Universe escrita por Yumi Oni


Capítulo 10
Guren


Notas iniciais do capítulo

Yo minna! Gomen pela demora mas eu explico os motivos nas notas finais, boa leitura! XD



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/159665/chapter/10

“Não saber de nada, estava tudo bem

Me lembrei, tremendo em repouso

O que você viu, no turbilhão dos seus sonhos?”

–Não se movam! – não conhecia a voz mas o cheiro era inconfundível.

Aquele ser de cabelo ruivo brilhante à luz da lua, postura imponente, alto, olhos lilases frios e superiores encarando Jasmine-san como uma ameaça com certeza era Bartolomeu. Sentia meu estomago revirar com a aura que ele emanava transformando o negro da noite à sua volta numa segunda pele arroxeada o envolvendo e se expandindo aos poucos, seus caninos avantajados sendo mostrados como um aviso claro de que não estava brincando me fazendo remexer no chão inquieto tentando inutilmente levantar e ficar de guarda, pronto para qualquer atitude que ele pudesse ter.

–Desculpe nossa invasão, não poderíamos imaginar que a família Uke já tinha você. – Jasmine, nem de longe parecendo intimidado ou ao menos incomodado com a recepção agressiva respondeu por si e Kamijo que ainda em cima de uma arvore parecia mais interessado em observar minha casa do que se envolver no que acontecia.

–Quem são vocês e o que querem com a família de minha Ama?

–Deve ter passado muito tempo para ter se esquecido de mim Bartolomeu-kun. – Jasmine falava calmamente, sua energia contínua mostrando o quanto estava se divertindo com a situação.

O ruivo sustentou o olhar desconfiado por dois longos segundos até seu rosto se transformar numa única palavra: descrença.

–Jasmine-san? Mas que gafe a minha, acho que tanto tempo como morcego me fez perder o jeito. – notavelmente envergonhado mas não menos tenso ele pôs uma mecha do cabelo atrás da orelha e se curvou pegando a mão de Jasmine com movimentos elegantes e depositando um beijo nem muito rápido nem muito longo.

–Hmm, assim ficarei com ciúmes. – Kamijo desceu da arvore com um pulo suave, seus pés ao chão fizeram um barulho quase imperceptível contrariando as leis mais básicas da física, sua longa capa dourada e vermelha subiu em câmera lenta e voltou ao seu lugar em silêncio absoluto como se uma bolha de ar o envolvesse abafando os sons que ele não queria que fossem ouvidos o que se confirmava pela fina camada de ar que se agitava ao seu redor tão rente quanto a aura de Bartolomeu, seus passos lentos não audíveis fazendo um “toc toc” infernal ecoar na minha mente como se realmente pudesse ouvi-los o aproximou de onde estávamos fazendo outra vez meu corpo retesar e minha fera interior rugir que se eu não ia fugir devia expulsá-los dali.

Porque era minha casa, meu território, minha família e meu Consorte.

Meus olhos estavam focados, atentos até às sombras, curvei o tronco pra frente com a sutileza e paciência de um predador encarando o bando que está prestes a devorar.

Miyavi aumentou a pressão em meus braços, meu instinto dizia que não se tira os olhos da presa a não ser que queira se tornar uma, menos ainda quando se está de frente para lobos experientes, mas outro lado gritava tão alto quanto que Miyavi era mais importante, minha segurança não era nada, ele era a prioridade. Voltei o rosto em sua direção ainda olhando os outros três até o último segundo e ao confirmar que nenhum deles parecia prestar atenção o encarei lendo no rosto travado e olhos vermelhos que eu devia ficar quieto. Pressionei a mandíbula com força, na garganta contive um rugido de revolta.

Como assim quieto? Eu os quero fora daqui e quero agora por bem ou por mal, falando ou batendo mas eu os quero fora!

Minha raiva não o atingiu, ele não moveu um músculo e não parecia disposto a tal. Tentei fechar as mãos em punho, as unhas agora longas e afiadas arrastando na pele das palmas, voltei a abri-las na forma de garras, os olhos presos naqueles três outra vez, os caninos crescendo mais até minha única opção ser mostra-los, meus pés forçando a mim e Miyavi pra cima na mesma medida em que suas mãos me puxavam pra baixo, um bramido quase inaudível apesar de não menos ameaçador às minhas costas me fez arrepiar e congelar no lugar. Não era sábio ter uma raposa irritada tão próxima.

–Fique quieto Kai! – sibilou prolongando cada sílaba tortuosamente, a irritação por não estar sendo obedecido me fazendo recuar sem ao menos pensar sobre isso, com a respiração entrecortada assisti-me perder a força nas pernas, minhas costas batendo em seu peito, o coração descompassado como o meu, seus braços me envolvendo como uma camisa de força, deitei a cabeça em seu ombro sentindo a tremedeira aumentar e minha boca secar, sua raiva me dopando como uma droga, o medo desesperador apertando minha garganta me sufocando e vendando meus olhos com um negro muito diferente daquele azul escuro que varria o céu.

Sua boca alcançou meu ombro, um toque leve como uma pluma, provavelmente acidental mas suficiente, o torpor e o medo diminuindo gradativamente, não me movi, a venda negra imaginária se tornando um fator calmante, minha tensão se esvaindo junto com sua raiva. Seus braços afrouxaram o aperto, minha mente vagueando no óbvio.

Se ele ordena eu obedeço, é assim que deve ser.

–Pensei já ter visto de tudo mas isso é novidade. – Kamijo voltou a falar, as atenções voltadas para mim em olhos cortantes, meus instintos silenciados pela venda que eu me concentrava em manter sobre minha vista – Amo e Consorte trocando de lugar assim realmente é a primeira vez.

–Foi mais que uma troca não acha? – Jasmine comentou.

Encaixei o rosto na curva de seu pescoço, seu cheiro me inundando docemente, a venda escorregou de meu rosto, abri os olhos tendo as mexas tingidas cobrindo o que mais eu pudesse ver.

Deixei de ouvir o que falavam à minha volta quando a brisa do bosque me sussurrou. Algo importante estava perdido nele, uma coisa minha, como uma corrente que me ligava aquela terra e agora que eu a sentia começava a me puxar numa direção única.

Curiosidade, insegurança, uma pitada de euforia por saber onde estava e desconfiança por não ter a mínima ideia do que poderia ser. Eu devia ir até lá e pega-lo de volta.

–Ele não está quieto demais? – alguém perguntou.

A batalha interna prosseguia acirrada, os dois lados discutindo sem dar o braço a torcer, um alegando que Miyavi não retirou a ordem e que de qualquer forma podia ser uma armadilha, o outro dizendo que por mais que negássemos também queríamos ver o que tinha lá e que podíamos leva-lo conosco, tudo ficaria bem e todos satisfeitos, daríamos conta se houvesse um imprevisto.

Miyavi se movimentou me fazendo endireitar o tronco e encara-lo quase automaticamente, apesar de mais calmo ele ainda estava tenso e algo em especial parecia não o agradar. Me alarmei pela segunda vez tentando sentir qualquer ameaça ou energia desconhecida mas não havia nada.

–Melhor irmos pra dentro. – ele intimou, a voz mais dura do que eu me lembrava.

–Algum problema? – falei pela primeira vez, a língua se chocando com os caninos de forma incômoda, vestígios de seu sangue melhor que qualquer vinho me fazendo salivar. Ele se manteve quieto, como se me avaliasse atentamente juntamente com os outros três.

–Fora você nenhum. – encarei Bartolomeu com raiva um rugido alto e dentes arreganhados uma vez mais, ele respondeu à altura inclinando o corpo pra frente e mostrando as garras.

–Não falei contigo. – rebati, um ódio irracional por tê-lo se intrometendo na conversa.

–Ei, ei, provocar agora pode trazer problemas, ele está instável como já deve ter notado. – Myv interveio levantando e me puxando junto, sem em nenhum momento me soltar.

–Difícil não notar.

Eu devia arrancar a língua daquele morcego idiota e obriga-lo a engoli-la! Sua voz, sua presença, tudo nele me irritava e caso ele falasse com Miyavi uma terceira vez eu o destroçaria até não restar nada! Nem uma maldita asa pra contar história! Já até podia sentir sua pele se partindo sob minhas unhas, o cheiro de sangue fresco e quente se misturando com a terra. Sim seria o merecido. Alguém discorda?

As mãos envolvendo meus braços voltaram a apertar me puxando agora em direção a casa com certa pressa. Pois bem, ele discorda.

–Está irritado com o que Bartolomeu-kun?

–Você bem sabe Jasmine-san.

–Deixemos para falar sobre isso depois sim? Miyavi-kun, qualquer coisa estaremos por perto. – Kamijo se prontificou seguindo com os outros dois para dentro do bosque.

Entramos em passos silenciosos e rápidos, com uma única mão ele fechou todos os trincos, subimos as escadas sem olhar pra trás e dentro do meu quarto ele fechou a porta girando a chave parecendo finalmente mais calmo.

–O que te deixou assim? Foram eles? – pensando bem talvez fosse minha culpa. Mas o que Kamijo e Jasmine faziam ali afinal? Estariam seguindo meus passos? Por quê? O que eles sabem sobre mim que os faria me seguir?

–Não foi nada, e eles vieram pra garantir que o Gackt não faria besteira.

–O Gackt veio? – perguntei assustado com a possibilidade.

–Não. – ele respondeu depressa.

–Acha que viria? – dessa vez ele ponderou, talvez pensando se me dizia ou não.

–Acho.

Silêncio.

–Acha que faria mal a eles? – ele acenou.

Mais silêncio.

Me senti encurralado quando ele ameaçou Kouyou e Yuu, tinha esquecido completamente que Gackt podia muito bem descobrir onde minha família morava e eu ao menos saberia.

Ele é do tipo que cultiva inimigos, não precisaria de muitos motivos, ficar entediado já poderia ser suficiente.

–Mas, o Ruki está de olho nele certo?

–Não sei até que ponto devemos depender dele.

–Porque ele era um bruxo ou porque teve problemas com Gackt?

–Talvez os dois, talvez nenhum. – ele suspirou – As vezes tenho a impressão de que ele está escondendo alguma coisa.

–Como vocês fazem comigo?

Ele não afirmou, também não negou.

–Não fiz por querer, você parecia animado em vir pra casa, achei que não devia te preocupar com isso e estragar o clima.

–Devia ter me avisado. – mais uma vez me sentia inquieto, cruzei os braços tentando me manter parado, respirei longamente, seus olhos sobre mim quentes como se me tocassem.

–Aquele acesso de raiva contra o Bartolomeu foi o que? – arqueei uma sobrancelha.

–Me responda você. – ele levantou os braços em sinal de rendição.

–Não toco mais no assunto.

–Ótimo. – desisti de ficar parado e comecei a caminhar em círculos.

–Sabe, você já pode se acalmar. – ri sarcástico.

–Claro, deseja mais alguma coisa?

–Para de andar. – a voz rouca, grave, baixa e sem dúvidas dominante me fez congelar no lugar, um arrepio excitante, fixei os olhos no chão, lambi os lábios em deleite, só ouvi-lo daquela forma já me fazia arfar.

Seus passos ecoaram calmos, leves, seu cheiro cítrico me envolvendo quando ele parou alguns centímetros às minhas costas, seu calor tão próximo me fazendo morder a boca com força para não gemer e choramingar o mínimo toque que fosse.

Suas mãos fincaram na minha cintura, as mãos firmes e quentes me puxaram de encontro ao seu tronco, todo ele tão quente que me fez ronronar, uma mão subiu até meu peito, a outra seguiu na horizontal levantando minha blusa o suficiente para as unhas roçarem minha pele, seu hálito batendo contra minha orelha, sua língua criando um caminho imaginário sobre a cartilagem fria.

–Relaxe.

Ele me virou, nossas bocas se chocaram num beijo lascivo, suas mãos encontrando caminhos por debaixo da minha blusa nos unindo ainda mais, o puxei pra mim pelos ombros na incontrolável ânsia de tê-lo, o calor de seu corpo me fazendo gemer em desejo enquanto nossas línguas batalhavam, um arrepio gostoso me desceu a espinha juntamente com suas mãos apertando e apalpando até alcançarem minha bunda e roçar nossos baixos ventres, arranhei seus ombros em reflexo ouvindo e sentindo seu rugido gutural em resposta.

Já sentia o ar faltar quando ele me puxou pra cima e sem pensar ou parar a troca incessante de saliva envolvi sua cintura com as pernas sentindo-o imediatamente se mover. Me agarrei mais aos seus ombros e enterrei uma das mãos em seu cabelo puxando com certa força para fazê-lo lembrar que eu ainda precisava respirar, sua boca descendo desesperada até meu pescoço chupando com força onde quer que alcançasse me causando espasmos e nem de longe me preocupando se deixariam marcas. Na verdade eu até queria marcas, muitas delas, tanto em mim quanto nele para provar o que já sabíamos para todos, que éramos um do outro sem meios termos.

A textura acolchoada da cama tocou minhas costas e inevitavelmente me muniu de expectativas do que viria, não tinha inseguranças ou medos maiores do que o fato de alguém ouvir e até isso parecia irrelevante no momento. Senti seu olhar sobre mim, o encarei de volta me permitindo arfar com todo o desejo em seus olhos famintos que me percorriam de cima a baixo parando mais longamente em meu short já a muito inútil em esconder minha semi - ereção. O calor aumentando pouco a pouco com a simples ideia de seus lábios inchados ali, o sorriso sacana que me dava mostrando que ele sabia o que eu queria.

–Delicioso. – ronronei como se a simples palavra me acariciasse.

Sua mão direita desceu por minha cintura levando junto meu short e minha cueca até o início da coxa mas sem menção de tirá-los realmente enquanto sua mão esquerda subia pela minha barriga alcançando meu mamilo sem pressa, estimulando, puxando, apertando.

–Meev. – sussurrei sentindo sua mão direita descer um pouco mais.

–O que foi Kai? Quer pedir alguma coisa? – perguntou com um ar inocente me obrigando a respirar mais fundo sempre que sua mão ameaçava tomar o rumo que eu queria só pra depois voltar a se satisfazer em arranhar minha bunda.

–Por favor... – implorei com a voz falha, uma pontada mais forte no baixo ventre me arrancando outro gemido – Onegaai, me toque.

–Isso eu estou fazendo Kai-chan. – confirmando o que dizia puxou meu mamilo, agora mais dolorido e sensível, com força.

–Não, aí não. – choraminguei tendo em resposta seu riso soprado.

–Seria aqui? – suas mãos desceram depressa empurrando minhas pernas pra cima do jeito que a roupa permitia, ainda me olhando com o mesmo sorriso desceu uma delas até um ponto especial esfregando de leve me fazendo retesar surpreso e segurar a respiração desviando os olhos dos seus, meu rosto aquecendo consideravelmente.

Sim, eu também o queria ali, de um jeito sufocante.

Suas mãos mudaram de rumo outra vez chamando minha atenção, agora tirando minha roupa completamente exceto pela camisa, e se arrastando propositalmente desde minhas pernas até meu membro gotejando por atenção.

–Ou seria aqui? – sem me dar tempo de resposta ele começou a felação firme, rápida.

–AAAH! – gritei em deleite cobrindo a boca com a mão quase imediatamente – Hmm, hmmm. – continuei gemendo sem conseguir me conter, tentando a todo custo que não fosse alto demais. Ele se ajeitou melhor, apoiando o braço livre ao lado do meu rosto e voltando os olhos famintos agora mais negros que o normal pra mim.

–Bom garoto, não queremos que ninguém escute certo? – ele lambeu os lábios lentamente, sua mão voltando a me bombear com mais força tornando o ato dolorosamente prazeroso desencadeando espasmos contínuos, com os olhos cerrados e ainda tentando me conter agarrei sua blusa com a outra mão quase a rasgando – Você gosta assim? – perguntou como se avaliasse minhas reações.

Arqueei as costas sentindo-o esfregar um dos dedos na parte mais sensível da glande, meus olhos reviraram nas órbitas.

–Miyavi! Aaaah, meev... – voltei a gemer, dessa vez entre rosnados, minhas mãos ocupadas em dar um fim na sua blusa, o som de tecido rasgando preenchendo o ar até que eu finalmente alcançasse seu corpo quente.

–Mantenha a boca ocupada gatinho. – mal ele terminou cravei os dentes em seu ombro ouvindo-o rosnar, seu hálito batendo contra meu pescoço, seu sangue inundando minha boca, sua mão parou o que fazia descendo agora as próprias calças, o ajudei pra ser mais rápido e logo o calor de sua mão voltava acompanhada agora de seu falo também rijo.

Seus gemidos melhor contidos que os meus chegavam aos meus ouvidos como música, levei uma mão entre nós dois até seu pênis tocando no mesmo ritmo e sendo premiado com seu descontrole tão nítido quanto o meu fora.

Ele lambeu meu pescoço e tão rápido quanto eu me mordeu, aquele prazer indescritível me atingindo como um tapa e qualquer pensamento diferente de dar e receber mais daquilo sumiu da minha mente como fumaça.

Nossas mãos aceleraram como se fossem uma só, à medida que o ápice se aproximava me sentia mais dele e o tinha mais meu, as barreiras que ainda se mantinham caíram e quando estava beirando a insanidade entendi pela primeira vez que o que nos fazia Amo e Consorte não eram os selos ou as marcas, e sim nossas almas entrelaçadas do começo ao fim de tal forma que era impossível separá-las outra vez.

Me desfiz sendo seguido por ele, o senti deitar ao meu lado tentando recuperar a respiração normal assim como eu, abri os olhos meio zonzo vendo seu mais belo sorriso, retribuí sentindo meu corpo leve apesar do cansaço, sua mão acariciou meu rosto, tenro, suave, como se eu pudesse quebrar ou evaporar a qualquer momento.

Ri com a minha linha de pensamento, talvez ele tivesse esperado muito por um problemático feito eu.

–Te olhando assim agora me sinto tendo um vislumbre do paraíso. – ri outra vez, seu rosto agora mais próximo do meu sustentando um sorrisinho bobo.

–Então me mostre seu paraíso querido anjo. – devolvi selando seus lábios nos meus.

–Com prazer. – o assisti sentar na cama se espreguiçando como se estivesse revigorado depois de uma soneca, toda a energia habitual parecendo fluir quando ele levantou tirando o que restava de sua camisa e a usando para limpar o peito e a barriga.

Desviei o olhar envergonhado mas ainda anestesiado demais para tomar alguma atitude quanto ao meu estado que não era muito diferente do dele.

–O que acha de um banho? – perguntou parando do meu lado e me erguendo em seus braços sem a menor dificuldade.

Pensei em reclamar mas logo desisti fechando os olhos e inspirando seu cheiro mesclado com o meu. Passamos na porta do banheiro, ele seguiu até o box e me ajudou a tirar a blusa, abriu o registro no morno sem parecer incomodado em me ter circulando sua cintura com os braços ou com minha cabeça apoiada em seu ombro, seus braços também me envolveram num abraço tão gostoso que eu poderia dormir.

–Kai-chan.

–Hmm?

–Tudo bem? – confirmei com a cabeça.

–Só me dê um tempo de descanso.

–Aí partimos pra segunda?

–Tarado. – abri os olhos encontrando os seus castanhos-mel atentos – Miyavi... – sussurrei olhando melhor, acariciei seu rosto da mesma forma que ele fez comigo antes – me deixe ver você.

Em um segundo eu não via mais seus olhos e sim a grande raposa do tamanho de um cavalo e penugem maculada em branco e preto me encarando de volta com os mesmos olhos castanhos-mel agora maiores e mais expressivos.

A imagem não durou muito mas foi o suficiente para guardar qualquer detalhe.

–Obrigado. – agradeci iniciando um beijo calmo, lento, apaixonado que curtimos até precisarmos de ar outra vez.

Durante o resto do banho já não conseguia registrar muitos acontecimentos a não ser o calor de Miyavi e da água que depois foi substituída por roupas, lençóis e mais uma vez Miyavi, toda a letargia se intensificou quando seus braços me envolveram e pude finalmente dormir.


Jasmine

Continuamos o trajeto rente à barreira que a família Uke mantinha em volta do bosque a exatos dezoito anos, forte como uma barreira nova e que dificilmente seria afetada pelo tempo, uma escolha sábia quando se pretende manter uma família segura.

–Como conseguiram entrar? – Bartolomeu perguntou com genuína curiosidade.

–Da mesma forma que Kai consegue entrar sem ser afetado. – não precisaria olhar para saber que a simples menção de tão óbvia falha o deixaria irritado.

–Eu disse que devíamos concertar mas eles não me escutam!

–Procure ser compassivo, Yutaka também faz parte da família.

–Eu sei e entendo isso mas colocar todos em risco é demais.

–É o curso natural arriscarmos pelos que nos são importantes, você sabe bem disso. – ele suspirou.

–Eu sei, só estou preocupado.

–Compreensível, mas também deve lembrar que Kai não escolheu nascer assim.

–Não é só isso que me irrita.

–Ter outro youkai em casa é realmente desconfortável mas Miyavi é um bom garoto apesar da impulsividade, além do mais você é o mais velho, tem que controlar seus instintos dominantes.

–Não estou acostumado a nada disso. – me permiti sorrir.

–Tudo tem uma primeira vez, um dia você teria de se acostumar aos não - alados.

–Mudando de assunto Kamijo-san e você voltaram à linha de frente, pensei que fossem deixar o conselho resolver seus próprios assuntos desde a última vez.

–Sabe que os motivos nada tem haver com a devoção que Kamijo nutre pelo conselho, eu não o deixaria desistir por minha causa.

–Mesmo assim, talvez devesse deixar o garoto no seu lugar por um tempo. – parei de pular entre as arvores vendo-o repetir o meu ato.

–Ele ainda não está pronto mas quando estiver terei prazer em vê-lo pondo em prática tudo que lhe ensinei.

–Até hoje me pergunto como transformou um rato em um pavão.

–O mestre tem de saber trazer à superfície o melhor do discípulo e o melhor dele simplesmente superava os empecilhos naturais.

–Se assim diz.

–Deve aprender que limites só existem na mente de quem os cria Bartolomeu-kun, e eu nunca fui esse tipo de pessoa.


Kai

Acordei meio confuso, a luz do sol entrava pela frecha da cortina, meus olhos caíram no relógio, 8:03. A noite anterior surgindo como flashes desconectados aos poucos juntando e fazendo sentido, primeiro a mordida, depois Bartolomeu e mais tarde eu e Miyavi......

Aos poucos fui dando falta do corpo grande e quente que estava embaixo de mim.

–Myv? – sentei na cama num pulo passando os olhos pelo quarto, um desespero gritante ao não vê-lo em lugar nenhum.

–Ohayo. – Miyavi disse saindo do banheiro já vestido, corri parando na sua frente procurando qualquer coisa, qualquer arranhão – Calminha, juro que não saí enquanto você dormia. – ele falava a verdade, isso me deixou mais tranquilo.

–Bom dia. – respondi sentindo seu cheiro de banho recém-tomado – O que foi isso? – me referia ao desespero por não tê-lo comigo.

–Isso é o que eu esperava que acontecesse depois que eu te mordi na faculdade mas, como estamos nos especializando em trocar a ordem das coisas só aconteceu agora que você também me mordeu.

–E isso é?

–Como um efeito colateral sentido pelos Amos até se acostumarem com o selo, o impossibilita de ficar longe do Consorte pelo tempo que seja, também causa repulsa a qualquer youkai que não seja seu Consorte e te dá a vontade incontrolável de ser mordido. – a simples menção me fez arfar.

–Miyavi, quando eu volto ao normal?

–Não dá pra dizer, o susto com a presença de Bartolomeu e Jasmine-san te deixou alerto, pode ser que fique assim o resto do dia, pode ser que fique assim o resto da semana.

–O quê? – perguntei tomando o cuidado de não falar alto demais.

–Você bebeu meu sangue, isso deixa tudo vago. E teoricamente falando, você também é meu Consorte agora, enquanto achar que eu estou em perigo não vai conseguir se acalmar.

–Eu virei seu Consorte? – ele apontou a marca que tinham surgido em seu braço descendo em espiral e envolvendo as tatuagens – Quando..?

–Quando me mordeu.

–Mas, da primeira vez não-

–No seu caso é diferente.

–Espera, mas lá embaixo quem estava em perigo era eu!

–Contraditório, quem pensou isso fui eu.

–Oi? Está dizendo que aquele desespero todo era seu?

–Parcialmente falando. – analisei bem antes de perguntar.

–Ok, onde você termina e eu começo?

–Se eu soubesse essa resposta teria dias mais tranquilos. – ele falou em tom de brincadeira – Deixamos de ser dois lá embaixo. Agora ficaremos perdidos um no outro sempre que estiver assim. E antes que eu me esqueça, o que tem no bosque? – se referia ao que eu senti naquela hora.

–Não sei. – ele não acreditou muito.

–Parecia saber.

–Legal mas eu não sei o que tem lá. – me senti irritado por ele estar duvidando – Se não acredita o problema é seu.

–Você também não parece certo disso. – respirei fundo.

–Nunca entrei naquela parte do bosque, me trazia uma sensação ruim sempre que tentava então acabei desistindo. Nee Myv...

–Hm.

–Está tudo bem ficarmos assim “misturados”? – ele riu.

–Sim, está tudo bem.

–Não tem certeza disso.

–É, eu admito, nossa situação é bem... inusitada.

–E?

–Não sei o que esperar.

Olhei pela janela a princípio pensando estar imaginando coisas mas depois me convencendo de que realmente tinha algo lá embaixo. Era um lobo de pelo tão branco que certamente poderia se confundir com neve e olhos negros profundos como uma noite sem estrelas, com uma presença e energia tão fortes que cambaleei para trás desorientado e no segundo que voltei a procura-lo não estava mais lá.

–Kai, o que foi?

–Você não sentiu?

–Sentir o que?

Meus olhos desfocaram e como se não estivesse em meu quarto um borrão verde e azul parecendo um campo coberto por uma camada espessa de névoa me cercava e antes mesmo que eu começasse a me dar conta alguém disse “Não se preocupe Kai, ninguém lhe fará mal quando estiver aqui” e assim como tudo surgiu também se foi num piscar de olhos.

Miyavi estava comigo em seus braços emanando preocupação.

–O que aconteceu?

–Você desmaiou de repente.

–Desmaiei? Mas eu estava – me interrompi sem ter a menor ideia do que pretendia dizer. – Tinha um lobo branco lá embaixo.

–Youkai. O que ele fez?

–Nada só estava sentado olhando pra cá e então eu estava num campo e alguém falava comigo.

–Falava o que?

–Não sei? – respondi incerto tentando lembrar inutilmente por alguns instantes. – Não tenho ideia. – Miyavi suspirou enquanto me ajudava a levantar.

–Veremos isso mais tarde certo? Isso e mais algumas coisas. Agora todos estão acordando então vamos descer. – concordei olhando mais uma vez pela janela antes de segui-lo.

“E mesmo a salvação destas mãos não é certa

Seria este um problema que não me faz chorar?”




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, tive muitos problemas ultimamente (problemas de saúde, familiares, escolares, enfim estava tudo uma bola de neve) muitas coisas estavam me deixando preocupada e consequentemente sem condições de escrever e pra fechar eu não estava satisfeita com esse capítulo e não queria posta-lo como estava. Anyway, eu demorei mas consegui! Espero q ñ tenham desistido de mim nesse tempo >.< kissus!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Universe" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.