Até que se Tornem Lembranças escrita por Aki Nara


Capítulo 22
Capítulo 22 - A Decisão




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O estado crítico de Marco havia passado, mas o médico dissera que não restava mais o que fazer e que o estágio estava bem avançado. Marco havia lutado com todas as forças, mas apesar de seu espírito ser incansável, era seu corpo que pedia paz.

 

Sua mãe estava inconsolável, para ela era difícil passar por tudo novamente, Marco lembrava-lhe o marido que havia perdido, o amor de sua vida e por isso, ela teve que tomar as rédeas para si, não havia tempo para se lamentar.

 

- Laura... – Marco havia acordado e sua boca estava ressequida.

 

- Estou aqui – ela molhou os lábios dele com um pano umedecido.

 

- Quanto... tempo? Não minta... pra mim.

 

- O tempo necessário para fazer tudo que quiser... – enxugou as lágrimas com a palma. – Posso me tornar o gênio da lâmpada. Qual seu desejo?

 

- Quer mesmo saber? Acho que esse você não realiza – disse com o olhar entristecido.

 

- Não vale um desejo difícil... Só o que estiver ao meu alcance.

 

- Me contento... apenas com um... – disse com dificuldade e quase inaudível – mas é segredo...

 

- Eu adoro segredos – disse num tom de brincadeira não muito convincente e aproximou seu ouvido.

 

- Case-se comigo...

 

Ela não pôde responder porque Marco começou a perder os sinais vitais, enfermeiras e médicos entraram imediatamente fazendo-a se retirar, suas pernas falharam, enquanto orava com todas as suas forças: “Deus, faça com que eu não desperdice mais meu tempo.”

 

 

O mar estava calmo naqueles dias, andar com a cadeira de rodas na areia não era fácil, mais valia à pena ver o rosto de Marco feliz, daria tudo para vê-lo assim por mais tempo, mas podia sentir a força dele se esvair gradativamente.

 

- Marco?! – falava pra chamar sua atenção com medo de perdê-lo de uma hora pra outra.

 

- Não se preocupe ainda estou aqui. Só cochilando um pouco. Okay?

 

- Okay... mas não vá pra muito longe de mim nos seus sonhos.

 

- Então, sente-se aqui perto e segure as minhas mãos. Se você sentir que estou indo pra muito longe você me acorda, está bem?

 

- Boa idéia – ela se sentou na areia segurando a mão dele.

 

- Não está arrependida, Sra. Vieira?

 

- Nenhum pouco, meu amor.

 

- É tão bom ouvi-la, Laura. Obrigado – ele disse olhando para a aliança e seu dedo anelar esquerdo.

 

- Por que está me agradecendo?

 

- Por realizar meu melhor sonho, Dona Gênio!

 

- Marco, eu te amo. E repetirei quantas vezes forem necessárias até você acreditar.

 

- Eu a faria repetir só pra ouvi-la dizer de novo... Agora preciso... descansar um pouquinho... tudo bem?

 

- Aham! – descansou o rosto nas cochas dele e aquiesceu segurando firmemente a mão quente de Marcos entre as suas.

 

Ele cochilou e ela mergulhou nas lembranças, de outros tempos.

 

- Você é a culpada! – Bárbara lhe dizia palavras duras – Você causou isso, se ele morrer... Vai ser culpa sua.

 

Laura estava chocada de mais para reagir, mas as palavras de Bárbara a machucavam mais que um punhal encravado em seu coração.

 

- Pára Bárbara! Nada vai mudar...

 

- Eu o amo tanto... Dói ser machucada... Por que não sou eu? Por que ela?

 

Luiz abraçou Bárbara e a consolava em seus braços, seu coração se despedaçava em pedaços, por que Bárbara, por que ele a consolava, por que ela estava em seus braços, às palavras horríveis foram ditas pra ela, quem estava magoada era ela, sentiu um vazio tão grande, seu primeiro amor tinha acabado antes mesmo de começar.

 

Um vento frio soprou trazendo-a para a realidade. Eles estavam congelando e era hora de voltar, o sol se punha no horizonte cingindo o céu num tom alaranjado e vermelho, a mão de Marco estava fria e ele cochilava a sono solto, cobriu-o um pouco mais para esquentá-lo.

 

- Marco?! Precisamos ir? – seu sorriso congelou no rosto. – Marco? – ela se ajoelhou balançando-o levemente – MARCO! Não faz isso comigo! É brincadeira? – levantou-se abruptamente segurando-lhe o queixo, ele sorria enquanto a sua tremia – Mar...

 

As lágrimas contidas correram livremente e ela sentiu-se impotente, ele havia partido sem lhe dizer uma única vez que a amava, chorou todo o seu desespero enquanto as ondas abafavam seu pranto e o vento levava o seu desespero para além.

 

_ NÃO! Por favor... Não me... deixa...


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Notas finais do capítulo

Errr... Indo embora antes que me matem. Indo chorar num canto sozinha (snif snif snif)Antepenúltimo capítulo amanhã.