Fazia certo tempo que Alfred não conversava com Arthur. Claro, devemos considerar o constante mal humor do inglês, e também o fato de estar sempre estudando. Ter aulas de tarde não ajudava muito, já que permaneciam na escola até as 19:45, o horário em que Arthur costumava sair correndo para casa, sem nem mesmo dizer um "tchau".

Isso incomodava o americano, eram amigos, e amigos devem conversar ao menos uma vez por dia (ponto de vista do Alfred). Assim, um pensamento incomodo o assombrava: Será que Arthur não gostava dele? Bobagem, claro que gostava, apenas não sabia demonstrar o que sentia.  Isso de acordo com a mente de Alfred. Outra coisa que o incomodava, era o fato de que quando enxergava Arthur conversando com outras pessoas tão alegremente, sentia ciúmes. Isso era normal? Se perguntava por dentro, toda vez que sentia aquilo. Resolveu que iria conversar com o inglês, e assim que o sinal do fim da aula tocou, correu até a saida o mais rápido que podia. Esperaria por Arthur, para poderem ir para casa juntos.

Pouco demorou para o mesmo aparecer, carregando uma pilha de livros e com as sombrancelhas franzidas. Parou na frente do americano, fitando o mesmo.

- Ei Artie, posso te acompanhar até sua casa? - Disse sorridente.

- Por que faria isso? - Arthur olhava para o maior, sem mudar a expressão.

- Por que? Oras, sou seu amigo!

Ambos ficaram em silêncio por um instante. Arthur saiu andando em direção da rua onde morava.

- Certo, se quiser venha.

O americano sorriu, e correu para alcançar o menor. Caminhavam calmos e silenciosos, por perto de um bosque qualquer, quando a silhueta de um raio formou-se distante dali. Arthur começou a caminhar mais rápido, deixando Alfred um tanto confuso.

- Uh, Artie? Aconteceu alguma coisa?

- N-nada, nada mesmo... - Continuou caminhando, cada vez mais rápido.

- Artie, vá mais devagar! - Alfred sentiu a chuva cair em seu rosto - Ei Artie!

Segurou o menor pelo braço, recebendo um tapa no rosto como resposta.

- Isso machuca seu idiota! - Arthur tentava esconder o rosto - Pode ir para casa, vai acabar ficando doente com essa chuva...

- Artie, o que houve?

- Já disse, nada.

- Não é o que parece.

A chuva ficava mais forte, assim como cada batida do coração de Alfred. 

- Artie, me conte a verdade. Você mal falou comigo durante esses dias, e agora está me mandando ir embora. Algo está acontecendo, por acaso foi algo que eu fiz?

- ...

- Vamos Artie, me responda!

- Sim, algo aconteceu, e foi culpa sua.

- O que?

- ...

- ...

Alfred tocou o rosto do menor, sentindo lágrimas escorrerem.

- Por favor, me conte.

- Não...

- Artie, vamos. Eu quero saber o que te incomoda! Afinal, você é meu melhor amigo, e amigos contam a verdade uns para os outros!

- ...

- ...

- Certo, eu te conto. Mas antes vamos sair dessa chuva.

Ambos correram até o ponto de ônibus mais proximo, sentando em um banco protegido da chuva forte.

- Agora quero que me conte o que eu te fiz.

- Você...quer mesmo saber?

- Claro!

- Está bem, você é quem está me incomodando.

- Qual o motivo?

- Todos! Você é o problema!

- Eh?! Ainda não entendi...

- Você vive me irritando, me fazendo de bobo, me decepcionando, me atrasando para as aulas...

- Artie...

- ...E fazendo eu me sentir...

- Artie - Alfred segurou a mão do menor.

- ...Apaixonado.

Ambos permaneceram em silêncio. Alfred surpreendeu-se em escutar aquilo, sempre achou o comportamento do inglês um tanto estranho, principalmente quando estava perto dele. Mas nunca pensou que este fosse o motivo.

- ...

- Satisfeito?

- ...Sim.

- Então vá para casa agora.

- Espere, por que não me contou antes?

- Não é meio óbvio? Achei que iria achar que eu sou estranho, rir da minha cara e sair espalhando para o colégio todo que eu gosto de você.

- Por que achou isso?

- Por que sim!

- ...

Alfred sentiu-se feliz, realmente feliz, por finalmente saber o que tanto incomodava Arthur, e também o que tanto lhe incomodava. Também estava apaixonado.

- Sabe, eu não acho você estranho...

- Não?

- Não - Alfred aproximou seu rosto ao do inglês, juntando os lábios um do outro - Eu também gosto de você.

Assim, a chuva diminuiu. Arthur olhava corado para o maior, que apenas sorria.

- Quer passar a noite lá em casa Artie?

- ...Não seria muito incomodo?

- Claro que não - Disse dando outro selinho no menor - Já que somos amantes.