Confusões e Confissões por Ino Yamanaka escrita por -thais-estrela-


Capítulo 19
A última lágrima nunca cairá - PARTE II(Cap.Final)


Notas iniciais do capítulo

Queridos, demorei? Imagiina!
Bom, aqui está mais um :)
Críticas são sempre bem aceitas, seja e forma de mensagem, comentário ou recomendação.
Boa leitura :)



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- Alô, sou eu. – Ela logo reconhecera a voz grossa e imponente que vinha do outro lado.

- Ah, oi. E como está? Comendo direito? – a loira mostrou interesse para com ele, mas não recebeu uma boa resposta.

- Hai, hai. – fazendo pouco caso e mostrando grande desinteresse, continuou – E então, ele vem? – estava ansioso para ouvir a resposta.

- Olha, foi muito difícil falara com ele, você o conhece e sabe como é o temperamento do menino e ele estava realmente relutante. Ainda está muito magoado com você, pai.

- Então ele... – ouviu-se um suspiro – Não posso culpa-lo, eu sempre soube que seria difícil, mas não consigo mais suportar. – rapidamente desabafou.

- É, papai, pense nisso na próxima vez em que for queimar o rosto do seu filho. – um silêncio se fez presente até que ela continuasse. – Mas peça logo aos empregados para que arrumem nossos quartos e que coloquem chocolate em baixo do meu travesseiro, Gaara concordou em ir.

- Gaara con-concordou? – sua voz falhou.

- Hai. – dizia sorridente imaginando a expressão de seu pai naquele momento.

- Não está brincando comigo, Temari? – perguntou rigidamente.

- Se vai duvidar de mim, me avise que eu cancelo as passagens.

- Não, não, nunca! – seu ar superior tinha se esvaído rapidamente pelo medo de que sua filha realmente fizesse o que ameaçara. – É só... É um pouco confuso acreditar que realmente vou vê-los depois de tantos anos.

- É papai, também te amo. – dizia sínica.

~

A viagem foi muito mais do que cansativa, foi frustrante. Nenhuma outra palavra pode ser mais específica. Sei que vou parecer com mais um otário, clichê e cômico adolescente de livros para garotas, mas que se dane. Inicialmente, depois da conversa com Temari, a minha linda irmãzinha (para não dizer outra coisa), ela comentou que nosso voo seria no dia seguinte, na verdade, às cinco da madrugada, detalhe: disse-me isso sete horas antes. Agora façam as contas.

Controlei minha boca para não perder tempo xingando a loirinha metida que morava comigo e seu belo papaizinho, fui ao meu quarto organizar minhas coisas, arrumar as malas e, principalmente, esfriar a cabeça.

Depois de cinco camisetas e duas calças, lembrei da loirinha metida que eu tanto gosto e fiquei imaginando que ela ficaria possessa quando soubesse da minha viagem. Ino odeia ficar sozinha, e eu sabia disso, provavelmente iria fazer de tudo para que fosse junto, mas tê-la perto de meu pai não era boa ideia. O clima era pesado demais e sem dúvida alguma, ela iria me causar ainda mais problemas, estabanada do jeito que ela é... Fora que seria minha maior fraqueza diante dele.

Ainda sim, decidi ligar para ela, afinal, as coisas nunca foram melhores entre nós e não ligar seria um grande banho de água fria para nossa relação. Além do mais, eu também queria demasiadamente ouvir sua voz mais uma vez antes de viajar.

Todo esse relatório meio que foi inútil de se fazer, já que meu celular estava perdido. Voltei até a sala e disquei meu número no telefone fixo. Nada. Resolvi refazer meus passos para tentar acha-lo. Fui à cozinha, procurei nos armários, em cima da mesa, na geladeira e nada. Fui ao meu banheiro, e não sei bem o porquê, mas procurei até dentro do vaso sanitário. Não estava nem no sofá da sala, nem no meu guarda-roupas. Embaixo da cama só havia poeira. Temari não me deixou sequer entrar em seu quarto e entre as coisas de Kankuro, só achei umas vinte revistas um tanto (como dizer?) suspeitas. Matsuri com certeza não gostaria de saber o conteúdo delas e nem de que havia tantas assim.

De qualquer jeito, não achei o maldito celular. Respirei fundo e calmamente – bufando – voltei ao meu quarto, terminar a mala. Ligaria mais tarde para ela, afinal, já estava bem tarde e esse telefone teria de aparecer uma hora ou outra.

Suado e cansado, acabei dormindo em cima das roupas. Minha irmãzinha, do seu jeito mais delicado (sintam a ironia) me acordou calmamente.

- Ah, mas eu não acredito no que eu estou vendo aqui. Nós já estamos quase prontos, e você ainda está dormindo?! Vamos, vamos, vamos, levanta daí, sua mula. Bora! – pisquei algumas vezes para poder processar o que estava acontecendo. Acordar com a Temari é sempre confuso. Levantei de cima das roupas que agora estavam desdobradas e amarrotadas, confesso que tinha um pouco de baba em uma camisa, e esfreguei os olhos antes de ouvir mais uma parte da ladainha. – O QUÊ?! Você ainda não terminou de fazer as malas?! Ao menos colocou suas cuecas aqui? Gaara, estou falando com você. ME RESPONDA!

Mulheres. Sempre tão histéricas! Fiquei calado, apenas ouvindo suas reclamações e quando minha consciência (ou parte dela) voltou, só consegui lhe perguntar se sabia onde estava meu celular. Ela me deu alguns tapas, prometeu achar meu telefone e me mandou tomar um banho.

Como sou irmão mais novo, resolvi obedecer. Eu estava fedendo e além do mais, ela estava assustadora! Saí do banheiro vendo minha bagagem já pronta e meu telefone em cima da cama. Santa Temari!

A porcaria estava com a bateria descarregada, por isso não tocou quando liguei. Conectei ao carregador e fui me vestir. Com uma calça jeans, um tênis qualquer e uma camiseta, conectei o carregador no tele móvel e desci para tomar café.

Comi qualquer coisa que estava em cima da mesa, o mais rápido possível para sair da cozinha e evitar de ver aquela cena melosa que era Kankuro e Matsuri se beijando. Gosto dela, mas ele é meio estranho. Matsuri também iria conosco, sua família era de Suna e ela aproveitaria para visita-los. Lembrei mais uma vez de Ino e fiquei meio que perdido em alguns devaneios.

Fui interrompido ao ver uma loirinha estabanada descendo alguns degraus com três malas. Em vez de ajuda-la, segurei-me para não rir. Como estava frenética, ela realmente estava ansiosa por esta viagem, assim como os outros. Eu era o único sem ânimo algum para aquilo. Rever meu querido pai, em vez de me encher de alegria, me revirava o estômago. Estava fazendo aquilo apenas por consideração aos meus irmãos que queriam rever sua terra natal, seus amigos de infância e o que faltava de sua família. Eles nunca diriam o mesmo de mim, já que lá eu não tinha amigos nem uma família, só tinha uma mãe enterrada e um pai, mas não podia dizer que ele era meu familiar, ele era apenas um doador de esperma para o meu nascimento. Eu preferia o definir assim, era melhor para mim, mas só agora me toquei do quão engraçado isso soava.

- Ei Gaara, venha aqui me ajudar! – Temari gritava. Preciso urgentemente comprar tampões de ouvido ou vou ter que visitar frequentemente um fonoaudiólogo por conta desses berros. – Uma dessas malas é sua, então venha aqui. Você também, Kankuro, seu imprestável!

Mal tive tempo de ajudá-la com as bagagens, segundos depois eles estavam no lado de fora da casa, me chamando. Estávamos quase atrasados.

- Vamos Gaara! Se perdermos esse voo, Temari vai ficar possessa! – eu não era o único que concordava que ela estava assustadora. Pobre Shikamaru.

Bom, fui arrastado da casa para dentro do carro. A louca maluca ia no banco do carona ao lado do motorista do taxi, esfregando um batom rosa nos lábios e verificando o resultado no retrovisor, os beijoqueiros de plantão sentados no banco de trás ao meu lado. Não sou do tipo que passa mal dentro de aviões, mas de aqueles dois se sentassem ao meu lado dentro de uma aeronave eu não ficaria surpreso se precisasse vomitar.

Com meu estômago revirado e ainda procurando algum motivo para ficar feliz com a viagem, estava calmo, afogado em meu tédio até que:

- Meu telefone! – eu disse. – Volta o carro, eu preciso voltar, esqueci meu telefone. – Sem me exaltar muito, pedi ao motorista.

- Ah, não Gaara, se voltarmos não vamos voar hoje. – Disse a garota que adora mandar nos outros, segurando com uma das mãos o volante, com a intenção de que o homem não desse meia volta.

- Mas eu preciso dele.

- Precisa tanto assim desse telefone? Não vai ser muito útil, já que em Suna quase não tem rede. – mais um belo motivo para eu não querer ir.

- Mas preciso falar com alguém. – falei calmo e suplicante.

- Com quem? – ela perguntou curiosa.

- Não interessa, apenas volte o carro para eu pegar meu telefone, por favor.

- Impossível. Seu “alguém” vai ter de esperar.

Suspirei e fechei os olhos. E o telefone dela tocou.

- Então me empresta o teu celular, onegai!

- Shikamaru está me ligando, deixa-me falar com ele rapidinho e já te dou. – e atendeu a ligação.

Fiz o mesmo pedido aos pombinhos, mas não me ajudaram, pois não tinham como alcançar seus aparelhos que estavam dentro do porta-malas. Eu estava pensando seriamente em desistir desta excursão se não conseguisse falar com a minha Ino.

Chegamos ao aeroporto e não consegui alcançar os aparelhos de ninguém, Shikamaru ainda não tinha desligado e devo admitir que minha cunhada tem uma verdadeira vocação para despachar malas, em três minutos todas as bagagens já estavam sob responsabilidade da companhia aérea.

Decidi usar os telefones públicos que o aeroporto dispunha, sempre há alguns próximos aos banheiros, fui a uma banca, troquei algumas moedas e me dirigi aos orelhões. Todos quebrados. [n.a.: vamos começar com a campanha “Diga não ao vandalismo”! ] Procurei pelos outros que ficam espalhados pelo salão e, não sei como, mas todos os que estavam funcionando, estavam em uso. Agora me digam como isso é possível. Como todos ao telefones estão sendo utilizados ao mesmo tempo em um aeroporto tamanha quatro horas da madruga? Resolvi esperar até alguém desocupar um telefone, mas aquelas pessoas deveriam ser associadas ao Movimento dos Sem Terra, já que decidiram morar em um orelhão.

Enfim, entrei na aeronave e finalmente consegui o telefone de Temari, mas tive de desligar antes de usar para evitar uma possível briga com alguma das aeromoças. Pelo menos, meus companheiros de viagem eram duas crianças que assim como eu, dormiram durante todo o trajeto.

Preferia ter dormido para sempre do que ter acordado naquele momento. Olhei para a janela e meu corpo estremeceu. Aquele solo arenoso que se via de cima, era, sem dúvida alguma, minha terra natal. Involuntariamente, liguei o telefone e não fiquei surpreso ao saber que não havia rede alguma. Eu estava em Suna.

Descemos do avião, e lá estavam Luna e Hiroshi, dois antigos empregados do palácio Sabaku, já estavam com idade um pouco avançada, e por isso se mostravam fiéis. Kankuro abriu um imenso sorriso ao ver a mulher que cuidou dele quando criança, assim com Temari, quando viu o motorista a quem pedia sempre que a levasse a passeios quando conseguia fugir das aulas de etiqueta.

É, até aí, as coisas não tinham mudado. Fomos à esteira, pegamos nossas bagagens e nada de rede no celular. Paramos em uma cafeteria para comer um pouco, já que o que é oferecido dentro do avião não se pode ser identificado como comida. Fiquei apenas com uma garrafa d’água.

Me arrependi de não ter comido um verdadeiro banquete, faria de tudo para demorar o máximo possível e adiar meu encontro com o doador de esperma.

Desta vez, Luna e Hiroshi foram à frente e os três irmãozinhos atrás. Minha cunhada tinha tomado outro caminho e foi para a casa dos pais. Por que não fui com ela? A mãe dela é tão simpática... Mas não posso negar que agora, até eu estava ansioso por aquilo, mas não de um modo bom.

Olhando pela janela do carro, pude rever as ruas deste oásis, praticamente todas as construções antigas estavam lá, quase que intocadas pelo tempo, algumas mais conservadas que outras, mas ainda sim, estavam todas lá.  

Já comentei que Suna fica em um grande oásis no meio do Saara? Antigamente era conhecido como o melhor, maior e mais bonito de todos os oásis do mundo. População? Dois milhões e uns quebrados. Bastante para uma cidade no meio do deserto, não? Mas tinha minhas dúvidas se ainda continuava tão rico e próspero como antes.

Notei que havia menos animais nos estábulos do que o de costume e o numero de crianças era baixo, havia poucas mulheres, muitos homens e um grande número de anciãos, além do reduzido verde. Passamos por uma ponte que atravessa um rio muito famoso, que aquela altura estava quase que seco, e a vegetação ciliar estava bem devastada. Cenário contrário ao de sete anos atrás.

- Papaizinho, não está cuidando bem da sua província? – falei comigo mesmo abrindo um grande sorriso de escárnio.

- Falou comigo, Gaara? – Kankuro que estava ao meu lado deve ter ouvido alguma coisa.

- Não, só estou refletindo um pouco.

Não demorou muito e passamos pelo grande portão de entrada, passamos pela fonte central e pelos arbustos bem cuidados do jardim. Pude até ver as rosas amarelas de minha mãe. Ainda em botão, mas ainda estavam lá, exatamente onde ela tinha as plantado. Na verdade, estava tudo como era antigamente, até o velho Jasdero, o jardineiro, podava um pequeno arbusto bebericando uma garrafa de uísque.

Adentramos o antigo palácio Sabaku, alguns empregados pegaram nossas malas e fomos chamados à sala de jantar. Já sabia quem me esperava lá. E me vinha um nó na garganta.

Chegamos à sala e nos aguardava uma grande comezaina na grande comprida mesa. Em uma das pontas, estava ele, o atual imperador de Suna, Sabaku no Ren [n.a.: eu não lembro ao certo qual o nome do pai deles, então achei melhor usar esse, acho ele imponente, já que o kanji de Ren significa flor-de-lótus].

Já com alguns fios grisalhos, algumas rugas no rosto, como diria minha Ino, era um velho bem conservado. Levantou-se de sua cadeira e se pronunciou.

- Finalmente minha prole chegou. – deu um pequeno sorriso, bem discreto, mas ainda tinha fala imponente. Não era como se estivesse com seus filhos que não via há tempos, mas como se estivesse na presença de algum ex-inimigo que foi derrotado. – Pensei que chegariam mais cedo.

Ficamos nos encarando durante alguns segundos, tentei ser o mais inexpressivo possível, para intriga-lo. Sabia que meu pai gostava de joguinhos, e meio que herdei este gosto. Era minha forma de não mostrar a ele como me sentia. Ele teria de descobrir sozinho e eu soube que meu plano estava funcionando quando o vi erguer a cabeça de leve e devagar e suavemente semicerrar os olhos claros para me encarar.

 - Pois é, nosso voo atrasou um pouquinho. – pronunciou Kankuro para quebrar o silêncio, já que, assim como Temari, percebera o clima pesado.

- Mandei preparar este belo café da manhã para vocês. – fitou seus outros filhos e voltou a me encarar menos tenso. – Devem estar com fome.

- Já comemos. – falei. Ele me encarou novamente. Estava declarada a guerra.

- Mas eu estou faminta. Vamos Gaara, sente-se, vamos comer um pouco! – ela me olhava suplicante.

- É, Gaara – disse o dono da casa – , vamos comer um pouco.

- Mas se não quiser, tudo bem, sobra mais comida pra mim! – incarnou o espírito do Chouji dentro do meu irmão, deixei um riso escapar, assim como a tensão que se esvaiu de meus ombros. Meu joguinho com papai ainda iria começar.

Sentei à mesa assim como meus irmãos, enquanto eles comiam e conversavam sobre o que aconteceu em cinco anos, limitei-me a mordiscar uma maçã e fitar os detalhes da sala. Os quadros de antepassados, a pintura na parede que imitava o mármore, os detalhes em dourado, a comprida mesa à qual estávamos sentados e sua madeira bem talhada, os acentos e recostos das cadeiras bem acolchoados com o mais macio e vermelho veludo, as grandes janelas douradas e suas cortinas amarelas, era ainda mais belas quando os raios solares as adentravam. Tanta luz me lembrou dela.

Eu sentia que estava desperdiçando tempo nesta cidade arenosa, por que estaria com o desmoralizado que matou minha mãe, que só me trazia raiva e ódio, quando se poderia estar com a pessoa que mais se ama, que só me trazia alegria e felicidade? Confesso que estava meio abobalhado avoado neste momento.

- E você, Gaara? O que tem aprontado? – detesto admitir, mas o “Otou-san” falou o mais amistoso possível. Apenas ignorei-o com outra pergunta.

- Ahm, algum dos telefones está funcionando?

- Duvido muito, mas se tiver sorte, talvez ainda haja rede no telefone do porão. Yurippe pode levar você lá. – apontou com a cabeça para uma das três empregadas que estavam ao lado da mesa, esperando algum comando. Não me recordava de um porão no prédio.

Ela me disse algo que não me recordo muito bem agora e a segui com minha maça na mão. Passamos pela cozinha, cumprimentei alguns dos empregados mais antigos, dos quais tinha certo contato, passamos por um corredor que dava acesso à despensa e alguns quartos de empregados até que paramos em frente a uma porta de ferro, um pouco mais largas que as outras e mais baixa, um tanto enferrujada. Nela havia uma pequena portinhola, na parte de cima.

Yuripe pegou um molho de chaves, preso ao avental que usava e vagarosamente tentou uma por uma, das dezenas de chaves, abrir o cadeado atrelado a um trinco entre a porta e a parede, O que aumentara minha ansiedade. Finalmente eu conseguiria ligar para minha Ino. Quando ouvi o barulho do cadeado se abrindo me exaltei. Não estava apenas com vontade de fazer a ligação, mas aquela porta me era familiar, eu queria muito ver o que tinha dentro desta sala. Queria ver este porão do qual não conseguia me recordar.

Ela empurrou a porta com um pouco de dificuldade, era bem pesada e a ajudei. Foi só colocar meus olhos naquelas paredes feitas de grandes tijolos de pedra que meu coração disparou. Aquilo não era um porão. Por mais que agora estivesse sendo usado para tais fins, aquele quartinho, se assim pode ser chamado, era na verdade, onde passei a maior parte do tempo. Mesmo cheio de tranqueiras empoeiradas e devastado por teias de aranhas, não tão diferente do que era antes, aquele cubículo me trazia recordações, principalmente a única janelinha que ficava a mais ou menos quatro metros de altura, única fonte de luz, além do vão que a porta deixava. Aquela era a antiga masmorra onde eu costumava ficar trancado.

=Flash back on=

Cansado, com suor escorrendo em sua testa, o garoto de olhos claros corria ofegante por entre as vielas de Suna. A cada minuto, sentia suas pernas latejando fortemente e sua velocidade diminuindo gradualmente, sabia que ia perder a batalha mais uma vez, mas negava-se a tentar desistir, fugiria dali a qualquer custo. Algum dia.

Por que tinha de ser assim? Os outros garotos não precisavam fugir daquele jeito, na verdade, garotos normais nem precisavam fugir. As suas respectivas famílias estranhamente os amavam.  “Como seria se isso acontecesse comigo?”, pensava.

O som de seus passos apressados já tinha companhia de quatro pés alheios. “Eles vão me pegar de novo!” pensava ele. Cuidadosamente, sem cessar, colocou a mão em um dos bolsos e de lá, retirou uma pequena bola de pano, desenrolou o tecido e pegou uma fina lâmina que ali estava envolta. Continuou correndo como se fosse sua última chance de escapar, como sempre fazia, mas a repentina e intensa dor que sentiu no abdômen o fez curvar o tronco pressionando a barriga com os antebraços. Viu dois braços grandes e fortes lhe agarrarem por trás e mesmo sabendo que não iria adiantar, balançou incansavelmente as pernas em forma de protesto.

A flanela lhe veio ao rosto e o cheiro intolerável já aparecia. E lentamente cerrou os olhos, o odor do formol já se alastrara mais uma vez.

Mais tarde, as pupilas dilatadas anunciavam a carência de luz, a saliva derramada dos lábios tocava também o chão. Moveu a cabeça lentamente, sentindo o frio do piso abraçar seu rosto por completo até enfim abrir as mãos e esticar os braços, levantando-se vagarosamente. O pequeno Gaara encheu os pulmões para se livrar de suas memórias mortas, mas só sentiu o fétido e úmido ar da sala.

Nem se deu ao trabalho de ficar de pé, na verdade, voltou mais uma vez a cabeça para o chão e malmente ver sumir o raio das seis que transpassava o quadradinho lá em cima, a quatro metros do chão, enquanto era criada a próxima rota de fuga.

A velha Aoi o interrompeu por um momento até se recostar em seu peito. Dezer que não tinha amigo nenhum era o mesmo que mentir, esta iguana era sua companheira de exílio.

=Flash back off=

Senti meus pelos se arrepiarem. Havia um telefone talvez da década de 80, muito empoeirado e que não dava nenhum sinal de utilidade. Aquelas semanas iam ser mais difíceis do que eu tinha imaginado.


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Notas finais do capítulo

Capítulo que vem é mais, beeem mais cheio de angústia. O clima com o papai do Gaara vai esquentar e muuuito!
Anciosos? Creio que com umas duas semanas estarei postando a penúltima parte do capítulo.
Beijitos :)



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