Cigarro escrita por 01


Capítulo 1
One shota. (a, sim)


Notas iniciais do capítulo

ignorem a fic revolts; é mais um desabafo. mas se gostarem, podo (sim, podo) continuar.



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Não queria. No fundo eu queria sim, mas não. Eu não devia ter deixado aquilo acontecer. Tenho meu orgulho, e o feri gravemente com isso. E a culpa é... Nem sei de quem.

Depois de casos mal terminados, partidas e retornos, no fim das contas foi “tchau” e pronto. Eu não deveria me sentir assim porque a decisão foi minha. Mas a definição perfeita para você é ‘cigarro’. O que me faz mal, mas ainda assim eu quis por muito tempo. Eu entrei em reabilitação e sim, eu estou curada. O que não entendo agora é essa crise. Sei que faz parte da reabilitação, sei que vez ou outra vou querer fumar mais um maço, e sei que posso agüentar. Mas dessa vez eu quase cedi.

Eu sabia onde te encontrar. Quando te deixei, providenciei tudo para não mais te encontrar. E propositalmente deixei uma brecha. Coisa de viciado. Como se eu quisesse cair de novo... Tsc... Como eu sou burra.

Pois é. E eu estava vivendo bem sem você até alguns meses atrás. Foi aí que começou. E eu tentei não procurar, mas eu já tinha encontrado suas pegadas. Eu sabia exatamente o que precisava fazer. Mas no fim das contas o orgulho e o bom senso davam as mãos para bloquear minha passagem. Além de ser uma vergonha depois de meses de reabilitação procurar um maço, é uma puta falta de consideração comigo e com você. Depois de tantas idas e vindas, eu precisava me definir de uma vez e pronto, não é?

E aí veio aquele tiro. “Ele perguntou por você”, a cicrana me contou. “Oba, oba”, oba é sua avó. A culpa não é sua, mas sério, ela realmente precisava ter me contado? É óbvio que eu quis fumar de novo. Porque só Deus sabe como, uma hora ou outra, todo ex-viciado, por mais consciente que seja da sua situação, sente falta do vício.

E eu não te odeio por isso. A culpa não é sua, e tudo o que eu escrevi sobre você antes foi bem exagerado. Mas isso é porque antes eu estava vivendo aquilo tudo, e só agora que passou percebo meu exagero. Aliás, talvez nem fosse exagero. Fato é que, enquanto está sentindo dor, o ser humano grita e reclama. E depois que a dor passa, banca o herói e diz “nem doeu tanto assim”.  Que patético.

Então hoje achei uma pista relativamente recente de onde meu “cigarro” se enfiou. E sei lá o que passou pelo meu cabeção idiota. Eu fui na cara dura averiguar, e acabei por deixar minhas digitais por ali. Ali onde você esteve e pode voltar a estar. Não é que eu me importe. Estou vivendo minha vida nova e saudável e não preciso voltar a fumar. Mas às vezes eu quero e quando isso bate eu não sei bem onde enfiar minha cara.

E agora estou aqui, escondida dentro do meu apartamento trancado, esperando que você não perceba nada, que não me procure, que finja que eu nunca existi. Porque por mais que eu te queira e ocasionalmente sinta sua falta, tanto eu quanto você sabemos que, se eu ceder, o câncer de pulmão me mata.

Seja um bom cigarro e mantenha distância enquanto eu fico aqui e rezo pra essa vontade passar.


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