Os ventos quentes de abril sopravam as árvores de delicada copa na casa dos Lupin. Do teto dos cômodos pendiam balões coloridos que mudavam de cor a cada minuto, e uma bela mesa enfeitada de doces e salgados estava colocada no quintal, cercada de mini fogos de artifício que iriam estourar ao som dos parabéns. Flutuando sobre a mesa estava uma faixa, igualmente multicolorida: “PARABÉNS, TEDDY!”

“Eu realmente pedi pra pararem com esse negócio colorido, cara.” O dono da festa reclamava para o irmão mais velho. Romulus sorriu, e sentiu as costas arderem com o esforço. Tinha se arranhado sem querer na última lua, e sua pele estava pagando o preço. Mas Teddy não precisava se preocupar com isso.

“É o cabelo, sinto muito.” Bagunçou os fios azuis do irmão, e ele suspirou. Teddy revirou os olhos, mas logo sua expressão mudou para animada quando a campainha soou. “Preseeeenteeeees!” Gritou o adolescente, acelerando até a porta. Romulus trocou um olhar divertido com o pai, que terminava de trazer os pratos do almoço, e seguiu Teddy até a entrada.

Teddy era esmagado num croque de Jack, que ainda vestia o uniforme de auror da noite anterior. Seus braços musculosos estavam à mostra pela camisa sem mangas, e ele trazia um embrulho em forma de vassoura. “Aqui, pra tomar vergonha na cara e começar a voar!” Gargalhou, e Romulus se aproximou para lhe dar um abraço.

“Não está atrasado, isso é uma miragem?” Sorriu, e Jack coçou a nuca com um sorriso amarelo.

“Era meu turno da noite, vim direto. Ainda bem que a moça da loja me deve um favor, se não Teddy aqui ia querer me matar. Ou meu pai ia ter que quebrar o galho e me deixar assinar o cartão dele. Harry está chegando, nos cruzamos na entrada do quartel há umas duas horas. Disse que só precisa assinar uns formulários e pegar Ginny e as crianças em casa.”

“Ótimo.”

“Cadê o aniversariante?” A doce voz de Violet veio da sala, e ela chegou carregando um presente bem embrulhado em mãos. Pelo formato, Romulus assumiu que fosse um livro. Ela e Leonard sempre davam livros para todo mundo. Pelo tamanho da barriga dela, sua filha já estava para nascer.

Leonard veio logo em seguida, carregando a bolsa da esposa e sua própria maleta, gravada com o brasão de Hogwarts e seu nome bordado num canto.

“Mamãe!” Jack abraçou a cunhada e deu um beijo e sua bochecha. “E aí, prontos pros dias de agonia noturna, hein?”

Leonard revirou os olhos, e abraçou o irmão também. “Já providenciei ajuda para as semanas de exames, Annie vai nascer justo na semana dos N.O.M’s.”

“E isso é bom ou ruim?” Romulus riu. Leonard deu de ombros.

“Indiferente para mim, mas meus alunos não ficaram muito felizes de não estar lá para as revisões. Mas vai dar tudo certo, DCAT é muita prática, não vão se sair mal.”

Romulus pegou Violet pela mão, e a ajudou a sentar-se na mesa da cozinha. Nymphadora e Remus logo chegaram para cumprimentar os recém-chegados, e para perguntar a Viola de sua gravidez. Estalos foram ouvidos, e James e Lily logo chegaram também.

“Parabéns, Ted!” Cumprimentaram o garoto, e lhe entregaram mais presentes.

“Leve lá pra cima, senão ninguém vai conseguir caminhar aqui!” Tonks riu.

Outro estalo, e um menino de três anos veio caminhando pelo quintal carregando um embrulho em papel negro. Seus olhos cinzentos eram penetrantes, mesmo para tão tenra idade. “Teddy!” Disse. Romulus pegou-o no colo, sentindo o perfume da criança misturar-se ao da mãe.

“Orion, calma aí, garoto!” Sirius correu para dentro, e apoiou as mãos nos joelhos. “Eu não tenho mais pique pra isso, não mesmo.”

Marlene chegou atrás, e acariciou a bochecha do neto. “Não fale assim, não somos tão velhos! Não é, príncipe da vovó? Obrigada por pegá-lo a tempo, Romulus, ele está rápido demais ultimamente!”

“Moony.” Adhara entrou com o outro presente, e Romulus sorriu para ela. Usava um vestido negro e tinha os cabelos compridos soltos. Assim que a viu, o garoto no colo dele começou a agitar as mãozinhas, pedindo pela mãe. “Pode deixar ele no chão, duvido que vá muito longe sem a mãe, não é? Vamos, Orion, deixe o tio Moony falar com a mamãe. Pollux!”

Romulus riu ao ver Pollux com sua filha pequena num braço e uma maleta no outro, murmurando algo em francês. “Estou meio ocupado aqui, eh?”

“Maddie veio junto?” Jack pulou por cima da pilha de embrulhos que ia se formando para perguntar. Pollux respondeu com uma carranca.

“Non sei, Jacques. Acho que ela só vem de Paris amanhã ou depois.”

“Hm, vou mandar uma carta pra confirmar. Maio é nosso mês juntos...”

“Espero que esse não seja um jeito sutil de dizer que ela não quer mais dormir com você, hein.” Adhara retrucou o irmão sarcástica, e deu um beijo nele no caminho para a sala. “Pai, preciso fazer uma pergunta sobre os arquivos, podemos conversar?”

“Assuntos de Azkaban ficam em Azkaban, Adie!” Marlene repreendeu, e foi sumariamente ignorada por pai e filha. “Vocês se veem todo dia, francamente!”

Teddy desceu correndo as escadas, e foi recebido por uma cozinha lotada. “Calma, tem pra todo mundo, calma!” Riu enquanto todos saiam para ficarem mais confortáveis no quintal, mas assim que terminava de cumprimentar todos, os Longbotton, Scamander, e os Potter chegaram. Ginny trazia o filho mais novo no colo, com as pernas apoiadas em sua barriga de grávida. Violet foi trocar fofocas com a cunhada, enquanto Harry levava o filho mais velho para ver Orion. Sam chegou logo em seguida, um agasalho das Holyhead Harpies jogado sobre o ombro.

“Quinhentos e setenta a quatrocentos, parabéns!” Romulus abraçou-a, e Sam piscou.

“Meu time não perde pra ninguém, eu disse! As meninas estão festejando juntas, avisei que não podia ficar pela festa, mas se ouvirem fogos, são as harpias comemorando!”

“Elas não podiam desejar uma técnica melhor, Sammy.” Ginny sorriu, erguendo o polegar. “Vai, Harpias!”

Os Pettigrew chegaram pouco tempo depois. Mary trazia uma embalagem de seus famosos chocolates mágicos, e Teddy, que estava abraçando e pedindo um autógrafo a Sam, correu antes que Jack pegasse a caixa para ele. Lewis trazia a noiva, Lilac, pela mão, e entregou o pacote para Teddy com um abraço.

“Confusão maluca!” Jack se jogou na cadeira ao lado de Harry, que riu paa o companheiro de farda. Atadas à cintura dele, estavam suas facas, feitas sob medida e gravadas com a insígnia do ministério. Peter e Lisa passaram cumprimentando.

“Todo aniversário é a mesma coisa, já devia ter me acostumado.” Reclamou, observando enquanto o ruído de conversas aumentava exponencialmente.

“Eu também, e olha que eu gosto de bagunça.” Jack sorriu. “Rich! Epa, Harry, um minuto.”

Richard chegou mancando, e Jack abraçou o amigo com força. Pelo shorts que usava, podia-se ver sua perna falsa, magicamente atada ao ponto onde se machucara. Seu embrulho era das Gemialidades Weasley, onde trabalhava como consultor.

“Charlotte não pode vir, Maddie a chamou para uma conversa em Paris, acredita?”

“Como?” Jack franziu a testa. Richard sorriu insinuante.

“Acho que aí vem notícia, hein, hein! Maddie está cheia de segredinhos, Lotte foi pra lá... Papai!”

“Sh, cala a boca, não venha com essa agora! To no meu auge, não tô pronto pra isso!” E apontou para Pollux, que tentava conversar com Marlene sobre o Departamento de Mistérios enquanto dava mamadeira para a pequena Cassiopeia. Orion e James, filho mais velho de Harry, corriam em volta de todos, seguidos de perto tanto por Sam, que amava brincar com eles, quanto o olhar de falcão de Adhara, que a qualquer deslize dos dois lançava um feitiço que os reequilibrava.

“Estive conversando com Minerva esta semana,” perto dali, Leonard conversava com Romulus e Hermione, “a aposentadoria de Albus nos pegou de surpresa, quero dizer, sempre achamos que ele sairia de Hogwarts num caixão!”

“Ninguém aguenta tanto assim, no ministério já diziam que era provável que ele saísse.” Hermione assentiu, séria. “E Minerva assume quando?”

“Foi sobre isso que falamos, ela não quer!” Leonard balançou a cabeça. “Não temos muitas opções de professores que aceitem essa responsabilidade, mas ela está firme na decisão. Disse que já tem problemas suficientes com a Grifinória para acumular as funções de diretora.”

“Deixa eu adivinhar, ela quer que o professor de DCAT assuma.”

“Eu nem tenho qualificações-“

“Aceite, finalmente Hogwarts vai ter um diretor Black que os alunos gostem de verdade!” Sirius interrompeu, passando com as crianças nos ombros.

“Meus colegas no Hospital dizem que os filhos adoram você,” Violet mandou um beijo para o marido, “bom sinal.”

Leonard riu.

“Atenção a todos!” Romulus ergueu uma taça, e chamou os amigos e parentes para perto. “Antes dos parabéns, gostaria de agradecer a presença de todos em mais esse ano de comemorações. Teddy gostou dos presentes, de vocês, de tudo, e espero que estejam com pique para as comemorações de Maio, porque prometem! Antes que possamos cortar logo o bolo, tenho uma coisa a dizer: Leonard, aceite a droga do emprego! Obrigado.”

E as palmas e risos encheram o ambiente. Voldemort e os seus jamais os incomodariam de novo, e tudo ficaria bem.