Sparks Fly escrita por Melanie


Capítulo 1
Sparks Fly


Notas iniciais do capítulo

Hey minhas lindas!
Tudo bem?

Bom, aqui estou eu em mais uma one shot! E para ser sincera, ela já é uma das minhas favoritas, mesmo, adorei escrevê-la e espero que vocês gostem de ler!

Enfim, fiz de coração!
Boa leitura!
Beijooos :*:*
AMO VOCÊS ♥♥

Roupa: http://www.polyvore.com/zoey/set?id=35387131



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Sentada no chão gelado e sujo, encostada desconfortavelmente à parede de concreto ao lado do grande teatro da sua cidade natal, Zoey Levine deixou o vento levar suas mágoas, e nem ao menos se puniu por isso, a noite fria fazia seu corpo inteiro arrepiar-se enquanto ela olhava, incansavelmente, a mesma foto, tentando jurar a si mesma que havia superado o passado, porém sabia que não era verdade. Ela remoia as lembranças dentro de si, punindo-se sem piedade por cada palavra errada que havia dito.

E então de repente doeu, apenas doeu dentro de si, à verdade a machucou como uma lança afiada, mostrando-a que tudo aquilo que um dia creu na realidade não passara de meras ilusões infantis. Ela havia amado alguém tão egoísta e cegamente que nunca havia se dado conta que aquilo que ela tinha medo de perder, na verdade, nunca fora seu.

Justin era livre, tinha um sorriso encantador e um apetite voraz, sonhos e credos que ela nunca entenderia em sua imaturidade tardia, ele era livre como um pássaro, tinha asas e vontade de voar, e não havia nada que o prendesse ali ao lado da garota de cabelos caramelo, o amor não era o bastante para o garoto, ele queria mais, muito mais, tudo aquilo que podia, e iria, ter.

E quantas coisas já não perderam por medo de perder? Tantas. Zoey tinha medo de se arriscar, tinha medo de dizer o que sentia ou pensava, porém achava que tinha o direito de ter Justin apenas para si, como se ele fosse seu pedaço de realidade em meio à fantasia, como se ele fosse um diamante precioso ao qual ela havia se apegado, um diamante precioso que ela precisava guardar em uma caixinha de veludo, apenas para si mesma.

Mas ele não era assim, bruto e moleque tinha sonhos tão grandes em seu coração selvagem, ele amava a garota, verdadeiramente amava ela, e desejava poder compartilhar todos os seus sonhos e aventuras ao seu lado, mas Zoey era realista e medrosa demais.

Ela tinha medo de errar, porém acabava por cometer erros sobre erros em sua ânsia de acertar. Ela tinha medo de pecar em suas escolhas, porém ao fim havia cometido o maior de todos os pecados:

O arrependimento.

Ela se arrependia de ter sido estúpida o bastante para ignorar aquilo que estava bem diante aos seus olhos, e se apegar a pequenos detalhes fúteis e sem fundamentos. Ela desistiu do amor do garoto, ela se fechou para a felicidade mútua e então perdeu tudo o que possuía.

Por um simples fato, aquelas três palavrinhas, que já haviam sido ditas demais, ela não as pronunciou ao garoto quando ele estava prestes a dizer adeus, aquele tão esperado ‘eu te amo’ não fora dito pelos suaves lábios da garota, e então seu amado partiu junto com o verão.

Para nunca mais voltar.

Ele havia dado tantas chances para a garota, ele já havia feito tudo pelos dois, porém chega uma hora na vida em que simplesmente temos que seguir em frente, e ele tinha um lindo, e grande, sonho. Ele iria realizá-lo, porém ela não iria com ele, ela ficaria ali na pequena cidade de Stratford provavelmente para o resto de sua vida, encontraria um emprego estável, casaria com um estrangeiro, provavelmente um francês, e assim logo voltaria para o seu país de origem, teria três filhos e morreria ali, enquanto Justin ganhava o mundo inteiro, percorrendo cada mínimo pedacinho dele, enquanto ele descobria cada pedacinho de si mesmo naquele vasto universo, ao lado de outra garota, com outros sonhos e ideais, Zoey estaria ali, remoendo o passado, ignorando o presente e esperando ansiosamente pelo futuro.

Ele provavelmente já havia se esquecido dela, porém ela ainda pensava nele, todo santo dia, há cinco anos.

Tão boba, perdeu tudo aquilo que poderia ter vivido lado do garoto de sorriso aventureiro.

Ela havia se perdido das coisas mais simples da vida, aquelas que são as mais extraordinárias, e que apenas os sábios conseguem ver. Aquele sorriso arteiro, seguido por aquelas três palavrinhas tão pequenas, porém tão significativas agora confundiam sua cabeça, e ela se perguntava o que teria custado dizer apenas mais um eu te amo antes dele partir.

Assim como poderia não alterar em nada no futuro de ambos, poderia ter o deixado ali ao seu lado, ou quem sabe até mesmo teria à levado até lá, vivendo aventuras ao lado do garoto.

Mas de que adianta se martirizar agora por algo que já não poderia ser afetado, por algo que agora ficara no passado de ambos, como uma lembrança vaga e abstrata.

Jurar a si mesma que aquilo era o certo não afetaria o fato de que ela era uma boba parada no tempo, não mudaria em nada o fato de que ela deveria seguir em frente e aceitar que agora deveria viver sua vida o máximo possível, que devia tentar recuperar o tempo perdido por culpa de seu coração imaturo e ingênuo.

- Vamos lá Zoey, você não tem mais quinze anos, já se passou muito tempo e você continua aí, parada ao passado, presa em uma lembrança, qual é garota, você tem vinte anos agora! – Dizia a si mesma com a maior firmeza do mundo, porém sabia que isso era tão passageiro como uma brisa de verão, Zoey tinha sido criada pela mãe e seus vários amores - vulgo eternos - de apenas duas semanas. A garota cresceu acreditando na ideia de que amar às pessoas não te levará a lugar algum, ela cresceu acreditando que mudar de ideia era o caminho mais fácil, fugir do problema sempre fora a opção mais fácil e concreta.

Mas por que agora tudo dentro de si gritava exatamente o contrário? Por que sua vontade era de correr milhas e milhas de distância e então finalmente se jogar nos braços dele?

Confusões. Um coração confuso, cheio de medos e inseguranças, um coração com gana de aventuras, porém domado e aprisionado dentro das jaulas que ele próprio havia criado para se proteger, como se assim nunca pudesse ser realmente machucado, bobagem, a garota já havia passado por tantas coisas e nem ao menos se dava conta disso, ela mesma havia se machucado da forma mais cruel assim que disse adeus para o garoto, em frente ao portão de embarque de Toronto, bem naquele segundo em que ele disse um “eu te amo”, e ela respondeu um “adeus”.

- Por favor, não me esqueça. – A garota disse baixinho outra vez, encarando seus pés enquanto suas bochechas ficavam coradas, o garoto à sua frente soltou uma risada do jeito dela, era incrível como Zoey tinha dificuldade de expressar seus sentimentos.

- Eu nunca vou te esquecer, nunca! E me espere, eu vou voltar, eu prometo! – Ele disse com a voz embargada e insegura, colocando sua mão no rosto de Zoey e a puxando para perto, iniciando um beijo cheio de amor, medo e saudade. Ele não queria deixá-la, porém a ideia de seguir seu sonho era surreal demais, e então ele chegava à um impasse, mas sabia que se ela o pedisse, ficaria.

Porém o problema era exatamente esse, a garota não havia dito nada sobre o assunto até agora, e o coração do garoto parecia pular no peito, implorando para que ela dissesse aquilo que parecia sufocar ambos.

- Filho, é nossa hora! – Pattie, mãe de Justin, gritou ao longe, já caminhando junto com o empresário do garoto em direção ao portão de embarque, e era isso, simples assim. Um sonho precisa acabar para que outro possa começar, não? E era isso que Justin estava vivendo naquele exato momento, partindo para uma nova jornada, cheia de descobertas e coisas incríveis, porém deveria deixar Zoey, ela não fazia parte de seu novo sonho, ela precisava ser esquecida, deixada de lado, para quem sabe um dia ambos encontrarem seu caminho outra vez.

- Eu te amo Zoey! – O garoto disse apressado, em uma tentativa de clamar redenção para a garota, mas ela por sua vez apenas sorriu dando um beijo demorado no garoto, um último beijo para ser marcado em sua memória.

- Seja feliz Justin, adeus. – Disse por fim abanando para ele enquanto dava um passo para trás, fugindo da verdade como sempre.

Justin sentiu seu mundo desabar e mal podia crer no que acabara de ouvir, ela havia desistido dele. O garoto segurou firme sua mala enquanto se virava de costas para a garota e começava a caminhar ainda perplexo e sem entender nada a sua volta. O que mais poderia ser feito ali? Nada. Ambos sabiam, nada mais poderia ser feito.

Acabou.

Zoey fechou os olhos com a lembrança, sentiu o vento ficar mais forte, ricochetando os cabelos da garota em seu rosto, enquanto os seus pensamentos pareciam voavam longe.

Ela se sentia tão incompleta sem ele, como se tudo nunca fosse o bastante, e ela olhava fotos de seu antigo melhor amigo, seu porto seguro, seu namorado, nas capas de revistas, cheio de sorrisos, ganhando prêmios ao lado de outra garota, conhecendo o mundo e aproveitando tudo aquilo que ele bem merecia.

E nossa, como ele estava diferente, tinha crescido muito, seu cabelo estava curto agora, sem aquela franjona costumeira, seu corpo estava mais malhado e as feições infantis no seu rosto agora davam espaço para um sorriso perfeito de um homem crescido, porém não importava o quanto havia mudado, seus olhos brilhantes e sua alma aventureira continuavam ali, intactos e fortes, como se nada pudesse detê-lo, como se o mundo realmente pertencesse a ele agora.

Zoey sorriu para o breu da noite, feliz por tudo o que ele havia conquistado, feliz por saber que o dono do seu coração agora era independente, que ele era feliz e completo, pela primeira vez Zoey não fora egoísta, estava mais do que feliz que Justin tenha encontrado seu caminho.

Se ele era feliz, ela era feliz, a garota mais feliz da face da terra, apenas por conseguir ver o sorriso de seu amado pelas lentes de uma máquina fotográfica.

Porém agora não conseguia mais mentir a si mesma, sentia falta dele mais do que tudo.

- Não posso, não mais. Droga. Como eu preciso de você. – Disse baixinho, enquanto seu coração parecia saltar pela boca, ela sabia o que tinha de fazer, porém temia o que poderia acontecer, e outra, não sabia se teria coragem o bastante para se arriscar em algo pela primeira vez.

Mas o tempo a fez ver que teria de mudar seus conceitos sobre amor, amizades, segundas chances e felicidade. O tempo a mostrou tudo aquilo que havia perdido exatamente  pelo medo de perder.

E agora ela precisava se reerguer, precisava reconstruir sua história, perdoar todo seu passado e seguir o que estava escrito em seu destino, só para então conseguir escrever os capítulos de sua história.

Chegava já de passos errados, arrependimentos e recomeços, eles não mudariam o que fora feito há anos atrás, eles só serviam para confundir a mente da garota, só serviam como um falso final feliz, como uma falsa luz em meio à escuridão, porém a pergunta agora era outra, o que significava escuridão para Zoey e seu espírito jovem?

Vamos Zoey, corra, corra e o tempo lhe dará todas às respostas que procuras!               

Algo dentro de si gritava as mesmas palavras, lhe implorando para ter compaixão e pela primeira vez na vida se deixar ser feliz, a garota arfou abrindo sua bolsa e vendo seu dinheiro ali, cuidadosamente contado, e era agora ou nunca, ou ela fazia isso, ou se arrependeria pelo resto da eternidade por ter sido tão prepotente.

- É agora, é agora! – Gritou como se estivesse sendo libertada da escravidão, tomou fôlego e então correu o mais rápido possível até a estação de trem da pequena cidade para onde depois de 12 anos, finalmente havia voltado, e viu sua vida inteira passar por seus olhos e constatou que havia passado tempo demais trancada naquela mesma vida, e realizou que essa era a hora para abrir suas asas imaturas e voar longe, de volta para ele.

E então ela percebeu que finalmente provara daquela maravilhosa sensação que Justin tanto admirava.

Ela estava se libertando para a felicidade.

Agora as coisas pareciam se mover em câmera lenta, às faíscas pareciam voar, enquanto o coração da garota parecia se transformar em batidas de música, e a felicidade a atingiu em cheio, não havia como fugir mais, ela estava apaixonada outra vez, ou melhor, notara que sim, ela nunca deixara de estar apaixonada.

Assim que entrou no trem viu a cidade do interior da França passar como borrões por ela, se sentou em um dos bancos e encarou a janela embasada do trem vazio, pensando consigo mesma como a sorte estava sendo bondosa com ela.

Ela havia errado tantas vezes, e olha só, ela ainda ganhava novas chances para tornar o errado certo, e agora ele próprio estava ali, em Paris, mais perto que ela jamais poderia sonhar, mais perto do que jamais estiveram, e tão longe quanto poderiam suportar. E agora esse era o momento em que o passado finalmente seria resolvido, e agora a garota só pedia algo:

Que ao fim de tudo, tenha valido a pena, nem que um pouquinho apenas, que por um momento ela sinta que finalmente fez o certo, seja lá quais forem às consequências de seus atos daqui para frente. Afinal, ela teria tentando pelo menos. Ela teria lutado ao  menos.

- Coração partido? – Um velho senhor que verificava as passagens perguntou parando em pé à frente da garota, ele tinha um olhar de esperança e um sorriso gentil.

- O senhor nem faz idéia. – Zoey disse simpática, soltando um risinho ao final da frase e desviando seu olhar para suas mãos, que agora se mexiam involuntariamente por conta da ansiedade da garota.

O velho senhor soltou um riso discreto.

- Vocês jovens, procuram amores eternos em cada esquina de suas vidas, se iludem facilmente e vivem romances que não terão futuro algum, vocês tem tanto medo de morrerem sozinhos que se desesperaram para procurar alguém que cubra o espaço vazio em seus corações, porém sabem que aquilo não irá durar, vocês tentam e se decepcionam, fogem e lutam, viajam o mundo inteiro procurando a pessoa ideal, e quando se dão conta, foram tão longe para achar alguém que estava bem ali, ao seu lado. – O senhor diz olhando fixamente a garota, seus olhos transmitiam bondade e tristeza, ele pronunciava cada palavra como se quisesse ensinar a garota algo que ela esquecera há muito tempo, enquanto Zoey estava ali, estática encarando o bom senhor que lhe dizia exatamente tudo em apenas uma estrofe. De repente ela se sentiu tão pequena, que teve vontade de pedir desculpas por sua tolice.

- O-o senhor fala como se soubesse minha história, como se já tivesse vivido isso tantas vezes. – Ela finalmente pronuncia algo depois de momentos de silêncio, e agora estava inquieta, enquanto a viajem continuava queria descobrir tudo àquilo que o homem à sua frente tinha a dizer, ele então apenas sorriu e acenou com a cabeça.

- Sim, eu conheço sua história minha jovem, por que já passei por isso, minha falecida esposa, Jane, era minha melhor amiga, e por muito tempo não pude ver o que tinha ao meu lado, tive tantos amores, tantas desilusões e aventuras, porém nenhuma delas teve futuro, nenhuma delas mudou algo em minha vida. Porém Jane sempre esteve ali, ao meu lado, sendo a melhor amiga que eu poderia ter, eu sempre soube que ela me amava, porém não tinha descoberto ainda que sentia o mesmo por ela, e então cometi erros que apenas agora, anos depois, tenho maturidade o suficiente de aceitar, eu não enxerguei o amor, o deixei passar e quando vi Jane estava ali, morrendo em meus braços em uma doença terminal, e quando eu a vi ali, tão frágil protegida em meus braços, minha jornada finalmente chegou ao fim, viajei o mundo procurando o verdadeiro amor, e ele estava ao meu lado, partindo aos poucos. E quando me dei conta que a amava fiz o possível e impossível para salvar a vida de Jane, me declarei, nos casamos e vivemos alguns anos juntos, porém ela logo partiu com o inverno, e essa foi à pior parte, o adeus sem coração, eu a vi morrer em meus braços e me dei conta do quão tolo havia sido a minha vida inteira, poderia ter vivido tantos momentos ao lado da mulher que eu amava, poderia ter dado o valor que ela realmente merecia ter, porém fui cego demais, e perdi tempo demais. Então minha filha, seja lá o que estava fazendo, ou pra onde esteja indo, apenas lhe digo algo: não tenha medo de se arriscar, abra seus olhos e veja o que realmente importa, não deixe a vida passar reta a sua porta, ou acabará como eu, um velho solitário, preso a uma mesma rotina, vendo pessoas irem e voltarem em suas vidas. – Respondeu com um sorriso triste, dando tapinhas no ombro de Zoey, que agora desabava em lágrimas, seu coração havia ficado tão pequeno, as palavras haviam fugido de sua boca, e ela agora não sabia o que fazer, falar ou sentir. Estava perplexa com a onda de tristeza e amor que havia lhe inundado o coração, e sentiu seu mundo balançar assim que o trem parou bruscamente e o velho senhor piscou para ela, lançando um olhar encorajador.

- Vá lá minha filha, seja feliz para a vida inteira. – Respondeu apontando a porta aberta do trem, um sorriso imenso brotou nos lábios da pequena garota.

- Muito obrigado! Muito obrigado! – Gritou enquanto corria apressadamente para fora do trem, e agora ela tinha certeza de algo, ela nunca iria desistir, nunca.

E lá estava ela correndo de volta pra casa, de volta pra ele, de volta para o amor. Enquanto lutava por seu futuro, corria lembrando-se de como eles queriam descobrir o que era o amor, mas nenhum estava disposto a se apaixonar. Foi tudo acontecendo naturalmente, uma troca de olhares, sorrisos bobos, palavras doces, um brilho no olhar e batimentos acelerados. Os seus olhos, não transpareciam dúvida, mas sim a certeza de que cada um era o certo um para o outro. Os seus corpos eram tão bem envolvidos, as bocas tão próximas e o desejo daquele beijo faziam sumir qualquer idéia lúcida nas mentes.  E eles limitavam seus pensamentos a aquele momento. As mãos se tocando. A anestesia causada pelo perfume de cada um. Eram como o encaixe perfeito. Ele era o garoto errado que precisava de uma garota certa para se ajustar. Ela era a garota certa que precisava de um garoto errado, para assim, começar a viver. Eles resistiam em dizer que eram só amigos, mas todos sabiam que havia algo mais ali, eles só precisavam descobrir.

E finalmente descobriram, deram-se conta que já não viveriam sem o outro, e que agora seus corações eram um só, batendo no ritmo de um amor inserto e selvagem, que parecia consumi-los a cada palavra, a cada suspiro.

Zoey havia chegado a rua central, e agora as grandes luzes de Paris impressionavam seus olhos fazendo suas pupilas dilatarem, aquela noite parecia ser perfeita, como se tivesse sido desenhada em seus mínimos detalhes sórdidos, que porém, faziam total diferença.

- Vamos lá Zoey, você chegou até aqui, e agora precisa ir até o final. – Encorajou a si mesma, enquanto se encolhia no casaco vermelho, continuou a caminhar até o tal hotel onde Justin estava, que havia lido em um site de fofocas, era tarde da noite e cada vez ficava mais frio, e agora às ruas de Paris pareciam se tornar preto e branco, e a última coisa colorida presente ali era o casaco de Zoey e duas garotas segurando um cartaz enorme cheio de brilhos e corações, declarando seu amor por Justin, elas agora se afastavam do hotel e finalmente iam embora para casa, Zoey suspirou notando que havia chegado ao seu destino, porém agora ela perguntava-se o que deveria fazer, procurar por Justin Bieber? Seria tão patético quanto trágico, todos ririam da sua cara, e provavelmente os seguranças a tirariam dali, pensando ser uma fã insistente.

Porém não lhe restava qualquer outra opção, sendo assim, a garota respirou fundo e entrou no luxuoso hotel, que apenas o lindo lustre de ouro e cristais no saguão parecia ser mais caro do que toda sua cidade natal junta.

- Em que posso lhe ajudar? – A recepcionista perguntou com um ar de superioridade, dando um sorriso falso para a garota à sua frente, Zoey encolheu os braços tentando achar as palavras certas.

- Eu procuro por um...amigo meu, precisava falar com ele.

- Ótimo, e qual o nome dele? – A moça perguntou sem muito interesse na garota, mexendo em qualquer coisa em seu notebook prateado, Zoey mordeu os lábios, indecisa e preocupada, mas por fim decidiu responder.

- Justin...Justin Bieber. – Disse rápido tentando acabar com a situação constrangedora, e finalmente a moça da recepção pareceu se interessar por Zoey, ela ergueu o rosto e encarou a garota que agora estava ruborizando cada vez mais, por fim a moça soltou uma gargalhada revirando os olhos.

- Ah claro, muitas “amigas” de Justin vieram aqui tentando o mesmo golpe garotinha, mas por favor agora se retire. – Disse transbordando ironia e sarcasmo, tentando não se alterar com a pequena e teimosa garota parada à sua frente.

- Você não está entendendo, eu realmente sou amiga dele. – Zoey insistiu se aproximando mais da bancada de mármore e espalmando suas mãos ali, a mulher a encarou com raiva e chamou o segurança em um gesto de mão, logo Zoey sentiu uma mão grande apertar seu braço e olhou para cima assustada.

- Vamos garota. – O homem disse em uma voz grossa, encarando-a com expressão de poucos amigos, Zoey se revirou tentando soltar-se.

- Me solta, eu preciso ver ele! – Pela primeira vez Zoey alterou a voz tentando se afastar do segurança que agora a arrastava em direção da saída, todos ali no saguão agora encaravam a cena, e ela podia jurar que havia visto um par de olhos cor de mel a encarar confusos antes do segurança a jogar para fora.

- Arg! - Bufou derrotada arrumando sua roupa e atravessando a rua do hotel, estava arrasada e perdida, e via todas suas esperanças escorrerem pelo chão, ela não tinha mais chances agora.

Uma chuva fina começou a cair enquanto Zoey adentrava o parque em frente ao hotel de luxo, ela então abaixou seus ombros perguntando o que mais poderia dar de errado, ela havia finalmente tentando pela primeira vez e olha só no que deu, ela estava ali, acabada e desiludida, e o destino, bom, ele era um grande filho da mãe.

- Zô, é você de verdade? – Uma voz conhecida exclamou atrás da garota, fazendo-a parar de andar e arregalar seus olhos, olhou de relance a mão que agora ele havia colocado em seu ombro, e de cara reconheceu aquelas mãos brancas com calos nas dobras dos dedos de tanto tocar violão, e claro, com os band-aids nas pontas dos dedos, tapando metade das unhas, uma mania muito velha que ele tinha, para homenagear seu ídolo.

E agora um sorriso iluminado começava a brotar em seus lábios enquanto ela se virava de frente para ele, dando de cara com seu velho namorado, agora mais mudado do que ela poderia imaginar.

Arfou.

- Justin! – Sua voz saíra como um suspiro, mas fora alto o bastante para o garoto escutar e sorrir para ela, ainda sem acreditar no que estava acontecendo. Tinha dúvidas sobre o que devia pensar ou fazer, mas esses pensamentos logo foram apagados pelos braços da garota apertando sua cintura com força, ele fechou os olhos retribuindo o abraço caloroso, enquanto sentia cada fibra do seu ser borbulhar de saudade e amor.

E aquela sensação era incrível para ambos, ele agora tinha sua amada outra vez em seus braços, tão delicada e insegura, sentia que sua parte que faltava finalmente fora recolocada, e teve a certeza que agora ele não iria embora sem ela, já Zoey, bom ela sentiu como se tivesse voltado a viver, sentir o calor do corpo do garoto contra o seu, seus braços fortes a envolvendo com paixão, seu cheiro de lavanda gostoso e o amor fluindo em cada olhar, era surreal.

- Meu Deus, eu não acredito nisso, esperei tanto tempo para te ver e...wow, você está aqui, na minha frente, eu senti tanto sua falta. – A garota disse colocando as mãos no rosto do garoto, tentando convencer a si mesma que aquele não era apenas mais um dos seus sonhos de noites geladas de inverno, não, ele estava ali, de frente para ela, com aquele mesmo sorriso brilhante do qual Zoey se lembrava.

- Eu senti sua falta também Zoey, mais do que você pode imaginar. – Ele disse baixinho, puxando a garota para sentar consigo em um daqueles bancos da pracinha, nenhum dos dois se importava com a chuva caindo, por que na verdade isso não importava nada quando tinham um ao outro.

- E então velho amigo, como vai sua vida? – Perguntou brincalhona, tentando quebrar a tensão em que estava por dentro, parecia quase como se ela conseguisse escutar seu sangue pulsando nas veias, Justin soltou uma risada e encarou a linda garota de olhos dourados à sua frente. Colocou uma mecha do cabelo dela para trás da orelha.

- Meu sonho finalmente se realizou, é como se agora o mundo inteiro fosse meu, sabe? Não de um modo prepotente ou mesquinho, mas digo, é como se agora nada mais pudesse me deter. – Disse com um sorriso brilhante, e Zoey viu a animação nos olhos do garoto, ele realmente era feliz, ele amava o que fazia, e então ela percebeu que não poderia interferir na vida dele, Justin estava em uma felicidade máxima sem Zoey, e ele não precisava dela agora, e ela não se perdoria em atrapalhar o sonho dele.

- Fico feliz em saber isso. – Disse com sinceridade, dando um sorriso tímido e desviando seus olhos para o chão, que começava a criar poças d’água por causa da chuva.

- Obrigado, mas e você, o que tem feito? – Justin perguntou animado, estava realmente interessado em saber todos os detalhes de Zoey, faziam cinco anos, e ele tinha medo de escutar que ela havia encontrado outro homem.

- Entrei para a faculdade e voltei para minha cidade natal, acho que não importa onde eu vá no mundo, a França nunca sai do meu coração e do meu sotaque. – Disse dando uma risada divertida, Justin a acompanhou piscando para a garota.

- Sempre amei o seu sotaque, mas então, tem namorado ou se casou? – Perguntou intrigado, tentando não transparecer interesse, ciúmes e medo, mas falhou, Zoey sorriu.

- Tenho 20 anos, claro que não casei! E também não estou namorando ninguém, pelo que me lembre nem ao menos terminamos! Isso quer dizer então que você me trai esses anos todos com a Selena Gomez! Safado! – Disse em tom de piada, soltando um riso no fim da fala, um sorriso brotou nos lábios do garoto, ele de certo modo admirava o jeito com que Zoey sempre transformava algo que desejava falar em piada, era como se ela tivesse medo de dizer séria e no fim se machucar.

- Desculpe, achei que tínhamos terminado naquele dia em que eu te disse “eu te amo” e você devolveu um “adeus”. – Justin disse frio e amargurado, encarando profundamente Zoey, que sentiu seu corpo congelar e desviou o olhar.

- Eu...eu tenho que ir. – Ela disse se levantando, porém ele a segurou pelo braço, se levantando e ficando cara a cara com ela, estava farto, precisava dizer na cara dela tudo aquilo em que acreditava.

- Não! Olha só você, cinco anos se passaram e continua a mesma medrosa de sempre! Você sempre me deixa para trás, mas não minta pra mim Zoey, sou seu namorado desde o fundamental! Você tem medo de se arriscar, você tem medo de me amar! Qual é Zoey, olha o que perdemos por causa disso, ficamos cinco anos separados por causa dessa sua teimosia, desse seu medo de ser feliz, de ser livre e seguir seus sonhos! – Disse sério, encarando Zoey como se quisesse mostrar que ela devia tomar alguma atitude logo, a garota fechou os olhos fortemente, deixando as lágrimas caírem pelo rosto.

- Será que não entende? Você tem uma vida inteira aqui nesse mundo gigante, não precisa de mim, a garota chata, medrosa e insuportável! Então por que ainda se importa? Você é Justin Bieber, nunca vai precisar de mim! E foi exatamente por isso que nunca te pedi para ficar comigo, por que você é livre Justin, tem sonhos e expectativas, e eu não sou assim, sou realista demais! Não vivemos em mundos iguais, então por que eu devo fingir que vivemos? Eu quero ter uma casa na minha cidade natal, me formar na faculdade e ter um emprego bom, quero casar na igreja, quero ter filhos e viver uma vida simples e tranquila, e infelizmente você não pode dar isso pra mim! – Disse alterada, sentindo ás lágrimas escorrerem queimando sobre sua pele, Justin continuava a lhe encarar com dor em sua expressão, ele sabia que ela estava certa, e isso sim era o pior.

- Nosso amor nunca é o bastante não é? – Perguntou com a voz falha enquanto via a garota colocar as mãos no rosto, agora soluçando.

- Eu não sei o que estava pensando quando vim até aqui, mas eu não pude me manter afastada, eu não pude lutar contra, sou uma tola que por algum momento sonhou algo bem maior do que podia, mas eu sei que a realidade não é essa, eu te amo, e é por que eu te amo que não posso ser egoísta com você, sei que me ama e largaria tudo, porém não posso fazer isso, eu seria a maior vadia do mundo, você ama o que faz, e é feliz assim! Realizou seus sonhos, e ela te deu coisas que eu não dei a você!

- Como pode ter tanta certeza? Sou muito feliz com o que tenho, porém sempre parece faltar algo, e esse algo é você Zoey, tenho tudo, mas menos aquilo que mais desejo ter, que é você ao meu lado. Independentemente do que acontecesse em nossas vidas, eu sempre me imaginava ao fim do dia deitado na cama ao seu lado, nós dois abraçados enquanto conversávamos e ríamos perdidos nos braços um do outro. Então por favor, Zoey, dê uma chance a nós dois, eu largo a Selena, largo a fama, largo tudo só para ficar com você, podemos nos casar, ter filhos, uma casa só nossa e tudo mais o que você quiser! – Agora ele estava alterado, segurava forte o rosto da garota em suas mãos, tentando desesperadamente a fazer ficar.

- Você nunca vai me entender. – Zoey sussurrou baixinho, fazendo Justin rir desistindo da discussão, e seus olhares se cruzarem em um misto de sentimentos e pensamentos.

- E alguém te entende Zoey? – Justin disse dando um risinho, a garota fez careta sentindo o clima ficar solto de repente, era bom para ela poder olhá-lo nos olhos e não ter medo de dizer verdades.

- Eu te amo.

- Eu também te amo. – Disse acariciando sua bochecha, Zoey sentiu que pela primeira vez em muito tempo que estavam certos outra vez, não era como se o tempo tivesse passado rápido e doloroso demais, ou como se tivessem enganado a si mesmos com mentiras e ofensas, mas sim por terem ocultado algo por tanto tempo, Zoey não viveria sem ele nem por um segundo, e ele por outro lado viajaria o mundo inteiro, porém seu coração sempre ficaria aqui, guardado com a garota francesa chata e irritante.

Zoey sorriu abertamente se erguendo na ponta dos pés e dando um leve beijo nos lábios aveludados de Justin e agora parecia que o errado era suficiente para fazer tudo certo.

Ela estava largando tudo agora, o encontrando na chuva, beijando-o na calçada, e ele estava a levando para longe da dor.

Eles sentiram faíscas voarem quando às luzes se apagaram e tudo o que tiveram fora o sorriso um do outro, não precisavam mais de palavras, apenas de gestos, um beijo, um toque, e pronto, estava tudo bem outra vez.


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Notas finais do capítulo

E ENTÃO? GOSTARAM? REVIEWS? RECOMENDAÇÕES?
Haha
Beijooos :*:*
Amo vocês s2s2


E por favor, se tirarem qualquer frase ou citação daqui coloquem os devidos créditos à minha pessoa. (: