Obsessiva Perfeição escrita por Miss Evil


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Eu tive a ideia da fanfic depois de voltar dos cinemas, quando tinha assistido Black Swan (Cisne Negro). Não sei exatamente porque eu a escrevi, sendo que eu não é exatamente o tipo de fanfic que eu costumo fazer, mas a ideia e a vontade me vieram e aqui estou eu.



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Obsessiva perfeição.

A assassina perfeita.

Rindo eu pensei o quanto era ridículo, ser tão perfeita.

Eu sempre gostei dessa palavra sabe? Perfeita. Tem um som bonito. As traduções para outras línguas eram interessantes. E era o que eu queria ser. Era o que ele queria que eu fosse. E era assim que, desde criança, desde que ela se foi, é o que eu tenho sido.

Ignorei minha dor, para consolar minha irmã.
Mascarei meu sofrimento para mostrar ao mundo o quanto eu sou forte.
Escondi minha solidão para mostrar o quanto sou digna do meu sobrenome.
Lacrei meu coração para me tornar perfeita.

Alguns diriam que eu consegui, outros diriam que eu sou louca, mas a maioria tem medo de mim.

Muito medo.
Afinal de contas, eu sou uma serial killer.

Mas quem suspeitaria de mim? Logo de mim, a garota perfeita.

Desde que ela morreu, eu tive que bancar a mamãe para minha irmãzinha, - já que aquelehomem imprestável está ocupado demais em usufruir com vagabundas por ai toda fortuna que nos pertence – e sabe, tenho feito um bom trabalho, segundo todos me dizem.

Sempre tirei as melhores notas possíveis, fui presidente de classe várias vezes, era líder da equipe de natação, já fui líder de torcida - a melhor segundo, o treinador comenta com as novatas que entram -, participei de vários clubes escolares, e ainda participo de alguns. Recebi inúmeras homenagens e os professores têm mais do que total confiança, uma inveja silenciosa. Eu sou popular. Tenho vários ‘amigos’ de várias classes e, que eu saiba, nunca ouvi adjetivos dirigidos a mim que não fossem elogios. Resumindo, sou admirada; um exemplo de boa aluna, boa irmã e boa amiga. A garota perfeita. Bonita, inteligente, amigável, comunicativa.

Mas este tipo de perfeição já estava me cansando.
Sabe ser tão comumente perfeita, é chato. As pessoas a reconhecem, confiam em você, mas não valorizam realmente o trabalho que você faz.

E então eu pensei... tão perfeita, tão esforçadamente perfeita, e nenhum reconhecimento verdadeiro?

Ah, mas isto não é justo, é? Se você faz algo, tem que ter suas recompensas.

Tentei fazer de tudo para conseguir algum reconhecimento verdadeiro.
Alguma coisa que desse realmente trabalho. Um trabalho para ser feito com perfeição, e que desse algum retorno em troca disso.

Juro que tentei de tudo mesmo.

Por exemplo, diziam que o ballet era uma arte difícil e competitiva, diziam que as grandes bailarinas tiveram uma carreira dura para chegar ao topo e ganhar todo o seu reconhecimento.

Então eu tentei.
Fiz aulas regulares na melhor academia de dança dos Estados Unidos – que por coincidência ficava aqui mesmo em Nova York-, prestando sempre atenção e coordenando meu corpo para que fizesse tudo perfeitamente. E consegui, simples assim.

Em poucos meses já estavam me cotando como uma das dançarinas principais para o grande espetáculo anual ‘O lago dos cisnes’, ultrapassando bailarinas que estavam a anos treinando para uma oportunidade dessas. Eu dispensei. O trabalho era fácil demais. E se o trabalho era fácil demais o reconhecimento não deveria ser tão grande.

Nem cogitei a idéia de ser algum tipo de esportista.
Eu sabia que a técnica de natação estava louca para me levar aos mundiais e assim garantir uma bolsa em qualquer universidade do país ou fora dele. Não, iria ser fácil demais.

Em meu desespero, cheguei a pensar em ser até cantora, mas isto era a coisa mais fácil do mundo. Eu sempre tive uma voz bonita. Agradável de ouvir, melodiosa. Com um pouco de treino, roupas chamativas, maquiagem e uma gravadora por perto eu já estava feita.

Fiquei dias pensando em como encontrar a verdadeira perfeição, a verdadeira dificuldade, o verdadeiro reconhecimento. Mas mesmo assim não deixando de ser perfeita diariamente.

Ninguém sabia da minha angustia, da minha frustração.
Ninguém sequer desconfiava...

A cada dia que se passava eu ficava mais e mais frustrada com minhas infrutíferas tentativas de ter a real perfeição nas mãos... até que um dia, ela me procurou.

Eu finalmente tinha descoberto a arte suprema, o trabalho perfeito, meu futuro, minha profissão, a mais perfeita recompensa que alguém poderia realizar, e a qual eu estava destinada.

Matar.

Eu não imaginava o quanto era prazeroso e viciante ver a expressão de terror e espanto no rosto das pessoas quando elas finalmente descobriam quem era a tão famosa assassina, a qual todos temiam.

Houveram pessoas que até ficavam indignadas sabe? Uma estudante sendo a tal serial killer? Uma garota sendo uma homicida? Ou pior, uma menina menor de idade matando gente?
Em sua maioria, eram os homens que reagiam desse modo. O que só prova o quanto as mulheres eram mais inteligentes que os homens por se importarem mais com suas vidas, que estavam prestes a perder, do que se indignar com um fato que não pode ser mudado. Ou talvez só provasse o quanto elas eram egoístas. Provavelmente, era um pouco das duas coisas.

Em geral eu só caçava a escória para matar.
Perseguia os imprestáveis e deixava que as pessoas comuns seguissem seu caminho sem tanta violência. Em poucos dias, a taxa criminal caiu setenta por cento com meu trabalho.

O primeiro da lista foi meu pai. Encurralei-o quando chegou bêbado em casa e tentou abusar sexualmente da empregada. Levei-o até o porão com simples insinuações que ele ainda poderia distinguir apesar da bebedeira. Matei-o ali mesmo. Comecei pelo principal. Ainda podia ouvir claramente os berros dele implorando para que eu parasse, mas não parei. Divertia-me mais e mais de acordo com que seus gritos ficavam mais altos e mais aterrorizados e demorei o máximo que pude aproveitando cada gota de sangue, cada veia cortada. Depois de castrá-lo, arranquei-lhe a língua. Ele estava me insultando, imagine só? Eu, que só estava fazendo o que ele mandou. Eu que estava fazendo um favor à sociedade.

Depois dele não consegui mais me refrear.
A perfeição que a tortura e a morte proporcionavam era surreal.
Obviamente meu pai tinha sido um impulso infantil e sem planejamento que eu não pude realmente expor a sociedade, então infelizmente tive que queimar o que restou de seu corpo. A polícia nem desconfiou de nada. Pelo histórico dele, acharam que ele tinha fugido com alguma vagabunda por ai, enquanto estava bêbedo. A fortuna que ainda tinha sobrado era eu quem administrava. Sim, eu era emancipada.

Bem, não importa. Os outros foram muito melhores. Perfeitas obras de arte que ficaram gravadas na história do assassinato em massa do mundo.

A cada vez eu inventava um modo refinado de tortura, a cada filho da puta que aparecia na minha ‘listinha negra’, era mais um troféu para a minha coleção.
A cada morte eu inventava mais um modo de escapar da policia sem deixar nenhuma pista. A cada acréscimo eu me tornava mais e mais lendária. Mais e mais perfeita.

Colocaram todas as entidades investigativas possíveis atrás de mim. Polícia, milícia, paramilitares, Interpol, FBI, agências de espionagem secretas, detetives do estado e particulares, forças de inteligências do exército e marinha e outros equivalentes.

Tudo um desperdício.
Nenhuma delas conseguiu sequer descobrir qual era meu sexo.
Patético.

Ainda hoje, oito anos depois, não descobriram minha identidade.
Ainda hoje, com tanta tecnologia, eles não puderam me pegar.
E eu consegui o que queria. Tornei-me perfeita, uma lenda gravada na história do mundo, para sempre.

Se ainda hoje, a morte me quisesse, eu iria a ela de bom grado. Iria cumprimentá-la como a uma velha companheira, o que, aliás, ela o era realmente. Afinal, com a perfeição já alcançada, não há nada mais de interessante na vida. E assim minha vida já estava completa.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem.
Mas por favor, você se deu o trabalho de ler não é?
Por que se você leu, não pode comentar?



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