The Charms Of Life escrita por Kim Jay


Capítulo 10
Antigos Mestres - Annia


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!!! Nos vemos lá em baixo, já que não tem o que falar aqui e.e



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Capítulo 10 – Antigos Mestres

~ Annia ~

Na verdade, entrar no castelo foi mais fácil que eu havia pensado. Os guardas que estavam lá fora haviam sumido, atraídos pelo alvoroço que Matt causara. Os que estavam la dentro ficavam e pontos que não podia ver bem todos os cantos das salas, facilitando para nós.

Nos escondíamos atrás de colunas e esperávamos um momento de distração deles. Ou então Matt os distraía.

Por fim, chegamos a uma parte sem nenhum guarda. Nenhum mesmo.

Até estranhei. Mas então pensei que devia ser por que estávamos chegando na parte mais alta da torre, onde Rynden e Jay ficavam.

- Esse lugar me dá arrepios... – murmurou a sarnenta.

- Então não deveria ter vindo... – eu disse revirando os olhos.

Ela ficou quieta.

Subiamos as escadas rapidamente até que finalmente achamos a parte onde era o quarto de Jay.

O problema era: qual era o quarto de Jay e qual era o de Rynden?

Lembrei-me então que Matt conhecia o cheiro de Jay muito bem, assim como o meu e o de Airy.

Olhei sugestivamente para ele, que pareceu compreender.

Nem precisou se transformar em animal, já que sendo transmorfo, desde sua primeira transformação bastava ele se concentrar para apurar seus sentidos.

Fechou os olhos e caminhou com eles fechados até que parou em frente a outra porta.

- Ela está aqui.

- Tem certeza não é? Não quero abrir a porta e me deparar com o mago. Aí tudo o que passamos seria em vão.

Ele revirou os olhos.

- Você acha que eu confundiria o cheiro dela, Annia? Logo dela...

- É, você está certo.

Bati na porta de leve.

- Mestre?

- Esta acostumada a receber visitas dele a essa hora da noite, Jay? – eu disse e Matt me olhou feio.

- Annia? – ela abriu a porta e me olhou confusa. – O que... Hã... Quê?

- Nós vamos investigar umas coisas estranhas que o Matt viu na Floresta Proibida. – ela me olhou com uma cara de: “E eu com isso?” – E quando eu digo nós, digo que você vai junto. Entendeu?

- Ahn... É... Sim, senhora...?

- Não liga pra ela, Jay – Matt disse vindo do meu lado. – Ela só tá animada por que o Sky vai também.

Cerrei meus dentes e comecei a socá-lo sem parar.

- Não é por causa disso, idiota! – eu dizia entre socos. – A gente vai lá por que aconteceram coisas estranhas.

- Annia, para, você vai matar o coitado assim – disse Jay, rindo.

- Não vou matá-lo. Só deixar com ferimentos graves... – eu disse fazendo pouco caso.

Por fim, parei de socá-lo, deixando-o jogado no chão, e fui falar com Jay de novo.

- Aquele capacho ali disse que viu uns negócios estranhos na floresta.

Jay nos convidou para entrar em seu quarto e eu expliquei tudo para ela.

- Ah, entendo. Os mestres vão estar lá também, não é...?

- Não! Vamos por conta própria.

- Ah... Certo... Eu vou também.

- Isso que eu queria ouvir.

**

Havíamos combinado de nos encontrar na entrada da academia. Eu já estava pronta. Fui até o local combinado e fiquei esperando pelos outros. Para minha infelicidade, adivinha quem apareceu primeiro? É, o Sky...

- B-bom dia, Annia.

- Bom dia – respondi seca como sempre.

Ficamos por um tempinho em um silêncio que, para mim foi bom. Parecia que ele estava escolhendo as palavras que ia usar.

Por fim, ele quebrou o silêncio.

- Annia... Bem... Eu não sei exatamente como dizer isso...

- Tente com a boca... – respondi sem parar de olhar para frente.

Provavelmente ele começaria novamente a tentar falar alguma coisa sobre nosso desentendimento como sempre fazia quando estávamos sozinhos. E eu nem sabia por que ele queria tanto isso, já que na frente dos outros zombava e falava um monte.

Afinal, se eu pensasse muito no que ele fez, começaria a chorar. Sky, desde pequeno, era meu melhor amigo. Quando completei 12 e ele 15 tudo mudou.

Sky começou a andar com uns garotos estranhos e esnobes. Quando tentei falar com ele novamente ele me esnobou e humilhou na frente de todos.

Prometi a mim mesma que nunca mais choraria por causa dele, mas se ele começasse a falar sobre isso, eu provavelmente falharia com a minha promessa.

- Annia, por favor... Não seja assim... Pelo menos me escute...

- Estou escutando... – respondi ainda sem fita-lo.

- Olhe para mim. – disse quase suplicante.

Comecei a implorar mentalmente para os meus amigos chegarem logo, mas não havia nem sinal deles por perto.

- Annia. – puxou-me pelo ombro fazendo-me ficar de frente para ele.

Trinquei os dentes e disse para me largar.

Sky não me soltou.

- Sky, me solte. – repeti tentando afastá-lo.

Ele estava diferente. Seu corpo estava mais musculoso que antes e ele estava mais alto, como sempre foi, na verdade, já que ele é três anos mais velho que eu.

- Por favor... – percebi que era inútil tentar lutar, então fiquei quieta escutando o que ele tinha a dizer – Eu agi como um idiota...

- Concordo... – disse amarga.

- E me arrependo disso. Eu estava cego por causa deles. Me prometeram tanta coisa que eu me esqueci completamente... De nós...

- Nós... – tive uma tentativa meio frustrada de soltar um riso de escárnio – Nunca houve nenhum nós e eu sempre soube disso, só que na época não queria acreditar, já que você estava sempre comigo... – balancei a cabeça negativamente – Como fui boba... Pensava mesmo como o uma criança... Do mesmo jeito que você disse...

Aquilo com toda certeza foi como uma facada no coração dele.

- Eu sei que fui muito idiota, mas me arrependo disso, Annia. Por favor, acredite em mim... – fez uma leve pressão nos meus braços.

- Pra que? Para você me magoar de novo?

- Eu estou apenas te pedindo uma segunda chance! – Sky estava quase implorando.

- Sky pare! – tampei meus ouvidos. Não queria ouvi-lo dizer mais nada.

Mais nenhuma desculpa. Mais nenhuma súplica.

- Não vou parar até você me dar uma segunda chance! – para minha surpresa ele passou os braços em torno de meu corpo, puxando-me para si – Por favor... Logo todos estarão aqui... Então, vou esperar a sua resposta... Pense bem...

Deu beijo na minha testa, coisa que tinha o costume de fazer quando éramos mais novos.

Se afastou de mim e eu permaneci parada encarando o chão.

Um pouco depois, Matt chegou junto com Airy. Ele olhou de um para o outro e como eu provavelmente estava vermelha, sorriu maliciosamente.

- Ficaram nos esperando muito tempo ou nem viram o tempo passar? – era a deixa para eu me animar um pouco.

Dei um único soco no topo de sua cabeça e briguei por causa da demora.

Percebi que os olhos azuis de Sky não se desviavam de mim nem por um minuto. Será que ele realmente queria que eu o perdoasse?

Então depois de um tempo, Jay chegou correndo e parou perto de nós, tomando ar.

- Desculpem o atraso – ela disse, ofegante.

Então nós fomos em direção à Floresta Proibida.

Por todo o percurso, eu tentava me distrair, conversando com meus amigos, mas quando conseguia, acabava encontrando novamente o olhar dele.

Mas enfim, chegamos à floresta. Matt se transformou em lobo e foi na frente. Atrás dele Airy o ajudava a guiar-se, com Jay ao seu lado, com a mão brilhando, com uma magia pronta para ser lançada.

Logo atrás estava eu, empunhando uma espada, e por último, Sky, com espadas duplas. Eram de tamanho médio e ele segurava uma em cada mão. Apesar de não parecer, eram bem resistentes.

Tirando isso, havia o fato de que eu estava mais perto dele do que os outros. E nós estávamos um pouco mais afastados deles. O que não durou muito, já que eu os alcancei em pouco tempo. Legal! Agora eu estava evitando-o!

- Matt disse que é por aqui. Devemos estar perto – disse Airy. Ela podia entender o que os lobos diziam, apesar de ter virado meio humana.

Depois de mais um tempinho, as orelhas de Matt e de Airy começaram a mover-se.

- É, eu também ouvi – sussurrou Airy.

Ela fez um sinal para que parássemos e ficássemos em silêncio.

Então comecei a ouvir uns ruídos à nossa volta.

- O que é isso?... – perguntei baixinho, mas a sarnenta me fuzilou com o olhar gesticulando para que eu ficasse calada.

Eu o fiz, a contragosto. Parecia ser necessário.

Então comecei a ver vários pontos vermelhos ao nosso redor, mas quando eu os olhava diretamente, eles sumiam.

- Viu isso também? – sussurrou Jay para mim.

Apenas assenti com a cabeça.

Então do nada apareceu um ser estranho e voador onde nós estávamos.

Ele parecia ser inofensivo, mas os olhos denunciavam o contrário.

O bicho veio para cima de mim, lentamente. Ele era uma criatura pequena e asquerosa, com umas asas negras nas costas. Tinha longas presas e parecia sorrir com escárnio para nós.

Então o bicho parou e nos analisou um pouco, antes de partir velozmente contra mim novamente. Usei minha espada para cortá-lo em duas partes.

O corpo do bicho caiu no chão, mas, para minha surpresa – e nojo -, de cada parte do corpo que estava no chão, surgiu um novo monstrinho.

E, do nada, o lugar onde estávamos ficou infestado deles.

- Algum plano? – perguntei.

- A ideia de vir aqui foi sua – Airy rebateu.

- Não vem com essa agora!

- Ataquem, então – gritou Jay.

Então eu fui para cima dos bichinhos, fatiando-os com facilidade, mas sempre surgiam mais e mais.

- Esperem, parem! – Jay chamou. – Isso não vai levar a nada.

Recuamos para perto dela.

Ela começou a conjurar um feitiço qualquer enquanto afastávamos os bichos.

Então uma esfera de energia apareceu perto deles e meio que engoliu alguns.

Então comprimiu-se ao máximo, sumindo por fim.

Os bichos que sobraram – que aliás ainda eram muitos – começaram a juntar-se em um lugar só, criando um monstro maior, um pouco mais alto que eu.

Ele veio para cima de nós e nos atacou com sua pata, ou mão, seja lá o que fosse.

Mas Jay fez uma barreira que impediu que ele nos atingisse.

- Façam algo também, por favor!

Sky saiu de perto de mim e foi para cima do monstro, cortando seu braço com uma de suas espadas. Este caiu no chão e se desintegrou. Mas ele conseguiu regenerar-se.

- O que é essa coisa, afinal? – gritei.

- Eu também não sei! Volte Sky! Temos que sair daqui!

- Depois de tudo, nós vamos fugir? – ele perguntou quando voltou para perto de nós.

- Se preferir ser morto agora, não vou impedi-lo – disse Jay, séria.

Ele decidiu não discutir mais.

Mas então o monstro atacou a barreira com mais força, e Jay não conseguiu mais mantê-la. Ela e Airy foram acertadas pela pata dele e jogadas para trás.

- Droga! – murmurei com os dentes cerrados.

Então o monstro veio para cima de mim e eu fiquei sem reação. Se atacasse, não adiantaria mesmo.

Ele levantou a pata e, quando ia me acertar uma espada cortou sua mão do nada. E não era de Sky. Era... Do Kaled...

Arregalei os olhos e então o vi, perto da criatura.

Ele estava com o olhar concentrado, mas parecia ter olheiras debaixo dos olhos amarelos, que por sinal estavam um pouco mais nublados.

Atrás dele, vi Rynden e Lihios aparecendo.

O mago examinou a criatura por uns segundos e levantou a mão em sua direção. Sua palma brilhou e então o bicho explodiu. É, explodiu mesmo. Voou um pouco de gosma para tudo quanto é lado.

Mas sobraram uns três bichinhos pequenos voadores. Estes fugiram na hora.

Então ouvi o grito de Jay. Olhei para ela, preocupada.

Havia uma criaturinha grudada em seu braço.

Cheguei perto dela e agarrei o bicho pelo que devia ser o pescoço e puxei-o. Ele ficou se debatendo e tentando me acertar com as patas.

Rynden chegou perto de Jay e abaixou-se ao seu lado.

- Me mostre seu braço – ele pediu delicadamente.

Ela o obedeceu.

Havia uma mancha roxa em seu braço que eu jurei que parecia estar se movendo.

Ela torceu o nariz em sinal de nojo.

O mago franziu o cenho enquanto examinava aquilo e olhou para mim.

Estendeu a mão e envolveu o bicho com alguma coisa de magia. Soltei-o. O bicho foi flutuando para perto dele.

Por fim, suspirou pesaroso.

- Você foi... Envenenada por essa coisa aqui – disse olhando com raiva para o bicho. – Terei que achar ervas medicinais adequadas para curá-la. E por falar nisso... Por que estão aqui, mesmo?

- Annia nos mandou vir – disse Airy apontando para mim inocentemente.

Olhei-a com raiva. Juro que se tivesse chance, teria pulado no pescoço daquela sarnenta.

- Não obriguei ninguém a vir comigo.

- Ah, obrigou sim – ela afirmou com a cabeça. – Não é, Matt?

Ele estava em forma de lobo ainda.

Então abaixou as orelhas e cobriu o rosto com uma pata. Depois começou a mudar de forma, voltando a ser humano.

- É... – ele disse relutante enquanto esfregava a cabeça desconfortável. – Você não... Pediu com jeitinho exatamente, mas... Hã... E aí Sky? – ele disse passando a culpa para o outro e sorrindo como se fosse algo normal.

Ele me olhou sério.

-Vim por que quis, ela não me obrigou nem nada. Não acho que ela tenha realmente obrigado alguém a vir.

Me segurei para não revirar os olhos. Bajulador...

- Tá, tá, tá bom, crianças, não interessa quem mandou quem vir. O que importa é... Por que. Estão. Aqui? – disse Lihios, pausadamente como se não tivéssemos capacidade o suficiente para entender.

- Annia queria investigar... – Airy começou, mas Matt tapou a boca dela com a mão.

- O que disse, Airy? – perguntou Kaled interessado, curvando-se um pouco para frente, como se isso o ajudasse a ouvir melhor.

Ela piscou algumas vezes e tirou a mão de Matt de sua boca.

- Não disse nada.

Sério, essa sarnenta ainda me paga...

- Então Annia queria investigar, não é? – Kaled disse sorrindo com o canto da boca para mim. – O que exatamente?

Como se ele já não soubesse a resposta.

Cruzei os braços e virei a cara, emburrada.

Decidi continuar andando. Ainda não havia encontrado a tal da clareira.

- Ei, Annia – Matt chamou.

- O que? – gritei sem me virar.

- A clareira é pelo outro lado.

Cerrei os dentes. Mais essa, agora.

Dei meia-volta e passei por eles, sem encará-los.

Ouvi Matt murmurar algo para alguém, mas não me preocupei com o que fosse.

Mas então ouvi uns passos atrás de mim.

Virei-me e dei de cara com... O Sky... De novo...

- O que quer? – perguntei, virando-me novamente e seguindo meu caminho sem me preocupar se ele me acompanharia ou não. Obviamente ele o fez.

- Uma resposta, talvez.

- Não começa...

Sky bufou e caminhou mais rápido, parando a minha frente.

- Não vou deixar você passar enquanto não responder... – cruzou os braços enquanto eu trincava os dentes.

- Eu já faço o suficiente deixando você continuar perto de mim. Ou talvez por ter te chamado para vir conosco. – Nem sei por que fiz isso.

- Só me responda, me perdoa ou não?

- NÃO!

Tentei passar por ele, mas o mesmo foi mais rápido, me puxando pelo braço.

- Me solta! – puxei meu braço, mas ele não o fazia.

Então escorregou sua mão pelo meu braço até chegar à minha mão e entrelaçou nossos dedos.

- Sky, eu não estou brincando!

- Eu sinto falta do tempo em que andávamos juntos, An.

- Não me chama de “An”. Foi você quem me largou!

- Se você soubesse como me arrependo profundamente do que fiz com você...

As lágrimas estavam começando a brotar em meus olhos. Fechei-os com força. Eu nunca mais choraria por ele, nunca!

- An... – ele segurou meu rosto, enxugando minhas lágrimas, e eu abri meus olhos.

- Tira essas mãos de mim, seu idiota... – eu disse fracamente. – Odeio você.

- Com motivos – ele sorriu tristemente. – Mas farei o possível para fazê-la mudar sua opinião.

Ele começou a aproximar mais o rosto do meu.

- Me solte! – gritei, afastando-me dele.

Então quem aparece lá do nada? É, o Kaled mesmo. Que coisa linda não, é? Desde quando ele estava escutando a conversa?

- Desculpem atrapalhá-los, mas acho que Annia ainda quer investigar... Seja o que for, não é, An? Eu vou com você – veio até mim e segurou meu braço, puxando-me. Percebi que agora ele havia me chamado pelo apelido que a maioria me chamava, coisa que ele não costuma fazer – Garoto, você volta para onde os outros estão – ele mandou, olhando para Sky com uma expressão ameaçadora.

Sky cerrou o punho, mas obedeceu.

Então, fui puxada mais um pouco pelo meu mestre.

- Kaled... Pode me soltar agora?

- Ah, desculpe – ele me soltou. – É só que... Ah, deixa pra lá.

Ele ficou me observando por um tempo e depois perguntou:

- O que foi que ele fez com você?

Corei e abaixei a cabeça.

- Ele... Hã... Ah mestre, é uma longa história – na verdade não era longa, mas eu não queria falar sobre aquilo.

- Eu quero ouvi-la. Agora – ele disse sério.

Mordi o lábio, mas depois suspirei e comecei a contar tudo à ele.

Kaled me escutava atentamente, com o semblante sério no rosto.

Quando terminei de contar, as lágrimas voltaram a aparecer, mas eu fechei os olhos com força, na tentativa de conte-las.

Então ouvi os passos de Kaled vindo para perto de mim. Depois seus braços me envolveram ternamente.

Ele afagou meus cabelos suavemente.

- M-Mestre...? – não consegui o chamar pelo nome, quando disse aquilo minha voz falhou.

- Shii... Pode chorar se quiser agora... – murmurou em meu ouvido – Eu entendo bem como é ser traído por alguém querido...

O abracei de volta, passando meus braços por seu pescoço e ficando na ponta dos pés, escondendo meu rosto na  curva de seu pescoço enquanto deixava as lágrimas escorrerem pelo mesmo. Como eu odeio chorar na frente dos outros.

- Querida, você não pode se prender ao passado... Esqueça-o...

- E-Eu já t-tentei... M-Mas...

- Tente de novo... – disse suavemente.

Suspirei e fechei os olhos.

- Obrigada, Kaled...

Provavelmente ele estava sorrindo agora.

- Não tem de que...

Depois de um tempo ele ergueu meu queixo e limpou as lágrimas suavemente.

Então aproximou seu rosto e depositou um beijo em minha testa.

Não pude evitar em pensar de relance em Sky, mas com Kaled era diferente. Com Sky eu nunca me sentira exatamente à vontade quando ele fazia isso. Kaled era mais carinhoso, gentil e... Diferentemente de quando Sky o fazia, ao sentir o toque de Kaled, meu coração acelerou.

Fitei-o quando ele se afastou lentamente. Ele sorriu e disse:

- Agora acho que você tem que investigar algo, certo?

Consegui sorrir e respondi:

- Sim!

Ele riu e eu me soltei dele. Estranhamente, senti um arrepio quando o ar frio tocou meu corpo... O corpo dele era tão... Aconchegante e quente.

Kaled estendeu sua mão para mim e eu a peguei sem hesitar.

Começamos a andar meio que às cegas. Afinal eu estava muito perdida depois do que passei.

Caminhamos não sei exatamente por quanto tempo, afinal as copas das árvores naquela floresta eram tão juntas que apenas em clareiras era possível ver o sol.

Mas ainda estava de dia, isso eu sabia.

Finalmente chegamos a uma outra clareira.

Era aquela! Tinha que ser!

Tinha um chalé caindo aos pedaços no meio e no chão, mais para frente do chalé, tinha uma enorme mancha vermelha.

- Acha que é aqui? – murmurei para Kaled ao meu lado, que apenas assentiu.

Nos escondemos entre as árvores e observamos o lugar com cuidado e atentos a qualquer barulho a nossa volta.

Finalmente ouvimos vozes.

- SEUS IDIOTAS! – era uma voz fria e maligna.

Demos a volta até chegarmos à parte de trás do chalé e ali vimos um homem completamente vestido de preto gritando com aquelas coisas que nos atacaram. Bem feito seus capetinhas!

- Como puderam deixar aqueles pirralhos escaparem? Eu precisava do sangue deles!

Ouvimos um som ao nosso lado e eu gelei.

Ia gritar, mas Kaled tapou minha boca com a mão e me puxou para trás de uma árvore. Ele estava tão tenso quanto eu, mas eu não sabia se era exatamente por medo de ser pego ou se foi por causa de algo que viu.

A única coisa que eu vi foram as costas de um homem enorme.

Ele estava parado e olhava para os lados como se soubesse que estávamos ali.

Acho que devo ter parado de respirar. Não sei. Não pensei em mais nada, apenas naquele homem gigante.

- Achou? – perguntou o homem da clareira – O que esta olhando?

Kaled me puxou e começou a se arrastar lentamente até uma depressão no chão que seria suficiente para nos esconder.

E foi bem na hora, já que o grandão olhou bem onde nós estávamos antes.

Não pude ver seu rosto direito o que me deixou frustrada, mas fiquei bem feliz por ele não ter nos pego. Obviamente se o tivesse feito, nós veríamos seu rosto, mas não sobreviveríamos para contar a história.

- Nada... E também não achei. Eles não estão mais no lugar de antes. Um dos monstrinhos ai pegou o sangue da maga, mas acho que ele está preso sob alguma magia de seu ex-aprendiz... – a voz dele era grossa e anormalmente alta.

Pensei ter ouvido um grunhido.

- Acho que o ensinei bem demais... – murmurou a voz fria.

Então aquele era o mestre de Rynden?

- Eu também acho! – algo me puxou pelo pé.

Era o grandão.

Ele também pegou Kaled.

- Mas não tem chance contra mim!

Aquele era o mestre de Kaled?

Que horror.

O homem era mesmo grande e curvado para frente. Os braços e peito musculosos não pareciam nada normais. Seu rosto tinha uma enorme cicatriz que ia desde a testa até o queixo, desfigurando o olho esquerdo e com varias outras menores. Os cabelos eram tufos em sua cabeça da cor castanha escuro e os olhos eram verde escuro. Por algum motivo, eu acho que ele não era assim antes.

- O que fazem aqui? – o de capuz negro rangeu os dentes e abaixou o capuz.

Fiquei pasma com o que vi.

Era o Rynden. Só que sua voz estava diferente e os olhos negros. Provavelmente aquele mago havia tomado a forma dele por alguma razão.

- Eu fiz uma pergunta!

Mordi o lábio para não falar nada, mas acabou saindo sem querer:

- Não somos surdos... – murmurei.

- Eu ouvi... – disse trincando o maxilar.

- Parece que você também não é...

Ele grunhiu e Kaled olhou para mim, advertindo-me.

- Escapou... – sussurrei para ele.

- Tente conter sua língua na próxima... – murmurou de volta.

- Não tera próxima. – disse o mestre de Kaled.

- Ah! Pode crer que tera! – Kaled tirou minha adaga do cinto e cortou o braço do grandão.

Não era um corte grave, mas por causa do susto, ele nos soltou.

Caimos de costas no chão.

Kaled rapidamente se levantou, puxando-me pelo pulso de volta para a floresta sem olhar para trás. Agarrei seu braço para ter certeza que não o perderia de vista e nem minha mão escapasse da dele.

Corremos com todas as nossas forças, mas obviamente eles não nos deixariam escapar tão facilmente.

Ouvi o som de passos muito pesados e rápidos vindo em nossa direção. Subitamente Kaled mudou a direção em que corriamos, virando para o lado esquerdo, provavelmente tentando despistar o que quer que estivesse nos seguindo.

Ao parecer deu certo, pois depois de um tempo os passos cessaram, mas nós não diminuimos o ritimo, continuando a correr.

Foi então que esbarramos em alguém, sendo lançados com força no chão.

- Ai! – ouvi uma voz irritante, que eu nunca pensei que ficaria feliz em ouvir.

Airy se levantou emburrada enquanto massajeava o braço.

- Annia! Kaled! – ouvi a voz de Matt, enquanto sentia alguém me erguer pelo braço.

Estava meio tonta por causa do impacto com a bicha sarnenta.

Olhei em volta e vi que eles se encontravam no mesmo lugar em que haviavos deixado, provavelmente por causa de Jay. Falando nela, a mesma estava encostada em uma arvore enquanto Rynden mexia naquele livro que carregava no cinto, sentado ao seu lado.

Sky e Lihios estavam em um outro canto e seus olhos passaram para mim. Desviei o olhar assim que vi os olhos azuis de Sky me fitarem intensamente.

Airy estava de pé encostada em uma arvore e me olhava feio.

- O que aconteceu com vocês? – perguntou preocupado.

Kaled contou a eles toda história enquanto trocava olhares significativos com Lihios e Rynden. Eu odiava quando eles faziam isso e não explicavam o porque.

Me aproximei de Jay, me sentando ao seu lado, onde provavelmente Matt estava antes. Toquei sua testa e vi que ela ardia em febre.

Senti-me culpada por isso, pois eu a obrigara a vir.

- Desculpe... – murmurei e a mesma fitou-me com os olhos castanhos com olheiras profundas.

- O-O que? Por que? – sua voz era fraca e arrastada, como se cada palavra fosse um sacrificio.

- Por ter te obrigado a vir...

- Pare... A-A culpa não foi s-sua... – disse respirando com dificuldade – E-Eu vim p-porque... Quis...

- Mas...

- N-Não tem... Nem mais, nem meio m-mais... Esta tudo b-bem An...

Fiquei em silencio.

Imaginava como ela se sentia...


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Notas finais do capítulo

heheheh''' então, o que acharam?
E ai povo: TeamKaled ou TeamSky? aushuahsus'
Comentarios por favooor!!
Fikamos com muita dó da Jay nesse capitulo, mas logo vcs vão ver como ela esta se sentindo =3
Comentarios!!



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