O Amor não Escolhe Dono escrita por Aki Nara
Snape voltou a aparatar em seu quarto, tomou um susto ao notar que Rabicho havia se esmerado em arrumá-lo, tudo estava tão diferente, sem a sujeira dos longos anos, sem os quilos de pó e sem as mudas de roupas espalhadas pelo chão.
Por hora, deixou de pensar no aspecto de seu quarto e foi direto ao banheiro, atirou a roupa e a ceroula no chão, estava como veio ao mundo e entrou de baixo do chuveiro. Ele se lavou como nunca mais havia se lavado desde... Bah! Tinha perdido as contas.
E como não sabia tomar banho sem cantar, iniciou o seu repertório com sua voz de barítono resfriado: “Tomo um banho de lua” acrescido de um gingado no estilo de Elvis Presley, “Fico branco como a neve” e a cena grotesca continuava.
Lavou os cabelos nodosos, atrás das orelhas sujas, o rosto macilento e o pescoço seboso. E continuou: “Era um biquíni de bolinha amarelinha, tão pequenininho, que mal cabia na mão do Severo”. Nesse ponto deu aquele meio-sorriso cínico e lavou a costa, o peito peludo e os braços de macaco.
A cantoria tinha alcançado seu ponto máximo: “To pelado, pelado, nu com a mão no bolso”, ao que ensaboou as mãos lavando as partes mais intimas, seu pirulito, sua rosca e enfim, pernas e pés, terminando seu martírio e quando se enxugou estava a se sentir outro, um homem mais... limpo, mais sadio e mais cheiroso.
Creeedo! Pensou, pois sentia o perfume de orquídea entranhado em seu corpo, até aquela conversa matinal e fatídica com Lílian, Snape nunca havia percebido o leve perfume, agora o cheiro invadia suas narinas e incomodava-o com desespero.
Não pensou duas vezes e se atirou novamente na água que odiava tanto, banho bom era aquele tomado de ano para ano, quando comemorava seu aniversário e assim, iniciou novamente o ritual, esfrega daqui e esfrega de lá, puxa, estica, sacode e balança, ele estava mais encharcado que gato escaldado.
Havia sido uma maratona, mais de quatro horas dentro do cubículo, ele tremeu de frio espirrando alto e em seqüência, tanto que Petter ouviu e surgiu não se sabe de onde e nem para quê.
- Chefuxo? – Petter disse meloso – É você quem está aí?
- Não, seu imbecil! – disse com sua tolerância em nível zero – É a vovozinha.
- Ah! É a vovó, mas... – Petter mostrou seu raciocínio lógico – sua voz parece com a do queriduxo, fofuxinho do chefusquinho.
Petter forçava a porta tentando entrar enquanto Snape segurava para mantê-lo fechado.
- Não se atreva a... – rosnou zangado – entrar aqui enquanto tomo banho.
- Ah! Chefinho meu. – não havia voz mais melodiosa para um esganiçar - Eu podia esfregar a sua costa, meu amoreco!
- Nem vem que não tem! – ele continuava encostado na porta fazendo força para não deixar o engraçadinho entrar. – Vai procurar a sua turma de ratazanas no esgoto.
- Ninguém se compara a você – Petter suspirou enquanto ajuntava a roupa de Severo largada com desleixo no chão – Ninguém cheira tão bem – aspirou o aroma da roupa – Ooooh!
Um gemido foi tudo o que se ouviu antes de um baque surdo de alguém que acabava de cair ao chão. Severo estava com a toalha enrolada no quadril quando saiu do cubículo e avistou Petter desmaiado e com baba de rato escorrendo em sua roupa.
- Minha melhor roupa! Este imbecil vai me pagar caro! – enojado rolou Petter para longe de sua veste com a ponta do pé – Accio ceroula de patinho amarelo e bata esverdeada com botões de pérolas negras.
Ouviu-se o estrondo de algo abrindo e instantaneamente os itens apareceram. Severo se vestiu, porém um mau pressentimento apoderou-se de seu ser.
- Depois eu cuido desse idiota! – desaparatou pensando no quanto estava atrasado para seu encontro.
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