Como Terno para Sapatos escrita por AArK


Capítulo 1
One-Shot


Notas iniciais do capítulo

Os safados me "delataram" por causa de 1 EMOTICON no final da fic e eles deletaram, buuuuuuut... I'm back!

Aqui vou dar uma intro pra vocês que não conhecem o jogo (visual novel) não tomarem um susto... A história "original" de Katawa Shoujo é assim:

Hisao é um garoto como qualquer outro, estudante e tudo o mais... E um dia, encontra uma carta de uma admiradora querendo se encontrar com ele... Ele aceita, porém, de tanto nervoso, seu coração de repente... "pára". E então, ele acorda meses depois, num hospital, e descobre que tem uma doença, arritmia. Seus pais, preocupados com ele, resolvem colocá-lo em uma escola para crianças "especiais", pois esta possui um hospital próprio e tudo o mais... No começo, ele se recusa! Com preconceitos, diz que não é como aquelas crianças "deficientes", mas depois, sem escolha, acaba indo... E conhece garotas incríveis!

Shizune é a representante da classe... Tsundere e... Surdo-muda. Sua intérprete é Misha, e diferente da de óculos, não é mandona e irritadiça, muito pelo contrário, é zombadora e enérgica! Lilly é a representante da classe rival à Shizune (as duas são rivais, porque provavelmente, não conseguem se comunicar...), ela é cega e muito linda (alíás), e sua melhor amiga, é uma garota tímida e que tem medo das pessoas... Na verdade, Hanako é assim, pq tem vergonha de seu rosto e corpo, cuja metade foi queimado em um acidente. E por fim, Rin e sua melhor amiga, Emi, uma sem braços e a outra, sem as pernas. Rin pinta e come com os pés, com muita habilidade, aliás... Mas o que chama atenção é sua personalidade diferente, e com ela, mostra a Hisao, que não é necessário ter preconceitos, e que elas são garotas como quaisquer outras (inclusive, Rin faz piada sobre as "deficiências" dos outros!)! Ah sim, e Emi adora correr! (y) Ela faz isso com suas pernas de metal!

PS: Claro que na minha fic, eu esqueço o Hisao e torno as três, casaizinhos yuris fofos! S2

PS 2: Eu alternei as narrações (em primeira pessoa) das duas... Vocês vão perceber, conforme forem lendo! =P



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Acordei de manhã, e já fui colocar minhas próteses nas pernas, antes mesmo de me vestir. Tinha que, logo depois de colocar o uniforme do colégio, bater na porta do quarto ao lado do meu, no dormitório, para fazer outras tarefas, antes da minha aula favorita... Educação Física! Em uma larga e longa pista de corrida, com minhas pernas de metal, eu correria muuuuuito, muito e muito! Coisa que é meu hobby desde sempre!

Bati na porta. *Toc! Toc!*

- Bom dia, Rin! Sou eu, Emi! - Disse, para a garota que estava lá dentro. Já deveria estar desperta, mas... Ainda sim, não deveria estar totalmente vestida... Pra ela não era tão fácil assim quanto pra mim.

- Hehehe... - Rin deu uma risadinha irônica, e respondeu-me lá de dentro. - Se você acha MESMO que eu vou machucar meus dentes tentando abrir a porta, ou pular de um pé só para fazê-lo, logo agora de manhã, está muito enganada, Emi...

- Mas é claro...! Onde eu tava com a cabeça! - Eu disse, e saí abrindo a porta.

Não tinha problemas! Rin e eu, desde novinhas, já estávamos acostumadas com esse dia-a-dia! Todos os dias eu tinha de ir ao seu quarto pra lhe ajudar a vestir-se!

Ajudei-a, dei os nós em suas mangas e fomos juntas...

- Você vai correr hoje de manhã TAMBÉM? - Me disse, com aquela mesma voz sacana de sempre. - "Correr"... Hahaha...

- Er... - Olhei pra sua cara, implicantemente, e respondi. - Sim, vou! Com certeza! Você sabe que eu adoro quando minhas aulas começam assim! E você vai direto pra sala, suponho?

- É... Não tem muito jeito... - Disse ela, bocejando de sono.

- Escuta... Você já terminou seu mural pra Feira de Ciências? - Rin pintava com os pés. E muito bem.

- Ah... Ainda não. - Ela fez uma cara infeliz. Ela era uma pessoa diferente de todas as outras, e difícil de ser interpretada. A maior parte do tempo zombava, fazia piadas ou era irônica, mas... Em alguns momentos, Rin podia soar até um bocado ingênua ou "lerda" mesmo... Na melhor das hipóteses.

- Por que? - Perguntei, abismada. Se ela precisasse de ajuda para misturar as tintas, era só me pedir! E ela era cara-de-pau o suficiente para fazê-lo, mas... Por que até então, não havia me pedido?

- Hmmm... Acho que a palavra é "desinspiração". - Disse ela, como sempre enigmática. Ri e fomos andando para o caminho bifurcado onde nos separávamos.

- - -

Emi é uma boba. Sim, sim, uma boba. Todos os dias de manhã, pergunta sempre a mesma lorota... Quer que eu abra a porta? Pois eu não vou abrir. Tenho preguiça. E tenho "meu probleminha" também.

Aliás, todos do colégio tem "probleminha", vejam... Olho para um aluno passando, seus olhos são brancos. "Este é cego, como a Lilly". Olho para uma aluna em uma cadeira de rodas, "paralítica". E então, passa outro garoto... Fico a pensar... Ele me parece completamente comum. Não consigo pensar no que ele possa ter... Me dá vontade de perguntar, mas então, vejo o professor passando, e desisto. Odiaria tomar um esporro por ser "insensível" logo de manhã.

- Bom dia, Rin! - Diz Misha, passando com Shizune, a representante de classe surdomuda tsundere. Misha é sua intérprete, pra quem não sabe. Mas é uma péssima intérprete aliás. De reprente, a de óculos começa a balbuciar algo, sacudindo suas mãos "ferozmente", e a outra complementa, fazendo uma pseudo-cara de bravinha, tentando imitá-la, e falhando miseravelmente. - Vê se não vai dormir nas salas de aulas vazias dessa vez, Rin! - Complementa ela, com a fala da outra. Eu suspiro.

- Certo. - Digo apenas isso, sabendo que estava mentindo...

Mas então, Misha dá um solavanco e volta:

- Ah! Desculpe-me minha insensibilidade, Rin-Chan! - Ela me chama, e então, continua. - Mas... Então... - Fez cara de fofoqueira. - Como se sente com a saída de Emi, da escola!?

- ...!

Olho pra ela com uma expressão horrorizada na face. Meu sangue sai todo do rosto, e eu fico pálida, com os olhos verdes arregalados. Eu ouvi bem o que ela disse, ou agora, além de "armless", eu fiquei maluca!? Ela disse "Emi", "saída" e "da escola" na mesma frase MESMO!?

- A-ah...! - Diz ela, percebendo a burrice. Shizune olha pra nós, curiosa. Talvez não tenha dado tempo de ler os lábios de Misha. - V-v-você ainda não sabia...!? M-MESMO?! - Aquela estúpida de cabelos rosados disse, sem nem sentir o tamanho da porcaria que ela havia feito/dito!

Saí andando por aí, batendo a perna nas coisas, já que eu não podia socá-las... Por que é que Emi esta manhã, quando veio me ajudar a vestir, não me contara algo assim!?

- - -

É... É verdade. O acaso... Meus pais me ligaram há pouco tempo, e me avisaram... Eu não ficaria mais no colégio. Pelo menos não neste. Disseram que era muito longe de casa, e que me queriam mais perto deles... Mas...

Há uma outra pessoa de quem não quero ficar longe...

- - -

Todos os dias era assim. Ela abria a porta de manhã, e...

- Acabei de menstruar... Poderia pegar um modess pra mim, por favor? - Eu dizia, na cara-de-pau. Não tinha muito jeito, afinal... Pra mim era complicado demais colocá-lo na calcinha sozinha. Talvez, se eu fosse contorcionista...

Depois de sutiã e calcinhas colocados... Olhava os olhos de Emi sobre mim, e de repente, minhas bochechas se enrubesciam. Era raro demais eu ficar sem jeito, mas... Ela me deixava assim, às vezes. Sua familiaridade, intimidade, olhares furtivos... E ela tocava todo meu corpo, e às vezes, quase me abraçava, enquanto me vestia a blusa do colégio. Ou me ajudava a vestir as calças... Eu era a única aluna que usava calças, isso porque fui permitida a fazê-lo, afinal... Me ajudava na movimentação, enquanto eu comia ou pintava... Se eu fosse fazê-lo de saia, todos veriam minhas calcinhas.

E agora... Agora... Ela iria embora. Emi iria embora, e nada me contara. E agora... Quem trocaria minhas calcinhas!?

- - -

Terminei de correr. Tomei um banho. Re-coloquei as próteses. Fui a sala de aula, assisti as aulas, com pressa. Estava excitada! Todos os dias estava! Só queria que chegasse logo a hora do recreio... Queria almoçar no terraço do colégio com ela, vendo os outros alunos lá embaixo e vendo o céu azul sobre nossas cabeças! Eu adorava! Era o momento mais legal do dia! Mesmo mais legal ainda do que correr muito, muito, muitooo!

Por isso, terminei a aula, e saí correndo...! E graças a isso... Levei um esporrão! E não, não foi de Shizune (o que agradeço, porque se fosse, acho, seria ainda pior!)... Foi de Lilly! Quase dei uma trombada nela, no meio do corredor, se não fosse a menina-das-queimaduras me parar, antes disso!

- ...! - Ela não disse nada. Não era muda, mas era tímida demais. Escondia metade da face com o cabelo, e agora, com a outra metade, me olhava brava. Lilly parecia que tinha um "radarzinho", apesar de seus olhos não funcionarem, e me deu um belo esporro.

- Eu sei que não sou, e nem quero ser "megera" como a Shizune... - Sempre amigáveis uma com a outra. - Mas... Quero te recomendar o mesmo que ela, Emi.

- S-sim, eu sei... - Disse eu, sem jeito. - Q-que não corra no corredor!

- Isso mesmo! - E então, sua mão (ela era alta) foi pousar na cabeça de Hanako, que ficou vermelha como um tomate. - E você, Hanako, pode ficar tranquila, que está tudo bem comigo! Vamos para nossa sala, tomar chá e jogar xadrez, sim!? - A garota sacudiu, feliz, a cabeça, afirmativamente, como um cachorrinho amigável a seu dono. E as duas foram andando.

Hanako segurava em seu braço, apesar de Lilly e sua bengala conhecerem a escola com a palma de sua mão.

Inveja dessa sinceridade delas... Queria ser sincera assim com meus sentimentos...

- - -

Cheguei no terraço. Era sempre lá que eu e Emi nos encontrávamos pra almoçar. E ela não falharia comigo, nem ferrando, senão, eu ficaria realmente (mais) chateada com ela!

Era religioso. Aliás, pra mim, era melhor do que isso...

Sentei-me, e o vento bateu em meus cabelos avermelhados. Abri um sorriso, pensando no toque das mãos de Emi. As mãos que eu não tinha... Pra mim, eu quero dizer!

- RIN!!! - A ouvi gritar meu nome, e sair correndo até mim. Estava enérgica como sempre, e dessa vez, com o uniforme normal, ao invés do de Educação Física. Esse lhe caía tão bem também, de qualquer forma...

- Emi... - Eu disse, mostrei a ela minha cara de furiosa. Não devia ser uma expressão assustadora, a maior parte do tempo, tenho cara de entediada ou sonolenta mesmo...

- O que... Foi!? - Seus olhos pareciam já saber o que era. Ela me olhou meio surpresa e com medo. E mais uma vez, um olhar malvado, apertei os olhos.

- Você... Está escondendo algo de mim... - Disse, misteriosamente. E então, Emi desatou a rir da minha cara. Fiquei furiosa de novo. - Não ria de mim! - Eu disse, e então, ela limpou as lágrimas do riso, em sua face.

- D-d-desculpe, Rin! M-m-mas é que sua cara de brava... Hehehe! Foi tão engraçada! - Estufei as bochechas como uma criança irritada. E assim ela riu mais ainda.

Mas então, sentou-se ao meu lado. Mostrou-me os "obentos" (Aquelas refeições japonesas "kawaii") que fez pra nós. A comida da Emi era sempre gostosa... E logo, esqueci minha raiva... Mas não o motivo dela.

E o silêncio tomou conta de nós duas... Nessa hora que ela notou que havia algo de errado comigo.

- - -

- Mas, Rin... Você... Está mesmo brava comigo? - Perguntei. Havia feito piada antes, da carinha fofa que ela havia feito, mas... Dessa vez, eu tinha que levar a sério. Se fosse sobre "aquilo", então...

- Claro. - Ela disse, nada sutil como sempre.

- E por que? - Lhe perguntei, fazendo carinha de "cachorro que amassou panela", minha cara habitual quando queria "colinho".

- Porque... - Ela evitou olhar pra mim, porque sabia que não resistiria ao meu olhar, e me perdoaria, antes mesmo de me contar o problema. - Porque... Um passarinho verde me disse que você ia sair da escola.

E quando ela disse isso, fiquei surpresa...! Mas ao invés de respondê-la de uma vez, impliquei...!

- "Passarinho verde"!? Mas esse não é o que traz sorte!? - E então, Rin disse, sem se esquentar dessa vez.

- Não importa. - E me perdi... Como deveria respondê-la? Meus pais...! - Mas não quero que vá.

Abri um sorriso. Ela era direta. Mais direta que eu, com relação ao que sentia.

- Eu também não quero ir... Mas... Eu tenho... - Disse. Não porque desistiria de tentar convencer meus pais do contrário. Mas sim, porque eu queria ver até onde ela iria. Rin era imprevisível.

- Mas eu não quero. - Ela disse, mandona, e novamente, fez a cara de criança brava que me faria, mais uma vez, rir. Mas dessa vez, não ri.

- E por que não quer? - Agora eu fui mais desafiadora ainda. Queria ouvir... Queria ouvir o real motivo para que eu não fosse embora para longe dela, de uma vez.

- Porque... - Rin hesitou... Era raro, mas... Ela hesitara. E então... - Porque eu não quero que outra pessoa troque meus modess.

Comecei a rir.

- - -

- Não... - Eu disse, vermelha. - Essa não é a real razão... - Acho que ela queria que eu dissesse, pois, insistia tanto, mesmo sabendo os motivos. - Mas... Uhn...

- Eu também não quero ir, Rin. - Ela disse antes de mim. E então, fez carinho na minha cabeça. Me senti como um cachorro. - Eu quero ficar aqui, com você...

- E trocar minhas calcinhas. - Complementei, e ela riu de novo.

- Sim, e trocar suas calcinhas, mas... Eu quero ficar aqui, porque... - E então, ela olhou pra minha cara, e eu fiquei incrédula. - Porque gosto de você.

- Ah... - Eu disse, e então, cocei a cabeça. - Eu também gosto de você, mas...

- Mas o que? - Ela perguntou, surpresa e um pouco confusa. E eu lhe "quebrei", dizendo.

- Isso não foi tão cinematográfico quanto eu gostaria! - Eu disse, e ela riu de novo. Vivia rindo das minhas piadas sem graça.

- E o que é necessário fazer pra ficar "cinematográfico"!? - Ela perguntou, sorridente. Emi estava linda "trajando" aquele sorriso.

- Ah...! - Dessa vez, fiquei vermelha de novo. E ela também ficou. Pensamos o mesmo.

- - -



(Lilly)



Eu jogava xadrez com Hanako. Tocava as peças, e as sentia, com as pontas dos dedos, pra me certificar se era mesmo o cavalo, ou era o rei... Se era uma torre, ou era um peão... E depois, ficava fácil. Tateava peça por peça, mas geralmente, Hanako me dava as coordenadas de suas jogadas, e nunca roubara contra mim. E nem precisava. Ela era boa. Mas eu também era. Simplesmente, tínhamos confiança demais uma na outra... E era por isso que eu a amava, do jeito que a amava.

- Cavalo na 2-B. - Ela disse, e então, eu sorri. Peguei uma peça, andei as casas desejadas, comi os peões que pude, e...

- Xeque-mate. - Disse, e tomei um gole de chá. Hanako deu um suspiro, e então, pude "ouvir" seu sorriso de leve.

- Lilly... - Ela me disse, com uma vozinha meio perdida.

- O que? - Eu lhe perguntei, e então, ela me fez uma questão engraçada.

- Estive pensando... - Ela era muito insegura, até mesmo na hora de expôr suas ideias, mesmo pra mim. - Você acha que... Você acha que Shizune... - Quando disse seu nome, minha face se contraiu. Odiava-a. - e Misha... Rin e Emi... São como nós duas?

Agora senti-me enrubescer. Acho que se eu estava assim, Hanako estava o triplo disso, com certeza. Essa pergunta era por demais... Por demais curiosa...

- "Como nós duas"... - Repeti. E então, sorri. "Senti" que ela se aliviou ao ver meu sorriso. - Sim, acho. De verdade... - E então, ela retirou as peças do tabuleiro.

- - -

Dia seguinte. Acordei de manhã. Coloquei minhas próteses. Vesti meu uniforme. Tudo mecanicamente. Diferente dos outros dias, estava sem vida... Não ia correr hoje, e nem queria. Estava sem vontade... Como nunca antes.

Saí de lá, e bati no quarto de Rin... E mais uma vez, zombou:

- Se dependesse de você, estava usando dentadura! - Disse, brincando. Mas dessa vez, não ri e não respondi.

Abri a porta, e entrei. Rin retesou as sobrancelhas quando viu minha expressão.

- Emi...!? - Ela disse, e então, mecanicamente entrei. Tirei-lhe as vestes de dormir, e encarei uma última vez para seu lindo corpo. Era realmente um belo corpo...

De todas as garotas, receio "chutar", Rin tinha os seios mais desenvolvidos, a pele mais bronzeada, depois da minha (claro, eu corria no Sol!), as curvas mais acentuadas... Um corpo lindo demais... Lindo e desejado.

Mas nada quis sentir. Suprimi meus sentimentos e desejos, e a toquei o menos possível. Tirei-lhe as vestes debaixo, para trocar-lhes. Coloquei nela a calça, e a blusa, e então, virei-me pra me retirar. Isso mesmo, sem nada dizer... Indolor.

Mas não foi indolor... Rin me chamou, e quando me virei para olhar em sua face, ela JOGOU seu corpo sobre o meu, e me pressionou contra a porta, com o mesmo!

Ela era mais alta que eu... Não tinha braços, mas seu corpo me apertava ali, forçando-me não sair... E eu não queria mesmo... Seu perfume... Seus cabelos tocando minha face... Seus olhos molhados de lágrimas... Comecei a chorar também.

- Emi...! - Ela disse, de novo, como se me pedisse pra ficar, só dizendo meu nome.

- Rin, eu não posso... P-por favor... A-assim vai ser mais doloroso... - Eu disse, e então,...

Ela me deu um beijo na testa, com seus lábios molhados. E sua boca foi descendo, passeando por meu rosto. Estalou os lábios novamente em minha bochecha, e sussurrou em meu ouvido:

- Se você for embora, vou perder também as pernas... - Ela disse, brincando. - "Como terno para sapatos", lembra? Você me completa.

Chorei mais ainda.

- N-n-não... - Eu disse, era difícil. Era árduo. E ficou ainda mais difícil quando seus lábios tocaram a minha boca...

Lágrimas salgadas. Mas era engraçado... Em todos estes anos, como "amigas", eu e Rin sentimos desejo. E sentimentos. Mas mesmo assim, nunca... Nunca havíamos nos beijado. E nos tocado apenas... Quando eu enrroscava no seu "braço", ou quando eu lhe empurrava ou puxava comigo, ou então, quando eu lhe ajudava a sentar em lugares altos, ou quando eu tocava seu corpo, propositalmente, quando lhe trocava de roupas... Mas tirando isso... Nunca... Nunca! Amorosamente daquele jeito, então...!

Mas do que nunca, foi difícil, difícil arrumar as coisas, e partir... Evitando vê-la novamente, para não chorar!

- - -

Um mês. Havia um mês desde que Emi havia partido. Meus olhos não mais estavam ardendo de tanto chorar, durante as noites... Sim, porque, por mais que eu escondesse, eu chorava. Pois, todos os dias de manhã, o colégio mandava enfermeiras ou outras pessoas que eu desconhecia, do sexo feminino, para vir ajudar a trocar-me ou algo assim. E uma vez, tiveram a proeza de me prometerem outra garota sem-pernas para poder me ajudar a fazê-lo...

- Logo, logo, você vai ter outra Emi morando ao seu lado pra te ajudar com as roupas! - Disse a mulher, filha da mãe.

Eu não quero outra Emi! Eu quero a MINHA Emi!

E todos os dias, eu subia as escadas, e ficava lá, sozinha... A olhar para os alunos e para o céu sobre minha cabeça. E depois que ela partiu, eu também não consegui mais pintar... Não conseguia mais fazer quadros, muito menos, ajudar o clube de artes... Estava perdida!

Suspirei... E meu estômago também roncava. Sem mais obentos deliciosos...

- Rin... Rin, está aí? - Era a voz da cega. A representante de classe de uma das turmas do primeiro ano.

- Estou... - Eu disse, sem muita vontade. Talvez, tivesse sido mais interessante, se eu tivesse ficado quieta, e a deixado ir, sem me ouvir.

Ela chegou perto de onde vinha o som, e se recostou em uma das grades que tinha lá. Sentiu o vento em seus cabelos dourados, e abriu um sorriso. Um sorriso que não me contagiava, visto que eu estava completamente depreciosa...

- Soube que tem vindo aqui todos os dias, mesmo depois da "partida" de Emi, não é...? - Ela me disse, e era a última coisa que eu precisava ouvir. - Olha... Você não devia ficar assim, entende? Digo, pode ser ruim pra você, remoer estas coisas, mesmo que eu entenda que você ainda sente falta, e...

- Por que esse "discurso" todo? - Disse, contrariada. Lilly ficou quieta. Pelo menos, diferente de Shizune, sabia a hora de parar de falar. Er... Shizune não falava, era mesmo. Mas... Er... Falava por Misha... Ah, deixa pra lá, vocês entenderam.

- Ela vai voltar. - Lilly disse isso, bem rápido, e me pegou de surpresa. Olhei pra ela, com uma expressão incrível, e que ela não podia ver, e ela complementou, pro meu desprazer. - Se ela te ama, ela vai voltar...

- Hmmm... Ela ama os pais também. - Eu disse, e era um bom argumento. Lilly se calou mais uma vez, e resolveu ir. Fez o melhor.

- - -

Um mês. Um mês longe de Rin, e longe do colégio para crianças especiais. Eu não aguentava mais. O quintal enorme da minha casa, não era grande o bastante pr'eu correr. Minha casa tinha no máximo um sótão e um porão, e não um terraço, para que eu pudesse almoçar sentindo o vento em meus cabelos.

Báh! A quem estava querendo enganar!? Eu queria era a Rin! Era ela quem eu queria!

Vê-la, trocar sua roupa, tocar seu corpo, almoçar consigo, acordar-lhe de manhã... Beijar seus lábios. Chorava, chorava quase todas as noites, enquanto meus pais tentavam me inscrever em outra escola-especial.

- Ela está bem abatida, não é? - Ouvi meu pai dizer a minha mãe, um dia.

- Sim, parece deprimida... - Disse a mãe, compreensiva.

- Está com saudades do velho colégio? - Perguntou ele, não tão empático assim.

- Ela disse estar com saudades da velha amiga. - Continuara minha mãe.

- Mas amigos ela pode fazer em qualquer lugar... - Disse ele, frio e objetivo.

E então, do meu quarto, correndo muuuito rápido até o corredor, gritei para os dois:

- MAS EU NÃO QUERO OUTRA AMIGA! EU QUERO A RIN!!!

- - -

Mais um dia. Mais um sofrimento. E mais uma batida na porta, feita por alguém que eu odiaria... Ou já odiava, dependendo se eu conhecesse a cara do carrasco. Tantas pessoas já tinham visto a minha **** que eu já me sentia uma meretriz, ou coisa parecida...! E olha que nem tinha dado nada a ninguém e muito menos tinha ganhado algo por isso!

- Que entre o próximo "cliente"! - Gritei, implicante. E então, me virei. Nem queria olhar pra cara do infeliz.

Que me trocasse e fosse embora de uma vez!

Só que então... Senti uma mão me abraçar pelas costas... Senti um lábio quente me tocar a nuca... E todos meus pêlinhos se arrepiando... Senti um perfume conhecido, e... Uma voz doce e familiar me soou no ouvido:

- Estou de volta pra você, Rin... Voltei por você!


FIM.


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Notas finais do capítulo

OBS 1: Agora não tem mais NENHUM emoticon! Então, não me venham com palhaçada, senão, vou achar que vcs têm preconceito contra gente deficiente, pow! >

OBS 2: *"Como terno para sapatos" foi a frase que Rin disse no jogo, ao Hisao, para definir o porquê de colocá-las dormindo nos quarto, uma ao lado da outra! Ela disse que elas se combinavam "como terno para sapatos"! Hasuhsuah! D: Achei genial, e pus como título da fic! ^^



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