“Vamos, corram, ” Marlene puxou os filhos, Pollux, e Madeleine para longe da multidão de alunos e pais que se aglomerava diante do Expresso, olhando por detrás dos ombros múltiplas vezes com a varinha em punho. Sirius encontrou com eles na metade do caminho, usando um sobretudo negro que ia até os pés cobertos por botas militares surrados. Estava tão pálido que Adhara podia ver as veias descendo por sua garganta e os nós dos dedos tencionando a bengala elegante que aparentemente começara a usar. O pai não se apoiava nela, mas a segurava como um taco.

“Segure seus irmãos, vamos aparatar. Vocês também. “

Sentiu o familiar puxão atrás do umbigo, e quando abriu os olhos, estavam no porão da mansão, cercados por fardos de feno que pareciam ter sido guardados ali por séculos. Sirius olhou para os lados e ajeitou a capa. “Desculpem a recepção, não estamos muito confiantes nos outros nos dias de hoje. ”

Marlene usava o uniforme do trabalho ainda, com a insígnia negra do Mistérios presa na lapela da jaqueta. Deixou-se relaxar um pouco, e abraçou Madeleine.

“Olá, minha querida. Como está? ”

“Oh, eu... eu estou bem, obrigada. ”

“Annette era uma grande companheira de travessuras quando éramos crianças, uma pena que tenhamos nos afastado tanto ao ponto de nunca ter conhecido a menina linda que ela teve. ”

Madeleine sorriu sem ânimo, e Marlene ofereceu biscoitos a ela e aos gêmeos. “Vamos, as cozinhas estão fumegantes. ”

“Tem alguma notícia do meu pai? ” Pollux indagou enquanto subiam as escadas. Marlene parou e olhou para Sirius. Adhara esperou o pai responder, mas só pararam o caminho quando chegaram à sala de estar.

“Não tenho tempo para protege-lo da verdade, Pollux. ” Disse ele, observando Marlene tirar os mais novos do caminho. “Não encontramos Regulus, mas tenho certeza de que o motivo para o sequestro foi vingança. O Ministério da França achou testemunhas trouxas que descreveram quem estava perseguindo o seu pai, e a descrição bate certo com Rodolphus Lestrange. Não sei como ele foi parar em Paris. E tampouco sei o que vou fazer. Estamos procurando. ”

Pollux ficara estático, e assentiu mecanicamente em silêncio. Sirius apoiou a mão nos ombros dele. “Me desculpe ser tão duro com você. Sua mãe me pediu para não dizer nada, mas acho que tem idade suficiente para saber a verdade sobre as coisas. “

“Tudo bem, eu agradeço, tio. “ Os olhos gélidos do sonserino pareciam querer desabar a qualquer momento. Sirius respirou fundo.

“Veja, podia ser pior...” Sirius conferiu se tinha alguém nas escadas escutando, “o corpo de Annette Mckinnon foi encontrado anteontem num galpão de fábricas, perto de Calais. ”

“Madeleine. ” Lamentou Pollux, apoiando o rosto nas mãos. Sirius se jogou numa poltrona próxima, sem conseguir mirar a própria filha. Adhara sentiu como se o ambiente tivesse ficado duas vezes mais frio. No andar debaixo, as risadas dos garotos se misturavam às da francesa, e Adhara sentiu pena dela. Pela primeira vez, não sabia o que dizer.

“Como está mamãe? ”

“Sob pressão. Barty está perseguindo-a, querendo um motivo para demiti-la. Fudge está fora do controle, dando ordens sem nexo e instituindo votações ridículas no Wizengamot. Lily foi demitida semana passada por não ter como comprovar ser pelo menos um oitavo puro-sangue. ”

A cabeça de Adhara pesava, e o tom melancólico de Sirius só a fazia mais desesperada. O pai perdera o brilho animado e charmoso, e estava completamente envolto numa barreira que ela não conseguia transpor. Pollux se levantou e deixou-os, e Adhara se viu sentada diante do pai sem saber o que fazer.

“Pai. ”

“Me desculpa, filhote. Eu nunca quis que nada disso acontecesse com vocês. “

“Não é sua culpa, vai ficar tudo bem, “Adie se aproximou dele, incerta. “Vamos achar o tio Reg, e pegar esses caras... Ganharam a primeira guerra, não ganharam? “

Sirius apertou a mão dela.

“Na primeira guerra eu não tinha nada a perder. “