1997 escrita por N_blackie


Capítulo 57
Violet




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Pouca coisa mudara no Expresso de Hogwarts, mas dentro de si, Viola sentia que estava muito diferente. Escoltados por alguns homens muito mal encarados, ela se sentiu jogada para dentro do vagão, e tentou evitar ao máximo os olhares curiosos dos colegas de escola. No caminho para uma cabine vazia, percebeu que muitos alunos não tinham aparecido. Mentalmente desejou que fosse apenas medo do que os esperava, e não algo pior.

Pollux os acompanhou até a entrada da cabine, mas assim que eles se acomodaram, fez uma reverência e saiu, frio e distante. Violet não entendia porque ele estava assim, especialmente naquele momento tão delicado para todos, mas não queria incomodá-lo. Tinha um pouco de medo de Pollux.

“Será que posso dar uma olhada em quem veio?” Ginny sussurrou, abrindo uma fresta na porta, espiando para fora. “Já volto. “

Violet admirou a coragem de Ginny. Desde que Harry fora embora, ela tinha sido muito legal com Violet, mesmo as duas não conversando muito na maioria das vezes. Leonard também estava sendo corajoso, embora nunca fosse admitir. Ela percebia seus olhares furtivos para o espaço vazio ao lado de Richard, seguidos de um aperto de lábios.

A porta da cabine abriu-se novamente, e Ginny entrou correndo, se jogando no banco. “Ufa, quase me pegaram. Dean não voltou também, mas Seamus não sabe me dizer se aconteceu alguma coisa com ele. “

“Mais alguém que conhecemos? “

“Não deu muito tempo... Mas estão dizendo que Dumbledore sumiu durante as férias também. Parece que deu no jornal e tudo, mas como não conseguimos muitas chances de ler as notícias... “

Violet nunca pensou que fosse sentir tanto medo na vida quanto no momento em que o trem, brusca e friamente, freou diante da estação de Hogsmeade, abrindo as portas para a entrada fria como se quisesse expulsar todos que estavam dentro dele. Torcendo os dedos, desceu e se postou ao lado das portas junto de Stan Murray, o outro monitor, e observou os rostos amedrontados dos primeiro-anistas serem banhados pela pálida luz do dia enquanto eles se orientavam em direção às carruagens.

Através da multidão de alunos, viu Leonard fazer o mesmo, mas seus olhares não se encontraram. Ele estava distante e misterioso desde o Natal, e o comportamento dele a deixava inquieta. Naquela tarde, não estava muito diferente.

Quando os vagões estavam aparentemente vazios, as portas se fecharam novamente com um baque, e o trem começou a sufoca-los em sua fumaça enquanto partia, deixando Violet para procurar os amigos em meio às filas de alunos que esperavam um transporte. Quando se aproximou dos colegas, contudo, uma pequena confusão parecia se formar. Dois meninos que Violet lembrou estarem no segundo ano, se agarravam violentamente, os braços atados um no outro como se quisessem se derrubar mutuamente no chão. Suspirando, tirou a varinha, pronta para apartar aquela briga ridícula em meio a uma situação que, francamente, já era tensa o suficiente, mas quando se aproximou percebeu que os garotos não queriam se derrubar, pelo contrário.

“Não... É.... Justo!” Um deles gritou, e Violet finalmente percebeu que atrás dele um homem puxava, tentando separá-lo do outro garoto. Os dois eram da sonserina, mas o colega do menino que gritou tinha uma espécie de adesivo colado na lapela das vestes. Violet apertou os olhos, chegando mais perto, e sentiu um frio percorrer a espinha quando conseguiu discernir o que estava escrito nele.

TROUXA

Assustada, deu um passo para trás procurando Leonard, e viu de relance seus cabelos passando por trás de alguém, provavelmente procurando por ela também, e ergueu os braços para chama-lo para perto.

“Potter. “

A voz que chamou seu nome era grossa e áspera, e quando ela virou-se procurando pela fonte notou que pertencia a um bruxo alto e magro de olhos vidrados, com uma cicatriz imensa que varava sua bochecha direita e só terminava na raiz dos cabelos curtos e sujos. Violet paralisou por um instante, se perguntando, involuntariamente, como aquele homem sobrevivera aquele ferimento tão feio.

“Potter, estou falando com você. “Ele sorriu, e Violet quase desviou o olhar diante dos dentes faltando.

“Sim? Estou procurando a fila da Grifinória, por favor. “

O sorriso dele se alargou, e ele deu dois passos para frente. Violet não gostava do jeito que ele a olhava, como se a conhecesse, mas ficou com medo de empunhar a varinha para ele e deixa-lo irritado.

“Ah, sim, Grifinória” ele procurou algo nos bolsos do casaco, “veja, você e o seu tipo vão para outra fila, aquela lá. “

Violet mirou para onde ele apontava, e viu que além das quatro filas das casas – que estavam consideravelmente curtas – uma mais longa se formava, composta por alunos de todos os anos e casas, todos usando o mesmo adesivo. Aquelas pessoas... Elas estavam separando os nascidos-trouxas e meios-sangues. Violet rapidamente procurou por Samantha, e a viu a distância, se esticando por cima da cabeça de Mary e olhando preocupada para os lados. Em uma de suas bochechas havia uma mancha vermelha, como se alguém a tivesse estapeado.

Sentiu o homem se aproximar de novo, e dessa vez puxou a varinha para ele. “Quem é você? “

Ele, que continuava a sorrir, ergueu o adesivo e um panfleto. “Amycus Carrow, querida. Sou o novo professor de Defesa Contra As Artes das Trevas. “

“Violet? “Ouvir a voz de Leonard fez Violet se sentir ainda mais nervosa. Era melhor ele não chegar perto, ou esse tal de Carrow iria fazer mal a ele também...

“Você vai usar isso, “Os dedos magros e asquerosos colaram o adesivo direto em seu peito, e Violet sentiu a raiva borbulhar daquele ponto para o resto de seu corpo, se afastando imediatamente.

“Com licença. “Leonard surgiu atrás dela, e Violet teve vontade de gritar para ele sair dali. “O que significa isso? “

“A sua fila está ali, Black. “A postura de Carrow mudou de ameaçadora para cortês, mas Violet conseguia sentir a aversão dele por Leo atrás daquela expressão bajuladora. Era como quando alguém colocava um gato no colo de Sirius, e ele não podia tirar a coisa dali. Leonard, no entanto, não era um gato, era um garoto, e muito irritado.

“O que está fazendo com ela? Quem é você? “

“Amycus Carrow, senhor Black. “Os olhos dele brilharam de um jeito assustador quando estendeu a mão, mas Leo se recusou a apertá-la.

“Já ouvi falar de você. O que está fazendo? Vamos, Viola. “

Violet sentiu o roçar das mãos de Leo nas dela, e o mundo ficou cinco vezes mais lento. Ela viu o sorriso de Carrow murchar, e a sua mão vagarosamente sacando a varinha novamente. Viu Leonard soltar dela com a expressão intrigada, e a boca dele articular algumas palavras desafiadoras para ele. Viu a si mesma, como num sonho, tentar empurrá-lo para longe do raio vermelho que saiu assim que a ponta da varinha de Carrow estava alinhada com o torso de seu namorado. E viu o mesmo raio envolve-lo, expulsar seu corpo para longe do dela, derrubando-o do chão.

Dois homens fardados se aproximaram rapidamente, segurando Leonard pelos braços enquanto ele se debatia. “Violet! Violet! “

A garganta de Violet se fechou, e ela sentiu o pulso ser agarrado por Amycus, que começou a arrastá-la para a fila dos nascidos-trouxas, jogando-a na irmã com violência. Leonard foi jogado do outro lado, ainda reclamando, quando um dos homens empunhou a varinha e grudou a ponta do peito dele. Os dois discutiram um minuto, e Violet se desvencilhou de Sam (“Viola, não, por favor- “).

“Leonard! Leo, não! “Tentou gritar, mas a confusão era tanta que duvidou que ele tivesse ouvido. Fechou os olhos, e gosto salgado lhe fez perceber que estava chorando. Ao seu redor, mais namorados e namoradas eram separados assim, assim como grupos inteiros de amigos. O fardado continuou encarando Leo, mas se afastou dele e continuou a intervir quando os colegas resistiam, e Violet sentiu Samantha agarrá-la e trazê-la para perto de si.

“Por Merlin, Violet, você ficou doida? “

“Não precisa me segurar, estou bem. “Violet abriu as mãos depois que percebeu que tinha cerrado os pulsos trêmulos, e viu o panfleto amassado. “Que é isso?”

“Eles estão dizendo que nós não conseguimos aprender magia ... “Mary balbuciou, chateada. “Violet, nós não vamos mais ver aula nenhuma. “


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