Golden Wings escrita por Annesh


Capítulo 3
Primeiro dia no colégio e segundo nesse mundo


Notas iniciais do capítulo

Notas no final do capítulo :D



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Aquela mesa mais parecia uma competição de jogo de xadrez, onde os concorrentes se observavam com total cuidado, analisando cada movimento feito por seu adversário. Certo que nós éramos os competidores. Eles meus oponentes, que agora tinham nomes: Renata e André. E eu estava sozinha os enfrentando.

Pode parecer exagero, mas o clima estava realmente pesado demais. Aqueles dois pares de grandes olhos chocolates me encarando.

– Deseja começar? – O homem de porte mediano indagou-me. – Responderemos a todas as suas perguntas, se necessário podemos ficar aqui até o anoitecer. – Continuou, enquanto se acomodava ainda mais na cadeira.

– Bom, – Renata pareceu entender que eu não estava em condições de iniciar a conversa. – De agora em diante, somos seus pais. Entenda que ninguém pode saber o que somos, de onde viemos e o que existe além desse mundo. – Ela respirou fundo. – Você estudará na escola da cidade, no ultimo ano do ensino médio. – Senti um frio na barriga inesperado.

Isso definitivamente não estava nos planos. Eu não estava preparada para lidar com a sociedade humana, eles sabiam disso.  O choque foi tanto que todas as minhas incertezas pareceram fluir para fora do meu corpo deixando apenas um sentimento: Medo.

 Eu havia passado anos estudando os humanos, sabia algumas coisas de seu cotidiano. Mas eu não conseguiria fingir ser um deles por mais da metade do dia, como eles estavam me propondo. Era uma idéia absurda!

– Ei, em que a senhorita está pensando? – Disse com um sorriso carinhoso a mulher.

– Hum... – Tentei colocar meus pensamentos em ordem – Quando eu irei começar? – Eu rezava mentalmente para que não fosse tão cedo.

– Amanhã.

Olhei para o relógio e faltavam mais ou menos 11 horas para o dia seguinte. “Maldição!” repetia em pensamento.

Concentrei toda a minha atenção naquele relógio. Contando literalmente os segundos, os minutos e até mesmo as horas. Podia adivinhar quando o ponto mais fino passaria pelo menor de olhos fechados.

As vozes perto de mim proferiram alguns milhares de avisos, como se eu já não soubesse a maneira como eu deveria me comportar. Não era sobre nada disso que eu estava me questionando.

– Isso é realmente necessário? – Falei como um sussurro.

 Era isso. Isso é o que eu não conseguia entender, qual a necessidade de ir para esse tal colégio?

– Não é isso que você quer? – A voz masculina disse em duvida. – Ter uma vida humana?

A quem eles estavam querendo enganar? Teoricamente, noventa dias não é uma vida humana, é uma vida de um ex-anjo.

Bufei desanimada.

– Dizer que eu não quero é mentira, mas eu só tenho três meses. Não vim para aproveitar como uma adolescente humana... – eles me olharam curiosos.

– Com que intuito saiu do paraíso, então, menina? – Ele voltou a me questionar.

– Encontrar meu pai. – Respondi.

– Seu pai? – Finalmente a mulher adentrou a conversa, aparentemente surpresa.

– Sim. – olhei para o relógio, haviam se passado duas horas desde que conheci o relógio. – O tempo aqui passa sempre tão de pressa assim? – Perguntei afim de que a conversa tomasse outro rumo.

– Sim, quando se é “humano” pouco tempo é muito, não se tem infinitos dias como os imortais. Você não é a única aqui a possuir uma ampulheta, também não é a única que não sabe se seu objetivo será comprido ao ser derramado o ultimo grão de areia. – Renata disse gesticulando o fim do processo.

– Mas sou a única que sabe quanto tempo irá levar para que toda a areia esteja concentrada embaixo.

 – Aqui, qualquer minuto pode ser o ultimo. – Ela sorriu.

– Todas as pessoas aqui já estão sentenciadas à morte. Até quem acabou de nascer espera por ela. – Continuou o homem – É uma das únicas certezas que temos.

– Vivemos para não morrermos. – Renata concluiu. – Você só tem uma certeza incerta a mais do que nós.

Optei por não falar mais nada, queria apenas pensar sobre o que eles haviam dito. Também não estava em condições de questioná-los sobre minhas antigas duvidas, logo decidi deixar para depois.

No fundo, eu sabia que era isso o que eu queria: Conhecer um pouco mais do mundo humano. E se estavam me concedendo essa chance, por que não aproveitar?

Não adiantaria mesmo recusar, já que meus novos pais já estavam decididos. Mesmo assim, não desistiria do meu objetivo!

***

Passavam das dez horas da noite quando olhei para o relógio. Em meio aquela enorme conversa sobre o convívio com os humanos e qualquer coisa que fosse necessário discutir sobre o assunto, lanchamos e jantamos, ainda naquela mesma mesa.

Foi então que anunciei minha ida ao quarto, precisava dormir, já que estava terrivelmente cansada. Eles permitiram e se despediram. Subi as escadas apressada e em segundos.

***

Estava deitada na pequena cama com travesseiros e lençóis brancos, pensando sobre o que Renata e André haviam me dito.  Algo ainda estava me tirando do sério, algo ainda estava fazendo com que eu não conseguisse dormir. E o que mais me incomodava era não saber do que se tratava.

Ouvi algumas batidas na porta e disse em resposta um “entre”.

Dois enormes olhos castanhos invadiram o quarto. A moça que os possuía adentrou o quarto em passos curtos, com um sorriso largo, não chegando a ficar perto da cama.

E em uma voz mansa disse “Só vim lhe desejar boa noite e que durma bem. Pois amanhã será seu primeiro dia no colégio e segundo nesse mundo”.

Senti como se minhas pálpebras passassem a pesar o quíntuplo do que pesam normalmente. E então, sem força, dormi.

***

Acordei em um pulo. Seis horas da manhã, precisava chegar na escola às sete. “Merda, grande merda!” pensava enquanto tentava me desenrolar dos finos lençóis.

Arrumei-me rapidamente, colocando a roupa que Renata tinha separado para mim. Antes de sair ela ainda insistiu para que eu comesse algo, fiz o que ela pediu.

Depois de arrumada, segui o caminho que André havia me indicado antes de sair de casa. Assim que vi o enorme muro branco tive certeza que tinha acertado o lugar.

***

Arrependia-me profundamente de ter aceitado tão facilmente essa proposta dos meus pais provisórios. Certo que eu esperava muita gente, já que é o único colégio dessa cidade pequena, mas não essa multidão de gente em um espaço tão pequeno.

Eu estava parada na porta observando aqueles diferentes grupos, eram muitos deles. Estavam distribuídos por toda sala, o que prejudicava a minha escolha de lugar.

Só me restava uma opção: as cadeiras do meio e na frente. Optei por sentar na segunda carteira, assim não ficaria tão perto do professor, sendo consequentemente sua mira.

Estava distraída quando percebi que um garoto loiro e sem um pingo de vergonha na cara sentou ao meu lado, foi quando eu dei conta que a carteira era dupla.

Senti meu rosto queimar, com certeza eu estava vermelha!

– Aí, Rafael e Lucas, aqui! – Ele gritou apontando para as cadeiras da frente.

“Ótimo, além de precisar tomar um chá de vergonha na cara, ainda precisa regular o tom da voz? Minha situação não poderia piorar.” pensei desesperada.

Abaixei a cabeça.

Por alguns minutos não ouvi absolutamente nada, já que estava absorta em meus pensamentos. Mas não demorou muito para que eu fosse arrancada dos meus devaneios por um batucar ensurdecedor de mesa acompanhado por vozes cantarolando algo indecifrável.

Levantei o olhar para observar os escandalosos recém-chegados. 


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Notas finais do capítulo

Devo me desculpar pela demora deste capítulo, mas eu tenho bons motivos para isso ter acontecido. Estava em semana de entrega e apresentação de trabalhos interdisciplinares, viajei durante o final de semana e esses dias tenho tido provas. Então, ficou tudo muito corrido para mim. Por favor, desculpem-me.
E quero agradecer a todos que comentaram e estão acompanhando a Fanfic. Agradecer as minhas primeiras leitoras: Lauren_May e iisa-love, pelas recomendações e os reviews. E dar boas vindas - e também agradecer - as mais novas leitoras: Truestories_97 e hey-danii. Obrigada de verdade, fico muito feliz com tudo isso ♥
Espero que esse capítulo recompense o atraso.



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