-1st day

         L: Ville... Você ta estranho. Aconteceu alguma coisa ontem?

         V: Não... Sim. Briguei com minha garota...

         L: Hahahaha!

         V: Cala a boca! Pelo menos ela não está me traindo com ninguém!

         Ele ficou mais uma vez ofendido e foi tocar.

         V: Linde... Eu falo sério quando digo essas coisas e...

         L: Vá à merda!

         Fez-se um silêncio... Lá estava ele tocando com o resto da banda e eu sentado e abandonado... Ela iria voltar correndo para mim hoje... Claro que iria.

         V: Droga... Eu vou acabar me matando se continuar desse jeito. Linde, eu vou voltar pra casa!

         L: Vai e nunca mais volte!

         Levante-me e fui. O tempo estava ruim... Como sempre... É assim que geralmente eram as coisas na Finlândia... Andei até em casa e me encontrei com ela no caminho. Nem piscou direito... Nem olhou para mim. Nunca havia me sentido tão miserável. Mas tudo bem... Era só o primeiro dia...

****

-2nd day

Estava chovendo muito. Droga de tempo ruim. Droga de namorada. Eu iria sair por aí e ficar com qualquer uma. É! Isso iria ensinar para ela uma lição! Uma lição... Mas eu não iria conseguir fazer isso. Droga de amor... Era mais uma praga... Praga no meu coração...

Continuei deitado em minha cama, me sentindo solitário e olhando os pingos de chuva baterem em minha janela... Uma monotonia maldita... Levantei-me e saí do quarto... Segui na direção da porta dela... Iria desistir de uma vez por todas: não consigo ficar sem ela por mais de três dias. É, fui um idiota mesmo por tratá-la daquele jeito... Mas e o meu orgulho?

Fiquei parado em frente à porta sem conseguir bater... Ela iria rir de mim... Quando encostei na porta, ela se abriu... Revelou uma Ethel suavemente deitada em sua cama... Adormecida. Entrei silenciosamente e a assisti dormir por algum tempo. Eu sabia que eu estava sorrindo... Não pude evitar. Eu também sabia que queria deitar ao seu lado.

Resolvi que voltaria mais tarde... Não iria atrapalhar my sweetheart num momento tão íntimo e maravilhoso... Ela parecia se sentir muito bem no mundo dos sonhos... Dei apenas um beijo em sua testa e sussurrei um “I love you” à seus ouvidos. Como estava dormindo, não iria nem perceber.

Saí dalí e liguei para...

V: Foi mal por ontem.

L: Não... Ta tudo bem. Que você ta fazendo?

V: Nada.

L: Vem comigo buscar minha namorada?

V: Pode ser.

Eu deveria ter dito que não. Ele veio falando no carro (é... Ele tinha um carro!) que iria me provar que eu estava errado sobre ela, porque “era uma menina maravilhosa”... Mas no fundo era igual a todas as outras... Andamos e circulamos um pouco, depois paramos o carro em frente à uma casa. Dava para ouvir a música que tocava nela não só daquela rua, mas também de todo o resto do bairro.

V: Festinha animadinha, né... Ela não está te traindo não... Imagine! Você nem foi com ela...

L: Ville... Ela é investigadora... Ela precisa mesmo ir nessas festas e saber se a coisa por lá é ilegal. Eu já liguei e ela já está vindo. Ninguém está me traindo!

V: Claro, claro...

Passaram-se 35 minutos... Ele ficou de saco cheio de esperar e entrou na casa. Não era bem uma casa... Era uma bela mansão. Fiquei esperando... Mais 5... Mais 10... Mais 25 minutos... Não agüentei... O que estava acontecendo lá dentro de tão interessante assim? Saí do carro e fui andando em direção à casa.

Dava para sentir o cheiro da maconha a uns 5 metros de distância do lugar... O jardim era realmente enorme. É... O Linde era corno... Entrei... Já estava tudo muito louco lá dentro... Muita gente drogada... Muita gente se agarrando, vomitando... Cheirando drogas, cheirando mal... Que loucura aquele lugar. Tinha gente caída no chão... E a música alta... Andei mais um pouco e comecei a ficar tonto só com o cheiro... Era mais forte que o do cigarro.

Havia uma menina loira sentada no sofá da casa... Era um sofá enorme... Maior que minha cama... Aquele lugar me fazia sentir humilhado. Mas ela era mesmo uma menina. Não devia ter mais de uns 18 anos.

V: Hey menina... Estou meio perdido por aqui... Será que pode me ajudar?

-: Você não está drogado... Então eu posso.

V: Eu sou o Ville. E qual é o seu nome?

D: Meu nome é Dianne...

V: Onde estão seus pais, Dianne?

D: Eu não tenho.

V: Ah... Perdi os meus quando tinha 19 anos. Quantos anos você tem?

D: 17. Nunca conheci meus pais...

V: Ah... Preciso da sua ajuda.

D: O que foi?

V: Perdi meu amigo aqui dentro.

D: É fácil se perder por aqui. Se tivesse encontrado o seu amigo... Aí sim eu ficaria espantada. Como ele é?

V: Ele também não está bêbado, mas deve estar gritando algo como “Carol” por aí... E ele tem o cabelo loiro, só que o penteado é estilo Bob Marley.

D: Sei quem ele é. Foi até a piscina. A namorada deve estar chifrando ele.

Era incrível como até uma menina de 17 anos concordava com isso.

V: Muito obrigado. E você não deveria estar aqui.

D: Eu sei. Mas vou continuar aqui assim mesmo.

V: A escolha é toda sua. Prazer em conhecê-la e mais uma vez obrigado.

D: Ela ficou irritada com você, mas ainda te ama.

V: Ela?

D: Sua namorada. Eu conheço ela.

Dei uma risadinha.

V: Fui um idiota. Eu a amo também... Estou quase desistindo.

D: Ela sabe.

Sorri mais uma vez.

V: Eu vou para a piscina.

D: Boa sorte com seu amigo.

Andei e andei, deixando-a para trás. Fui até a piscina e Linde não estava lá. Voltei. Dianne é que não estava lá. Subi as escadas... Fui passando por cada quarto. No último: lá estava ele... Conversando com duas mulheres. Uma delas era Carol.

V: Linde! Eu estou te procurando faz uns 15 minutos nesse inferno! Esse cheiro ta me matando!

De repente a outra mulher caiu e estremeceu um pouco... Aproximei-me...

V: Vocês são retardados ou o que? A mulher teve uma overdose e ninguém fez porra nenhuma para impedi-la de se drogar? Vão à merda, ta legal?

L: Ville, eu acabei de chegar!

V: Olha aqui Carol... Você tem merda na cabeça?

C: Vamos embora... Se não estamos ferrados!

L: Vamos deixar a Amy assim... Jogada?

V: Você pretende fazer o que? Larga ela aí! Eu não sabia nem que o nome dela era Amy! Vamos logo!

Saímos rapidamente e voltamos até o carro. Quando entramos, ficamos em silêncio por alguns minutos.

V: Que merda foi aquela lá dentro?

L: Melhor esquecer... Vamos para casa... É a melhor coisa que a gente faz.

****

-3rd day

Eu já não estava mais agüentando... Os dois primeiros dias foram péssimos... E estava chovendo de novo. Aqueles foram os piores dias do mundo. Um sentimento frio e vazio. Nunca estive tão triste e isso estava estampado na minha cara.

Não estava me sentindo muito bem... Nada bem. Olhei pela janela... Lá estava ela... A moça maravilhosamente bonita que encontrei na rua outro dia... Aquela dos olhos azuis e cabelos brilhantes... Quando a vi pela primeira vez, eu estava do lado da... Não ia dar e dessa vez não havia desculpa. Andei até sua porta. Dessa vez eu bati.

Demorou um pouco até q eu fosse atendido... Ela abriu e me olhou com frieza.

E: Que você quer?

Respirei bem fundo e tudo que consegui fazer foi me ajoelhar.

V: Você de volta... É isso que eu quero.

E: Pensei que pudesse viver sem mim durante 3 dias. Não era esse o combinado? Não é uma coisa “tão fácil”?

V: Eu não consigo. Aqueles foram os piores dois dias da minha vida... Eu te amo. Mas odeio quando fica cheia de segredinhos.

E: Você não confia em mim?

V: Sim, mas sou cismado.

         Eu ainda estava ajoelhado, mas mesmo assim ela me abraçou.

         E: Eu te amo, Ville.

         V: Eu também te amo. Nunca mais vamos apostar nada... Você já sabe que eu perco sempre...

         Ela me fez levantar e me deu um beijo... Tão doce quanto todos os outros beijos, só que esse fora mais sedutor, pois continha algumas gotas de saudade...

         E: Você veio me ver ontem...

         V: Vim. Queria ter ficado aqui com você.

         E: Fica agora...

         Mais um beijo... Senti sua língua entrelaçar-se à minha... Da maneira que eu mais gostava.

         V: Eu fico o quanto você quiser...

         E: Então entra.