Ódio escrita por Saito


Capítulo 1
Ódio


Notas iniciais do capítulo

Primeira vez que escrevo alguma coisa mais "adulta". Espero que tenha ficado bom.



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[Durante muito tempo construí uma história em cima de um castelo destruído
E pra fugir dessa realidade dura eu já encontrei mais de mil motivos
Agora essas palavras de pessoas santas parecem música nos meus ouvidos
Já que ficou quase insuportável ouvir a voz dos meus olhos aflitos

De tanto chorar depois que a festa acabar
Se eu não me matar, talvez eu peça ajuda para voltar
Do lugar da onde despenquei feito um anjo que morreu de raiva
Na queda eu me despedacei mas eu já me permito mudar]

Era assim que me sentia, enquanto corria pelo cemitério, perdida na noite. A música parecia perfeita para o momento.

Sim, ódio. Era essa a palavra. Ódio por ter descoberto quem tirara tudo de mim; quem tirara o que dava razão à minha vida e me fazia feliz.

– Lucy! Volta aqui!

– NÃO! Fica longe de mim, Constantine!

A todo o momento, eu olhava para trás. Ele havia matado meus pais em um acesso de raiva. Não era uma raiva qualquer, pois ele havia sido possuído. E ainda estava.

Como estava escuro, não reparei que havia uma raiz exposta e tropecei, rolando o pequeno morro que havia surgido. A voz do meu irmão estava ficando cada vez mais distante. E eu ia adentrando na escuridão da morte.

...

[Olhei ao meu redor para reconstruir meu castelo caído
Pra viver de bons momentos sem ter que ter os olhos escondidos
Já fiz até um testamento que não tem nada, nada, nada escrito
Já que a minha maior herança é a que eu vou levar comigo

Pra evoluir, depois que o terror passar
Se eu não suportar talvez eu peça ajuda pra voltar
Do lugar da onde despenquei feito um anjo que morreu de raiva
Na queda eu me despedacei mas eu já me permito mudar]

Abri meus olhos. Tudo escuro. A música continuava a ressoar em meus ouvidos, envolvendo meu coração em uma estranha melodia macabra. Levantei-me e vi que estava perto de uma lagoa, com a água de uma coloração escura e um tanto pegajosa. Minha roupa estava um trapo. Rasgada em vários pontos, com sangue espalhado pelo vestido branco.

Com tanto sangue, como eu não havia morrido?

– Simples, minha querida. Você não pode morrer.

Um completo estranho estava parado na minha frente.

–Ah, por favor, não me olhe desse jeito, Lucy.

– E como você sabe o meu nome?

– Não é muito difícil, principalmente quando se tem um pacto com um demônio, como eu.

A simples palavra “pacto” tivera um grande efeito sobre mim. Eu me lembrava agora, naquele mesmo local, há mais de cinco anos, eu havia usado magia negra – meu sangue, misturado a ervas especiais e os ossos do que um dia fora minha mascote, fazendo um ritual sobre um corpo recém-enterrado.

“A noite abafada trazia o prenúncio de uma tempestade. Não apenas a uma chuva torrencial, mas uma mudança em minha alma. Aquele era realmente o caminho tortuoso e sinistro que eu havia decidido seguir? Sim.

– Eu invoco aquele que cavalga a ira, Nemesis...

Nada. Eu realmente achei que teria alguma explosão, ou pelo menos algum sinal. Esperei durante 15 minutos, com as nuvens começando a cobrir o luar; chovia. Comecei a correr, na direção do portão do cemitério. Havia um rapaz ali. Um lindo jovem de cabelos escuros, capa vermelha e roupas escuras.

Vai mesmo ficar nessa chuva? perguntou ele.

Não. E você, vai ficar parado?

Ele riu e se aproximou de mim. Agarrou meus cabelos escuros e puxou minha cabeça para trás, beijando-me com força em seguida. Tentei me soltar, mas ele era mais forte. Fui solta logo depois.

Quem você pensa que é...?

Nosso pacto está selado. Irei procurar aquele que matou seus pais.

Fiquei parada, com a roupa e os cabelos molhados, tentando entender o que acontecera.”

– Você? Você é Nemesis?

– Exatamente, meu amor. Cumpri minha parte no pacto, não foi?

Eu não queria concordar, mas era verdade. Durante o jantar daquela mesma noite, eu vi que uma sombra formara-se ao lado de meu irmão. Não podia dizer como, mas sabia que era ele. O assassino a quem eu tinha devotado todo o meu ódio.

– Sim. Mas ele ainda não está morto.

– Ora, não se preocupe. Logo, o sangue dele estará em suas mãos. – Nemesis andou em minha direção e enroscou um dos braços em torno da minha cintura, prendendo-me com tanta força quanto há cinco anos.  – E não se esqueça de que você tem uma dívida comigo, meu anjo...

[Esse meu ódio é... Meu ódio é...
O veneno que eu tomo querendo que o outro morra]

Constantine chorava de ódio e medo. Era exatamente o que eu queria, e onde eu queria. Na sacada do seu quarto. Ele segurava a espada da família, uma herança passada de geração em geração.

– Lucy, não! Você tem que entender! Nossos pais queriam nos matar! Eles estavam possuídos! Eu tive que fazer isso, para proteger a nós dois...!

– Mas por quê? Por quê não podíamos ter simplesmente fugido? – eu estava chorando de desespero. Eles estavam mesmo possuídos? Mas e Constantine? Eu tinha certeza de que ele estava, eu o vira entrar na floresta de um jeito e sair dali completamente mudado! – Me diz! O que aconteceu na floresta?

– Eu... nosso pai... ele estava matando a Clarissa! Nossa irmã!

– Ela tinha morrido ao nascer!

– Não! Isso foi o que eles te falaram... eu cheguei a ouvir o choro dela; porém, depois que voltei da escola, ela não estava mais lá!

– E como você tem tanta certeza de que a garota, que nosso pai supostamente matou, era a Clarissa?

Constantine ficou mudo, e arregalou os olhos, olhando para algo atrás de mim. Aquilo, não faço a menor idéia de como, me deu a certeza de que não era mais meu irmão. Aquilo foi seu último erro. Enterrei o punhal em seu peito, abrindo um enorme talho que me permitiu enxergar seus ossos; empurrei-o com força. Fechei os olhos ao fazer isso, mas não consegui me impedir de ouvir seu corpo chegando ao chão e quebrando.

– Parabéns, minha pequena. Conseguiu. Vingou seus pais, matando seu irmão. – Nemesis aplaudiu, e foi então que me dei conta: Constantine vira Nemesis ao meu lado. – Mas... agora é hora do pagamento.

Ele segurou minhas mãos, manchadas de sangue, e limpou-as com a cortina do quarto. Conduziu-me para dentro da casa, parando no corredor que dava acesso ao meu quarto e ao dos meus falecidos pais.

– Você não me disse o que queria em troca, Nemesis.

– Ah, mas isto é muito simples. E acho que nós dois sabemos exatamente o que é.

Sim, eu realmente sabia.

Puxei-o pela capa e o beijei, tão selvagemente quanto ele havia feito. Depois, puxei-o para o meu quarto, onde nos jogamos em minha cama. Ele tirou meu vestido, enquanto falava:

– Você agora é minha, Lucy. Meu anjo caído.


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Notas finais do capítulo

Música: Ódio - banda Luxúria
Link da imagem: http//wallbase.cc/wallpaper/1223391

Obrigada por ler mais uma história de Saito_Yuki Produções!

Bjinhos!



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