1997 escrita por N_blackie


Capítulo 59
Mary




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/159907/chapter/59

Os corredores de Hogwarts cheiravam a fumaça e paranoia. Mary ajeitou o colarinho da camisa, temendo que o suor nervoso que começava a formar gotas em sua garganta manchasse o tecido e denunciasse seu estado de alerta constante conforme carregava o balde e esfregão em direção às masmorras.

Desde o “recomeço” das aulas, o que os alunos classificados como “trouxas” vinham fazendo era basicamente o mesmo serviço que Filch fazia, só que com penas muito piores em caso de falha. Os primeiro-anistas limpavam béqueres e caldeirões na sala de poções, os segundo-anistas ajudavam Hagrid na floresta, os terceiro-anistas ajudavam os elfos na cozinha, e daí em diante. Sendo do quinto ano, Mary estava encarregada de transportar material de limpeza de cá para lá, tendo de aguentar os resmungos animados de Filch.

Uma única pergunta ainda a deixava intrigada, e ao mesmo tempo, terrivelmente assustada pelo que poderia acontecer: porque aqueles monstros não haviam matado todos eles? Segundo Sam, porque “não teriam coragem”. Segundo Violet, cuja opinião Mary sinceramente achava um pouco mais realista, era simplesmente menos trabalhoso coloca-los para trabalhar como escravos em vez de explicar o desaparecimento súbito de dezenas de crianças e adolescentes, especialmente considerando a imagem de paz e harmonia que o ministério estivera tentando fabricar.

As escadarias traziam uma corrente de vento gélido para onde ela estava, e conforme descia, podia ouvir o som abafado de algumas conversas advindas da porta entreaberta. Bufou enquanto erguia o balde pesado, sentindo mais que nunca falta da varinha. Não a tinha mais, e a última imagem dela fora quando Umbridge confiscara todas e trancara numa caixa em seu escritório.

Bateu na porta de leve, e atravessou o portal em silêncio. Dentro da sala estavam os puros-sangues – uma parcela bem menor do que ela imaginava, e Mary sentiu uma pontada de satisfação ao perceber isso. Leonard e Richard sentavam mais ao fundo, as cabeças juntas num cochicho. Mary sorriu tristemente. À distância era como se Jack estivesse de volta, e o mundo estivesse de volta ao que sempre fora.

“Ei, Pettigrew! “um garoto sonerino desviou do grupo em que conversava e amassou um pergaminho, jogando-o no chão, “caiu! “

Mary sentiu o rosto esquentar, e ele riu. As conversas pararam.

“É uma pena que precisemos compartilhar a mesma sala, Joel, “ Leonard se levantou, e Richard cruzou os braços, “claramente percebe-se que o seu lugar está muito longe do meu. “

Os olhos de Mary voavam de Leonard, que caminhava calmamente em sua direção com as mãos nos bolsos das vestes, para a porta, desejando que o professor demorasse o máximo possível para chegar ali. Se fosse pega naquela situação com certeza seria punida.

“Oh, santo Black, o que faríamos sem você?” zombou o garoto, mas Leo ignorou. Mary roeu um canto da unha, quase gritando para ele andar mais rápido. Se postando entre ela e o sonserino, ele finalmente parou.

“Aqui, deixe-me pegar para você, Mary. “ele abaixou-se, e quando Mary olhou para baixo, percebeu que Leo trocava o pergaminho amassado por outro, tirado de seu próprio bolso. Fria e cinicamente, estendeu a bola trocada. E baixo, tão baixo que ela se sentiu tentada a se aproximar para entender cada palavra, murmurou: “A Ordem recruta. Passe pra frente. “

Trêmula, Mary pegou o papel e jogou no balde, se retirando em silêncio o mais rápido que podia.

Olá.

“Que diabo é isso?” Samantha perguntou quando, horas mais tarde, Mary abriu o pergaminho de Leonard na cama no dormitório.

“É a letra dele.... “Sussurrou Violet. Mary encarou a superfície amarelada cheia de frustração.

“O que a gente faz com isso? Violet, ele é seu namorado, o que você acha que ele faria? “

“Psiu, fala mais baixo, Mary!” As sobrancelhas ruivas juntaram-se na expressão pensativa, “bom, o papel disse oi... Um feitiço revelador talvez ajudasse... “

“Me dá isso aqui. “Samantha puxou o pergaminho para perto de si, e debaixo da cama de armar tirou um pergaminho e tinteiro, “se ele disse oi vamos responder, ué, ele sabe que estamos sem varinha!”

Oi

Leonard?

O estomago de Mary deu uma volta completa enquanto via as palavras se dissolverem e sumirem no pergaminho. Um arquejo lhe revelou que Violet prendera a respiração.

Samantha. O que vou lhe dizer a seguir é de máximo segredo e confidencialidade. Quem vê este papel?

Eu, Mary, e Violet.

Corredor do sétimo andar, três voltas na parede devem dar.

Queremos um lugar para treinar

Queremos um lugar seguro

Onde ninguém poderá nos parar

A ORDEM DA FÊNIX RENASCE

ALISTAMENTO NO PRÓXIMO SÁBADO, 23H

E tão rápido como apareceram, as letras foram aspiradas pelo pergaminho, deixando Mary forçando a cabeça para não esquecer de tudo. Samantha revirou os olhos.

“Com certeza esse lema dramático é coisa do Richard, fala sério. “

“Sábado, onze, sétimo andar. Sábado, onze...” Violet foi para a própria cama repetindo a frase como um mantra, até que sorriu para si mesma e deitou.

Mary fitou o pergaminho vazio e o dobrou novamente. Será que conseguiriam seguir adiante com o plano?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "1997" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.