Reize escrita por Jovem Nobre da Loucura Backup


Capítulo 2
Jardim Alegre.


Notas iniciais do capítulo

Eu acho que estou dramatizando um pouco demais, mas esse é o objetivo, não é? ;p



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         Você acha que eu assasinei minha mãe? Não me faça rir. Se ela estivesse viva eu não estaria jogado nessa cela suja em primeiro lugar e, em segundo lugar, como uma criança de seis anos iria matar um adulto? O que eu quis dizer com eu a matei ela, é que ela morreu por minha causa.

         -Olha, mãe! Olha mãe! – Sempre que eu andava na rua com minha mãe, eu ia com minha bola, brincando com ela, fazendo embaixadinhas e coisas do tipo.

         -Você é tão habilidoso, Ryuu-chan!

         Minha mãe sempre me elogiava...

         -Ah... – Minha bola tinha escapado de mim.

         -Ryuu-chan...

         -Ali. – Que estúpido, eu corri até aonde a bola foi, no meio da rua.

         -Ryuu-chan!! – Uma moto vinha, mas eu não tinha percebido. Estava com minha bola na mão, mas soltei-a novamente, quando minha mãe se agarrou em mim, me protegendo com seu corpo, dando suas costas para a moto.

         Depois disso eu fiquei sozinho. Sem ninguém. Minha mãe se foi por minha culpa. O motoqueiro estava desesperado e a ambulância a caminho, eu permaneci inerte, observando o corpo da minha amada mãe.

         “Se eu fosse mais habilidoso, isso nunca teria acontecido”, pensei. “Foi minha culpa, se eu fosse melhor no futebol, nunca teria perdido a bola”, coisas desse tipo já pipocavam na minha mente.

         Me aproximei daquela bola que havia causado todo o acidente. Chutei-a com tanta raiva que apenas pude observar ela sumindo no céu.

         Mamãe...

         Ela foi levada para o hospital, mas não resistiu. “Droga, foi tudo por minha causa” eu me culpava com lágrimas nos olhos. “Eu sou um idiota!” As enfermeiras do hospital tentavam conter meu choro, sem sucesso. Eu era apenas uma criança, cheia de culpa no coração, não podia fazer nada que não fosse chorar depois de receber a notícia do falecimento de minha amada mamãe.

         -Venha comigo, garoto.- Um homem de terno me chamou para acompanhá-lo.

         “Eu não quero ir.” E não devia ter ido mesmo. A partir daquele sujeito, tudo tornou-se pior.

         -Q... Quem é você?

         -Eu irei arranjar novos pais para você.

         Que cara frio e insensível. Como pode falar isso para alguém na minha situação? Acho que esses funcionários deviam ser melhor selecionados.

-N... Não.
-Você não tem mais nenhum membro da família vivo, terá que me acompanhar.

Não tive chance, as gentis enfermeiras me fizeram ir com ele e acabei cedendo, mesmo com os olhos cheios de lágrima.

         -Esse é o seu novo lar. – Depois de um passeio constrangedor em um carro dirigido pelo homem de terno, aonde não foi dita uma palavra, estavamos em um lugar horrível, feito de uma madeira da cor mais feia possível. O orfanato Jardim Alegre. Alegre...

Não era um orfanato legal, como o “Jardim do Sol” aonde Gran e os outros da “The Genesis” moravam. Era um lugar terrível.

         -O... Opa... – Durante o meu primeiro almoço na Jardim Alegre, um dos garotos, Shuntaro Io, que sempre carregava uma estranha máscara consigo, um garoto de cabelos arrepiados laranja, deixou o seu pedaço de peixe cair no chão.

         -Não desperdice comida. – O tio, como costumávamos chamá-lo, falava com um tom assustador. Ele nunca havia sorrido para as crianças, uma vez se quer e haviam boatos que um garoto que tentou fugir, mas foi descoberto pelo tio e então nunca mais foi visto pelas outras crianças. – Coma isso agora, não jogue fora.

         -Mas... Caiu no chão... – Pobre Io.

         -Com agora, insolente!

O coitado comeu. Todos tinham muita disciplina, mas viviamos em regime de medo.

         Os quartos eram divididos entre quatro ou cinco crianças. Comigo ficavam Hiromu, um garoto de cabelos castanhos, Sora, um garoto bem baixinho, Satori, um garoto de longos cabelos azuis e com um problema no olho direito, devido a isso, vestia um tapa-olho por cima dele e Reo, um garoto bem maior que os outros, apesar da mesma idade.

Todos gostavam de futebol , mas no dia que jogamos futebol no quarto, o “tio” bateu em todos nós, então decidimos não fazer isso de novo.

         Eu não sei porque, mas todos os dias tinhamos uma hora de recreação, aonde podiamos jogar futebol no jardim. Era a hora mais feliz do meu dia, nas horas restantes limpavamos o orfanato ou faziamos trabalhos para o tio.

Todos os meus parceiros de quarto sempre se uniam a mim e formavamos um time imbatível de futebol, algumas garotas e outros garotos brincavam com a gente também.

Desde quando começamos a jogar futebol e um bom futebol, começamos a chamar atenção de algumas pessoas, principalmente do Sr. Kira, o homem de orelhas estranhamente grandes que parecia ter um estranho afeto por crianças. Ele sempre aparecia no horário de recreação para nos assistir e muitas vezes trazia presentes. Todos adoravam ele e o “tio” parecia especialmente gentil quando ele estava por perto.   

-Por que você sempre traz presentes para nós, pai? – Satori perguntava para o “pai”. Desde que ele nos tratava por “meus filhos”, nós chamavamos ele de pai.

Eu me sentia melhor ainda na recreação com o pai por perto.

Todas as 23 horas de tormento no Jardim Alegra valiam à pena pela uma hora de recreação.

-Porque vocês todos merecem. – O pai explicava o motivo dos presente.

Ele era muito gentil. Eu sempre ia para a cama ansiando para poder msotrar para ele minhas habilidades no dia seguinte.

-Eu estou adotando você.

-O que?! – eu tinha certeza que o pai iria me adotar, junto com os outros. Ao contrário disso quem decidiu me adotar foi o “tio”.

-É o que você ouviu.

-Por que?

-Seu futebol é o melhor daqui. Tenho certeza que pode ter um futuro com isso, sem contar que preciso de alguém que faça as tarefas de minha casa também.

-Eu não quero ir com você.

-Eu nunca te perguntei.

Não! Não não não! Mil vezes não, eu não quero morar com o tio! Todos do orfanato eram bons amigos e se eu fosse adotado, ao invés de sofrer com eles, iria sofrer sozinho.

Sai correndo, desesperado. Eu não vou morar com o tio! Não vou! Não posso!

-Ora, seu moleque! – O tio estava bravo e eu acho que ele me perseguiu, mas eu nunca virei para trás para conferir.

No meu disparo, não prestei atenção em quem estava em meu caminho. Esbarrei no pai, que me abraçou, percebendo que eu não estava bem.

-O que que houve, Midorikawa-kun? – Tenho certeza que o tio nem sabia qual era meu nome.

-Eu... Eu não quero ser... Ser adotado... Adotado... Separado dos outros...

-Não se preocupe, Midorikawa. Eu estou adotando você e todos os seus amigos hoje.

-S...Sério? – O mais sincero dos sorrisos.

-S...Senhor, Kira, o que faz aqui? – Tio me alcançava e ao perceber Kira era tão falso como sempre.

-Eu vou adotar onze crianças daqui, incluindo esse pequeno.

O tio olhou para mim com um olhar irado, como se ele estivesse dizendo para “você venceu dessa vez.”

O pai me levou, junto com meus parceiros de quarto e também mais seis crianças que jogavam bola comigo.

Io, Iderou, Yoshiru, Shousuke, eu e meus companheiros de quarto e Rimu e Nozomi, duas garotas.

Todos entramos em uma van que acolia a todos nós e ele dirigiu. Todos estavam tão animados em terem uma casa finalmente.

Mas o senhor Kira não nos levou até sua casa. Nos levou até um prédio que se parecia com uma escola, mas não tinha alunos.

         Colégio Aliea


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Notas finais do capítulo

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