We Love Christmas escrita por Mirtle


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

A história se passa durante o quinto ano, as vésperas de Natal. E, pra quem não se lembra, nesse ano o Sr. Weasley é atacado por Nagini enquanto presta serviços à Ordem da Fênix, então o Harry tem uma visão e ele e todos os Weasley são levados no meio da noite pra casa do Sirius, aonde acabam passando o Natal. Hermione iria esquiar com os pais, mas acaba desistindo e vai pra lá também. E então como a nossa querida J.K. deixou uma brechinha nessa véspera de Natal , decidi escrevê-la do jeito que imagino.

E duas noites antes Harry conta do seu beijo com a Cho, enquanto Hermione escreve uma carta pro Vítor. E essa é a primeira vez em que me lembro de que ela chama o Rony de legume insensível e comenta sobre a (in)sensibilidade dele.

É uma fanfic bem pura, que mostra apenas quando os dois descobrem que gostam um do outro. Acho que é só.

Boa leitura (:



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22:47 – Noite de Natal.

Rony desceu as escadas da casa dos Black tentando não fazer barulho.

Tentando, afinal de contas ele era Ronald Weasley, e, na maioria das vezes, as coisas não davam certo para um garoto tão azarado quanto ele. Principalmente em uma véspera de Natal como a daquele ano.

Na parede do corredor várias cabeças empalhadas de elfos pendiam cheias de gorros natalinos, e seus olhinhos já sem vida pareciam observar cada passo do ruivo. Mas ninguém deveria vê-lo daquela maneira, pois pela primeira vez na vida ele parecia prestes a explodir.

A amplitude emocional não era a característica mais marcante do jovem Weasley, Hermione mesmo dissera, duas noites antes, que era da profundidade de uma colher de chá. E Ronald sabia que ela nunca, nunca, estava errada – mesmo que ele não fosse admitir o fato.

Então por que, Merlin, ele sentia tanta coisa ao mesmo tempo

Looking into to your eyes

Olhando nos seus olhos,

I see all I want to be

Eu vejo tudo o que eu quero ser,

And I don't want it to end

E eu não quero que isso acabe

Era como se fosse tomado pelas emoções que não o atingiram durante toda a vida, de uma vez só. Como se misto de preocupação e medo pelo o pai – àquela hora no St. Mungus – trouxesse consigo, por mais contraditório que pudesse parecer, felicidade e alívio de saber que as coisas ficariam bem.

Rony secou com as costas da mão uma única lágrima que deslizava pela sua bochecha sardenta, e que ele não saberia dizer de qual sentimento provinha, e andou até a poltrona mais próxima da lareira, onde se deixou afundar. Ouviu então, no sofá ao lado, um murmúrio e esticou o pescoço para ver o que era.

Hermione coçava com o nó do dedo um dos olhos e deu uma rápida espiada a sua volta, ainda sonolenta. O rolo de pergaminho ainda em seu colo se desenrolava até o chão, as penas estavam caídas no carpete e por pouco o tinteiro não havia entornado. E ao lado da lareira já quase apagada, estava Rony em um velho moletom de dormir.


If I could only put two words in the way I see you

Se eu pudesse descrever em apenas duas palavras como eu vejo você,

I only know I have an angel with me now

Eu diria que eu tenho um anjo comigo agora.

_Ainda escrevendo cartas pro Krum? – ele fingiu desinteresse, mas ainda sim era possível notar uma pontinha de ciúmes em sua voz.
Hermione riu antes de responder.

_Não. Cochilei enquanto terminava o dever de História da Magia. Eu sei que o professor Binns pediu só quarenta centímetros de pergaminho, mas eu tinha que falar dos direitos dos duendes, já que os N.O.M.s estão tão próximos e... – o ruivo arqueou uma sobrancelha. – E, não. Não vou deixar você copiar, Rony. – terminou ela, de um fôlego.

_Eu não ia pedir pra copiar.

_Não?

_É que você dormiu enquanto fazia os deveres e eu sabia que agüentava acordada nas aulas do Binns só por orgulho. – Hermione se segurou para não rolar os olhos. – Mas bem que você poderia me emprestar o traba...

_Francamente, Ronald!

_Qual é?

_Se eu te emprestar os trabalhos você não vai passar nos exames.

_Não vou passar de qualquer jeito. –ele deu de ombros.

_Seu otimismo é mesmo contagiante. E não estuda por quê?

_ Eu tento, mas não dá tempo. Tem os treinos de quadribol, as aulas da AD, a minha família e tudo mais.

Hermione rolou os olhos dessa vez. Como se ele pudesse reclamar da falta de tempo!

_Se quiser posso te ajudar durante os almoços.

_Desse jeito vou passar fome e não entender nada, ainda por cima.

_Você pensa com o estômago é?

_Provavelmente. – ele retrucou e a garota fez sinal de rendição enquanto ria. Ronald abriu um sorriso de canto antes de continuar:

_Shhh! Já ‘tá todo mundo dormindo.

_E por que nós não, afinal de contas?

_Não consegui dormir, minha cabeça parecia a mil por horas.

_Que milagre! – Hermione debochou e foi à vez de Ronald rolar os olhos.

_E você? –continuou o ruivo.

_Desde pequena passo o Natal acordada, é como uma tradição lá em casa.

_E por que desistiu de esquiar com seus pais?

_Não sou mesmo muito boa nisso. – ela suspirou enquanto Ron segurou uma risada.

_Que milagre!

_O quê?

_Uma coisa em que você não seja a melhor.

When I fall asleep you're all that I see

Quando eu durmo você é tudo o que eu vejo.

You read my thoughts and all of my prayers

Você lê meus pensamentos e minhas orações...

I wish I could mean all that you mean to me

Eu queria ser pra você tudo o que você é pra mim.

Ronald disse aquilo de modo tão simples e sincero que fez o coração de Hermione perder uma batida. Mas ele pareceu não notar, pois, logo em seguida, pulou para o sofá em que ela estava e puxou dos pés dela um cobertor grosso, em que Hermione estava enrolada.

_Ei!

_Quer mesmo acordar todo mundo, Mione?

_Não! – ela abaixou o tom de voz. – Agora me devolva antes que eu comece a tremer de frio.

_E não tem problema se eu congelar, não é?

_Que exagero, Ron!

_Porque não era você que estava descoberta.

_Mas agora eu estou. – ela resmungou e Rony riu. –Então... que tal, ãnh, se a gente dividisse a coberta?

Rony abriu a boca, mas tornou a fechá-la. Limitou-se a mandar um olhar incrédulo a Hermione. Ela parecia não ter percebido a maneira como ele maliciara sua sugestão, e vendo que a garota não estava mesmo pensando de tal modo, Ronald afastou essas idéias da cabeça enquanto entregava a ela grande parte do cobertor.

Tudo bem, ele não deveria considerá-la tão ingênua. Pois, sabendo exatamente o que Ron entenderia com aquelas palavras, Hermione aproveitou-se de uma distração momentânea do ruivo e roubou todo o cobertor pra si. E em meio às risadas, ela se deitou e apoiou a cabeça em um dos braços do sofá, novamente coberta.

My angel without wings,

Meu anjo sem asas,

My angel.

Meu anjo.

Ronald riu também. Ele não podia baixar a guarda um minuto sequer com Hermione por perto! E de repente ele percebeu o quanto a situação parecia estranha.

Ele, Ronald Weasley, – a pessoa mais cabeça-dura, insensível e singular do mundo – estava ali, no meio de uma noite de natal, conversando e rindo com Hermione Granger – a sabe-tudo mais irritante e complexa de todos os tempos. Juntos.

Apenas os dois, em uma situação estranha e indiscutivelmente perfeita. Ele estendeu a mão até uma mesinha de centro, ali perto, a tateou em meio aos enfeites de natal, posicionados ali em cima, até encontrar o que precisava. Um sorriso enorme se formou no rosto de Rony quando ele deliberadamente chegou mais perto de Hermione, e ergueu sobre a cabeça dela um pequeno ramo de azevinho.

Hermione teve que recuar alguns centímetros para que pudesse respirar e colocar seus pensamentos em ordem. E isso só fez com que o sorriso de Rony se alargasse mais, se é que era possível.

_Que está pensan... –Hermione começou, mas Rony a impediu de continuar:

_Me devolva ou vou te beijar! Juro que vou.

_Isso é tão injusto! É só uma coberta.

_Não mais. Agora é uma questão de dignidade.

_Mas você não pode fazer isso sem meu consentimento!

_Nunca liguei muito pra regras.

_Ah! Droga, Ronald – ela protestou rindo. E quando seus olhos encontraram os de Rony – olhos tão incrivelmente azuis – suas bochechas adquiriram o mesmo tom avermelhado dos cabelos dele.

Quase como se eles combinassem.

I wish you could see all that you meant to me

Eu queria que você pudesse ver o quanto você significa pra mim

But I can never find the words to tell you

Mas eu posso nunca achar palavras pra te dizer

E sem mais cerimônia, ou sem mesmo pensar no que estava fazendo, Rony tocou superficialmente os lábios dela. Apenas um roçar de lábios foi suficiente para que uma corrente elétrica atravessasse ambos os corpos. E no segundo seguinte eles já haviam se separado.

Hermione podia sentir o cheiro de pasta de dente, grama recém cortada e pergaminho tomando conta do ambiente. Ela olhou para cima mais uma vez e percebeu que o rosto de Rony ainda se encontrava a centímetros do seu.

E Ronald já não sabia mais o que pensar, quando a garota reaproximou seus narizes. Até que Hermione pegou um caramelo no bolso do jeans e sem mais nem menos o colocou na boca semi-aberta do ruivo.

_Isso é algum tipo de preparação para o beijo de verdade? – ele perguntou, tentando desengasgar e rir ao mesmo tempo, o que não deu muito certo.

_Talvez.

Segurando ao máximo o riso, Hermione se levantou do sofá, fazendo Rony se sentar no processo e puxou-o para um abraço, enquanto sussurrava um “feliz natal” com o fio de voz que lhe restara. Para então subir as escadas correndo.

Rony recostou a cabeça onde ela tinha estado segundos antes, puxou o cobertor para o corpo e olhou no relógio.

I wish I could mean all that you mean to me

Eu queria ser pra você tudo o que você é pra mim.

My angel without wing

Meu anjo sem asas.

00:03 – Natal.

O ruivo descobriu três coisas muito óbvias naquele momento:
Hermione só poderia ser algum tipo de anjo sem asas.

O tipo de anjo perfeito para ele.

E que aquele era, sem dúvidas, um dia especial.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, perdoem-me pela nota inicial imensa :(Essa fanfic foi feita especialmente para o Challenge da Buckbeck, mas decidi postá-la.Espero tenham gostado. E deixem reviews *-* Beijos da Mirtle s2