa comigo, se ela não me amou o mesmo tanto que a amei, não vou correr a trás. Eu a amo tanto. Mas agora ela está com o Murilo. Ele mesmo me disse que estava namorando com ela. Não posso interferir do mesmo jeito que ele fez.”

Pensamentos da Camila:
“Eu não acredito que ele está morando aqui. O que eu vou fazer agora? Eu queria tanto que ele tivesse me abraçado e me beijado, quando ouvi sua voz meu coração disparou. Mas ele foi tão frio comigo, não demonstrou nenhum nervosismo. Só ficou surpreso em me ver. Se ele não se importa comigo, se ele não me amou tanto quanto o amei, não vou correr a trás. Eu o amo tanto. Mas ele está feliz com os amigos dele, ele não precisa de mim!“

 Na segunda feira, a primeira aula era de ciências, e o professor mandou sentar em dupla, e eu como sempre iria ficar sozinha, mas quem ia separar as duplas era o professor. Então ele disse:
 - Camila e Rafael!
 - Não professor, por favor! Outra pessoa! Ou então me deixe fazer sozinha! Por favor! – eu disse desesperada. E o Rafa ficou calado.
 - Nada disso! Vamos Rafa, junte-se a ela. Rápido!
 Então o Rafa veio. Colocou a carteira dele ao lado da minha. Nos nós olhamos e abaixamos o olhar. Então começamos a fazer o trabalho. Algumas vezes, nossas mãos se tocavam sem querer, e eu tremia. Acho que ele percebeu que eu estava meio nervosa, e ele também parecia meio aflito. Murilo me olhava fixamente de 30 em 30 segundos.

Pensamentos do Rafa:
 “Preciso me controlar, não posso ser fraco, não vou falar com ela, não vou tocar sua mão outra vez, eu preciso ser forte, não posso falar nada. O Murilo não para de olhar ela. Essa tortura tem que acabar logo.”

Quando finalmente essa tortura acabou, eu peguei minha mochila sem ao menos olhar pra ele e sai. Esperei Eliza na porta da escola me desmanchando em lágrimas. Então conversei com ela sobre isso. Foi o que me fez parar de chorar um pouco, quando chegamos ao prédio, chamei o elevador e o Rafa estava lá dentro outra vez. Ele estava chorando também. Nos olhamos fixamente enquanto eu entrava no elevador.
 - Eu podia conversar com você? – perguntou o Rafa.
 - Pode. – respondi não acreditando que ele tinha perguntado isso.
 - Mais tarde te ligo – ele disse saindo do elevador.

Pensamentos do Rafa:
 “Eu sou muito fraco! Jurei pra mim que não ia falar com ela nunca mais! Mas ainda tem solução, é só eu não ligar pra ela!”

 Entrei em casa e fiquei com o celular na mãe a tarde inteira, quando foi 5 horas ele tocou, era o Rafa:
 - Oi. – ele disse com voz de choro.
 - Oi. – eu disse derramando uma lágrima. Ouve uma pausa e um breve silencio ate ele falar:
 - Pode me encontrar agora lá em baixo?
 - Posso! Estou descendo. – eu disse abrindo a porta do quarto e saindo.
 - Eu também. – ele disse enquanto nos deligávamos e telefone.
Quando cheguei ele já estava lá, ele estava  de costas, e não me viu chegar.
 - Oi. – eu disse.
 - Oi. – ele disse virando.
Nós nos aproximamos nos olhando nos olhos. Quando percebi já estávamos nos beijando.
 - Eu senti tanta a sua falta. – eu disse chorando.
 - Eu senti muito mais. – ele disse me abraçando forte.
Ficamos até de noite conversando na casa dele. Conheci a mãe dele, ela é bem simpática. Ela disse que não queria saber do Rafael namorando nenhuma garota, e ainda bem que ela não sabe que eu e ele namoramos, ela iria ser contra. Quando entramos no quarto do Rafa, ele disse:
 - Não liga, ela não seria contra o nosso namoro.
 - Seria sim! – eu disse abaixando o olhar.
 - Ela te adorou, ela não seria contra! – ele disse me beijando.
 Eu não deixei o beijo continuar, a mãe dele poderia entrar no quarto a qualquer momento. Me afastei.
 - Que foi? – ele perguntou.
 - Sua mãe!
 - Esquece isso meu amor! – ele disse passando a mão em meu rosto. 
 - Não vou esquecer você sabe.
 - Quer que eu fale com ela sobre isso?
 - Não quero que ela brigue com você.
 - E você não vai deixar eu te beijar por causa dela?
 - Não. – eu disse rindo.
 - Não?
 - Não, nunca mais!
 - Mas ai eu vou morrer... – ele disse me beijando.
Eu fiquei meio desconfortável com o que a mãe dele tinha dito, e queria contar que eu era namorada do Rafa. Então resolvi falar com ele:
 - Você não acha que a gente deveria falar pra ela que nós namoramos?
 - Acho! Mas outro dia por...
 Meu telefone o interrompeu tocando. Meu celular estava na cama dele, do nosso lado, então o Rafa pegou e disse:
 - É o Murilo! O que ele quer com você?
 - Não sei! Deixa eu atender. – eu disse com medo de o Rafa atender.
Ele me entregou o telefone.
 - Oi meu amor. – Disse o Murilo.
 - Oi.
 - Tudo bem? Pode me encontrar hoje? Eu estava pensando aqui que a gente podia ir a...
 - Olha Murilo, eu não posso sair hoje, minha mãe me proibiu, desculpa. – eu disse o interrompendo.
 - Tudo bem. Te vejo amanhã?
 - Vemos isso depois. Tchau, beijos. – eu disse desligando.
 - Porque não disse a ele que estamos juntos? – perguntou o Rafa com raiva.
 - Porque não devo satisfação a ele!
 - Então porque disse que sua mãe te proibiu?
 - Você fica tão fofo com ciúme. – eu disse.
 - Eu não estou com ciúmes! – ele disse me olhando.
 - Ah sei. – eu disse o beijando.
 - Para, vai beijar o Murilo! – ele disse virando o rosto.
Me afastei sorrindo.
 - Você é muito besta! – ele disse me mordendo de brincadeira.
Começamos a brincar disso até a mãe dele entrar no quarto. Ela nos olhou fixamente. Fiquei sem graça.
 - Mãe, eu precisava mesmo falar com você!
 - Fale. – ela disse me olhando.
 - Rafa, agora não. – eu disse discretamente e bem baixo no ouvido dele.
 - Deixa mãe, depois eu falo.
Ela saiu do quarto.
 - Você não queria que ela soubesse?
 - Não depois dela ver isso!
Meu celular tocou novamente, era a Eliza, atendi:
 - Alô? Camila?
 - Oi.
 - Cadê você menina? Estou te procurando aqui em baixo.
 - Estou na casa do Rafa.
 - Vem pra casa agora. A mamãe tá desconfiada que você tá na casa dele! Sabe o que ela tá pensando né?
 - Nossa, a mamãe é paranoica! Já estou indo.
 - É, mas ela tem razão né? Vem agora!
 - Tá. – eu disse desligando.
- Que foi amor? – perguntou o Rafa.
 - Minha mãe pensando que a gente tá fazendo alguma coisa de mais aqui.
 - E poderia estar acontecendo? – ele disse rindo.
 - Não né Rafa! – eu disse rindo. – tenho que ir.
 - Não! Não vai, por favor! Dorme aqui comigo, quero acordar e te ver ao meu lado!
 - Tá doido? – eu disse rindo. – Tenho que ir mesmo.
 - Amanhã eu quero te ver! – ele disse me beijando.
Então ele foi me levar até o meu apartamento.  Entrei em casa e minha mãe me olhou.
 - Onde você estava até essa hora?
 - Lá em baixo.
 - Ate essa hora? Fazendo o que lá? Com quem?
 - Com o Rafa. – eu disse indo pro quarto.
 - Fazendo o que? – minha mãe disse vindo atrás de mim.
 - Ah mãe, faça-me o favor né? – eu disse entrando no banheiro.
Tomei banho, troquei de roupa e fui dormir, já eram 23 horas.