Big Time Dream escrita por morrissey


Capítulo 2
Capítulo 2 - The Suggestion




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Depois que fui muito bem recebida pela minha família no aeroporto, fui levada para jantar. O engraçado é que todos eram americanos e a única brasileira: eu. Quando eu vinha com a miha família, pelo menos eu não me sentia tão só. Que bom, mal cheguei em L.A. e já estava me sentido esquisita.

Já na mesa do restaurante, fizemos o pedido e conversamos um pouco, não demorou muito e chegou a comida. O clima na mesa era descontraído, meus parentes tentavam ao máximo não fazer eu me sentir deslocada. Até que minha tia me fez uma pergunta intrigante.

– Hey, por que você não em morar aqui?

Eu imediatamente parei de comer, pois quase engasguei.

– Como assim? Sair do Brasil pra vir morar com vocês?

Vi meu tio meio que deu uma cotovelada na minha tia e disse baixinho à ela:

– Nós combinamos não falar sobre isso agora.

– Mas aqui ela tem muito mais chances de ter um futuro...

Eu os interrompi, com uma cara de quem não estava entendendo absolutamente nada.

– Do que vocês tão falando? Como assim? Vocês querem que eu largue  minha família, o teatro, meus amigos e pra vir morar pra cá? Assim, no duro? – Indignei-me.

– Não é assim, meu bem, é por que... Seu pai estava conversando conosco pelo telefone, e ele nos disse que você tem muito potencial para ser uma grande atriz, só que você não dá valor a isso. E ele nos pediu ajuda, para fazer você mudar de ideia e queira seguir uma carreira concreta. – Argumentou o meu avô.

– E vocês acham que o melhor lugar para eu conseguir uma carreira é a aqui em L.A.? Como, se eu não sou nem daqui?

– Mas você tem cara de americana, e ainda fala inglês fluentemente, não é atoa que estamos tendo essa discussão. – Disse minha avó.

– Mas pessoal... – Tentei pensar numa resposta para aquilo, mas nada me veio à cabeça. É claro que eu não posso recusar, pois melhor do que ser uma atriz bem sucedida no Brasil, é ser uma atriz bem sucedida mundialmente! Porém, eu não queria largar tudo, eu não me sentia preparada.

– O que é que você ainda está pensando? Uma chance dessas não se desperdiça bobinha. Já pensou você, famosa, recebendo um Grammy? E eu lá na platéia, conhecida como a prima linda da atriz famosa? – Dria falou mega animada com a ideia. Tentei ser forte para ignorar a estupidez de minha prima, mas não consegui.

– Cala a boca, Drianna. Atrizes ganhar Oscars, não Grammys. Mas, voltando ao assunto, e se eu não conseguir? Vai ser tudo em vão, e eu vou ter que voltar para o Brasil, completamente frustrada!

– Oh, Barbie, meu amor, nós já marcamos uma audição particular pra você. – Disse minha tia, meio sem jeito. Primeiro, me exaltei por ela ter me chamado de "Barbie", o que eu odeio. E segundo porque...

– O QUÊ? – Gritei em português, em vez de inglês. Ótimo, agora todos do restaurante sabiam que eu não era dali, e que devia ter algum problema mental. É normal, quando eu fico nervosa, eu troco as palavras.

– Calma, menina. – Disse Drianna – Você não pode ficar gritando em outras línguas por aí. Você não disse palavrão não é?

– Claro que não, eu disse "o quê". Pois é, o quê? Como vocês marcam uma audição, pra uma coisa que eu não sei nem o que é, é comercial, novela, filme, o quê?

– É uma série de TV que vai daqui à alguns meses. Eu fiquei sabendo que eles estavam fazendo testes para elenco e não pude deixar de informar seus pais. Assim que contactamos o diretor, nós mostramos a ele alguns vídeos, legendados é claro, de umas das suas melhores apresentações, e o cara te amou. Ele quer te ver depois de amanhã, ás 8 da manhã.

– Em DOIS DIAS? – Cuspi meu refrigerante.

– Prima, você precisa se acalmar. Urgente. – Disse Drianna, dando tapinhas leves em minhas costas.

– Olhe, querida, você faz o teste só se quiser. Você não está sendo obrigada. Só que você tem até amanhã depois do almoço para decidir. – Sentenciou meu avô. 

– Isso mesmo. Mas saiba que toda a sua família está de apoiando na sua carreira. Tanto a família do Brasil, quanto nós. – Disse minha avó, me confortando.

– Eu vou pensar bem. Prometo.

Pelo resto do jantar, tentei não pensar mais no assunto, pois eu não queria me preocupar com isso agora. Nós terminamos de comer e saímos no carro, deixamos o vovô e a vovó em casa e fomos para casa dos meus tios. Eu gosto de ficar na casa deles, e de ficar até altas horas conversando com minha prima Drianna. E pensando bem, a vida deles é bem diferente da minha. Ia ser difícil de me adaptar.

Ao chegar eu fui direto para o quarto trocar minha roupa e por meu pijama. Me deitei no colchão encarando o teto, e minha prima deitou-se na cama dela. Drianna logo puxou assunto, percebi que a noite ia ser longa.

– Sabe, Barbie, eu adoro quando você vem pra cá. Já pensou você morando bem perto de mim?

– Vocês sabem que eu não gosto quando me chamam de Barbie.

– Eu sei, eu só faço isso para provocar. Mas então, já pensou como seria a sua vida morando aqui?

– Claro que já, eu iria tirar a carteira de motorista esse ano, iria conhecer pessoas diferentes das que eu estou acostumada a ver todos os dias...

– A única coisa chata seria que você ia ver garotos feios todos os dias.

– Hã? Garotos feios? Aqui em L.A.? – Eu quase caio no chão quando ela disse isso.

– É sim, eles são todos iguais, os do Brasil é que são lindos. – Eu não pude evitar a gargalhada.

– Não, os Brasileiros são terríveis, alguns ainda se salvam. Os daqui que são uns deuses.

– A gente só diz isso por que nós á estamos acostumada com o mesmo tipo de gente.

– É verdade. – Acabamos rindo juntas de nossas opiniões sem fundamento.

– Sabe o que eu acho? Que você deveria morar pra cá. Você teria um futuro brilhante nessa série de TV nova.

– Mas Drianna, eu irei sentir falta do Brasil, da minha família, dos meus amigos, do teatro. O teatro é minha segunda casa, eu fico sem chão sem o teatro. Não é a mesma coisa que TV, teatro tem mais vida, mais ação, mais paixão.

– Você pode ter tudo isso aqui, prima. E você pode sempre que possível ir para o Brasil, quando tiver dias de folga. Sabe, aqui você pode até ter seu próprio apartamento, sabia? Tem um lugar aqui que dizem que é a casa do futuro famoso, se chama Palm Woods. Eu nunca fui lá, por que parece que só fica lá que tem uma carreira promissora na TV ou na música, por exemplo.

– Mas eu poderia ficar morando aqui com vocês e...

– Não, de jeito nenhum, seria muito melhor você ter seu próprio apartamento, sabe, é só seu, é você quem manda nele. Pode fazer o que quiser. Se eu tivesse talento, eu já estaria morando lá.

– Seria muito legal mesmo. – Bocejei. Percebi que nossa conversa estava chegando ao fim. – Amanhã de manhã eu vou falar com os meus pais, ok? Boa noite, Drianna.

– Boa noite... Barbie.


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