1997 escrita por N_blackie


Capítulo 20
Harry




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“Harry, presta atenção!” Hermione exclamou, e Harry se assustou com seu grito. Estava distraído desde a abordagem dos aurores nos portões, e sem querer tinha derramado um jarro de suco de abóbora na amiga. Sobressaltou-se, mas ela já havia se limpado com o gesto de varinha, olhando preocupada para ele.

“Desculpa, estava pensando em outra coisa.”

Na verdade, estava ficando cada minuto mais nervoso com a demora de Adhara em voltar, sensação que ficara ainda pior quando viu McGonagal entrar atrasada no Salão Principal, ajeitando as vestes e levando o banquinho do Chapéu Seletor embaixo do braço enquanto olhava para outro canto. Leonard também sumira, e apesar de Jack ter dito que o irmão fora atrás de Adhara para ver se ela estava bem, ele tampouco voltara com notícias.

A seleção começava, e Harry não conseguia desgrudar os olhos das portas, na esperança de Adhara voltar, de preferência sorrindo e zombando de sua preocupação, mas nada acontecia. Trocou olhares com Romulus e Lewis, mas nenhum dos dois conseguia dizer nada para acalmá-lo, e finalmente decidiu tentar se acalmar, e acompanhou algumas salvas de palmas para novos alunos que eram selecionados para a Grifinória.

Quando o último nome ecoou pelo Salão, e o menino voou para sua mesa, Dumbledore se ergueu calmamente, e sorriu ao redor como se nada naquele dia tivesse sido fora do comum. Hermione cutucou Harry para que prestasse atenção do Diretor.

“Bem-Vindos, e Bem – Vindas, a um novo ano em Hogwarts! Antes que sejamos acalentados das surpresas da viagem por nosso caprichado banquete, gostaria de dar alguns avisos a respeito deste ano que está para começar.”

“Ele podia avisar se Adhara está bem, que tal?” Romulus resmungou, e Harry concordou com ele com a cabeça. Os óculos meia-lua de Dumbledore faiscaram na direção deles, e os garotos ficaram quietos.

“Primeiramente, acerca do ataque sofrido pelo nosso Expresso, gostaria de deixar claro de que está sendo investigado pelas pessoas competentes, e que não há indício de que os dementadores que realizaram o dito ataque sejam vinculados a autoridade nenhuma. Nenhum aluno sofreu danos permanentes, ainda bem, e aos que estão perguntando, a Senhorita Black irá passar a noite na Ala Hospitalar, mas está bem.”

Seus olhos fixaram-se nos de Harry, e o garoto agradeceu de mal gosto ao diretor, levemente mais aliviado com a notícia.

“Segundo, a revista feita pelos aurores na entrada de nossa escola não teve intenção de ofender a nenhum dos senhores, e lhes garanto que não há o que temer. Precauções nunca se excedem em casos de ataques, e mesmo que a escuridão nuble seus corações, pensar na luz renova esperança, e este é um poder que nenhuma força obscura possui. Este ano começou sob esta sombra, mas não significa que deva continuar, contanto que todos saibamos deixar as diferenças de lado e nos concentrar no que realmente vale a pena. Só sob o abraço dos amigos realmente estamos a salvo. Boa Noite, e Bom Apetite!”

O prato diante de Harry se iluminou com a aparição de um peru enorme e apetitoso, e o garoto se deu conta de repente de que estava com muita fome. Ron e Lewis pareciam competir para decidir quem comeria mais, e mesmo Jack, que ainda estava meio pálido com o que tinha acontecido no trem, comia com vontade um pouco de tudo que estava diante dele. Harry poderia se sentir mais tranquilo após os avisos de Dumbledore, mas algo de suspeito pairava no ar com toda aquela enrolação filosófica que o professor acabara de discursar.

“Se a tensão chegou a Hogwarts, é porque algo de muito maior está acontecendo, só não consigo imaginar porque ninguém nos diria diretamente.” Romulus comentou, mais se dirigindo à Hermione do que a qualquer outro dos amigos. Ela assentiu em silencio, e terminou de engolir o purê reflexiva antes de responder:

“Acho que não é questão de esconder nada de vocês, mas tentar proteger da realidade... Não que eu ache isso bom, porque não acho, mas é compreensivo, Moony.”

“Talvez se enviássemos uma carta...”

“Para quem? E falando o que? Romulus, olhe ao redor, nem mesmo os professores estão confortáveis com toda essa vigilância súbita na escola. Acho que devemos esperar um pouco, aí quando a estrutura baixar fazemos perguntas.”

“Será que vai baixar? Porque não vejo sinal de que-“

Hem, hem.” Ecoou uma voz esganiçada pelas mesas apinhadas de estudantes. O burburinho de conversas e risos se acalmou, e várias cabeças viraram e esticaram para procurar a origem daquele som tão irritante. Harry achou que reconheceu aquela voz, e quando rastreou o som até o palanque de Dumbledore, lembrou-se porquê. Dolores Umbridge.

Harry sentiu a indignação e a raiva corroerem seu estomago, e sua fome desapareceu por completo. Aquela sapa velha nojenta implicava com sua mãe no ministério, e sempre fazia pouco caso dele e se suas irmãs porque dizia que seu sangue não era puro. Desviando o olhar da cara presunçosa da bruxa, Harry virou-se procurando Sam e Violet, e viu que as duas estavam tão desgostosas quanto ele de ver a Secretária de Fudge lhes encarando do lugar que Dumbledore lhe cedera.

Aquele pigarro se repetiu, e o silencio começou a passar pelos grupos conforme a atenção foi se voltando para ela. Naquela noite, Umbridge usava uma roupa totalmente rosa, combinando com um chapéu cor de algodão doce que enfeitava os cabelos penteados como os de uma boneca. Seu sorriso estava colado ao rosto falsamente, enquanto os olhos esquadrinhavam as expressões de confusão que os alunos faziam.

“Olá a todos, boa noite,” começou, sorrindo, “bem, me desculpe a demora, mas eu estava um pouquinho ocupada resolvendo outros assuntos, e não pude comparecer a tempo de Albus aqui fazer seu discurso. Mas não tem problema, porque tenho certeza de que todos estão dispostos a ceder um cadinho de seu tempo para ouvir um aviso de alguém que se preocupa, antes de tudo, com a segurança e bem estar de todos vocês.”

Harry olhou para Dumbledore, e duvidou que até mesmo o diretor acreditasse no que ela estava dizendo.

“Esta noite, tivemos um acidente horrível com uma de suas colegas, mas já conversamos e ela está muito bem. Vim aqui porque o Ministério, especialmente depois do que aconteceu, está muitíssimo preocupado com a segurança de todos vocês, futuro da nossa sociedade. Nosso mundo está acostumado a suportar tempos difíceis, mas isso não significa que adaptações ao nosso modo de viver não possam ser arranjadas para que esses tempos sejam suportados mais uma vez. A educação de jovens bruxos e bruxas está no topo de prioridades desta nova ordem, e não deixaremos que esta seja subjugada pelos antigos mandos de uma antiga ordem enquanto passamos por reviravoltas que, ainda hoje, estão gravadas nas memórias de seus pais.”

Harry não estava entendendo nada, mas percebeu que Romulus e Hermione repetiam frase por frase do que ela dizia, como se quisessem decorar o discurso.

“Mudanças estão por vir, mas não tenham medo, pois estas serão apenas para evitar que este fruto podre dentro de vocês amadureça e tome as rédeas da situação. Lembrem-se, o Ministério é seu amigo, e tudo o que nós queremos é que o mundo bruxo se preserve como tal. Educação, disciplina, e verdade. Nos vemos em breve, queridos, boa noite!”

Umbridge terminou o discurso e olhou para todos em busca de aplausos, que só vieram quando McGonagal puxou o coro batendo levemente em sua taça com uma colher. Harry virou-se para os amigos em busca de explicação, com uma só certeza martelando sua cabeça: Umbridge tinha interrogado Padfoot.

“Ela interrogou Padfoot, precisamos encontrar com ela!” insistiu, mas Hermione segurou seu pulso.

“Não, Dumbledore disse que ela será liberada amanhã, então nós conversamos com ela amanhã, sem levantar suspeitas. Que mudanças ela pretende? E porque Dumbledore parece tão calmo?”

“Talvez,” disse Romulus. Lançando um olhar torto para Umbridge, que se retirava do salão, “porque não leve a sério esse projeto do Ministério, ou queira nos proteger de sentir medo. Educação, disciplina, e verdade. Educação, ok, Hogwarts é uma escola, disciplina, bom, o Ministério exige disciplina. Verdade? Que verdade é essa?”

“Ow, Prongs,” Lewis disse de boca cheia, chamando a atenção de todos. Seu rosto ficou vermelho enquanto se esforçava para engolir rápido, e depois murmurou, “seu pai não tinha dito que iam reabrir o caso de Voldermort?”

“Ah não.” Moony suspirou. Harry sentiu o estomago dar duas cambalhotas ao pensar em que verdade o Ministério queria com esse caso, e especialmente, com a “Antiga Ordem”.


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