All Night Long escrita por tati_surou


Capítulo 5
Capítulo 5




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Nos primeiros dias depois de ligar para JaeBeom, Taec tentou evitar ChanSung. Estava se sentindo mal. Sabia como Jay era o máximo com ele, sempre sendo sincero e esperando sinceridade em troca. Conhecia Jay bem o suficiente para saber disso. Mas lá estava ele, mesmo assim, mentindo (omitindo?) pra ele descaradamente e levando longe demais uma história que nem deveria ter começado.

Tudo bem ir para uma festa, conhecer alguém diferente, aproveitar a solteirice passageira. Não era isso o que Jay tinha feito, também? Ele tinha todo direito de agir da mesma maneira.

Só que ele devia ter esquecido ChanSung no dia seguinte. Então o que eram aquelas borboletas no seu estômago, toda vez que pensava nele? E se ele estava se apaixonando pro ChanSung, então porque sentia que, com toda a certeza, ainda gostava de Jay?

ChanSung ligou para ele na terça-feira de manhã, mas ele não atendeu. Estava no trabalho quando isso aconteceu, e ficou um bom tempo só encarando o celular, que vibrava em cima da mesa.

- Não vai atender? – JunSu perguntou, distraído, no meio do que quer que estivesse fazendo.

TaecYeon hesitou.

- Não.

O amigo franziu o cenho, mas não fez mais perguntas.

Na mesma tarde, ChanSung ligou novamente. Ele sentiu um aperto no peito, principalmente pelas lembranças que seu cérebro estava adorando lhe enviar, mas novamente não atendeu.

Então, na quarta-feira de manhã, ChanSung mandou um SMS. “Estou tentando ligar pra você, Taec, mas você não atende. Eu entendo se você estiver muito ocupado, mas se quer me ignorar, já falei que prefiro que você me avise antes.”

Mas TaecYeon não avisou, porque não queria acabar tudo. Nem continuar. Ele não sabia o que queria. Sentia-se ridículo, porque parecia que ele queria que ChanSung continuasse correndo atrás dele - mesmo sabendo que ele não faria aquilo, pelo menos não por muito tempo - embora não tivesse a intenção de que tivessem alguma coisa.

ChanSung ligou mais algumas vezes naquele dia, mas ele continuou não atendendo. Se tivesse vontade, depois ligaria para ele e inventaria alguma coisa qualquer. Lógico que existia uma voz chata na sua cabeça martelando que, porra, estava mentindo para JaeBeom, mentindo para seus amigos, mentindo até para si mesmo e agora queria mentir para ChanSung também. Mas ele ignorava essa voz do mesmo jeito que ignorava todas as outras.

A única voz que não podia deixar de ouvir era a de JunSu, mas ele andava um pouco quieto demais para que ele precisasse se preocupar com aquilo.

Na quinta-feira ChanSung parou de ligar. Ele se sentiu muito pior do que achou que se sentiria. Achava que queria que o mais novo parasse de persegui-lo (essa era a palavra que ele usava, embora fosse uma injustiça), mas descobriu que não queria. Queria que ele continuasse ligando para sempre, até ele estar pronto para atender.

Passou o dia todo olhando frustradamente para o celular, como que implorando para que ele tocasse. Prometeu para si mesmo que, se ele voltasse a ligar, atenderia. Mesmo. Mas ChanSung não ligou.

Saiu do trabalho com um mau-humor terrível, dizendo para todo mundo, inclusive para si mesmo, que não sabia por que estava se sentindo daquele jeito.

Passou a noite ignorando o que tinha que fazer para o trabalho, deitado no sofá olhando para o nada e tentando não pensar.

Precisava ligar para Jay. Precisava falar com ele. Sair, talvez. Beber, encontrar outras pessoas, se livrar da angústia – mas não eram esses os motivos que o levaram a sair da primeira vez? E veja onde ele tinha chegado.

Grande porcaria.

Não devia mais falar com ChanSung, e não tinha falado. Não estava fazendo a coisa certa, afinal? Podia se dar por satisfeito.

Exceto pelo fato de não estar satisfeito. Nem um pouco, na verdade. Nunca quisera ter um duplo relacionamento. Sempre chamara de idiotas as pessoas que faziam coisas como a que ele estava fazendo, ou que não conseguiam se decidir entre duas pessoas. Porque devia ter alguma coisa, nem que fosse minúscula, que te faria gostar mais de uma do que de outra. Se não tivesse, então a verdade é que você provavelmente não gostava direito de nenhuma das duas.

Agora ele entendia como era.

Gostar um pouco mais de alguém não faz com que você esqueça os motivos pelo quais gosta de outra pessoa. Era tão óbvio. Se ele tivesse se dado conta disso sozinho, jamais teria saído naquele sábado, para uma aventura de uma noite só.

Porque ele ainda não acreditava em amor à primeira vista, mas interesse à primeira vista existia. E depois que você se interessa por alguém...

A campainha soou antes que ele pudesse concluir sua linha de pensamentos. TaecYeon murmurou, aborrecido. JunSu tinha dito que talvez viria até ali, de noite, para que eles conversassem, mas tinha pensado que o amigo havia desistido da ideia depois de ver a cara com que ele tinha saído do trabalho.

Levantou-se preguiçosamente, já sabendo que não adiantava fingir para ele que não estava em casa. Embora já fossem dez e meia da noite, um péssimo horário para fazer uma visita. Principalmente quando se tem que trabalhar no dia seguinte.

Mas JunSu era assim mesmo, ele pensou, enquanto atravessava a sala com passos arrastados até a porta. Faria qualquer coisa para deixá-lo melhor. Embora ele tivesse errado desta vez. Taec não queria companhia. Ficaria melhor se ficasse sozinho.

Tudo bem. Todo mundo erra uma vez ou outra, mesmo as pessoas mais perspicazes. E ele não estava disposto o suficiente para ficar com raiva de mais alguém – já estava direcionando toda a que tinha para si mesmo.

Abriu a porta de uma vez, esperando ver JunSu com um sorriso amigável no rosto.

Mas não era ele quem estava ali.

Era ChanSung, com o braço escorado no batente da porta, ar sério e a franja caindo na frente do rosto.

Taec prendeu a respiração. Não estava esperando por isso. Definitivamente.

- Eu posso entrar? – ele perguntou, sem se desfazer da expressão séria, que era tão pouco comum no rosto dele.

- Eu... – não estava esperando que você viesse, era como ele pretendia continuar, mas achou que aquela seria uma resposta extremamente escrota. – Claro.

ChanSung assentiu, e então Taec notou que talvez ele não estivesse apenas sério. Pelo menos não daquele tipo de sério que esconderia que na verdade ele estava puto. Não, ele não parecia irritado. Parecia... não sei, cansado. Aborrecido. E Taec não imaginava que um dia o veria assim. Nunca.

Ele saiu da frente da porta para que ChanSung pudesse passar. O mais novo caminhou alguns passos para dentro do apartamento, e então parou. Taec teve vontade de franzir o cenho, porque normalmente todo mundo que ia até ali simplesmente se jogava no sofá – ChanSung, inclusive, depois te ter passado o final de semana todo no apartamento, já estava bastante habituado a ele.

- Taec... – ele disse, o olhar fixo no chão. Parecia nem saber direito como continuar. – Eu não faço a mínima ideia do que eu estou fazendo aqui, se você estiver se perguntando por que diabos eu vim.

- Eu não estou. – Porque Taec sabia o motivo, não sabia? Ele estava há alguns passos de distância, mas ainda assim era perto. Perto o suficiente, pelo menos. Ele era lindo, e Taec não sabia mais que merda estivera fazendo, nos últimos dias.

ChanSung sorriu – mas não era um sorriso, propriamente dito. Era mais um curvar de lábios irônico, que só ele sabia utilizar com aquela perfeição.

- Eu não entendo você. Ou termina tudo, Taec, ou continua. É simples.

Taec não podia responder. Não podia dizer que não queria fazer nenhuma das duas coisas.

- Desculpa.

- Desculpar? – ChanSung soltou uma risada irônica – Escuta, eu passei os últimos dias ligando pra você. Eu não espero que a gente tenha, sabe, um relacionamento sério, mas achei que o final de semana passado tivesse sido alguma coisa. E eu definitivamente não esperava que você fosse agir como um filho da puta.

O mais novo parou abruptamente o que estava dizendo, como se tivesse se dado conta de alguma coisa. Taec ainda não sabia o que dizer, então esperou. ChanSung balançou a cabeça, e então andou um passo pra frente e finalmente o encarou.

- Tá, esquece o que eu disse. Eu- a gente não precisa dessa merda, e acho que eu nem vim aqui pra te xingar, mesmo que você mereça. Eu provavelmente vim aqui pra transar com você, quero dizer – ChanSung revirou os olhos – qual é a novidade disso? Vai me mandar embora?

TaecYeon engoliu em seco. Estava sentindo aquilo de novo. Como se não tivesse coisa nenhuma no mundo que ele quisesse mais do que ChanSung.

- Não. Você sabe que não.

ChanSung sorriu – e dessa vez era um sorriso, embora fraco – e o beijou. Taec correspondeu, sentindo-se quase tonto pelo perfume atrativo dele.

- Por quê? – o mais novo perguntou, interrompendo o beijo, e Taec sabia sobre o que era a pergunta.

- Você vai ir embora, se eu disser?

ChanSung aproximou o rosto de seu pescoço, e lambeu de leve a curva que ele fazia com o ombro. TaecYeon sentiu arrepios pelo corpo todo – Não acho que eu conseguiria.

- Você me deixa louco. E eu já não sei mais se isso é bom pra mim.

ChanSung riu, o rosto ainda contra o pescoço dele.

- O que é engraçado? – Taec perguntou, enquanto passava as mãos por dentro da camiseta dele.

- Nada. É só que... Vindo pra cá eu estava pensando a mesma coisa.

- E você chegou a alguma conclusão?

- Não na hora. – ChanSung respondeu, com a fala arrastada, enquanto mordia de leve a pele perto de seu ombro que era visível sob a camiseta. – Mas agora eu acho que sim.

- E o que foi?

ChanSung jogou a cabeça para trás e olhou para ele. Estava sério, mas tinha uma expressão divertida no olhar.

- Que eu não dou a mínima. Eu gosto de odiar a forma como você me faz sentir, se é que isso faz sentido. – Mas fazia. Taec sabia que fazia. - Fodam-se os seus medos e foda-se o seu namorado. Enquanto você quiser... e fingir que não quer não é não querer... enquanto você quiser eu vou querer também. Eu não posso fazer nada pra evitar.

TaecYeon ficou um tempo olhando para ele, e então sorriu.

Enquanto você quiser eu vou querer também.

Maldição, aquilo soava bem.

***

TaecYeon mal sentiu as duas semanas seguintes passarem. Num resumo rápido, daria para dizer que ele não fez nada do que tinha que ter feito – e JunSu estava lá, o tempo todo, para lembrá-lo disso. Não que ele ficasse particularmente irritado. O amigo tinha razão, ele sabia. Merecia ouvir cada uma das broncas que levava.

Não terminou com ChanSung, tampouco falou com JaeBeom. Ainda não sabia quando ele voltaria - embora suspeitasse de que a data estivesse ficando cada vez mais próxima, porque a data em que ele planejara voltar já havia passado - e usava isso como desculpa para ignorar a necessidade de fazer qualquer uma das duas coisas. E fazer logo.

Mas não dava. Ele não conseguia ficar longe de ChanSung – e tentara, por Deus que sim. Não tinha dado resultado algum. Conforme o tempo passava aquilo (ele não sabia nomear o que, especificamente, era aquilo) ficava cada vez mais intenso. Aquele sentimento que não deixava que ele se afastasse de ChanSung, mesmo que soubesse as consequências de não fazê-lo.

Via ele com toda a frequência que podia. Mal pensava no que estava fazendo, porque no fundo tinha medo do que aconteceria se pensasse. A culpa podia atingi-lo com uma intensidade ainda maior do que o atingia no momento. Talvez ele enlouquecesse e, ao invés de não fazer nenhuma das duas coisas que tinha que fazer, acabasse fazendo as duas. Terminar com ChanSung e contar para Jay, talvez terminando com ele também.

Na verdade, isso era justamente o que JunSu vivia perturbando-o para que fizesse. Não achava que Jay fosse terminar com ele por causa de ChanSung. Se ele terminasse com ChanSung. Mas como terminar um relacionamento que nem existia de verdade? Não dava.

- Eu te digo como dá, Taec – JunSu respondeu quando ele explicou a situação. – Você só precisa dizer pra ele que gosta do Jay. Que o tempo que vocês passaram juntos foi ótimo, mas que ele sabia desde o começo que você era comprometido-

- Parcialmente comprometido.

- Que seja. Ele sabia desde o começo. E agora Jay vai voltar e você não pretende terminar nada com ele, muito menos manter um relacionamento paralelo.

Taec preferiu não dizer, mas manter um relacionamento paralelo era justamente o que ele pretendia fazer. Se pudesse conviver com sua consciência, claro.

- Parece fácil, te ouvindo dizer.

- É fácil – JunSu teimou.

- Você não conhece o ChanSung o suficiente pra dizer o que é ou não fácil – TaecYeon resmungou.

- Por q uê? Ele não vai aceitar?

Ia. Ele ia aceitar. Essa era a pior parte, provavelmente. Taec não queria que ele aceitasse nada. Porque talvez se ele fizesse um pouco de pressão... se ele insistisse só um pouco...

- Não é isso.

- Eu sei o que é, Taec. Você não quer terminar com ele e também não quer terminar com Jay.

- Também não é assim! – ele retrucou, horrorizado ao ver como a situação parecia, na boca de outra pessoa.

- Parece pior quando sou eu que digo, não é? Mas é exatamente assim, Taec. Só que você não pode fazer isso.

TaecYeon bufou.

- Escuta, pra que é que você virou arquiteto, pra começo de conversa? Você não pensou em ser psicólogo? – ele disse irritado.

JunSu suspirou e largou uma pilha de folhas na mesa. – Ok, faça o que você quiser. Não vou mais me meter. Mas você passou todos os dias da última semana com aquele garoto, Taec. Eu espero que você entenda que se não consegue largar dele, então tem que contar pro Jay. Fim.

- Eu vou contar. Só... me dê um tempo.

JunSu sorriu, cínico.

- Não sou eu quem tem que te dar um tempo.

Mas ele não contou para Jay naquele dia, nem no dia seguinte e nem no outro. Só passava todas as noites com ChanSung, e cada uma delas parecia melhor do que a anterior. Eles falavam sobre qualquer coisa, saiam para se divertir como um perfeito casal apaixonado, e achavam que não precisavam de mais ninguém para completar a sua felicidade.

Lógico que Taec sequer pensava em Jay quando estava com ChanSung. Ele só queria aproveitar. Podia se sentir culpado mais tarde.

E se sentiria culpado mais tarde. Disso ele tinha certeza.

***

Jay ligou na segunda-feira de noite, enquanto ele e ChanSung tentavam – um tanto quanto desastrosamente, por assim dizer – fazer brigadeiro. Desastrosamente porque nenhum dos dois sabia cozinhar, e não tinham a mínima noção de como fazer aquilo.

- Acho que precisa de mais chocolate – ChanSung comentou, distraído, enquanto mexia na panela.

- Não, na receita dizia três colheres – TaecYeon respondeu, consultando a folha de papel que eles haviam imprimido alguns minutos antes.

- Mas não diz se são colheres cheias ou rasas, então pode ser que tenhamos colocado pouco.

- Você já as encheu o máximo possível, como pode ser que tenhamos colocado pouco? – ele perguntou, rindo.

ChanSung riu também. Taec chegou perto dele e o abraçou por trás, beijando seu ombro nu.

- Taec, essa bosta tá grudando na panela.

O mais velho espiou para dentro dela. Parecia, mesmo.

- Será que está queimando?

ChanSung inalou o ar algumas vezes, como se estivesse farejando alguma coisa.

- Acho que sim, sente esse cheiro – ele olhou para Taec, parecendo levemente desesperado. – E agora? O que estamos fazendo de errado?

Taec largou-o e correu novamente até a receita, coisa que podia jurar que já tinha feito mil vezes desde que eles começaram. Cruzou rapidamente os olhos pelos ingredientes. Não faltava nada. Então, foi ler o modo de preparo.

- Rápido, tá ficando cada vez pior!

- Tira a panela do fogo, então! – e então sua mente deu um estalo. – Espera. Você colocou em fogo alto ou baixo?

- Anh? Não sei.

Taec olhou para ele, pretendendo revirar os olhos, mas só conseguiu rir. Então, foi até a boca do fogão e abaixou o fogo.

- Idiota. Será que está irremediavelmente perdido? – ele perguntou, olhando para dentro da panela.

- Acho que não. Ainda está meio mole, deixa que eu-

E nesse momento ele foi interrompido pelo barulho do telefone tocando. Taec fez uma expressão contrariada.

- Tenta não estragar ainda mais, eu já volto.

ChanSung só olhou para ele, com uma expressão divertida. TaecYeon correu até a sala e tirou o telefone do gancho, pensando quem no mundo estava tendo a ousadia de interromper o momento.

- Alô?

- Oi, Taec? É o Jay.

Bem, tinha que ser. Lá estava Jay, justo a pior pessoa para lhe lembrar que estava cozinhando brigadeiro com ChanSung em seu apartamento, como se estivessem casados ou algo assim.

- Ah, oi Jay! – ele disse, tentando soar alegre. Bem, soando alegre, na verdade, porque ele realmente estava. Apesar de estar preocupado, também.

Sempre que Jay ligava quando ele estava com ChanSung, ficava pensando que alguma coisa podia dar errado. Havia começado a perder o medo de que o mais novo fizesse alguma coisa, mas não completamente – ChanSung era imprevisível, afinal.

- Hey, tenho boas notícias – ele disse, parecendo animado.

- O quê?

- Meus pais finalmente me liberaram, já posso voltar pra casa.

Taec ficou mudo por alguns milésimos de segundo. Podia ser o suficiente para que Jay notasse, no entanto, porque ele o conhecia bem demais.

- Sério? – ele perguntou, sem saber se ficava animado ou não com a notícia. Estava morrendo de saudades de Jay. Mesmo. Só que ao mesmo tempo... Voltar? Já? – Quando?

- Terça-feira.

- Amanhã? – ele pediu, em pânico.

- Não, na semana que vem – Jay disse, parecendo cauteloso. Droga, ele tinha notado. – Algum problema?

- Não! É claro que não, eu acho isso ótimo! Você já devia ter voltado há duas semanas atrás, e-

- É, mas sabe como é minha mãe, quando resolve fazer chantagem.

TaecYeon sabia. Seus pais também viviam nos Estados Unidos, afinal, e era sempre o mesmo drama quando ele ia visitá-los.

- Tudo bem, minha mãe é igual.

- Fique bem esses dias, Taec. É só uma semana, de qualquer forma.

- Eu vou ficar – respondeu, rindo. – Já sobrevivi até agora, não é, porque eu iria morrer quando faltassem só alguns dias?

- Vai saber. Você sempre foi meio estranho.

- Ah, sim – ele parou por um tempo. – De qualquer forma, tenho que desligar. Deixei comida no forno e não quero que queime.

- Eu estou surdo ou acabei de escutar que você está cozinhando? – o mais velho perguntou, divertido.

- Sim, foi o que eu disse.

- E o que é?

- Brigadeiro.

- Sério? Bom, então vai lá. Guarda um pouco pra quando eu voltar. Se não estiver queimado, quero dizer.

Pior que estava queimado.

- Quando você voltar – Taec disse, baixo – Eu vou fazer outro, só pra você.

Jay riu.

- Okay, Sr. Sedução Ok, não me faça querer pegar o próximo avião até ali.

- Eu sempre posso tentar, não posso? – Taec se deu conta de que estava sorrindo enquanto falava com ele. Jay o deixava feliz mesmo através do pânico que a volta dele causava em si mesmo – Bom, vou desligar. Tchau, Jay.

- Tchau. Se cuida.

Ele colocou o fone no gancho, franzindo o cenho por alguns segundos. Não ia ser nada fácil. Girou os calcanhares e deu de cara com ChanSung, parado no batente da porta da sala, com uma panela de brigadeiro na mão. TaecYeon sorriu e andou em direção a ele, até que ficassem frente à frente.

TaecYeon tentou pegar a panela, mas ChanSung a tirou para longe.

- Hey. Me dá – ele pediu. ChanSung sorriu, mas não aquele tipo de sorriso que chegava até os olhos dele. – O que foi? Queimou?

- Não, está bom. Mas a gente tem que... conversar, eu acho.

TaecYeon franziu o cenho.

- É sobre...

- Sim, Taec. Que dia ele volta?

É, ele devia saber que ChanSung iria perguntar. Mas, infelizmente, não soubera.

- Terça, na semana que vem – ele disse, sentindo que sua voz saía mais baixa do que ele queria que saísse.

ChanSung suspirou, andou até um dos sofás e sentou-se. Depois largou a panela com o brigadeiro em cima da mesa de centro.

- O que você pretende fazer?

Taec hesitou. No fundo, ele provavelmente sabia que ele acabaria querendo uma resposta. Não importava qual era a postura que ele estava tendo em relação ao assunto até então. Ele podia ter dito que iria querer até que Taec quisesse, mas essas coisas mudavam o tempo todo.

Porque podia não importar, e então, de uma hora pra outra... importava. E ele tinha um forte pressentimento de que era o que estava acontecendo ali. Afinal, muita coisa tinha acontecido nas últimas duas semanas. Eles estavam muito próximos.

- A gente precisa falar sobre isso agora?

- Quando você quer falar? – ChanSung soava como se estivesse se esforçando para não demonstrar a irritação que era óbvio que ele estava sentindo. - Quando ele chegar? Ou vai simplesmente parar de falar comigo de novo?

- Eu não sei o que vou fazer, ok? Não sei.

ChanSung alevantou-se novamente, andando na direção dele.

- Então é melhor decidir.

Ele ficou mudo por algum tempo. Não esperava ouvir aquilo, e muito menos ver o olhar de irritação no rosto dele. - Não é bem assim.

- Taec, é bem assim, sim. Eu acho que já te disse isso mil vezes, mas parece que te entra por um ouvido e sai pelo outro, então vou falar novamente: Se você só quiser ficar comigo enquanto ele não está aqui, tudo bem, mas me diz isso antes – ele parecia realmente, realmente aborrecido.

- Eu... não consigo. Não consigo falar com ele, e não consigo te dizer que a gente vai terminar depois que ele voltar... porque eu não quero que isso aconteça.

ChanSung olhou indignado para ele. – Eu não sei se você pretendia soar dessa forma-

- Provavelmente sim.

Droga, por que é que Jay havia escolhido justo aquela hora para ligar? Eles estavam tão bem, e agora... agora simplesmente não estavam mais. Ainda não sabia quanto, mas podia ser muito – ChanSung claramente não era o tipo de pessoa que se irritava de verdade por qualquer coisa.

O mais novo fez que não com a cabeça e mordeu o lábio inferior.

- Você não pode fazer o que está querendo fazer, ok? Talvez com outro cara, mas não comigo. Não nessa situação. Eu estou falando sério, agora. Você vai falar com ele ou não?

- Vou – ele disse, em voz muito baixa.

- E o que vai dizer?

- Eu... – ele tentou, mas não conseguiu terminar. As palavras estavam totalmente prontas em sua cabeça, mas elas não saíam. Ele tentou, respirou fundo e tentou novamente, mas ainda assim parecia que tinha alguma coisa o impedindo de falar.

O mais novo ficou olhando para ele por alguns momentos. Quando percebeu que ele não terminaria, revirou os olhos.

- Tudo bem, pra mim chega – ele disse. – Desse jeito a gente não está indo a lugar algum.

ChanSung nem sequer deu tempo para que ele pensasse numa resposta. Antes que Taec se desse conta do que ele estava fazendo, o mais novo deu as costas a ele, pegou a camiseta que havia deixado jogada numa poltrona mais cedo, e saiu quase correndo do apartamento, provavelmente deixando um monte de coisas para trás. Inclusive ele mesmo.

TaecYeon só ficou olhando para o vazio do lugar, perturbado. Não conseguia nem pensar no que tinha acabado de acontecer, tão repentinamente que havia sido. Como ele pode...? Como ele tinha deixando ChanSung sair assim? Será que não existia uma lei no mundo que impedisse que as coisas fossem tão fodidas?

Não quando a sua atitude é fodida, Taec.

Algum tempo depois, ele sentiu o cheiro do brigadeiro que o outro havia deixado em cima da mesinha. Parou alguns segundos, inexpressivamente, e então simplesmente explodiu.

Andou a passos largos até a panela, pegou-a na mão e simplesmente atirou-a na pia, com tanta força que o doce espirrou por todo lugar.

Infelizmente, aquilo não fez com que se sentisse melhor.


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Notas finais do capítulo

N/A: Começou o drama na fic! Não, brincadeira xDDD
Como a Danny (posso te chamar te Danny? x3) pediu, vou começar a postar dois capítulos por semana. Não que faltem muitos, de qualquer forma ;-;
Outra coisa... brigadeiro é uma receita brasileira, eu sei, mas vamos ignorar, porque eu sei cozinhar pouquíssimas coisas e não tive nenhuma outra ideia 8D
Annyeong o



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