Perfection escrita por Misu Inuki


Capítulo 11
Talismã da Sorte




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Minhas mãos tremiam descontroladamente.
As gotas de suor frio escorriam pela minha testa.
Estava sentada num banquinho de plástico dentro de que eu achava ser uma espécie de camarim gigante.
Bem cedo, nós pegamos o ônibus e fomos para um Teatro enorme em Seul, mas estava tão nervosa que nem me lembrava o nome dele.
Ajeitei a plaquinha na minha blusa, que tinha o meu nome escrito, tentando me distrair.

As garotas corriam de um lado para o outro para dar os últimos retoques.
Dei graças aos céus mentalmente, por terem colocado cinco cabeleireiras e maquiadoras para ajudar a gente.
Senão nunca terminaríamos de nos arrumar.
Eu estava tensa, muito, muito tensa.
Mas era visível que não era a única a estar assim.
Ana mal acabou de se arrumar, sentou-se num canto, rezando baixinho para tudo dar certo.
Seu cabelo de comprimento mediano, estava preso uma espécie de rabo de cavalo lateral, com várias mechas loiras, lembrando o penteado de Sungmin no clipe.
Eu ia me juntar a ela, mas a tensão não me deixava nem ao menos abrir a boca.
Jack e Genie ainda estava se arrumando, e também estavam ansiosas.
Jack manteve o cabelo ruivo, mas ele estava bagunçado e meio húmido, fazendo com que parecesse um pouco mais com castanho.
Já Genie, usava uma rabo de cavalo tradicional, mas tanto a franja de lado quando o resto do cabelo ganharam mechas loiro-escuro.

Me olhei em um dos grandes espelhos que estava  bem em frente a mim.
A maquiagem bem carregada nos olhos, em tons de preto e cinza, e nos lábios um batom de tom seco, apenas a para ressaltá-los.
Meus cabelos, foram bastante alisados e deixados soltos, ligeiramente bagunçados, e também aplique discreto de franja, já que eu não tinha uma como o Ye.
Meu figurino quase não havia diferenças do original.
Usava um casaco semelhante, negro e com tachinhas nos ombros iguais ao da luva que eu usava na mão direita.
Minha calça era mais justa, mas mantinha os mesmo detalhes, como uma corrente pendurada na lateral da calça.
Para completar o visu Bad Girl, eu usava uma blusa de botões “presos de qualquer maneira”
revelando parte do colo, “sem querer”.
Enfim, o figurino era a versão feminina de Yesung naquele clipe.
Perigoso, e sexy na medida certa.
Só me restava honrar a roupa que eu vestia e arrasar na prova.

Uma mulher entrou na sala, avisando que já estava na hora de irmos.
Levantei na hora, apesar de ter parecido que meu coração tinha parado de bater por um instante.
Andei rapidamente até a porta completamente aturdida, sem nem ao menos ter noção dos meus passos.
Quando já estava no corredor, senti alguém tocar no meu ombro.
Natasha estava linda, usava uma saia preta, botas compridas e de saltos bem altos e finos, tanto que eu me perguntei como ela dançaria com aquilo.
A blusa era semelhante a que Kyuhyun usava no clipe, e seu cabelo igualmente loiro, porém preso tipo maria-chiquinhas altas, com mechas azuis nas pontas.
A maquiagem também tinha tons de azul, combinando com os olhos claros.

Parecia uma boneca como sempre, mas seu olhar era severo para mim.

-O que deseja? –perguntei

-Nem adianta me olhar com essa cara de santa. Você não em engana que nem fez com os outros. Já percebi o seu joguinho há muito tempo.

-Eu?! Como assim?

-Não se faça de sonsa. Só vim para dizer que pessoas como você não merecem estar aqui.
Mas você vai cair, e cair feio. E nem seus amiguinhos vão poder te ajudar.

Eu fiquei absolutamente pasma, que não conseguia abrir a boca para falar nada, ou fazer qualquer coisa.
Natasha foi embora, andando com passos decididos pelo corredor.
Me encostei na parede do corredor, procurando inutilmente uma sustentação.
Aquilo teria sido apenas uma ofensa gratuita ou uma ameaça?
Era como se a cena estivesse se repetindo.
Duas pessoas dizendo praticamente a mesma coisa...

“... que pessoas como você não merecem estar aqui”

“... acho um desperdício termos ela no programa.”

As frases ficavam se repetindo e repetindo no minha cabeça.
Meus olhos se encheram de lagrimas, e eu não sabia dizer se era de medo, dor ou raiva.
Mas não permiti que elas caíssem, não ali no meio do corredor.
Foi quando eu senti alguém tocar novamente no meu ombro.
Levantei o rosto, e encontrei uma das assistentes que estavam ajudando a gente.
Ela sorriu para mim e me entregou uma pequena caixinha.
Abri, curiosa e encontrei um par de brincos em forma de cruz.
Embaixo deles estava um bilhete escrito num inglês péssimo mais ou menos assim:

“Eu usei eles durante a promoção de Don’t don. Pode ser que traga um pouco de sorte para essa desastrada. rsrsrs
Yesung”

Sorri olhando para a folha.
Aquele simples recado foi o bastante para que eu me sentisse um pouco melhor de novo.
Coloquei os brincos na minha orelha.
Agradeci a assistente, e pedi que ela guardasse a caixinha para mim no camarim.

 Com passos decididos, eu caminhei pelo corredor.
Natasha até poderia ter razão sobre eu cair, mas depois da queda, eu me levanto ainda mais determinada e forte.
Forte o bastante para ultrapassar todas as expectativas.

*****************************************************************************

Estávamos juntas atrás de palco, no que seria a coxia.
Dali dava para ouvir tudo que estava acontecendo, e para a surpresa geral, não estavam apenas os juízes, e sim um grupo muito considerável de ELFs que gritavam histericamente durante uma apresentação rápida de Superman que Super Junior fazia.

Então, eles começaram a falar da prova e do programa fazendo uma espécie de introdução sobre o que estava acontecendo ali.
Agradeci mentalmente por estarmos com os tradutores, pois seria agoniante estar ali atrás sem entender o que eles tanto falavam.

Quando Teuk terminou de falar, as luzes do palco se apagaram.
Cada uma de nós contou até cinco mentalmente, e fomos em fila para o palco.
Não tivemos um ensaio geral, mas assim que chegamos no Teatro, fomos orientadas a como entrar e ficar na formação certa no total quase total.
As luzes piscaram, e a música começou.

“É agora”- pensei.

Minha concentração foi completamente para a coreografia.
Não olhei uma vez sequer para a plateia, apesar de estar curiosa para saber quantas pessoas nos assistiam.
Mesmo não tento ensaiado juntas, como cada uma estava concentrada em suas partes, e respeitando o tempo, estávamos completamente sincronizadas.
Conforme começaram a cantar suas respectivas partes, eu me surpreendi com a harmonia.
Apesar de diferentes obviamente, cada voz de cada menina lembrava de certa forma o Sj correspondente.
Como uma versão feminina de verdade.

Mas eu apenas percebi que Natasha  não estava lá até então, quando ela começou a cantar a parte do Kyuhyun.
E pouco depois saiu, de forma que a plateia não percebesse.

Realmente, Kyuhyun não dançava essa coreografia, logo ela também não dançaria.
Porém não tive nem tempo de pensar nada, pois logo começou o solo do Henry.
No momento que abaixamos, um holofote iluminava o centro do palco, concentrando a atenção no solo de dança de Jack, e de SoYeon, que eu só fui descobrir naquele mesmo dia que ela era “aluna” do Donghae.

Voltamos para a coregografia em grupo, e Jack começou o rap do Eunhyuk.
Em conjunto com a representante do Heechul, Genie fez o rap do Leeteuk de modo tão perfeito que teve até direito a apertadinha da Jack na perna dela.*
Então, eu rapidamente fui para trás da garota que cantava a parte do Kangin, e respirei fundo.

“Você tem que sentir  a música...”-lembrei me de Yesung falando.

Dei um passo para frente, cantando a minha parte.
Com Yesung não tinha uma coreografia para essa parte, eu estava livre para interpretar a letra e o style do clipe através de expressão facial e corporal.
Eu queria parecer sexy, mas não forcei a barra.
Deixei fluir naturalmente, e quanto dei por mim, já tinha acabado.
A única coisa que eu imitei o Ye, foi cair no chão de joelhos no final.

Então a música acabou.
Eu estava meio ofegante e suada, mas estava sentindo um gosto de quero mais.
De continuar no palco dançando e cantando mais e mais.
Levantamos, e pela primeira vez eu olhei para a plateia lotada.
ELFs com balões e bastões de luz azul safira batiam palmas, e gritavam coisas como “Foi lindo, Unies”,  ”Bis, Bis!” ou “ELFs Fighting!”
 
Todas nós ali no palco erámos ELFs também , então era ao mesmo tempo estranho, e incrível receber tantos elogios de fãs como nós.

Os meninos se levantaram da primeira fileira da plateia e subiram no palco.
Acompanhados por mais histeria por parte das fãs.
Teuk começou a falar novamente, elogiando nossa coreografia.
Então, começou a chamar cada uma de nós pelo nome, para darmos um passo a frente agradecer a plateia e ir pra o lado do seu “professor”.

Porém, mal o líder começou a falar o meu primeiro nome, Yesung saiu de onde estava, e foi caminhando na minha direção.
Eu não entendi nada, apenas agradeci a plateia e permaneci no lugar.
Então ele me abraçou.

Ouvi as ELFs na plateia darem gritinhos, e os comentários sussurrados das meninas do grupo.
Sentia meu rosto corar de vergonha.
Mesmo sendo apenas um abraço, sentia me como se fosse algo vergonhoso.
Yesung me abraçava forte, mas carinhosamente.
Conseguia sentir coração dele batendo junto com o meu.

Parecia uma cena de anime, ou dorama, onde o mocinho abraça a menina pela primeira vez.
Mesmo não sendo nosso primeiro abraço, a surpresa era tamanha que parecia que era.
Não fazia ideia de quanto tempo tinha passado, pois ele parecia que se arrastava.
Só despertei para realidade quando Yesung falou.

-Simplesmente perfeita.

Então ele me soltou, e ficou parado do meu lado até toda a apresentação acabar.
Obviamente, eu fiquei aéria a tudo mais que estava acontecendo.
Sentia o sangue pulsar no meu rosto e nas minhas orelhas ainda.

Registrei poucas coisas.
Aparentemente, as notas oficias detalhadas de cada uma só seriam dadas no dia seguinte.
Assim como o nome das que estavam abaixo da média, e daquela que teve a menor pontuação, que seria eliminada.
Mas, seriam anunciadas o nome de cinco meninas, as cinco primeiras colocadas, e consequentemente, as únicas que conseguiriam dormir tranquilas naquela noite.
Passava de tudo na minha cabeça naquele momento, pensava em mim, nas minhas amigas.
Um calafrio percorreu por toda minha espinha quando o Leeteuk abriu o envelope com os nomes.

-Em quinto lugar, uma representante da Coréia do Sul... Bae Ji Yoon

Fizeramos uma salva de palmas, e Genie agradeceu meio tímida.
Mesmo ainda muito tensa, fiquei feliz de pelo menos uma das minhas amigas estarem salvas.
O líder se virou para ela, e lhe abraçou levemente, parabenizando-a.
Do outro lado do palco, consegui ver que o rosto dela estava completamente corado.
Sorri, e acenei para ela, voltando minha atenção para o Leeteuk.

-Em quarto lugar,- Teuk fez uma pausa que parecia não terminar nunca- Uma representante de Rússia, Natasha Kataev.

Natasha se curvou, agradecendo, mas não me parecia nada contente com o resultado.
Mas não dei muita atenção pra ela.
Eu segurava minhas mãos nas costas, tentando disfarçar o quanto que elas tremiam.
O meu nervosismo esta no nível máximo, e por mais que eu mordesse os lábios, e tremesse, ele cada vez mais aumentava.
Então Ye pegou um dos meus braços, prendendo minha mão na dele.
Olhei para ele que sorriu para mim, e por um instante todos os meus medos pareceram diminuir até ficarem quase inexistentes.
Respirei fundo, e voltei a encarar o líder que estava terminando de anunciar o 3º lugar.

-.... Representante do Brasil, Agatha Sampiaio.

Sem acreditar, eu agradeci as palmas, completamente atordoada.
Minhas amigas acenavam pra mim, assim como Ryeowook.
Mandei um beijo pra todos eles.
Yesung me olhava com uma cara do tipo “Eu te avisei que não precisava ficar nervosa”, e bagunçou o meu cabelo.
Pensei em reclamar, mas não iria adiantar nada, então tratei de prestar atenção no resto das colocadas.

-Em segundo lugar, temos uma representante dos Estados Unidos, Lucy Smith.

A “aluna” no Zhou Mi, agradeceu com um sorriso , bateu na mão do seu professor.
Nunca tínhamos conversado, mas ela me pareceu ter em comum com Zhou Mi, não só a altura, como também a simpatia.

-E finalmente, quem é a grande vencedora da primeira competição do programa é....
-Teuk olhou em volta, fazendo suspense.- Jackeline Mattos, representante do Brasil.

Jack pulou de alegria, e deu um jeito de roubar o microfone do líder.

-Kamsa hamnida, galeraaa! Suju e Elfs Hwaingt!!!

A plateia respondeu de volta com uma salva de palmas e assobios.
Em pouco tempo, Jack já havia conquistado a galera, não só pelo seu talento, mas pelo seu jeito incrível de ser.
Sentia muito orgulho da minha amiga.

Mas nem tudo estava perfeito
Nem Ana, nem SoYeon tinham sido chamadas, ou seja elas ainda estavam em risco.
E eu não queria que minhas amigas fossem eliminadas.
Nenhuma das duas mostrou estar abalada, mas eu conhecia Ana bem o suficiente para saber o que passava na cabeça dela naquele momento.

Todos agradecemos a plateia, e fomos nos preparar para voltar para a casa.
Fui andando pelo corredor do lado do Yesung, pensativa.

-O que houve?- ele me perguntou.- Você está quieta...

-Estava pensando nas minhas amigas, na prova... Enfim, muita informação para o meu cérebro lento.

Nós rimos um pouco.
Antes de entrar no camarim, eu tirei os brincos e entreguei para ele, agradecendo-o.

-Não.- ele falou me devolvendo as peças.

-Mas...

-Fique para você. É um presente. Afinal, se eles te deram sorte uma vez, porque não numa próxima? – ele sorriu- Além do mais, algo me diz que você vai precisar de toda sorte do mundo daqui pra frente.

-Está profetizando sobre a minha vida, Yesung?

-Não- ele riu- Sei lá, é só algo que me veio a cabeça mesmo.

-De qualquer forma, muito obrigada.

-Eu é que te agradeço, Agatha.

Ele virou as costas e foi embora.
Eu fiquei sem entender nada, afinal eu não havia feito nada pra ele, muito pelo contrário.
Ele que estava me ajudando desde que eu cheguei.

“Deve ter sido só forma de dizer...”

Entrei no camarim e peguei minha mochila com minha roupa normal.
Quando estava entrando no banheiro, Natasha passa por mim esbarrando com força no meu ombro. Com o impacto minha mochila caiu no chão.
Então ela falou baixo, mas bem articuladamente para mim.

- Curta bastante o seu 3º lugar enquanto pode... Pois pode ser o seu ultimo.

E foi embora, com os sapatos fazendo barulho no assoalho.
Peguei minha mochila e entrei na cabine.
Encostada na parede, olhei para o par de brincos prateados na minha mão.
Fechei os olhos e comecei a lembrar de tudo que havia acontecido até então.
De minha chegada a casa até o momento em que Ye segurou a minha mão no palco.

O coreano tinha razão.
Eu precisaria de muita sorte para continuar ali...
Mas meu verdadeiro talismã não era uma joia.
E sim, o antigo dono dela....
Yesung.


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