You Are The One That Im Waiting On escrita por Lu Meirelles


Capítulo 2
FT4E




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A historia do FT4E é engraçada. Eu e ele tínhamos só 13 anos quando fizemos isso. Conheço o Carlos desde meus cinco anos. Nós ficávamos num banco do lado de uma arvore, e nos conhecemos lá. Um dia, ele veio com uma espécie de canivete e cortou na arvore o formato das nossas iniciais e FT4E, e tinha ficado C + L = FT4E. Eu perguntei pra ele o que era aquilo e ele então disse que era uma coisa para simbolizar nossa amizade. (Significava “Friends Together Forever”). Achei aquilo fofo, e acho que foi a partir daí que ficamos mais próximos. E um ano depois eu comecei a gostar dele de verdade.


Eu estava tão desanimada depois do dia que ele tinha me contado que estava namorando. Parecia que nada mais fazia sentido pra mim. Eu ficava em casa, não tinha animo pra nada. Até minha irmã que nem era de me chamar pra sair me chamava pra tomar sorvete algumas vezes. Foi estranho. Eu não queria fazer nada, só ficar vendo filmes. Mas a maioria era de romance, no que não me ajudava em nada.


As meninas queriam ir ao shopping comigo, porque elas queriam me animar só pelo fato de eu estar triste por causa do Carlos. Eu disse pra elas que isso não era motivo pra eu não querer fazer nada, mas elas disseram “Lucy a gente te conhece, e a gente sabe que você tá assim por causa dele”. Só a Nicolle e a Ana Caroline mesmo... Minhas duas melhores amigas, nas quais eu confiava de olhos fechados. E já que elas queriam tanto me animar, eu resolvi ir.


Quando voltássemos, elas iriam dormir em casa. Eu tinha esquecido realmente de tudo o que havia acontecido. Mas depois que nós paramos no Campas, que fica na frente da pracinha, a Ana começou a agir estranho. Parecia que ela tinha visto uma coisa na qual ela não deveria ter visto. Ela estava nervosa e não parava de olhar pro ‘nosso banco’. O banco no qual a maioria das minhas amizades começou, e a do Carlos era uma delas.


– Ana? – eu perguntei. – você está bem?

– Não! – ela falou alto – eu não estou olhando pra nenhum banco da pracinha!

– Ai verdade! O ‘nosso banco’ né? Vamos comer lá, que fica do lado de casa! – sugeri. – E outra, eu não quero ficar aqui porque minha mãe vai ficar me ligando. Se eu tiver na pracinha ela nem esquenta. Vamos!


Eu disse isso, virei para trás delas e corri até chegar a pracinha, que não estava muito longe. Olhei para as meninas e elas estavam andando normal, então eu gritei “vem logo!” e continuei correndo. Elas olhavam pra mim com um olhar de censura, de pânico. Enquanto isso eu estava em direção a arvore do FT4E, e o ‘nosso banco’ do lado. E então eu vi a pior coisa na qual eu jamais poderia ter visto na minha vida.


Os dois. Eles. Ali. Se beijando. No ‘nosso banco’. No banco que começou tudo. Carlos e Samantha. Não, aquilo não estava acontecendo. Eu não tinha visto aquilo. Lucy você estava delirando. Não era verdade. Fiquei parada, olhando pra eles, sem acreditar no que eu estava vendo. A Nicolle e a Ana vieram em seguida. Eu só conseguia sentir as lagrimas vindo. E minhas mãos tremerem.


– Lucy? Você tá bem? – a Ana me perguntou.

– Cl-claro que eu estou bem. – respondi com a voz embargada – por que não estaria melhor?

– Porque você ta tremendo muito e gaguejando e isso só acontece quando você ta muito irritada, ou ansiosa. E já que você não estava esperando isso, sem motivos pra estar ansiosa. Então eu sugiro que você esteja muito, mas muito irritada – a Nicolle disse.

– Não, eu não estou irritada. – respondi seca. - eu só... vou pra casa.

– Quer que a gente vá com você? – a Nicolle disse.

– Não. Quero ficar sozinha.

– A gente vai sim. – a Ana disse

– NÃO, VOCES NÃO VÃO! NEM VOCÊ, NEM A NICOLLE, NEM NINGUÉM!!! EU NÃO VOU FALAR DE NOVO QUE EU QUERO FICAR SOZINHA, ENTÃO ME DEIXA EM PAZ! – eu berrei.


E então eu saí correndo, e passei na frente deles dois. Mas o Carlos não tinha me reconhecido. Ele tinha parado de ficar de melodrama com a Samantha porque ela ouviu a Ana e a Nicolle gritando meu nome.


– Nicolle! Nicolle! – o Carlos disse.

– Que é? – a Nicolle disse seca.

– Eu ouvi um grito, e depois vocês chamando pela Lucy, era ela? O que aconteceu?

– Talvez se você achar ela, ela te conte o que aconteceu. – ela continuava seca.

– Ta bom. Então eu estou indo procurar ela.


Então o Carlos saiu gritando meu nome e me procurando. Infelizmente ele tinha me achado atrás do banco em frente à garagem de casa. Então ele sentou na minha frente querendo tirar a mão do meu rosto.


– Lucy? Lucy? O que aconteceu, anjo? Você ta bem?

– Eu aparento estar bem? – retruquei – e não aconteceu nada que te interesse. Nada no qual você deveria se importar.

– E desde quando eu não me importo com você? – ele disse isso e chegou mais perto de mim.

– Como você é ridículo. – eu disse isso mais alto e levantei. – Você não se importa comigo desde quando você deixou de ser meu melhor amigo.

– Eu deixei de ser seu amigo? Eu sou seu amigo desde sempre! Seu melhor amigo desde sempre!

– AAAAAH! – eu gritei sendo irônica. – Então você não me liga desde sempre? Não fala comigo desde sempre? Esquece que eu existo desde sempre? Bom saber, aliás, ÓTIMO saber.

– Olha você não é a minha namorada nem minha mãe pra falar assim comigo, e só pra elas que eu devo satisfação. – ele aumentou a voz.

– MELHOR AINDA SABER DISSO! – eu continuava gritando – mais um motivo pra você não se interessar pelo motivo de eu estar chorando que nem uma idiota aqui. Porque o Sr. Preocupação aqui só liga pros problemas da namoradinha.

– Seu ciúme ta ficando ridículo. Parece até que você me ama.

– Eu não amaria uma pessoa tão idiota assim a ponto de trocar a amiga por uma namoradinha. E quer saber de uma coisa? Que vocês terminem, e que você fique bem triste mesmo. E daí você vem correndo nos meus pés querendo que alguém substitua o lugar dela. Espera só pra ver.

– Posso saber por que você ta tão grossa e irônica comigo?

– Olha você não é o meu namorado nem meu pai pra falar assim comigo, e só pra eles que eu devo satisfação. – eu disse no tom máximo de ironia, repetindo o que ele disse.

– Eu me preocupei com você, te procurei, e vim saber por que você estava assim. Acho que isso explica.

– MAS ACONTECE QUE ISSO NÃO TE INTERESSA, PORQUE VOCÊ SÓ LIGA PROS PROBLEMAS DA SUA NAMORADA RIDÍCULA, E EU NÃO TE DEVO SATISFAÇÃO, LEMBRA? ENTÃO PARA DE FINGIR QUE LIGA E ME NUNCA MAIS QUERIA SABER DE MIM NA SUA VIDA. E JÁ QUE VOCÊ NÃO SE IMPORTA, ACHO QUE VOCÊ NÃO IRIA SE IMPORTAR SE EU FIZESSE UMA COISA – gritei.

– O que? Me matar? – ele disse rindo.

– Não.


Então eu peguei um canivete que eu sabia que tinha perto do portão da garagem, eu andei até a árvore do FT4E, abri o canivete e cortei tudo o que ele tinha escrito. E ele me seguiu e viu tudo. Ele estava parado, só vendo. A árvore ficou toda raspada, mas eu tinha me sentido muito bem naquela hora de ter tirado aquilo da árvore. A Samantha já tinha ido embora. Então quando eu terminei de cortar tudo que formava nossos nomes eu virei de frente, e ele continuava me encarando.


– Pronto. Você se importa agora? Ah, não né. Se estivesse escrito “Samantha” acho que se importaria. Mas como estava escrito Lucy, não faz a mínima diferença pra você.


Então eu joguei o canivete no chão com tanta força que ele quebrou. E então eu empurrei o Carlos pra ele sair da minha frente e fui embora chorando muito.



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