1997 escrita por N_blackie


Capítulo 61
Madeleine




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Madeleine odiava vigiar as pessoas, especialmente se precisasse protege-las eventualmente, mas era exatamente isso que estava fazendo. Seamus Finnigan e Richard caminhavam pé ante pé até uma parede de pedra vazia diante dos banheiros do segundo andar, segurando as varinhas em riste e contando com ela para não irem para detenção.

“Vem vindo alguém, Mads?” perguntou Seamus, com um sotaque irlandês que Madeleine achava hilário. Cautelosamente, esticou o pescoço de um lado para o outro, e ergueu o polegar silenciosamente para indicar o caminho livre.

Neste momento, Richard olhou a parede inteira rapidamente e começou a escrever nela. Do lado oposto, Seamus fazia o mesmo, formando uma frase que nos últimos dias se tornara comum pelos corredores de Hogwarts. Era a ordem de Leonard que todos os alunos soubessem que a Ordem da Fênix estava viva, e recrutando. Ultimamente, na verdade, era tudo ordem de Leonard.

Não que isso incomodasse Madeleine, pelo contrário. Desde o sumiço da mãe estivera sem saber o que fazer, e desde os ataques de Natal, perdera o único referencial de família justamente quando estava começando a gostar de Marlene e Sirius. Não adiantaria de nada se desesperar, então falara para si mesma que iria escolher um lado para se aliar, e que ajudaria na medida em que pudesse.

A revolta que sentira quando Leonard mostrara Violet na fileira de “trouxas” fora a justificativa lógica para se aliar ao primo. Ajudara Leonard a desenvolver um código sem falhas para as instruções que dariam à Sala Precisa - ou pelo menos era assim que o elfo que lhe indicara a tal sala a chamava – e ajudara a espalhar entre os amigos mais próximos que começariam os encontros ali.

Agora, trabalhava como vigia nas sessões de “marcação”, como Richard apelidara quando saiam para pichar a escola com frases como “A Ordem Renasce” e “Ordem da Fênix recrutando”. Se fossem pegos, poucos fariam a conexão entre ela, uma francesa “perrrdida na Ênglaterra” e pichações de caráter tão explícito. Mesmo seu parentesco com Leonard não era tão sólido assim.

Na primeira reunião correra tudo bem. Não havia muita gente; Violet, Sam, e Mary apareceram (Madeleine quase se emocionou com o reencontro entre Viola e Leo, não fosse a situação tensa em que estavam), assim como Richard, Ginny Weasley, e alguns colegas próximos dela. Luna Lovegood e Seamus chegaram na segunda reunião, convidados por Ginny. Neville Longbotton chegara na terceira, pois se confundira na segunda data e não encontrara a sala.

“Vamos, vamos sair daqui!” Seamus tocou seu ombro rapidamente, e Madeleine olhou para os lados antes de acompanha-los, correndo. Desaceleraram ao passar por alguns fantasmas que conversavam, e Richard abriu uma passagem para o quinto andar atrás de uma tapeçaria para poderem passar. Madeleine ficou intrigada em como ele e Leonard pareciam saber de todos esses segredos de Hogwarts, como se tivessem um mapa que apontasse as melhores rotas de fuga de todos os lugares.

Assim que a parede se abriu e revelou o quinto andar, Richard guardou a varinha. “Nos separamos aqui, ok? Nos vemos no próximo enterro da tia Val.”

Enterro da tia Val era o código mais ridículo que Madeleine já escutara para a reunião, e Richard sabia que isso a irritava. Assentindo enquanto revirava os olhos, ela começou a caminhar na direção oposta, rumo ao dormitório, e sentiu uma pontada estranha no peito. O humor de Jack era mil vezes mais engraçado.

“Tantas lágrimas de tristeza quanto lágrimas de beleza passam por mim.” Disse o busto que guardava a entrada da Sala Comunal. Aquilo também lhe incomodava sobre Hogwarts. Porque não a deixava entrar logo?! Estava com pressa!

“O nariz!” Sussurrou, e o busto sorriu antes de deixa-la passar.

A luz do luar bruxuleava pelas altas janelas da torre corvinal, e banhavam melancolicamente o salão comunal. Todos os colegas que ainda eram autorizados a viver ali estavam dormindo há horas, exceto Leonard. O garoto mirava para fora da janela sem perceber que tinha companhia, com a postura ereta e fixa que se tornara sua marca registrada nas reuniões que presidia.

Tentou se mover sem fazer barulho para não incomodá-lo, mas assim que saiu das sombras da entrada, Leo murmurou: “Como foi? “

“As frases estón escrrrritas, Lêo.” Respondeu, e ele se virou. Tinha uma expressão dura.

“Ótimo. “ Leonard caminhou em torno das poltronas, perdido em pensamentos.

“No que está pensandô?”

“O tempo está correndo contra a agente,” foi a resposta fria, “Filch estava me seguindo hoje a caminho das aulas. Acho que Umbridge suspeita que estou envolvido com as marcações.”

“Mas ela não pôde prrrovarrr-“

“Não importa se há provas ou não, “as mãos de Leonard formaram marcas nítidas quando ele apertou o sofá, “se for pego vou no mínimo passar um tempo em detenção. Não posso perder esse tempo.”

A palavra “detenção” congelou o interior de Madeleine. Coisas horríveis aconteciam com quem acabava em detenção.

“O que preeetende fazer, entón?”

“Vamos investir em ação direta. Acho que as aulas de duelo têm sido eficazes... Está na hora de começarmos a assustar Umbridge um pouco. “

“Nón entendo.”

“Uma vez minha irmã disse que queria explodir as masmorras, “um raro sorriso surgiu nos lábios comprimidos de Leonard, “para Filch ‘parar de encher o saco com esta merda de pendurar alunos pelos tornozelos’. Darei isso a ela.”

“Como vamos explodirrr a ala de detençón?

” Tenho uma ideia, mas teremos que esperar a próxima reunião. Gostaria de poder falar com meus irmãos.”

“Sentê falta dels, non?” Madeleine sentou-se na poltrona mais próxima dele, e fitou o primo com preocupação. Leonard assentiu em silêncio.

“Não gosto da função que estou sendo obrigado a desempenhar. Mas se for preciso, vou até o fim liderando a rebelião. Não vou admitir que essa situação continue. “

“Está soandô como Jacques,” Madeleine sorriu.

“Estou?” Leo perguntou, um brilho triste em seus olhos, “é estranho eu me sentir bem sendo comparado a Jack. Mas é apenas lógico que eu siga o que minha família faria, afinal. Apenas lógico.”


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