1997 escrita por N_blackie


Capítulo 63
Samantha




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A Sala Precisa estava como em todas as noites de reunião: almofadas e pufes multicoloridos espalhados pelo chão sólido de madeira (ideia de Leonard), livros e mais livros postos em estantes organizadas nos cantos do aposento (com certeza ideia de Leonard), bem como os mais diversos instrumentos de detecção das artes das trevas, alguns deles com funções que Sam nem queria saber.

Sentindo-se relaxada pela primeira vez desde a última reunião, dobrou rapidamente o pergaminho que vinham usando para trocar mensagens, feliz por um dia no passado seu pai e os amigos terem a ideia de usar esse feitiço no mapa, possibilitando que Madeleine e Leonard o decodificassem bem o suficiente para reproduzir em todos os pergaminhos distribuídos aos colegas.

Num canto do aposento, uma mesa redonda repleta de esquemas e mapas que eles vinham fabricando para se desvencilhar de Umbridge e dos comensais abrigava Leonard, que consultava silenciosamente o Mapa do Maroto, murmurando para si mesmo. Violet estava lá também, e ocasionalmente dizia alguma coisa, no que Leo assentia e continuava a analisar o mapa.

Sam estava começando a sentir pena dos dois, e mais ainda, estava começando a ficar culpada por ficar no front e deixar os dois, que nem dezesseis anos tinham, no comando dessa operação perigosa e arriscada. Ela era a mais velha, deveria liderar todo mundo... Pelo menos era o que Harry faria.

Não teve muito tempo para ficar se lamentando, entretanto. Logo a sala se enchia, e Madeleine chegou com sua agendinha na qual anotava, em um código maluco em francês que Samantha não conseguiria decifrar nem que sua vida dependesse disso, ideias importantes e afins. Balançou a cabeça. Só uma rebelião encabeçada por corvinais teria tanta organização.

“Sammy, vem cá um minutinho?” Violet chamou-a de longe, e Sam se levantou do pufe. Leonard a esperava com um pergaminho meio desenrolado ao lado do mapa. Quando se aproximou, viu que ele havia aberto nas masmorras, e ver alguns nomes conhecidos presos lá, sofrendo sabia-se lá que tipo de tortura, fez a revolta em Sam se renovar.

“Colin está preso, pegaram ele falando da Ordem para Macmillan. “Violet choramingou com pena. “Não sei o que estão fazendo com ele, não me deixam descer nem para limpar. E alguém deu a ordem de segredo aos elfos, eles começam a surtar quando pergunto.”

“Colin não ficará lá por muito tempo. “Leonard franziu a testa, sério, “Nem mais ninguém. Vamos implodir tudo.”

“Vai destruir Hogwarts?” exclamou Sam, incrédula. “Leo, isso não. Não vou destruir o colégio!”

Os olhos do garoto alargaram-se de exasperação, e Sam calou-se imediatamente. Leonard conseguia ser bem assustador pra um garoto de quinze anos. Devia ser a altura. “Não tenho a menor intenção de destruir a escola! Vamos implodir as masmorras, não destruí-las! Ora, Samantha, francamente!”

“Ei, não quis ofender. Eu lá ia saber a diferença entre implodir e destruir? O –plodir no final é confuso!”

“Isso não importa agora. A questão é que Violet misturou os explosivos, que estão escondidos como se fossem balaços. Quero que você e Richard façam o trabalho de posicioná-los aqui, “e cutucou um canto da parede, “e aqui. Não se preocupe com Colin e os outros, eu mesmo e Neville vamos tirá-los dali e trazê-los em segurança para cá. Creevey ficará aqui daqui por diante, escondido.”

“E se nós formos pegos? “

“Não vamos. Descobri um feitiço muito útil.” Leo puxou um livro da estante atrás dele, reservada para os volumes mais importantes, e abriu sobre a mesa. Sam sentiu-se estranhamente feliz com aquele gesto. Lhe lembrava o antigo Leonard.” Chama-se Desilusão, e foi largamente usado durante a Primeira Guerra. O interessante acerca dele é que não é um feitiço de invisibilidade, per se, mas sim um feitiço camaleão. Vamos colocá-lo sobre os quatro agentes que participarão da missão, e poderemos entrar e sair sem sermos imediatamente distinguidos dos nossos arredores. O que acha?”

O cérebro de Sam, depois das primeiras palavras, desligara automaticamente. Não podia evitar, era a reação natural que ela se acostumara a ter quando Leo ou Violet começavam com blábláblá inteligente! Mesmo sem ter entendido bem o que aconteceria, sabia que não iriam ser pegos tão fácil e isso era o suficiente. Assentiu.

“Quando vamos fazer isso?”

Um sorriso insano ergueu os lábios de Leonard. “Hoje. “

“O que? Leo- “mas antes que Sam pudesse dizer mais alguma coisa, Leonard foi até os outros alunos, que aproveitavam estar todos juntos novamente para conversar e por as fofocas em dia. “Boa Noite, todo mundo. “

Ao verem Leonard, os burburinhos cessaram.

“Hoje tomaremos o primeiro passo em direção ao nosso objetivo final: expulsar Umbridge e comensais de Hogwarts. Nas últimas semanas, temos visto nossos amigos próximos sendo pegos em qualquer infração e sendo levados para as masmorras, onde desaparecem por dias para depois reaparecerem com histórias de tortura, manipulação, e violência. Aquele lugar é símbolo do que esse regime representa, e portanto, pelo nosso livro, deve ser destruído. “

Um murmurinho de aceitação passou por alguns alunos. Ernie Macmillan assentiu.

“Violet produziu duas bombas, de força suficiente para destruir as masmorras, mas não tão potentes que danifiquem o restante das áreas comuns, e vamos posicioná-las lá para que, quando dado o sinal, possamos por abaixo as correntes e instrumentos de tortura. Richard, Samantha, vocês colocarão as bombas como instruído. Eu e Neville vamos tirar os alunos que estão presos ali, e aqueles que forem da nossa operação serão guiados para cá. Padma, Parvati, vocês estão encarregadas de montar uma mini enfermaria para cuidar dos ferimentos dele. Seamus, Denis, vocês guardam a entrada para deixá-los chegar com segurança. O resto, fiquem alertas para qualquer sinal de aproximação de Umbridge ou os Carrow. Cada minuto que perdemos pode significar um minuto a mais de sofrimento para nossos colegas. Então vamos, em posição!”

Imediatamente, Seamus e Denis Creevey armaram-se e correram para os lados da porta, ao mesmo tempo em que as gêmeas Patil corriam para mandar a sala conjurar macas e outros ingredientes para poções. Violet foi ajuda-las, colocando fogo no caldeirão e já procurando receitas nos livros de poções de cura que haviam na estante.

Richard e Neville passaram por ela correndo em direção a Leonard, e Sam seguiu-os resignada. De um modo ou de outro, Leo tinha razão. Se demorassem mais, Merlin sabia o que eles fariam com Colin e os outros.

“Primeiro, vistam isso aqui, “Leonard lhes entregou vestes dos uniformes, mas sem as cores das casas ou distintivos, “peguei da lavanderia e modifiquei, assim caso nos vejam, não saberão de que casas somos. Agora, venham aqui.”

Leonard e Neville eram de alturas muito parecidas, então foi um pouco mais difícil para o corvinal acertar o cocuruto da cabeça dele. Depois de duas tentativas frustradas, Leo murmurou o feitiço, e Sam ergueu as sobrancelhas quando Neville arrepiou, e como se estivesse tomando um banho de tinta, tomava a forma e cores de todos os objetos a seu redor. Não podia negar que era um feitiço muito útil.

Quando a varinha de Leonard finalmente tocou a sua cabeça, Sam percebeu porque os garotos tinham passado tanto frio. Era como se alguém tivesse quebrado um ovo cheio de água gelada sobre sua cabeça, e mais bizarro ainda era ver seu próprio corpo desaparecendo em sintonia com o cômodo.

Apesar daquele feitiço ser muito legal, não havia tempo para apreciá-lo, e foi assim que Sam fechou os dedos em torno de uma das alças laterais, no que Richard fez o mesmo na outra. E assim, escondidos no ambiente e com um feitiço de desilusão na caixa, seguiram pelo corredor afora.

Com Leo e Neville logo atrás, Sam e Richard desceram as escadas, entraram por uma passagem que os levaria ao segundo andar, e em seguida passaram para outra passagem, que por sua vez os levou para frente do corredor das masmorras. Suspirando de alívio, Sam apurou os ouvidos, esperando a qualquer momento ver Umbridge.

“Pare.” A voz de Leonard sussurrou próximo dela, e Sam sentiu o corpo dele passar pelo seu, junto de Neville. Começaram a descer as escadarias íngremes e escuras das masmorras, e antes de chegarem ao fim já começou a sentir o frio característico, somado a uma umidade insuportável. Gemidos de dor vinham do corredor a frente.

“Você vai perceber que merece o castigo que está recebendo,” a voz calma e fria de Umbridge vinha mais adiante, “primeiro por ter roubado a magia de algum pobre bruxo. E depois, por ter achado que contestar a ordem iria fazê-lo bem sucedido. “

Um gemido de dor ecoou pelos corredores das masmorras, e os cabelos de Sam arrepiaram quando ela reconheceu a voz de Colin. Ah, se pegasse Umbridge...

“Boa noite, querido, nos falamos amanhã de manhã.” Passos começaram a soar em direção a eles, e Sam imediatamente colou as costas na parede, torcendo para os outros fazerem o mesmo. A caixa que segurava empurrou Richard na mesma direção, e um baque surdo das costas dele batendo na pedra fria foi ouvido.

Umbridge entrou no corredor adjacente em que estavam, e olhou adiante com os olhos estreitos. Sam prendeu a respiração. Umbridge olhou em volta, sorriu, e seguiu adiante.

Richard foi quem puxou Sam a seguir, e pé ante pé, ela entrou no corredor das celas. Haviam três alunos nela: um segundo – anista, pendurado pelos tornozelos do teto, a cabeça quase roxa, uma menina loura muito assustada, chorando encostada no fundo da cela, os tornozelos brancos e aparentemente feridos, e Colin Creevey, amarrado a uma cadeira de espaldar alto na última cela.

Seu rosto estava pálido e inchado, com galos na cabeça e alguns hematomas aqui e ali. Seu olhar estava vago, como se estivesse sonhando com olhos abertos. Sam teve ganas de ajuda-lo, mas outro puxão de Richard lhe lembrou o que realmente fora fazer. Enquanto posicionava a primeira bomba, viu a cela do primeiro garoto abrir-se, e os olhos assustados dele arregalaram. Um “shhh” foi ouvido, e enquanto as tornozeleiras abriam, o garoto flutuou para ficar de pé, tossindo muito.

“Anda!” Richard sussurrou, e Samantha parou de prestar atenção no salvamento. Andaram até o outro lado do corredor, e ao lado de uma cela, começaram a depositar outra bomba.

Enquanto armavam o dispositivo, Sam ouviu o choro da menininha abafado quando um dos garotos a pegou no colo, e ouviu também os sussurros reconfortantes de Leonard, de que ficaria tudo bem. Sam sorriu. Romulus diria isso também.

O último a ser tirado foi Colin, e com certeza foi Neville quem o passou por cima dos ombros. Rich comemorou baixo para Sam, e os dois levantaram. Colin e a menininha se moveram no ar, e Sam ajudou o garoto a andar também. Quando entraram no corredor adjacente, Richard soltou um palavrão, e Sam quase xingou também. Começava a ver a cabeça loura dele, assim como os braços de Neville e Um pouco das pernas de Leonard.

Começaram a andar mais rápido, e subiram as escadas com menos cuidado do que os prisioneiros mereciam. Acelerando cada vez mais, Sam abriu a tapeçaria desajeitadamente, deixando os garotos passarem.

Assim que se viram no escuro da passagem, Leonard, já metade aparecendo, os mandou parar com um aceno de cabeça. A menininha estava em seus braços, e chorou um pouco ao pararem subitamente.

“Rich, acione a bomba.”

No escuro, um ponto brilhante surgiu da varinha de Richard, e Sam só não tapou as orelhas porque segurava na cintura do menino ferido para ele não cair. A primeira coisa que ouviu foi um som abafado. E então, o chão tremeu.


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