Até que se Tornem Lembranças escrita por Aki Nara


Capítulo 14
Capítulo 14 - A Realidade




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Laura se sentia num sonho e tinha medo de acordar a qualquer instante, a sua vida definitivamente dera um salto, uma mudança radical do dia para a noite. Ela se divertiu muito no parque de diversões, os irmãos gêmeos só tinham o físico parecido, mas as personalidades eram totalmente diferentes.

 

Marco, alegre, vivo, cativante, falador e descolado. Luiz, taciturno, ácido, intragável, calado e solitário. A impressão que se tinha vendo-os juntos era de água e óleo, porém ambos tinham bons sentimentos, pois aceitaram sua mãe e agora ela mesma em suas vidas.

 

Era tão fácil se acostumar com a boa vida, quase poderia esquecer suas origens, o apartamento pequeno, a vida difícil, mas o peito comprimia toda vez que pensava no pai, por mais problemas que tivessem mesmo que ele fosse um bêbado desempregado, ele era o seu pai e nada mudava seu “amor” por ele, nem mesmo as crises que o tornavam violento.

 

O telefone estava sobre a mesa de cabeceira, ao lado da cama, a dúvida esteve presente por um breve momento, mas ela pôs o fone no ouvido enquanto discava o número da casa do pai. O aparelho chamava e a cada toque, seu coração se comprimia de expectativa, ninguém atendia do outro lado da linha.

 

Por que não atende pai? Pensamentos ruins tomavam conta de sua mente, podia vê-lo chegar bêbado em casa, trôpego e caindo no chão. Deus! Teria acontecido algo a ele? Ela desligou o telefone e correu para a sacada de seu quarto, subiu a amurada e pulou para a outra sacada, batendo no vidro da janela.

 

- Luiz? Você está acordado? – bateu intercaladamente – Preciso que me ajude... Luiz?

 

- O que foi? – ele correu a janela, os cabelos desalinhados e sem camisa – Quem morreu?

 

- Eu liguei pra casa e ninguém atendeu... Você me ajuda? Preciso chegar lá... Talvez ele esteja caído, desmaiado... Sei lá!

 

- Se acalma Laura! De quem você está falando?

 

- Do meu pai, preciso ir pra casa verificar se ele está bem... Não vou conseguir dormir... Preocupada do jeito que estou.

 

- Tudo bem! Eu vou por uma camisa. Entra! – Luiz Henrique vestiu uma camiseta e pegou um molho de chaves. – É devagar, mas melhor que nada. Vamos!

 

Ele destrancou a porta e desceram as escadas que davam para o hall de entrada, eles saíram para o pátio e ele retirou uma “cinquentinha” da garagem.

 

- Sobe! – disse ligando a moto de 50 cilindradas. – Usa o capacete e se segura bem.

 

A moto corria pelas ruas e ela fez o trajeto inverso, fazia só alguns dias desde que eles haviam saído de sua casa e no entanto, ela sentia como se isso tivesse ocorrido há séculos. O que poderia ter acontecido ao seu pai? Nunca se perdoaria se algo tiver acontecido a ele, esses dias haviam sido um sonho bom demais para continuar, Laura estava decidida a voltar para sua casa e para a vida que levava com o pai, esta era a sua realidade.

 

O percurso foi vencido rapidamente e logo, Luiz estacionou o carro na frente do prédio, ela desceu sem esperar por ele, entrou no prédio e o guarda dormia, subiu o elevado até o andar onde morava, ela pegou a chave da bolsa e abriu o apartamento.

 

Normalmente Laura não ligava a luz, mas o pavor de encontrar o pior a motivava, olhou ao redor, tudo estava limpo demais para ser a sua casa, sem garrafas, sem jornais espalhados, sem poeira, mas os móveis eram os mesmos, andou pelo corredor até o quarto de seu pai e nada... Estava vazio, com a cama feita, então num átimo abriu o guarda roupa, revistou as gavetas, afora alguns pertences encontrava-se vazio e sem mala.

 

- O que houve Laura? Onde está o seu pai?

 

- Não sei! – estava pálida e tremia quando Luiz a abraçou para acalmá-la. O celular de Luiz tocou e ele precisou atender.

 

- Oi, mãe! Sim, estamos juntos... Aqui na casa dela, ela telefonou e como ninguém respondeu pediu para trazê-la. Hem? Como é que... Está bem... Eu digo... Teria poupado nossa viagem se tivesse contado antes. E onde ele está? É lógico que ela vai querer ir. Voltamos... Claro. Tomo cuidado sim!

 

Laura continuava abraçada, era reconfortante ter um amigo nas horas de aperto, principalmente porque nos últimos tempos, ela dependia dela mesma, por isso respirou fundo e aguardou Luiz terminar de falar no celular.

 

- Quem era? – perguntou assim que ele guardou o celular.

 

- Dona Jaqueline!

 

- Mamãe?

 

- Marco ouviu o som da moto e acordou-a para avisar que saímos de moto, aquele dedo-duro, mas isso não vem ao caso agora. É para voltarmos pra casa, seu pai está bem, ela vai te contar o que houve assim que chegarmos em casa, então... Vamos, o.k.? – ela assentiu e caminhou com ele para a saída do apartamento e esperava que o retorno fosse menos angustiante.


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Notas finais do capítulo

Que bicho será que vai dar, né? Onde será que está o pai da Laura. Mistério (muhuahuahuaha)